Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 18 de março de 2013

Andrea Neves, a dama de R$2 bilhões


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Sem divulgar os beneficiados nem obedecer a qualquer regra, Andrea Neves (foto) distribuiu verba de publicidade capaz de construir outra Cidade Administrativa.
Via Novojornal
Até então acusada pela censura, que vem desde 2003 ocorrendo sobre a imprensa mineira e nacional, evitando que notícias desfavoráveis a imagem de seu irmão, Aécio Neves, sejam publicadas, Andrea é dona de um comportamento considerado por seus críticos como inadequado para função que exerce devido seu temperamento. Andrea Neves vem colhendo críticas por controlar com mão de ferro a distribuição das verbas de publicidade do Governo de Minas.
Segundo defensores da liberdade de imprensa, a distribuição de verba por Andrea Neves tem objetivado apenas à subserviência editorial. Embora jornalista por formação, não é bem vista pela categoria que a identifica como fonte de perseguição sobre seus colegas. A ela é atribuída a queda e demissão de diversos editores e jornalistas após a posse de Aécio no governo de Minas Gerais. Em 2003, o Portal CMI Brasil publicou a seguinte matéria:
Perseguição política de volta ao Palácio da Liberdade
Por SJPMG 16/08/2003
Denúncias têm sido encaminhadas à diretoria do SJPMG dando conta da interferência direta de auxiliares diretos do governador no dia a dia das redações e ingerência nos assuntos internos de empresas de comunicação social.
“A divulgação de informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação pública, independente da natureza de sua propriedade” (Artigo 2º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros) “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação” (Artigo 7º).
Uma prática comum durante a ditadura militar parece estar de volta a Minas Gerais: perseguição política a jornalistas que contrariam os efêmeros detentores do poder.
Apesar de o governador Aécio Neves ter afirmado – na Casa do Jornalista, durante a posse da diretoria do Centro de Cronistas políticos – ter o maior apreço e respeito pela imprensa e seus profissionais a prática vem demonstrando exatamente o contrário.
Denúncias têm sido encaminhadas à diretoria do SJPMG dando conta da interferência direta de auxiliares diretos do governador no dia a dia das redações e ingerência nos assuntos internos de empresas de comunicação social.
Exemplos dessa interferência estão na censura do Estado de Minas, em matéria da Vara da Infância que mostrava o descaso do governo para com a questão da infância no Estado, e censura à coluna de Cláudio Humberto, reproduzida pelo Hoje em Dia, e demissões de jornalistas na TV Globo e Rádio Itatiaia.
De acordo com o Juiz da Infância, Dr. Tarcísio Martins Costa, matérias da Vara da Infância, que demonstravam descaso e insensibilidade do Estado não foram publicadas pelo jornalEstado de Minas, porque comprometiam a imagem do governador.
Estas matérias diziam respeito à violência, tráfico de drogas e aos cortes promovidos pelo Estado em convênios com entidades assistenciais, que comprometiam inclusive a alimentação de crianças e adolescentes”.
Vista por alguns como “anjo da guarda” do irmão Aécio Neves, Andrea transformou-se nos últimos meses, diante das denúncias apresentadas pelos deputados estaduais Rogério Correia (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB), em investigada pela Procuradoria Geral da República e Receita Federal. Andréa é acusada de operar um esquema de transferência de verba de publicidade do governo de Minas para empresas pertencentes a ela e a seu irmão.
Matéria do Novojornal, “Ocultação de patrimônio: Laranja complica Aécio e Andréa Neves”, demonstra que “seus negócios” já haviam sido detectados e citados anos atrás nas investigações do “mensalão do PSDB” pela Polícia Federal, após determinação do Ministro Joaquim Barbosa, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na elaboração da matéria, “Contrabando de nióbio estaria financiando Rede Globo Minas”, não foram poucas as vezes que nossa reportagem deparou com sua participação. Prosseguindo na busca de novos fatos,Novojornal deparou com uma enorme movimentação de verba de publicidade. Andrea Neves, nos últimos dez anos, administrou um orçamento superior a qualquer investimento em publicidade pela iniciativa privada no País.
Quando comparados os gastos de publicidade da Administração Direta de Minas com os do governo federal se constatam o grande exagero que esse item representa para os cofres públicos de Minas Gerais. Ele chega a representar em torno de 28%.
Os últimos valores disponibilizados pelo TCMG somados aos gastos entre 2003 a 2010 totalizaram a gigantesca quantia de R$1,508 bilhão, se somados ao gasto ainda não oficial de 2012, calculados em R$200 milhões, chega-se a R$1,708 bilhão. Levando-se em conta que o governador Anastasia permanecerá no governo até 2014 e que não haja aumento nas despesas de publicidade, serão mais R$400 milhões, que totalizam R$2,108 bilhões.
O Relatório Técnico do Tribunal de Contas de Minas Gerais sobre as Contas do Governo do Estado revelou que a despesa com publicidade do governo de Minas Gerais em 2011 totalizou R$162.829.249,86 sendo; R$96.519.335,48 de responsabilidade da Administração Direta, 59,28%; R$4.497.046,47 das Autarquias e Fundações, 2,76%; R$5.100.123,72 dos Fundos, 3,13% e R$56.712.744,19 das empresas controladas pelo Estado, 34,83%.
