Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Moreira Leite: nossos americanófilos não sabem ser como os americanos

subamericano


25 de setembro de 2013 | 13:30
Paulo Moreira Leite, em sua coluna na Istoé, trata do discurso de Dilma Rousseff na ONU mostrando como os nossos comentaristas políticos da grande mídia – leia no Conversa Afiada como reagiram nossos “heróis da Wikileaks” – reagiram menosprezando a reação brasileira à espionagem americana. E de como os nossos americanófilos, aqui, não conseguem nem ser como são os americanos, que levam a sério – e muito a sério – a invasão da privacidade das pessoas e dos segredos de Estado.
Lá, dá exílio, renúncia presidencial e até pena de morte.
Aqui, risadinhas de mofa de gente que pensa que, afinal, é direito dos EUA mandar no Brasil.

Lembrando a frase:  ”O que é bom para os EUA é bom para o Brasil…”

Paulo Moreira Leite
Primeiro embaixador em Washington depois do golpe de 64, Juracy Magalhães entrou para a história com uma frase famosa: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.”
Hoje, costuma-se justificar uma postura de submissão até risível diante dos Estados Unidos, naquela época, pelo contexto da Guerra Fria. Não era. Havia países que procuravam uma alternativa que não fosse nem alinhamento automático pró-Moscou nem pró-Washington. Antes do golpe, o Brasil era um desses países, com uma política externa que procurava ser independente, iniciada por Jânio Quadros e assumida por João Goulart.
Lembro da frase lendária do embaixador para tentar entender a reação de muitas pessoas ao discurso de Dilma Rousseff na ONU. Até a imprensa internacional deu um tratamento respeitoso ao pronunciamento, uma forma de reconhecer sua importância.
Entre observadores brasileiros, cheguei a ouvir comentários em tom de ironia. Com aquele jeito de quem sabe de realidades ocultas que escapam a mim e a você, ouvi dizer que nos Estados Unidos, ninguém mais dá importância a denúncias dessa natureza. A sugestão é que isso é coisa de gente atrasada – ou de político demagogo, populista…
Há bons motivos para suspeitar que se pretende, com essa atitude, ressuscitar o espírito do embaixador Juracy Magalhães. O segredo dessa postura é nunca inverter a ordem dos fatores e perguntar, por exemplo, se o que é bom para o Brasil é bom para os EUA.
Na verdade, é difícil acreditar que o tratamento seja tão descontraído assim, digno de piadinhas. Bradley Manning, o soldado que cedeu documentos secretos da diplomacia americana para o Wikileaks, acaba de ser condenado a mais de 35 anos de prisão. Julius Assange, que publicou o material, vive há mais de um ano trancafiado na embaixada do Equador, em Londres, sob o risco de ser expatriado para os EUA. Edward Snowden conseguiu refúgio na Russia pelo receio do que poderia lhe acontecer se fosse capturado pelo Exército norte-americano. O presidente da Bolívia, Evo Morales, chegou a fazer um pouso forçado, na Europa, porque se suspeitava de que pudesse estar levando Snowden para fora do velho mundo.
A espionagem é assunto tão grave e tão sério, nos EUA, como em qualquer outro lugar. Até mais, na verdade. Acusados de trabalhar como espiões para a União Soviética, o casal Julius e Ethel Rosemberg foi condenado a pena de morte, na década de 1950. Vinte anos depois, Richard Nixon foi forçado a renunciar em função do escândalo Watergate, uma história de espionagem interna, quando operadores do partido republicano tentaram fotografar documentos e instalar sistemas de escuta para captar os planos e diálogos dos adversários.
Conclusão: ao contrário do que procuram nos fazer acreditar, a população norte-americana sabe muito bem onde se encontram seus interesses – e não trata com piada assuntos que são sérios de verdade. A soberania nacional e o direito a privacidade estão entre eles, vamos combinar.
Por: Fernando Brito


HERÓIS DO WIKILEAKS ATACAM DILMA NA ONU

Eles explicavam aos americanos como o Cerra ia ganhar a eleição ! Quá, quá, quá !
    De fato, faz muita falta. Os discípulos não chegam a seus pés
    Saiu na página de Opinião (sic) da Folha (*) da Província de S. Paulo, que publicou uma pesquisinha para amedrontar o Celso de Mello, sobre o discurso em que a Presidenta Dilma Rousseff disse que o Brasil não precisa dos Estados Unidos nem do PiG (**) para se defender:

    A BABOSEIRA NA ONU


    (…)

    como correspondente da Folha em Nova York, em 1988, trabalhei em uma pequena sala que servia de escritório para o jornal dentro do prédio principal da ONU. Convivi com diplomatas e funcionários públicos mundiais por algum tempo. Ineficiência e inutilidade são as duas palavras que me ocorrem para definir o que presenciei de perto. 

