Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 8 de maio de 2012

O dia em que o “empresário de jogos”- BICHEIRO- cassou o mandato de um deputado


 
22/02/2005 15:24
Jornalista diz ter gravações de conversas de André Luiz

sugerido pelo Remindo Sauim, via e-mail, da Agência Câmara
Começou há pouco reunião do Conselho de Ética da Câmara, que investiga a acusação de extorsão feita pelo empresário de jogos Carlos Cachoeira contra o deputado André Luiz (sem partido-RJ). Neste momento, presta depoimento o editor especial da revista Veja Policarpo Júnior, que afirmou possuir um CD com cerca de cinco horas de gravação de conversas de André Luiz com emissários de Cachoeira. Em uma das conversas, o deputado teria pedido a Cachoeira R$ 4 milhões para evitar a inclusão de seu nome no relatório da CPI da Loterj, da Assembléia Legislativa do Rio.
Policarpo afirmou também que, antes de publicar as gravações, a revista submeteu a fita ao perito Ricardo Molina, da Unicamp, que atestou sua autenticidade. Daqui a pouco, o próprio Molina vai prestar depoimento.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Wilson Silveira
PS do Viomundo: André Luiz foi cassado. Perguntinha básica: quem gravou o CD?

http://imagem.camara.gov.br/internet/midias/tv/2005/02/tvcahoj20050222-01-0006-wm.100.wmv

Bob Fernandes: E quando vão pedir desculpas a Paulo Lacerda?