Do total das despesas com publicidade apuradas no exercício, R$162,829 milhões, 90,97% estão distribuídos entre a Secretaria de Estado de Governo, Segov, R$79,492 milhões, representando 48,82% do total do exercício; a Copasa e suas subsidiárias, R$22,513 milhões (13,83%); a Cemig e suas subsidiárias, R$16,040 milhões (9,85%); a Assembleia Legislativa, R$14,675 milhões (9,01%); a Codemig, R$9,676 milhões (5,94%); e o BDMG, R$5,729 milhões (3,52%).
Ressalta o documento “que as despesas realizadas com publicidade pelo governo mineiro estão concentradas na Segov por força de suas atividades institucionais”.
Segundo o Tribunal de Contas, “por meio de consultas realizadas no Siafi, foram apuradas as maiores campanhas publicitárias realizadas por essa Secretaria em 2011” (consideradas maiores as de valor superior a R$1.000.000,00). O valor total dessas campanhas, R$65.668.690,37, corresponde a 61,88% da despesa com publicidade da Administração Direta, Autarquias e Fundações e Fundos, que totalizou R$106.116.505,67 e a 40,33% da despesa total com publicidade no exercício.
Acrescenta o Tribunal de Contas que “das despesas com publicidade realizadas pelo Estado no exercício de 2011, incluindo a Administração Direta, as Autarquias e Fundações, os Fundos e as empresas controladas, 71,39% concentram-se nas Agências Consórcio MPM/Populus (32,03%), Consórcio Faz & Branez (20,31%), e RC Comunicação Ltda. (19,06%)”.
Cabe salientar que, das despesas com publicidades realizadas pelo governo mineiro no exercício de 2010, incluindo a Administração Direta, as Autarquias e as Fundações, os Fundos e as empresas controladas, 60,50% concentraram-se nas Agências RC Comunicação Ltda. (16,57%), Consórcio MPM/Populus (16,39%); 18 Comunicações (11,95%), Perfil Prom. e Publicidade Ltda. (8,51%) e Casablanca Com. e Marketing Ltda. (7,09%).
Observa-se, ainda, que somente com a campanha “Balanço 2011”, desenvolvida pelo Consórcio MPM/Populus, foram gastos R$17.892.000,00, representando 16,86% das despesas com publicidade da Administração Direta, Autarquias e Fundações e Fundos, e 10,99% do total das despesas com publicidade do governo mineiro no exercício.”
Dispõe o art. 17, parágrafo único, da Constituição de Minas Gerais: “A publicidade de ato, programa, projeto, obra, serviço e campanha de órgão público, por qualquer veículo de comunicação, somente pode ter caráter informativo, educativo ou de orientação social, e dela não constarão nome, símbolo ou imagem que caracterizem a promoção pessoal de autoridade, servidor público ou partido político”.
Durante o período de governo Aécio/Anastasia (2003 a 2011) foram gastos com publicidade R$1,508 bilhão, valor esse mais do que suficiente para se construir outra Cidade Administrativa. Para se ter uma ideia mais ampla sobre o que significa esse colossal gasto basta dizer que ele é 21% superior ao patrimônio líquido do BDMG (instituição que acaba de completar 50 anos de fundação), de R$1,243 bilhão, em 30.06.2012.
Embora sejam despesas públicas, nenhum valor ou nome dos veículos de comunicação emissoras de rádio, tevês, revistas, jornais etc. beneficiados com as faustosas verbas publicitárias do governo mineiro foram divulgados e, muito menos, qual critério usado para a sua distribuição ou definição. Esta é uma caixa preta que algum dia precisará ser aberta e detalhada.
Sem considerar os valores despendidos com apoios e patrocínios em geral, também chama à atenção a exuberância das verbas publicitárias usadas por empresas controladas pelo governo de Minas para divulgar produtos e “suas realizações” que, não raras vezes, superam em muito os valores das suas congêneres do setor privado.
O BDMG, por exemplo, gastou, em dois anos, somente em verbas publicitárias, o montante de R$11,701 milhões; a Codemig R$20,938 milhões; a Cemig R$41,178 milhões e a Copasa R$44,708 milhões. O valor gasto pelo BDMG R$17 milhões equivale a mais de 2/3 de tudo que a instituição desembolsou durante o primeiro semestre de 2012, para atender a 33 empresas inovadoras do Estado.
Embora consultado, o TCMG não revelou os valores, os veículos de comunicação beneficiados nem os critérios adotados com a distribuição desses recursos de publicidade. Enquanto isto repousa na gaveta do procurador-geral de Justiça de Minas Gerais pedido de reconsideração apresentado pelos deputados Rogério Correia e Sávio Souza Cruz para que promova as investigações.
Diante destes fatos, somados a outros como o “Caixa 2 da Codemig”, é inevitável chegar-se a conclusão que o patrimônio público mineiro está sendo utilizado para financiar o projeto político de Aécio Neves. Quanto à possível apropriação por Andréa e seu irmão de parte desta verba para suas empresas, só mesmo as investigações da Procuradoria Geral da República e Receita Federal poderão responder.
O governo de Minas, o senador Aécio Neves e Andréa Neves, consultados por intermédio de suas assessorias, não quiseram manifestar-se.
Fontes: Tribunal de Contas de Minas Gerais, revista Mercado Comum, portal CMI Brasil.
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Os anti pira: Petrobras vai investir US$236,7 bilhões nos próximos cinco anos