    Paulo Francis, meu chefe à época em Nova York, desdenhava a ONU de maneira ferina. “É um cabide de empregos para vagabundos desfilarem de sarongue para cima e para baixo”, dizia ele. Descontado (sic) o preconceito, Francis tinha uma certa razão. 

    Lembrei-me disso ontem ao assistir ao discurso da presidente Dilma Rousseff na ONU. Ela falou contra a espionagem dos EUA no Brasil. Anunciou “propostas para o estabelecimento de um marco civil multilateral para a governança e uso da internet” em nível mundial visando a “uma efetiva proteção dos dados”. 

    Quase tive um ataque de narcolepsia só de pensar em como tramitaria tal ideia dentro da ONU. 

    (…)



    Saiu na colona (***) do Ataulfo Merval de Paiva (****):

    CADA UM NA SUA


    (…)

    O melhor papel que ela pode fazer dentro do plano traçado com seus conselheiros, inclusive e, sobretudo, o de marketing político, é essa denúncia “vigorosa”, às vezes “rude” com que tratou o assunto desde o início. “Estamos diante de um caso grave de violação de direitos humanos e civis, de desrespeito à soberania nacional de meu país”, disse ela ontem do púlpito da ONU.

    A presidente Dilma seguiu o script que melhor convinha ao papel que pretende apresentar ao eleitorado brasileiro na eleição de 2014, (…)

    Faz parte do discurso eleitoral da presidente Dilma essa defesa do país contra a ofensiva dos Estados Unidos, e seria impossível não reagir. Mesmo assim, poderia ter mantido a viagem de Estado programada por Barack Obama, e tentar tirar dessa situação constrangedora alguma vantagem para a nossa política externa.

    Fernando Rodrigues era um repórter investigativo.
    Ele conhece, por exemplo, as atividades de um sr. Preciado, contra-parente do Cerra, personagem de destaque da Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr.
    Ali, como se sabe, se constrói a biografia não-autorizada do clã Cerra.
    Fernando também é o responsável pelas denúncias originais sobre a compra deslavada da reeleição do Príncipe de Privataria.
    Mas, depois, se esqueceu de procurar o “Senhor X”, que gravou toda a patifaria, quer dizer, privataria.
    O Palmério Dória recuperou o Senhor X e a cívica batalha da reeleição para a História do Tucanato Brasileiro.
    O Fernando perdeu o bonde da dita cuja…
    O Ataulfo é o Ataulfo que nós aqui do Conversa Afiada celebramos com frequência.
    Notável jurista, como se sabe.
    Por coincidência, os dois, o ex-repórter investigativo e o Ataulfo aparecem num grampo do WikiLeaks.
    Na companhia do William Traaak, segundo a navegante Dorotéia, eles explicavam à Embaixada americana como o Cerra ia ganhar da Dilma.
    Uns jenios !
    Os três e o Cerra !



    Em tempo: como se sabe, o Paulo Francis é o pai de todos os colonistas. É a matriz da subserviência arrogante que os define.

    Não deixe de ler o Fernando Brito em “a elite brasileira não engole um Brasil independente”.


    Paulo Henrique Amorim
    (*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

    (**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

    (***) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

    (****) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.
    E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.

