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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Com Texto Livre: E o Caso Lunus, Zé Serra?

Com Texto Livre: E o Caso Lunus, Zé Serra?

E o Caso Lunus, Zé Serra?

Acusações de uso de máquina pública em época de campanha se sucedem a cada eleição, em qualquer esfera de poder.

A prática é evidente, mas, somente alguns, bem poucos, chegam a perder o mandato por conta dela. É o caso do ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima (PSDB).

Boa parte das denunciados se beneficia da morosidade dos processos e chega até mesmo a se reeleger. E, como se vê, nem a promissora Lei da Ficha Limpa vem conseguindo barrar os fichas sujas.

Entra ano, sai ano e o aparelhamento do Estado está lá. Uns o fazem de maneira explícita, outros optam pela discrição.

Mas, o certo é que a estrutura dos governos continua a servir eleitoralmente a quem ocupa o poder – as vezes com práticas das mais rasteiras.

Ontem, José Serra, candidato do PSDB à Presidência, condenou o fato de o presidente Lula ter usado um evento de governo para elogiar a presidenciável do PT, Dilma Rousseff.

“Usar a máquina governamental em uma campanha do jeito que está sendo usada mostra, basicamente, que a candidata não consegue andar sobre suas próprias pernas”, afirmou.

Serra também acusou o PT de usar a máquina pública para espionar adversários. Para ele, o vazamento de dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Pereira, foi apenas mais um caso.

“Uma coisa ficou caracterizada: foi usado o aparato governamental para a espionagem. E não é a primeira vez”, disse.

Como exemplos, citou a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa e o dossiê sobre a ex-primeira-dama Ruth Cardoso.

Diante do fato, um leitor do Blog que se denomina Antonio Ateu postou, no espaço para comentário, o passo a passo publicado pela revista Istoé em 2002 do famoso Caso Lunus.

O resumo da ópera é o seguinte: "grampos telefônicos ilegais, um dossiê e uso político da Polícia Federal tiraram Roseana Sarney do caminho de José Serra, do PSDB, na disputa presidencial de 2002".

Na época, Serra era ministro da Saúde e Roseana governava o Maranhão pelo PFL, hoje DEM, partido que está na vice do tucano na atual campanha. Veja o passo a passo do Caso Lunus:

Novembro de 2001: A firma Interforte de José Heitor Nunes e Jonathan Sardenberg é contratada para grampear Roseana Sarney, sua família e investigar os negócios da empresa Lunus.

Novembro: Heitor comenta sobre o grampo que está fazendo nos telefones de Roseana. A um interlocutor, oferece, em troca de um valor, informações sobre seu trabalho e o nome de quem encomendou a arapongagem. O negócio não se realiza.

Dezembro: Arapongas espalham que foram contratados pelo PSDB para produzir um dossiê contra a família Sarney.

Fevereiro de 2002: O dossiê contra Roseana fica pronto. Ele tem três partes. A primeira, com as doações para a campanha do PFL. A segunda, com as empresas da governadora e seu marido e suas ramificações com a Sudam. E a terceira, com fotos íntimas. É oferecido a Anthony Garotinho (PSB) para ser usado como arma na campanha. O então governador recusa e procura o senador José Sarney, informando que seu interlocutor se apresentou como emissário do deputado Márcio Fortes (PSDB-RJ), um dos coordenadores da campanha de José Serra.

Fevereiro: Os senadores Sarney e Edison Lobão procuram FHC e contam que agentes da Abin estiveram em cartórios no Maranhão vasculhando as empresas dos Sarney. O presidente chama o general Alberto Cardoso, que nega a participação da Abin.

Dias 20, 21, 25, 26, 27, e 28 de fevereiro: O pubicitário Luís Alberto Marques troca telefonemas com Heitor, que também conversa diversas vezes com Jonathan.

28 de fevereiro: Com ordem judicial, uma equipe da PF se desloca de Brasília para São Luís. Heitor e Marques trocam quatro telefonemas.

1º de março: Às 14h15, depois de pegar os mandados em São Luís, a PF invade a Lunus. Encontram documentos que ligam a empresa ao escândalo Sudam e R$ 1,34 milhão em dinheiro. Às 19h, FHC e Sarney têm uma conversa ríspida por telefone. O senador denuncia uma “armação suja” do governo para derrubar sua filha e beneficiar Serra. Entre 21h30 e 22h, FHC recebe cópia do mandado.

4 de março: Sarney Filho pede demissão da pasta do Meio Ambiente. Três dias depois, o PFL deixa o primeiro escalão do governo FHC. Marques e Heitor trocam um telefonema.

12 de março: Murad dá coletiva para renunciar ao cargo de secretário de Planejamento do Maranhão. Diz que o dinheiro achado na Lunus era para a campanha de sua mulher. Marques e Heitor trocam mais um telefonema.

Março: O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), denuncia que também foi grampeado por dois meses. Ele diz que havia sido informado por Sarney de que os arapongas buscavam ligações entre Murad e seu irmão, Carlos Jereissati. Tasso culpa Serra e Márcio Fortes pelo grampo.

20 de março: Às 15h55, Sarney sobe à tribuna do Senado e faz um duro discurso, de 80 minutos. Culpa Serra e o governo pela espionagem contra Roseana e compara o grampo contra sua filha a outro caso mais famoso, o Watergate, que levou à renúncia do presidente Richard Nixon.

27 de março: A PM do Maranhão invade uma casa em São Luís e descobre uma central de espionagem da PF. Encontra quatro policiais federais e muitos equipamentos sofisticados de escuta telefônica e rastreadores. O Ministério da Justiça diz que o local servia para operações secretas de combate ao narcotráfico.

13 de abril: Roseana renuncia à sua candidatura.

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