Delegado Paulo Lacerda espera pedido de desculpas de Gilmar Mendes e Demóstenes
por Bob Fernandes, no Terra Magazine
O delegado Paulo Lacerda, que por seis anos e meio dirigiu a Polícia Federal e a Abin durante os governos Lula, aguarda um pedido de desculpas. Ele espera (talvez sentado) que Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e o senador Demóstenes Torres reconheçam as respectivas responsabilidades nos seus dois anos e meio de exílio.
Início da tarde de 9 de setembro de 2008. A sessão vai começar em instantes. O delegado Paulo Lacerda, diretor da Abin, está na ante-sala da Comissão Mista das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional. Uma dezena de parlamentares na sala. Sorrateiro, quase sem ser notado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ex-secretário de Segurança Pública de Goiás, aproxima-se de Paulo Lacerda e diz:
– Eu o conheço. Sei que o senhor é um homem sério e, com certeza, não está envolvido com estes fatos, com grampos. Estou aqui pessoalmente para lhe prestar minha solidariedade e demonstrar o meu apreço…
Exatos dois meses antes, a Polícia Federal havia prendido o banqueiro Daniel Dantas na Operação Satiagraha, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz, hoje deputado federal do PCdoB (SP).
No rastro da operação, e tornados personagens de reportagem da Revista Veja de 3 de setembro, o senador Demóstenes Torres e Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), denunciaram: tinham sido grampeados pela Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, dirigida por Paulo Lacerda.
O juiz Mendes, em companhia de outros ministros do STF, fora ao Palácio do Planalto “chamar o presidente Lula às falas”. Paulo Lacerda seria temporariamente suspenso de suas funções; depois, sob intensa pressão política, seguiu para o exílio. Por quase dois anos e meio, com a família junto, Paulo Lacerda foi Adido Policial na embaixada do Brasil em Portugal.
Nessa tarde de 9 de setembro de 2008, Lacerda ouve, perplexo, a manifestação de solidariedade sussurrada por Demóstenes, justamente um dos homens que o acusam de ter comandado grampos durante a Satiagraha. Acusam-no de ter ordenado, ou permitido, escuta ilegal contra um senador da República e um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Recuperado da surpresa, percebendo a pressa de Demóstenes, prestes a deixar a sala, Paulo Lacerda responde ao senador:
– Que bom que o senhor pensa assim, que vê as coisas desse modo.  A sessão já vai começar e aí o senhor terá a oportunidade de dizer isso, de dizer a verdade, e esclarecer as coisas…
– Tenho um compromisso, vou dar uma saidinha, mas voltarei a tempo – promete o senador Demóstenes Torres.
A sessão arrastou-se por horas. O senador Demóstenes, o acusador, não voltou.
Naquela tarde, o delegado Lacerda foi duramente questionado. E acusado de ter montado um esquema de grampos ilegais na Abin. Em vão, ele repetia:
– Não comandei, não participei, não compactuei, nem tomei conhecimento de qualquer ilegalidade no procedimento da Abin…
Naquele dia, a estrela da comissão foi o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Às 16h53, Virgílio perguntou a Paulo Lacerda se o ministro da Defesa, Nelson Jobim, tinha mentido ao dizer que a Abin possuía “equipamento de escutas”. Lacerda pediu ao senador para “fazer a pergunta a Jobim”.
Levemente exaltado, com um tom avermelhado na pele, o político amazonense bradou: disse não ser um “preso”, nem estar “pendurado” num pau-de-arara. E que Paulo Lacerda não estava “numa delegacia” e, sim, numa sessão do Congresso. Como acusado.
Fim da sessão. O senador Arthur Virgílio se aproxima de Paulo Lacerda e discorre sobre o que é a política:
– O senhor entende… eu sou da oposição, temos que ser duros…
Paulo Lacerda é o delegado que comandou a prisão de PC Farias e a investigação do chamado “Caso Collor”, quando mais de 400 empresas e 100 grandes empresários foram indiciados num inquérito de 100 mil páginas. Tudo, claro, dormitou nas gavetas do Judiciário, ninguém acompanhou nada e tudo prescreveu.
Anos depois, no governo Lula e com o Ministério da Justiça sob direção de Márcio Thomaz Bastos, por quase cinco anos Paulo Lacerda dirigiu – e refundou – a Polícia Federal. A PF teve, então, orçamento que jamais teve ou voltaria a ter.
Mais de 5 mil operações foram realizadas, centenas de criminosos de “colarinho branco” foram presos, o PCC foi atacado em seu coração financeiro. Na Satiagraha, a PF, já sob direção de Luis Fernando Correa, dividiu-se. Uma banda trabalhou para prender Daniel Dantas e os seus. Outra banda trabalhou contra a Operação; com a estreita colaboração, digamos assim, de jornalistas e colunistas que seguem por aí.
Paulo Lacerda, no comando da Abin, foi acusado por um grampo que nunca ninguém ouviu, que, pelo até hoje se sabe, nunca existiu. Demóstenes e Gilmar Mendes, por exemplo, nunca ouviram o suposto grampo; souberam por uma transcrição.
De resto, aquele teria sido um grampo inédito na história da espionagem. Não flagrou nenhum conversa imprópria. Um grampo a favor.
A Polícia Federal, ao investigar o caso, não encontrou vestígio algum de grampo feito pela Abin. Mas, claro, a notícia de inexistência do grampo saiu em poucas linhas, escondida, aqui e ali.
Quase quatro anos depois, caiu a máscara de Demóstenes Torres, o homem de muitas faces. Uma delas abrigava em seu gabinete uma enteada do amigo, o ministro Gilmar Mendes.
Paulo Lacerda voltou do exílio. Toca sua vida. E aguarda que Demóstenes Torres e Gilmar Mendes, entre tantos outros, lhe peçam desculpas.
PS do Viomundo: O caso do grampo sem áudio e o exílio de Paulo Lacerda são dois dos episódios mais grotescos da história recente do Brasil. Sabemos hoje que Jairo Martins, o que grampeava, serviu ao mesmo tempo a Cachoeira (ou seja, a Demóstenes) e foi “personal araponga” de Gilmar, segundo o Estadão, citado no relatório da Procuradoria-Geral da República sobre a operação Monte Carlo. Jairo poderia, em tese, ter gravado o diálogo espírita entre Demóstenes e Gilmar, reproduzido por Veja para comprometer a Satiagraha — livrando o banqueiro Daniel Dantas — e Paulo Lacerda. Felizmente, Jairo poderá esclarecer o episódio quando for chamado a depor. Quanto aos jornalistas e colunistas que, segundo Bob Fernandes, “seguem por aí”, são aqueles que propagaram as versões condenatórias de Paulo Lacerda de forma acrítica e sem ouvir o outro lado, que tanto dizem respeitar. Basta consultar os arquivos.

Deputado diz que Veja era cúmplice de Cachoeira e pede investigação sobre a revista

Para Fernando Ferro, elo entre revista e bicheiro configura “associação para o crime”

Do R7, com Record News
 

Publicidade
O deputado Fernando Ferro (PT-PE) defendeu nesta segunda-feira (7) que a CPI do Cachoeira investigue também as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal, com jornalistas da revista Veja, publicada pela editora Abril.