    Siemens insinua que Alckmin “acoberta” corrupção

    Edu Guimarães- Blog Cidadania.
    Enquanto as atenções se concentram no vai-não-vai do julgamento do mensalão e nas crescentes evidências de que o escândalo contra o PT vem sendo tratado com dureza incomum pela mídia nacional, pela Procuradoria Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal, outro escândalo, de dimensões bilionárias e repleto de evidências contra políticos, vai passando batido.
    Chegam a bilhões de reais as somas envolvidas em um esquema de corrupção que tornou o transporte público metroviário em São Paulo uma tortura diária para milhões de paulistanos que penam diariamente nos vagões do pior sistema de metrô do mundo em termos de superlotação.
    Para que se tenha uma ideia, a pequena rede metroviária paulistana (74,2 km2) transporta até 11 passageiros por metro quadro enquanto a recomendação internacional é de que não passem de 6. Por conta disso, segundo o jornal Folha de São Paulo o metrô paulistano é o mais superlotado do mundo.
    Em agosto, a revista IstoÉ denunciou que o escândalo de superfaturamento nas obras do metrô e na aquisição de trens se arrasta desde o governo Mario Covas, passando pelos governos José Serra e Geraldo Alckmin. Porém, as denúncias surgiram em 2008 e, desde então, o governo paulista, responsável pelo setor, não apenas não apurou nada como impediu investigações.
    A oposição ao governo Alckmin já pediu cinco CPIs e todas foram barradas por ordem expressa dele.
    O escândalo dos trens paulistas envolve empresas como a francesa Alstom e a alemã Siemens, entre outras. Um dos casos mais impressionantes vem de 2009, um ano após as primeiras denúncias do caso Alstom, o que revela a certeza de impunidade dos governos do PSDB paulista.
    Trecho de matéria recente da jornalista Conceição Lemes, que vem fazendo um trabalho investigativo sobre esse escândalo de enorme importância, mostra bem a dimensão da roubalheira:
    “(…) Em 2009, no governo Serra, o Metrô abriu concorrência para reformar 96 trens das linhas 1 ( Azul) e 3 (Vermelha) em um valor total de R$ 1,75 bilhão. Segundo contratos oficiais, um trem novo custava R$ 23 milhões e o reformado saía por R$ 17 milhões. Ou seja, os trens reformados teriam um custo final de 86% de um trem novo (…)”
    Nesse tempo todo, a “rigorosa” imprensa brasileira jamais deu nome aos bois de forma adequadamente clara, como faz quando o escândalo envolve o PT – com exceção da revista IstoÉ e de sites e blogs na internet.
    Contudo, em agosto deste ano, na falta de investigação oficial, a empresa Siemens tomou iniciativa de ir ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) denunciar que seus controles internos detectaram que alguns de seus altos funcionários haviam corrompido o governo paulista.
    O mais escandaloso em todo esse caso é que foi preciso que o corruptor se autodenunciasse em troca de um acordo de delação premiada, no qual a Siemens seria poupada de sanções por ter ido ao Cade revelar as transações obscuras em que se envolveu com as gestões do PSDB paulista.
    Depois da porta arrombada, em agosto, após a denúncia da Siemens e das matérias na revista IstoÉ, o governo Alckmin, enquanto orientava sua bancada na Assembleia Legislativa a barrar os pedidos da oposição de Comissões Parlamentares de Inquérito, instalou uma “investigação” no âmbito da Corregedoria Geral de São Paulo, que controla.
    A Corregedoria do governo Alckmin, porém, vem fazendo um jogo de cena, com a cumplicidade da grande imprensa. Nesse aspecto, o Jornal Nacional, da Rede Globo, apresentou matéria, na última terça-feira, que induz a crer que o próprio governo de São Paulo vem se investigando ao lado da Polícia Federal e do Ministério Público.
    Na matéria, o corregedor-geral paulista, Gustavo Úngaro, subordinado ao governo Alckmin, tenta iludir o público afirmando que, “De todas as empresas suspeitas, a única que não está colaborando é a Siemens”, e que “recomendou ao Metrô e à CPTM que iniciassem, imediatamente, processos administrativos contra a empresa para que ela seja proibida de participar de licitações”.
    Todavia, a “investigação” que o governo paulista alardeia e que a mídia trata como se fosse séria, não passa de jogo de cena. Equivale a apresentar o governo Lula como o investigador do escândalo do mensalão.
    A Siemens, porém, reagiu com dureza à encenação do governo Alckmin. Em nota, explica que não prestou depoimentos à corregedoria tucana porque existe uma obrigação legal de sigilo em seu “acordo de leniência” com o Cade, e que está respeitando determinação que é, também, da Polícia Federal e do Ministério Público.
    A nota da Siemens é demolidora. Explica que foi ela mesma que denunciou o caso e que a conduta da corregedoria do governo Alckmin – ou seja, do próprio governador – cria “Um ambiente contrário à transparência e ao diálogo e acaba premiando os que decidem acobertar as más práticas”.
    Tanto a Globo como o resto da grande imprensa – sobretudo da imprensa paulista – sabem muito bem que a Siemens não pode dar ao governo tucano as informações que ele quer porque seu acordo com o Cade a obriga a manter tais informações fora do alcance justamente do governo que está sendo investigado, mas que, com uma desfaçatez revoltante, tenta posar de “investigador”.

