Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Impeachment post-mortem


ENFIM, O IMPEACHMENT A LULA
Raul Longo
Auspiciosos deuses e deusas de minha predileção garantem que Lula não morrerá tão cedo. Ainda há muito a fazer e não lhe querem em descanso.

Mas se morresse, Lula seria o primeiro impeachment post-mortem da história da humanidade, tal o rancor dos néscios e incapazes meramente munidos de preconceitos. Não viram o programinha obrigatório do FHC?

Alguma proposta de expandir mais as conquistas sociais do governo Lula? Alguma sugestão de onde aplicar os recursos econômicos resgatados do Brasil deficitário e multiplicados pelo governo Lula? Ao menos uma ideia de aproveitamento da imagem externa do Brasil que evoluiu da mais desqualificada a uma das mais importantes identidades nacionais do mundo?

Não. Nada! Aliás, como já era de se esperar e reafirmando o invariável estilo pessoal e corporativo, mais uma vez o professor não vem a público para propor outra coisa que não seja o impeachment de Lula que sequer presidente não mais é. Apenas um cidadão de São Bernardo do Campo.

Se os vizinhos do FHC ainda o tivessem em algum crédito e nele reconhecessem alguma liderança, Higienópolis varreria São Bernardo do mapa e São Paulo teria apenas o ACD. Sem o B. Ou por B se subentenderia crianças deformadas por explosão atômica.

Mas esse ódio, essa sede e baba de vingança, não é uma exclusividade do FHC. Há outros que jamais perdoarão Lula pela indústria brasileira bater recordes de produção do último quarto de século, a despeito da maior crise internacional dos últimos 90 anos, da concorrência da China e da manutenção da soberania brasileira sem abjeção subserviente aos desígnios imperialistas da Europa ou Estados Unidos.

Ah, não! Como os tantos títulos acadêmicos haverão de perdoar um operário, não mais que torneiro mecânico, que se mete a resgatar metade da população historicamente miserável, elevando um salário mínimo tradicionalmente abaixo do mínimo necessário para a sobrevivência?

Depois de promover crônico surto de desemprego, como aceitar a criação da maior oferta de empregos em todas as áreas, inclusive especializadas, de que já se teve notícia na história?!!!!

Só mesmo com impeachment! Não importa se já não é Presidente! Não importa se praticamente a totalidade do eleitorado ainda o tem como o melhor Presidente da história do Brasil! Não importa se o mundo o reconhece como o mais popular Presidente de todos os tempos, em qualquer hemisfério!

Importante, agora, é se conseguir aquele impeachment tão especulado, tão ardorosamente desejado, tão cooperativamente arquitetado, trabalhado, insistido. Um imenso esforço através de alianças corruptas e compra de testemunhos de secretárias, canastrões, chantagistas, rufiões, politiqueiros, laranjas, policiais, integrantes do crime organizado e ladrões de galinha; mesclados aos tradicionais e experientes mentirosos e estafadores da política, da mídia e demais poderes.

Há quem se pergunte: “Mas... e se o Lula ganhar o Prêmio Nobel?”

Ora! E daí? Tanto faz se ganhe ou não! Nem é preciso que ganhe, pois só o fato de ser indicado já seria grande motivo se motivos maiores não houvesse para justificar aos néscios e incapazes, o tão ardente desejo de dar um impeachment no Lula.

Sim, claro! A qualquer outro, o fato de ser o primeiro presidente, quiçá o primeiro político brasileiro a ser indicado ao Nobel, certamente o mais cotado ao principal prêmio internacional; então se teria de considerar a vergonhosa repercussão mundial de tal decisão; pois seria como a Academia Brasileira de Letras expurgar a memória de Machado de Assis e em seus portais promover a queima de exemplares das obras do Mestre. O Santos Futebol Clube ou a CBF proibir a aproximação de Pelé a menos de 500 metros de suas dependências.

Mas o Lula? Luís Ignácio Lula da Silva? O torneiro mecânico?

A qualquer outro presidente da república que, por ventura, algum dia venha a merecer a mesma distinção de ser indicado ao Nobel da Paz, qualquer intenção de revogar uma sua decisão, por certo será motivo suficiente de se revogar o cargo do revogante. Mas no caso pouco importa se a mais importante corporação capitalista internacional o tem como Estadista Global, apesar de ser, reconhecida e assumidamente, socialista. Talvez o único socialista tão homenageado e elogiado por todos os estadistas e instituições das mais diversas linhas de esquerda ou direita.

Quê importa se é um consenso mundial? Pouco importa se os mais tradicionais e destacados veículos de imprensa dos principais países do mundo o tenham homenageado como nunca antes outras lideranças políticas do planeta o foram.

Quê interessa se nunca outro brasileiro foi tão distinguido?

Importante é, enfim, se conseguir o impeachment do Lula, nem que seja para atender aos caprichos de um dirigente execrado pelo próprio povo, ridicularizado em todos os países e por toda a civilização humana como proxeneta, pedófilo, desqualificado para o cargo e mafioso.

Ou nem isso interessa.

Na verdade, entre Cezar Peluso e Cesare Battisti pouco se dá como cada um passará a história e à qual caberá o pejo de vergonhosa memória. Não interessa sequer a vergonha de todos os brasileiros perante o mundo ou o julgamento da justiça brasileira pela comunidade internacional.

Importante é, enfim, cavarem um impeachment ao Lula!


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