— A sociedade exige o esclarecimento dessas relações. Não tenho dúvida de que o caminho correto é ouvir todos os citados [nas investigações], independente de que partido for, de que interesse empresarial for, de que segmento for. É bom para a democracia. Todos os atores do processo devem ser ouvidos e devem colaborar com o esclarecimento dessas denúncias.

Escutas feitas pela PF com autorização da Justiça indicam que o contraventor, apontado como líder de uma quadrilha que explorava jogos ilegais em Goiás, usava contatos na revista para plantar notícias contra adversários políticos. Um dos interlocutores de Cachoeira seria Policarpo Júnior, diretor da Veja em Brasília.


Para Ferro, que concedeu entrevista à Record News, as evidências colhidas pela polícia ao investigar Cachoeira são suficientes para levar Policarpo à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que trata dos negócios do bicheiro. Outro nome a ser convocado, segundo ele, é Roberto Civita, dono do Grupo Abril.

— Os dois deverão ser ouvidos, até porque alguém estava cumprindo ordens para alguém. Não acho que isso seja feito apenas pela criatividade ou pela ânsia jornalística do Policarpo. Essa matéria atendeu a interesses jornalísticos, empresariais e políticos. Por isso, é necessário ouvir [os representantes da Abril].

O deputado também contestou o argumento usado por alguns jornalistas e pela direção da revista para defender os profissionais da Veja — de que manter relações com uma pessoa suspeita de cometer delitos, como Cachoeira, não é crime.

Na opinião de Ferro, o elo entre a revista e o contraventor vai muito além de uma mera colaboração. Ele disse ver sinais de uma “associação para o crime”.

— A revista veja tem proporcionado uma sequência de denúncias que vem [desde] há bastante tempo, e curiosamente quase todas essas reportagens têm como colaborador mais contundente o senhor Cachoeira. Fazer 200 ligações para um criminoso deixou de ser uma simples colaboração. Passou a ser uma ação de cumplicidade.

Assista à íntegra da entrevista:

Globo sai da caverna e defende Rupert Civita

A Globo mantém a liderança na batalha para tirar Robert(o) Civita da forca.

Primeiro foi o Merval Imortal.

Depois, a Urubóloga.

Agora, é o patrão.

Na pág. 6 da edição impressa, o Globo desta terça-feira publica furibundo editorial com o título “Roberto Civita não é Rupert Murdoch”.

(É pior !)

É claro que os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – denunciam uma “tentativa de atemorizar a imprensa”.

É o mesmo argumento contra a Ley de Medios: é uma “tentativa de amordaçar” o direito de Robert(o) Civita e o Globo derrubarem governos trabalhistas.

É o que eles chamam de “liberdade de imprensa”.

Servir invariavelmente à Casa Grande, como diz o Mino Carta.

A certa altura, os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – acusam “blogs, veículos de imprensa de chapa branca” e “reportagens de tv”.

Isso deve ser com a TV Record, que melou o mensalão e mostrou os áudios das edificantes conversas do Carlinhos Cachoeira com a Veja, munida de sua liberdade de imprimir.

Deve ser também com a turma dos blogs sujos do Barão de Itararé.

Eles se reunem em Salvador, agora, no dia 25, para celebrar seu III Vitorioso Encontro, inflamados por duas frases sugeridas pelo Ministro Ayres Britto (aquele que abriu a janela do STF para entrar o sol, depois de seis anos de sombras), fixadas em banners iluminados:

“A liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade”, de Ayres Britto.

E “o excesso de liberdade se cura com mais liberdade”, de Tocqueville.

(Clique aqui para ler “Barão de Itararé convida Ayres Britto para encontro de blogs sujíssimos”.)

Sobre o veículo “de imprensa chapa-branca” … isso deve ser com o Mino.

Compreende-se o desespero dos filhos do Roberto Marinho.

A Globo e a Veja são a corda e a caçamba.

Sem a Globo, a Veja não ia mais a lugar nenhum.

Não passaria de uma revisteca provinciana à beira da extinção e que, mal e mal, sustenta uma editora mais combalida, ainda.

A Globo é o balão de oxigênio do Robert(o) Civita.

Por que ?

Porque a Globo pega o detrito sólido de maré baixa da Veja, extraído de duzentos telefonemas ao Carlinhos Cachoeira, e transforma em Chanel #5.

É crime, sim.

O Robert(o) Civita é pior que o Rupert.

Porque a televisão do Rupert (na Inglaterra) não tem o alcance que a Globo tem no Brasil.