    A ignorância enciclopédica dos leitores de Reinaldo Azevedo




    Caetano Veloso está certo sobre os leitores de Reinaldo Azevedo 

    Paulo Nogueira - Diário do Centro do Mundo

    Caetano Veloso machucou Reinaldo Azevedo. Magoou. Feriu.


    Em sua coluna no Globo, ao falar sobre direita e esquerda no Brasil, ele disse que Azevedo parece se alegrar em ser lido por malucos que acham que a Globo está a serviço do comunismo internacional.


    Foi uma definição dura, precisa e nada lisonjeira do público que Reinaldo Azevedo gosta tanto de invocar.


    Num texto sobre as revelações de Glenn Greenwald veiculadas no Fantástico, muitos leitores de Azevedo disseram que a Globo estava cada vez mais à esquerda.


    Pausa para risada.


    Semanas atrás, sobre o mesmo assunto, eu dissera algo parecido sobre as pessoas que frequentam o blog: Reinaldo Azevedo escreve coisas repulsivas para leitores repulsivos.


    Tinha me chamado a atenção, particularmente, o conteúdo homofóbico, preconceituoso e ignorante dos leitores de Azevedo ao comentar um texto sobre o parceiro de Greenwald, que fora detido em Heathrow.


    Caetano fez uma conexão entre os leitores de Azevedo e os do filósofo, aspas, Olavo de Carvalho. Para os últimos, de acordo com Caetano, o NY Times é um perigoso agente do comunismo.


    Nova pausa.


    Outro blogueiro da Veja, Rodrigo Constantino, entrou na briga. Sua maior contribuição – além de sugerir que Caetano está senil – foi apoiar a hipótese de que o NY Times é realmente subversivo.


    Bem, sobre o comunismo da Globo Constantino silenciou.


    Reinaldo Azevedo parece transmitir a seus leitores com desvelo a chamada ignorância enciclopédica. Nos últimos dias, por exemplo, foi cômico vê-los combater, como se fossem Cíceros, as bases do voto com o qual Celso de Mello aprovou os embargos infringentes. Não sei se Mello agradeceu pelas aulas recebidas, em jurisdiquês, de Azevedo e amigos de jornada.


    No texto que doeu em Reinaldo Azevedo, Caetano Veloso citou uma frase de Paulo Francis. Francis, em sua monumental arrogância, dizia que leitor que escreve carta para jornal só entrava a bala em sua casa.


    É um absurdo, naturalmente. Mas no caso específico dos leitores de Reinaldo Azevedo – um grupo pequeno e ruidoso que costuma perder todas as eleições e cujo poder de convencimento fora do gueto exíguo é zero – a frase de Paulo Francis até que faz sentido.


    Eles são grosseiros, toscos, desinformados, egoístas, maldosos. Torcem fanaticamente pelo câncer dos “petralhas”. Parecem acreditar que vivemos numa ditadura “bolivariana” e que os médicos cubanos são espiões comunistas.


    Como o padrão dos comentários é constante, suponho que sejam sempre as mesmas pessoas que se conectam o tempo todo ao blog e ali se animam a compartilhar diariamente suas convicções com a humanidade.


    O nível conta muito sobre o próprio Reinaldo Azevedo, uma vez que é ele quem aprova – ou censura – cada comentário. O que ele publica é, portanto, o que ele tem de melhor a oferecer no que diz respeito ao cérebro de seus seguidores.
    Caetano Veloso não poderia estar mais certo.