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Nielmar de Oliveira, via Agência Brasil
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou o plano de negócios e gestão da empresa para o período 2013-2017 que prevê investimentos de US$236,7 bilhões. O volume é superior ao do plano anterior (2012-2016) de US$236,5 bilhões. O fato relevante sobre o novo plano de negócios e gestão foi divulgado no começo da noite de sexta-feira, dia 15.
A Petrobras informa que manteve no seu planejamento a continuidade do plano anterior, mantendo as metas de produção de óleo e gás natural; a não inclusão de novos projetos, exceto para exploração e produção de óleo e gás natural no Brasil; e a ampliação do escopo do Programa de Desinvestimentos (Prodesin).
A área de Exploração e Produção (E&P) continuará demandando o maior volume de recursos, US$147,5 bilhões, ou 62% do total a ser investido. Em seguida, vem a área de Abastecimento e Refino com US$64,8 bilhões, 27% do total; e Gás e Energia com US$9,9 bilhões, 4%.
Na área Internacional estão previstos investimentos de US$5,1 bilhões, 2% do volume global; e na Petrobras Biocombustíveis, US$2,9 bilhões, 1%, praticamente o mesmo percentual da BR Distribuidora, US$3,2 bilhões.
A empresa informou, ainda, que a carteira de projetos em implantação vai totalizar US$207,1 bilhões e contempla todos os projetos já contratados e todos os projetos de E&P no Brasil.
Estimativas da empresa indicam que o Programa de Desinvestimento (Prodesin), que objetiva contribuir para a financiabilidade dos investimentos para os próximos cinco anos, por meio da venda de ativos no Brasil e no exterior, deverá gerar recursos para o caixa da companhia da ordem de US$9,9 bilhões em 2013.
A empresa manteve as metas previstas de produção de petróleo e gás natural para o período, confirmando a curva de produção estabelecida no plano anterior, mantendo inalteradas as metas e ratificando sua exequibilidade. A meta de produção de óleo e LGN (líquido de gás natural) no Brasil é 2,5 milhões barris de petróleo por dia, em 2016; 2,75 milhões barris de petróleo por dia, em 2017; e 4,2 milhões barris de petróleo por dia, em 2020.
Nos anos de 2016 e 2017 a maioria dos projetos do pré-sal e da cessão onerosa entrará em operação, resultando em aceleração do crescimento da produção. O pré-sal representará 35% da produção total em 2017.