E na Inglaterra uma TV não ousaria fazer o que a Globo faz aqui: sistematicamente tentar derrubar os presidentes e governadores trabalhistas.

O jornal nacional criou agora uma seção fixa que se chama “o Brasil é uma m…”.

Nesta segunda-feira, descobriu uma cidade de mil habitantes no interior do Maranhão que tem uma estação rodoviária, mas não tem ônibus.

Culpa do Lula e da Dilma !

A Globo é a próxima na fila.

E essa fila anda.

O Brasil tem um encontro marcado com os filhos do Roberto Marinho, aquele que simulou um atentado para fingir que era vítima e, não, cúmplice do regime militar.

O regime militar acabou.

E os filhos do Roberto Marinho, mesmo com a ajuda do Miro, não são o Roberto Marinho.

Como o Robert(o) Murdoch não é o “seu” Vitor Civita.

Que não ia entregar o patrimônio nas mãos de um Policarpo.

A batata da Globo também assa.

A Ley de Medios vem aí assim como o fim da Lei da Anistia.

Porque, hoje, no Brasil, ficou mais fácil identificar bandido.

Por causa dos blogs sujos.

E do Mino.

E jornalista bandido bandido é.

Não era.


Paulo Henrique Amorim


Roberto Freire resume a oposição

O primeiro dia útil da semana foi bem-humorado ao menos na política. O que proporcionou diversão a simpatizantes do governo Dilma e, ainda que não digam, provavelmente até a oposicionistas, mais uma vez foi a instantaneidade do Twitter, rede social em que não poucos escrevem primeiro e pensam depois.
Foi assim que Roberto Freire (político pernambucano que, estranhamente, candidatou-se a deputado federal por São Paulo em 2010 pela primeira vez na vida e que, ainda mais estranhamente, conseguiu se eleger) virou piada.
Como todos já devem saber, Freire exprimiu revolta ao ler piada em um site humorístico que imita o portal G1, obviamente por ter acreditado. A “notícia” afirmava que Dilma havia mandado o Banco Central colocar nas cédulas de real a frase “Lula seja louvado”.
Como o Twitter não perdoa gafes desse porte, logo alguém criou a hashtag #LulaSejaLouvado, que, rapidamente, subiu ao topo dos Trending Topics (temas mais comentados). Freire, então, justificou-se dizendo que, “Em função do desmantelo e imoralidade dos tempos ‘lulodilmistas’, tal estapafúrdia noticia” teria “ares de verdade”.
Com uma dose cavalar de boa vontade poder-se-ia compreender que um homem adulto e maduro (em termos de idade), letrado, um deputado federal, enfim, acredite em um site que tem “notícias” como a de que Dilma pretende privatizar parte da população brasileira (!). Mas a justificativa que deu para a gafe, é imperdoável.
Para entender a mentalidade desse cavalheiro, basta lembrar que afirmou certa vez que os atuais detentores do poder não possuem um projeto de governo. Se dissesse que discorda do projeto que já venceu três eleições presidenciais consecutivas, não seria nada. É óbvio que deve discordar se com ele não concorda. Mas dizer que não existe?!
Ainda em sua justificativa para gafe tão ridícula, Freire também aludiu a corrupção dos adversários. Suas palavras: “Lulopetistas histéricos e satisfeitos com a gafe por mim cometida, mas nada dizem das imoralidades e malfeitorias do governo Dilma”. Disse isso em um momento em que mais um expoente moralista da oposição acaba de ser desmascarado.
Então vamos resumir a mentalidade desse homem. Ele não concede nenhum mérito ao que chama de “lulodilmismo” e atribui corrupção só aos adversários políticos. E o que é mais: quer que a sociedade acredite nisso.
Se disserem ao deputado Roberto Freire que o Brasil é hoje um dos países que mais progridem no mundo tanto do ponto de vista social quanto econômico, ele dirá que tudo o que está acontecendo de bom é mérito de seu grupo político, ou seja, do governo Fernando Henrique Cardoso, e que Lula e Dilma apenas colheram os frutos de um governo como aquele, que terminou melancolicamente, fortemente rejeitado pelo povo.
Pode-se discutir esse ponto, mas, sob tal discurso, não há discussão séria possível. Nem a mídia – ou a maioria da mídia, porque há exceções – que apóia cinicamente o grupo político de Freire ousa tanto, preferindo dizer que o sucesso de hoje é resultado de uma conjunção dos supostos feitos de FHC com os poucos que reconhece nos governos “lulodilmistas”.