    MELHORAM EXPECTATIVAS: MAIS PIB, MENOS INFLAÇÃO

    MARTA AGE NO SENADO E ATRAI ARTISTAS PARA DILMA

    A “continha” da Globo e dos sonegadores daria para muitos “padrões Fifa”

    soneg


    Os Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional anuncia que vai estacionar, hoje, diante do Congresso, um caminhão com um painel onde se poderá ver o “Sonegômetro”, um painel onde ser mede o que perde o Brasil com a sonegação de impostos.
    O valor, hoje mais cedo, já passava, este ano, de R$ 304 bilhões. Como se vê, aquele um bilhão do processo “sumido” da Globo não está só, está e muito mal acompanhado.
    Zerar a sonegação de impostos é uma utopia – embora nisso, como em tudo na vida, devamos sempre perseguir as utopias – mas é possível ver o que uma redução neste ralo fiscal pode produzir para o país.
    A discussão, porém, é boa e essencial para o país, porque vai muito além do moralismo e tem a ver com a necessidade de financiar necessidades imensas com os recursos gerados por uma economia que precisa, para isso, crescer sem parar.
    Porque  você  sempre lê e ouve falar que a carga tributária do Brasil é uma das mais altas do mundo, mas isso não se reflete em serviços públicos de qualidade – padrão FIFA, para usar o mote das recentes manifestações.
    carga
    Mentira, verdade?
    Ambas.
    Na imagem ao lado você vê o ranking dos países em matéria de peso dos impostos sobre a economia.
    Estamos, sim, acima de muitos países em desenvolvimento e não muito distantes de outros, desenvolvidos.
    E, como somos a sexta ou sétima economia do mundo – dependendo dos critérios de medição – 34,4% disso é muito dinheiro, certamente.
    Com que critérios e se há justiça tributária na distribuição deste sacrifício pelas diversas camadas sociais  – e não há, porque um estudo do IPEA comprova que a carga para os mais pobres chega a 54% da renda, enquanto os que ganham mais de 30 salários-mínimos ficam com 29% – é outra discussão, que vamos travar em mais adiante.
    O que vai se fazer agora é um raciocínio simples, embora raramente visto na imprensa.
    É o quanto por habitante isso representa, na hora de provê-los de serviços públicos essenciais.
    Se somos a sexta economia, logo à frente do Reino Unido, ambas com PIB girando em torno de US$ 2,4 trilhões, a coisa muda completamente de figura quando se divide essa riqueza pelo numero de habitantes.
    Nos números do Fundo Monetário Internacional, enquanto os britânicos ficam em 22lugar, com US$ 38,6 mil por cabeça, nós despencamos para a posição com US$ 12,8 mil. Considerada a paridade de poder de compra, ou o valor  corrigido pelos preços internos, baixamos ainda mais, para 78o  lugar.
    Se aplicarmos a percentagem da carga tributária sobre este “PIB dividido” igualmente, teremos o seguinte:
    Um britânico “paga” aos seus governos (nacional, estadual e municipal) 39% de seu PIB de US$ 38,6 mil. Paga, portanto, US$ 15 mil para ter hospitais, policia, escolas, estradas, etc…
    Já o brasileiro, como 34,4% de carga tributária sobre um PIB de US$ 12,8 mil, “paga”, pelos mesmos serviços, US$ 4,4 mil.
    Menos de um terço, portanto.
    E se considerarmos que o Brasil ainda é um pais onde há muito por fazer, por conta de nosso atraso histórico, enquanto os ingleses já têm um pais “pronto”, a diferença se torna muito maior.
    É claro que eficiência no uso do dinheiro público, combate à corrupção e, sobretudo, à sonegação de impostos podem contribuir em muito para otimizar a aplicação dos recursos coletados em impostos que, como vimos, podem ser altos no valor absoluto, mas modestos em relação ao per capita de outros países.
    Mas o essencial, no Brasil, é que não se abandone nunca o foco em que, para destinarmos mais recursos para os serviços essenciais, não se pode deixar o país descarrilar de dois trilhos: crescimento econômico e justiça social.
    Sem o desenvolvimento, não há como ter justiça na pobreza.
    Com pobreza, não existe possibilidade de crescer, e a história já demonstrou isso.
    Por: Fernando Brito

    Cientistas sociais dizem que junho fez “a direita sair do armário”


    patricinhas

    Uma matéria em O Globo, hoje, revela a opinião de alguns cientistas sociais – claro que com o ascetismo que é peculiar em certos círculos acadêmicos – sobre o surgimento de uma “onda de direita”  no Brasil na esteira das manifestações de junho.