AÉCIO PROMETE CORTAR MINISTÉRIOS DE 39 PARA 18


O retorno a Diderot.



Este deveria ser, em todas as universidades do mundo, o Ano de Diderot. Em outubro fará 300 anos de nascimento do pensador que, mais do que qualquer outro de seus contemporâneos, acendeu as velas do Iluminismo e ajudou a dar autonomia à razão dos homens. Diderot morreu cinco anos antes da Revolução Francesa. Sem ele, ela teria sido inviável.
Voltar a Diderot não é fuga de cronista político de atualidades, entediado, como tantos outros que sofrem com a mediocridade de nossos tempos chochos, mas convite à reflexão. Estamos em pausa, não obstante a turbulência aparente. A História cochila no mormaço de uma tarde que se alonga, enquanto as universidades, as grandes editoras de livros, e o meio estridente da internet — em que ainda se depositam esperanças — se encontram, a cada dia mais, sob o domínio das instituições financeiras. A moeda, ficção útil à sociedade dos homens, se tornou, manipulada por seus guardiões, instrumento de dissimulada tirania. E essa tirania limita a liberdade de pensar e de criar.
Diderot, filho de um mestre cuteleiro de Langres, estava destinado ao sacerdócio, de onde escapou ainda cedo. Educado pelos jesuítas, levou algum tempo para abandonar a crença católica. Dedicou-se ao estudo das artes. Aos 19 anos, obteve o mestrado na Universidade de Paris. Depois de breve incursão no campo do direito, passou a viver aleatoriamente. Dava aulas eventuais e, como ghost writer, redigia sermões para missionários. Ao frequentar os cafés da moda, conheceu Rousseau, um ano mais velho, e os dois, que se identificavam na inquietação filosófica e na sedução pessoal, tornaram-se o centro de um grupo que daria motor ao Iluminismo. Durante anos, ele, Condillac e Rousseau se reuniam para jantar e pensar em comum, no Panier Fleuri, singular restaurante da cidade naquele tempo.
Era senhor de um talento universal. Seu conhecimento ia da alta matemática de então aos ensaios em biologia — que o fez antecipar-se a Darwin, ao discutir a capacidade da adaptação ao ambiente dos cegos, mediante o tato, e inspirar Braille. E ainda havia a sua surpreendente literatura de ficção. Diderot, no entanto, foi, antes de tudo, homem de ação.
Ao ser convidado pelo editor André Le Breton para traduzir a discreta enciclopédia britânica de Chambers, em dois volumes, e, diante da recusa do seu autor em permitir a edição francesa, Diderot encontrou sua pólvora. Ele, Rousseau, Condillac e outros só viam uma saída para a Humanidade: a universalização do conhecimento. Decidiu-se, então, pelo ambicioso projeto da Encyclopédie e trouxe para a empreitada o químico — mas também grande humanista — D´Alembert.
Durante 21 anos, de 1751 a 1772, Diderot — sem abandonar suas múltiplas atividades e intensa vida social — empenhou-se na execução dos 17 extensos volumes da Enciclopédia. Além de rever todos os artigos e de fazer o que chamaríamos hoje “a lincagem” entre os vários verbetes para o melhor entendimento dos temas, Diderot administrou todo o processo editorial e comercial do projeto. Enfrentou a censura, e, mais do que ela, a reação da Igreja e dos aproveitadores das injustiças sociais e do obscurantismo que temiam o conhecimento da verdade pelas massas. Para não deixar dúvida de seu objetivo, Diderot deu à grande obra o subtítulo de Dictionnaire Raisonné: não se tratava de uma coleção de verbetes mas de uma incitação à liberdade de pensar sem os dogmas castradores da Igreja e seus teólogos.
Entre todos os depoimentos da grandeza de Diderot — que vendeu sua biblioteca para Catarina II da Rússia e dela ganhou uma pensão para viver seus últimos anos — está a de uma mulher da nobreza russa, princesa de Dachkov, que o conheceu em Paris. Disse ela, em suas memórias: “O mundo não conheceu bem esse homem extraordinário. Sua paixão dominante e seus estudos só visavam a contribuir para a felicidade de seus semelhantes”.
Se André Maulraux fosse hoje o ministro da Cultura da França, provavelmente editaria nova edição raisonnée, da Enciclopédia: os verbetes científicos podem estar superados pelas novas descobertas, mas o gênio insuperável dos enciclopedistas, Diderot à frente, poderia despertar a inteligência universal da modorra em que letargia. É uma dívida da França com seu grande homem de pensamento e ação e para com a Humanidade em crise.