Agora passemos ao discurso de José Serra ou de sua voz na internet, o blogueiro da Veja Reinaldo Azevedo, por exemplo, ou ao de tantos outros oposicionistas de expressão. Só o que veremos é que Freire não está sozinho. Esse é discurso da oposição e de 150% da militância demo-tucana-pepessista, do que são provas os comentários que posta neste blog todo dia.
Esse deputado é a síntese de seu grupo político. Sempre disposto a comprar qualquer acusação e a fazer qualquer crítica que avalie que possa atingir os adversários, pouco importando a origem, sem checar nada e, como se vê, sem refletir um mínimo que seja.
Escrevi ontem no Twitter e repito aqui: não achei graça na gafe do deputado Roberto Freire e nem quero espezinhá-lo por ela, ainda que a tentação à veia humorística deste blogueiro seja quase irresistível. Sinto comiseração por ele e preocupação com a democracia brasileira. Uma oposição repleta de idiotas desse porte é perniciosa para o país.
Qualquer nação democrática precisa de oposição, e quanto mais ela for séria mais serviços prestará à sociedade. Ora, governo nenhum é composto por santos. Todo governo precisa ser fiscalizado. Há corrupção no governo Dilma Rousseff, sim, como há no governo Geraldo Alckmin, no governo Gilberto Kassab e por aí vai.
Pode-se discordar do projeto desses governos, mas querer vender a teoria de que só no governo Dilma existe corrupção e negar-lhe êxitos que o mundo inteiro e a maioria esmagadora dos brasileiros reconhecem explica por que o conjunto deste povo vem dando reiterados nãos a essa oposição.
E quando falo de oposição não falo tão-somente da oposição de centro-direita, mas, também, da de esquerda. No domingo, por exemplo, um militante do PSOL resumiu a oposição que faz esse partido ao dizer que Dilma “deu 250 bi a rentistas e 20 bi ao Bolsa Família”…
Caramba! Dilma é uma mulher muito má, então. É um monstro. Provavelmente fez isso porque é corrupta, o que o mesmo psolista disse que se pode comprovar por ela ter “se aliado” a Paulo Maluf e a Jair Bolsonaro. Não, ela não fez aliança com o PP, mas com esses dois. Só queria saber como o PSOL faria para governar sem maioria…
Então vejamos: Dilma é má, pois enche os bolsos dos ricos e dá migalhas aos pobres, e é corrupta, homofóbica e idiota, pois se alia a um corrupto e a um demente que acha que todo gay quer levá-lo para a cama.
Esse é o nível da oposição que temos ao governo Dilma e que, durante oito anos, tivemos ao governo Lula. E essa oposição também explica cabalmente a rejeição dos brasileiros aos adversários do PT. Só que isso não deve nos servir de consolo.
Por essas razões, a oposição está minguando. O DEM e o PPS estão se desintegrando, o PSDB, apesar de ainda ter alguma musculatura, também míngua a cada eleição. O PSOL elegeu 3 deputados federais em 2010. E a população assiste ao moralismo da oposição de direita ser desmascarado na pessoa de Demóstenes Torres ou na de José Roberto Arruda.
Até a imprensa tucana reconhece que a oposição está cada dia mais debilitada. Podem buscar nas colunas políticas de Folha, Veja, Estadão e Globo que encontrarão Cantanhêdes, Azevedos, Nêumanes e Mervais dizendo isso.
Ainda assim, esses colunistas, editorialistas, editores e até os donos desses veículos não conseguem entender que o povo não vê na oposição a “ética” que ela e a mídia querem lhe vender. E é por isso que estamos caminhando para ter um governo com um poder muito maior do que é desejável, pois um poder sem contrapeso sempre tende ao excesso.
Democratas como este que escreve ficam sem saída. Não posso ratificar ou deixar de denunciar as tentativas (agora sim) estapafúrdias dessa gente de vender tais barbaridades. E, por isso, acabo não podendo exercer fiscalização e ter uma postura criticamente construtiva, pois estaria ajudando esses dementes a recuperarem o poder.
Não se deve rir da idiotia sobre-humana de Roberto Freire, pois não tem graça. Ele é um resumo vivo da oposição que o Brasil tem hoje, uma oposição que não cumpre seu papel por exercê-lo com tirania, com burrice, com virulência e com desonestidade. A gafe desse indivíduo oferece mais motivos para chorar do que para rir.