Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 18 de julho de 2010

Procuradora faz elogio indireto a Serra e pode ser processada


A Folha perguntou à procuradora Sandra Cureau o que ela achava do governador de SP, Alberto Goldman (PSDB), ficar citando José Serra em seus discursos. A resposta veio na forma de um camuflado mas óbvio elogio ao presidenciável tucano: "Não pode, falando oficialmente como governador, dizer as coisas boas que Serra fez. Ele está indicando à população que Serra é a pessoa ideal para governar o país", disse Cureau. Ela pode ser acusada de abuso de poder.

por Weden, no blog de Luis Nassif

Convenhamos. A sub-procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau (foto ao lado) é, no mínimo, uma personagem folclórica. Trago um exemplo fictício, e depois sigo com o exemplo da vida real nos ofertado pela procuradora.

Joana chega para Maria e reclama: "Maria, você não deveria falar sobre o quanto Pedro é desonesto"

Ora, o que Joana disse foi: [Pedro é desonesto] [Você não deveria falar sobre].

Lula fez algo parecido há dias: desculpou-se por ter elogiado Dilma em discurso, fazendo novo elogio.

Traduzindo a estratégia de Lula teríamos: [Nunca mais direi que] [Sem Dilma, o trem bala não sairia]

A imprensa criticou o primeiro elogio de Lula a Dilma e o segundo também. Todo mundo percebeu que Lula fez uma mea culpa retórica. A procuradora Sandra Cureau também percebeu. E ameaçou Lula - e Dilma - pela enésima vez.

Logo depois, a rede informou que Alberto Goldman estava fazendo o mesmo: utilizando eventos pagos com o dinheiro do contribuinte para fazer campanha para José Serra.

A Folha de São Paulo, pautada pela rede, confirmou, quase que numa mea culpa editorial, que o governador de São Paulo citou o candidato correligionário dezenas de vezes em seus discursos.

Foram perguntar à procuradora o que ela achava disso. A resposta deve entrar para os anais das curiosidades das eleições de 2010.

Partindo do pressuposto de que a Folha transcreveu fielmente a declaração da entrevistada, a procuradora disse:

"Não pode, falando oficialmente como governador, dizer as coisas boas que Serra fez. Ele está indicando à população que Serra é a pessoa ideal para governar o país."

Desmembrando, teríamos

E1. ["Não pode, falando oficialmente, como governador dizer]"

E2. ["as coisas boas que Serra fez"]

E3. [Ele está indicando à população que]

E4. ["Serra é a pessoa ideal para governar o país"]

Os enunciados 1 e 3 trazem um alerta ao governador Alberto Goldman. Mas os enunciados 2 e 4 são reafirmações do que Alberto Goldman disse.

Seria muito diferente se a procuradora, ouvida pela Folha, dissesse que "O governador não pode, falando oficialmente, elogiar Serra em público, indicando à população a opinião dele sobre o candidato do mesmo partido"

O que a procuradora fez foi embutir um elogio a Serra numa suposta crítica ao governador. Isso é campanha. E com o dinheiro do contribuinte.

A procuradora pode ser denunciada por abuso de poder.

VERMELHO

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