EDUARDO É A OPOSIÇÃO INDIRETA. COIMBRA: 2014 ESTÁ RESOLVIDO “Falta combinar com ele se pretende ser o porta-voz da direita e se o eleitorado conservador o reconhecerá”.


Segundo a colona (*) “Painel” da Folha (**) deste domingo, a ponte entre Eduardo Campos e os empresários –clique aqui para ler “Eduardo se lança candidato para empresários de São Paulo” – é o notável líder socialista e nacionalista de Santa Catarina, Jorge Bornhausen.

Segundo o jornal Brasil Econômico, desta segunda-feira, na pág. 3, no “Mosaico Político”, o deputado federal Marcus Pestana, presidente do PSDB de Minas, o prefeito socialista de Belo Horizonte, Márcio Lacerda “estará com Aécio”.

Até porque, segundo Pestana, a ligação de Lacerda no PSB é mais com Ciro Gomes do que com Eduardo.

Ciro Gomes diz que Eduardo não “tem estrada” para ser Presidente.

Segundo Ilustre colonista (*) da Folha (**) – ela é implacável no espaço político compreendido em 180 graus do espectro político, e só ali – Eduardo não vai fazer uma campanha de “oposição direta” a Dilma.

Recentemente, na opaca seção que ocupa no Globo – o 12º voto no Supremo -, Ataulfo Merval de Paiva (***) deu a entender que Eduardo é um excelente candidato.

Só falta definir se será do Governo ou da Oposição.

Formidável !

Primeiro, o Globo escolhe um candidato.

Depois, decide que ideias deve ter !

Mas, no fundo, o que o Ataulfo Merval revela é uma estratégia para levar a eleição para o segundo turno.

Depois, o jornal nacional e o Supremo cuidam do que interessa: o Golpe !

Porque, como se sabe, a Globo não ganha eleição.

Nem pra Papa.

A Globo dá Golpe.

Clique aqui para ler “G” de Globo é “G” de Golpe.

Diante de tantas desencontradas informações, cabe meditar sobre as serenas reflexões de Marcos Coimbra na Carta Capital desta semana:

ESPECULAÇÕES



As eleições de 2014 ainda estão, para a vasta maioria da população, a uma distância colossal. Nas pesquisas, é só depois de algum esforço que as pessoas se recordam que elas ocorrem daqui a um ano e meio. Enquanto isso, nos meios políticos e na “grande imprensa”, é como se fossem acontecer amanhã.

Será nossa terceira eleição nacional em que o presidente em exercício é candidato. Antes de Dilma, Fernando Henrique, em 1998, e Lula, em 2006, passaram pela experiência. Ambos tiveram sucesso, mas de maneiras diferentes.

A que temos no horizonte se assemelha à do tucano. Nada indica que Dilma terá que lidar com turbulências tão fortes quanto as que atingiram Lula, seu governo e o PT em 2005 e 2006. Nem o mais exaltado oposicionista imagina que ela venha a enfrentar situação análoga à que seu antecessor viveu no meses de auge das denúncias contra o “mensalão”
.

Dilma deve disputar seu novo mandato em momento mais marcado pela normalidade que pela excepcionalidade: sem crises agudas na economia, na política ou no cotidiano da sociedade. Não que o País estivesse no melhor dos mundos em 1998, como vimos imediatamente após as eleições, mas nada que impedisse a vitória relativamente tranquila do então presidente.
Apesar dessa semelhança, é grande o contraste entre o ambiente de opinião que vivíamos em 1997 e o de agora.

A partir de junho daquele ano, quando foi promulgada a emenda que permitiu a Fernando Henrique concorrer a um novo mandato, entramos em período de calmaria. O escândalo da compra de votos para aprovar a mudança constitucional havia amainado, a tropa de choque governista impedira a constituição de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito e a Procuradoria-Geral da União, dirigida por alguém escalado para tudo engavetar, mantinha-se inerte. Os ministros da Suprema Corte preferiam se entreter com outras coisas.

Nesse clima de tranquilidade, ninguém se pôs a especular a respeito de nomes e cenários. Dir-se-ia que, uma vez estabelecido que FHC seria candidato – independentemente dos meios utilizados -, os comentaristas e analistas ficaram satisfeitos com a perspectiva de que ele viesse a vencer as eleições seguintes. É como se achassem que não era somente natural, mas desejável que o peessedebista permanecesse no Planalto por mais quatro anos.

Um claro sintoma dessa pasmaceira é que sequer se fizeram pesquisas sobre a eleição até o final de 1997, pelo menos que fossem divulgadas. Apenas uma foi publicada, já em novembro. Ninguém se mostrava ansioso a respeito de quem tinha condições de ganhá-la. 

A vantagem de FHC sobre seus oponentes era, no entanto, muito menor que a de Dilma hoje. Naquela pesquisa de novembro de 1997, realizada pelo Ibope, obtinha 41%, seguido por Lula com 16% e Sarney com 9%.

Sua liderança permaneceu modesta nos primeiros meses de 1998: em março, segundo o Datafolha, repetiu os 41% (com Lula alcançando 25% e sem Sarney). Caiu a pouco mais de 30% entre abril e junho, e voltou aos 40% daí em diante. Na véspera da eleição, atingiu o pico, com 49%.

Nas muitas pesquisas sobre a próxima eleição feitas ao longo de 2012, Dilma nunca obteve menos que 55% e muitas vezes chegou aos 60%. Mesmo quando se colocaram na lista nomes apenas para fazer barulho, como o de Joaquim Barbosa.

Quem achou, em 1997, que FHC iria ganhar com seus 40%, não errou. Um presidente bem avaliado, em um momento em que o País vai bem (ou parece andar bem), tem tudo para vencer
.

De onde, então, tiram os analistas da “grande imprensa” seu ceticismo em relação às chances de reeleição de Dilma? De onde vem seu afã em identificar os “formidáveis adversários” que poderiam derrotá-la?

No momento, estão enamorados pelo governador Eduardo Campos (PSB-PE). Devem acreditar que as possibilidades de alguém vindo do bloco governista são maiores que as de oposicionistas genuínos.

Não é isso, todavia, que desejam os vários “amigos” que Campos tem hoje na mídia de direita e nos partidos de oposição. O que querem é que seja um coadjuvante, que tome votos à esquerda e no Nordeste da presidenta e faça alguma coisa que ajude o candidato do PSDB a suplantá-la.

É verdade que o dinamismo do socialista atrai os que se sentem desconfortáveis com o estado atual da candidatura tucana. Aécio passa por um momento delicado, espremido entre as traições dos serristas e o patético esforço da velha guarda de seu partido em abduzi-lo e mantê-lo sob controle, encarregando-o da inglória missão de defender a “herança de Fernando Henrique”.

Como o lançamento da Rede de Marina Silva deu em nada, resta aos anti-lulopetistas, no momento, a ilusão de Campos. Falta combinar com ele se pretende ser o porta-voz da direita e se o eleitorado conservador o reconhecerá e se sentirá confortável com ele.

Mas isso tudo é secundário. Como em 1997, quando a eleição de 1998 parecia definida – e estava mesmo -, a eleição de 2014 tem cara de resolvida. Por mais que alguns se aborreçam com o fato


Paulo Henrique Amorim

(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(***) Até agora, Ataulfo de Paiva era o mais medíocre dos imortais da história da Academia Brasileira de Letras. Tão mediocre, que, ao assumir, o sucessor, José Lins do Rego, rompeu a tradição e, em lugar de exaltar as virtudes do morto, espinafrou sua notoria mediocridade.

A overdose papal nas mídias e o declínio das religiões no Brasil

Eduguim
Nas últimas semanas, os meios de comunicação do Brasil devem ter produzido um dos maiores volumes do mundo em termos de cobertura da renúncia do líder de uma religião – e é disso que se trata o catolicismo, apenas uma religião – e da escolha de seu sucessor.
No último domingo, vários dias após aquela escolha, o noticiário internacional do jornal Folha de São Paulo, de 17 matérias que publicou, 9 delas foram referentes ao novo líder da Igreja Católica, o Papa “Francisco”.
Claro que boa parte dessa cobertura se deveu a denúncias contra ele feitas na Argentina, no sentido de ter sido cúmplice da ditadura militar que se abateu sobre o país nos anos 1970, mas, ainda assim, o volume do noticiário soou desproporcional.
Além disso, após a eclosão de uma onda de denúncias contra o jesuíta Jorge Bergoglio que começou minutos após o anúncio de seu nome como novo Papa – e que se tem a impressão de que não pôde ser evitada –, sobreveio um noticiário talhado para desmentir as acusações.
Mesmo as denúncias não justificam a overdose midiática papal. Antes de surgirem, houve coberturas intermináveis de cada rito do Vaticano no processo sucessório, com riqueza quase obsessiva de detalhes e em um tom literalmente religioso onde só cabia o tom jornalístico.
A maior franquia da fé do Ocidente teve (na maior parte do tempo) a seu favor uma cobertura das mais generosas que já se viu nas mídias impressas ou eletrônicas. E, supostamente, “de graça”.
É coisa que não se vê em relação a nenhuma outra religião, ao menos no Brasil. Os evangélicos, a segunda religião no país, costumam receber uma cobertura equidistante da mídia, quando não são criminalizados.
Não que certos líderes evangélicos não deem motivos de sobra para, no mínimo, serem criminalizados pelo noticiário. O que não se entende é por que os motivos que os líderes católicos dão para serem igualmente criminalizados são tratados de forma tão diferente.
Ou melhor: entende-se, sim.
Para entender, basta ver o que vem acontecendo com todas as religiões no Brasil. E, para tanto, nada melhor do que os censos do IBGE. Abaixo, portanto, reproduzo gráfico gentilmente enviado pela leitora Marcia Moreira.
Como se vê, enquanto o catolicismo perdeu 27,42% de seus fieis em 30 anos (entre 1980 e 2010), as outras religiões cresceram 198,9%. Todavia, mesmo com o crescimento de outras religiões, isso não compensou o contingente de brasileiros com religião, pois o que cresceu acima de todo o resto foi o contingente de pessoas sem religião, que aumentou 321,05% no período, tendo passado de 1,8% da população para expressivos 8%.
Ao lado do crescimento dos evangélicos, muito provavelmente alavancado pela midiatização da fé, com a aquisição de horários imensos nas televisões e rádios por essas igrejas, é digno de nota o contingente de brasileiros que declaram não seguir nenhuma religião.
Mas antes que se pense em atribuir a queda da religiosidade do brasileiro ao avanço da educação, um dado curioso apurado no Censo 2010: os espíritas formam o grupo que tem maior proporção de pessoas com nível superior completo, chegando a 31,5%, e as menores porcentagens de indivíduos sem instrução – apenas 1,8%.
Os católicos, os sem religião e os evangélicos pentecostais são os grupos com as maiores proporções de pessoas de 15 anos ou mais de idade sem instrução. Ainda assim, o contingente espírita é diminuto. E foi o que menos cresceu em 30 anos – apenas 53,85%.
Quanto ao desastre do catolicismo no Brasil, talvez se possa estabelecer uma relação com a perda de espaço político da direita ao longo das últimas décadas.
E não só no Brasil. Apesar de membros da Igreja Católica terem resistido às ditaduras sul-americanas, como instituição ela foi sustentáculo dos regimes ditatoriais que se espalharam pela região.
Não é por outra razão que o catolicismo é a religião preferida das elites latino-americanas, por sua confiabilidade garantida pelo Vaticano. Os últimos dois Papas tiveram uma intensa atuação política contra a esquerda. João Paulo II foi considerado vital para a derrocada da União Soviética.
Já os líderes evangélicos, esses não servem a elites latino-americanas que tentam por todos os meios impedir o processo irrefreável de redistribuição de renda que vai se espalhando pela América latina. São muito independentes e, ao contrário da Igreja Católica, têm uma relação muito mais direta com os fiéis.
Sobre o expressivo afastamento dos brasileiros das religiões, isso não significa que tenham perdido a fé. Este blogueiro, particularmente, integra esse contingente que mantém a fé em Deus, porém sem querer intermediários.
A percepção de que as religiões todas servem muito mais a interesses políticos e econômicos do que ao propósito que anunciam vai se tornando clara para a sociedade de uma forma que ultrapassa as fronteiras regionais e sociais.
Esse processo de declínio da religiosidade provavelmente é o que mais deverá avançar nos próximos anos.
Com o acesso crescente a novas mídias e, assim, a opiniões outrora sufocadas, as pessoas talvez comecem a entender que Deus não está em templos e que não fala ou negocia por meio desses homens que se autoproclamam intermediários entre nós e Ele.