    Na reportagem – certamente não nos estudos sociológicos dos entrevistados – faltou apontar que ela se dá nos mares da classe média, numa situação de afluxo econômico destas pessoas (é só olhar os dados de ontem sobre os gastos de brasileiros no exterior)  e numa camada geracional que não tem as referências mentais no período pré-Lula e, portanto, menos capaz de comparações.
    Claro que o texto também não registra que o “mote” da jeunesse droit - o moralismo golpista velho como a UDN – é dado todos os dias por uma mídia superficial, monoliticamente conservadora e sem espaço para qualquer pensamento dissidente de seu comando.
    De qualquer forma, é boa leitura e melhor ainda, um alerta para a preocupação necessária, sobretudo quando boa parte das forças progressistas se acomode e se confunde, seja porque deixa de mobilizar e pressionar o seu governo – e deixa o campo livre para que só o conservadorismo e a fisiologia política o façam – seja porque se confunde num idealismo pueril, que desconsidera os desafios reais de administrar o tamanho, as carências e as complexidades de um gigante como o Brasil.
    E aí, claro, deixa de fazer um contraponto eficiente contra a “coxice”, porque fica prostrada na vala comum do “politicamente correto”, do “republicano”, do “gestor”.
    Os pés são meios de caminhar. Olhar apenas para eles, porém, é a melhor maneira de perder o rumo.

    Manifestações reforçaram discurso da 
    direita no Brasil, dizem cientistas políticos

    Tatiana Farah (O Globo)
    Com o discurso dos “contra tudo isso que está aí” e uma característica antipartidos e anticorrupção, as manifestações que tomaram as ruas em junho abriram a porta do armário da direita no Brasil. A opinião foi compartilhada pela mesa redonda “Direita, Volver”, durante o 37º encontro anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), nesta segunda-feira em Águas de Lindoia, no interior de São Paulo. Para os especialistas, a direita sempre se sentiu inibida por ter sua imagem associada ao militarismo e aos golpes de estado, mas agora mostra sua face.
    — Hoje ela perdeu a vergonha social de se assumir como direita. Porque a direita no Brasil era em geral militar, do nazismo da segunda guerra mundial, fascismo, integralismo e autoritarismo. Agora a direita no Brasil é uma reação ética “contra tudo isso que está aí”, para utilizar a expressão — avaliou o cientista político Adriano Codato (UFPR).
    Os especialistas levantaram os temas mais usados nos discursos de direita no Brasil, como combate à corrupção, a crítica à política de cotas e às políticas sociais, e a reclamação de que os eleitores pobres não saberiam votar. Segundo o cientista político Fernando Filgueira, da UFMG, a direita se apropriou do tema da corrupção. A esquerda, que tem o PT no governo, fica na defensiva e dificilmente tomará o assunto como pauta principal. Para Filgueira, a crítica à corrupção passa da esfera do agente público para a instituição:
    — O discurso sai da corrupção “no” Estado para a corrupção “do” Estado — aponta Filgueira.
    O cientista político Cláudio Couto (FGV) lembrou que o conservadorismo tem crescido em manifestações como a tentativa de se recriar a Arena e a criação do partido militar. Ele também apontou que o PSDB, partido que já esteve na Presidência da República, tem se aproximado de temas e figuras de direita, deixando a origem de centro-esquerda. Já Codato apontou que tem crescido o discurso antipartidos e a ideia, considerada por ele equivocada, de que o Brasil vive uma crise representativa:
    — Há um ódio à política competitiva, de partidos, mas essa é uma reação não só de extrema direita como de extrema esquerda.
    Para entender o desempenho da direita parlamentar no Brasil, o pesquisador Adriano Codato (UFPR) apresentou um estudo inédito sobre os sete mil parlamentares que passaram pela Câmara dos Deputados entre 1945 e 2010. Segundo a pesquisa, a direita se tornou mais urbana e os ruralistas perderam espaço para o empresariado. Por outro lado, a direita ganhou integrantes mais barulhentos, que fazem eco na sociedade, como pastores evangélicos e comunicadores.
    — Você sai daquele perfil do coronel do Nordeste e do bacharel do Sudeste, de gravata-borboleta. Houve uma inversão na direita tipicamente ruralista. No passado, proprietário rural era o tipo dominante e empresário urbano era residual na direita. Agora, o empresariado é superior aos ruralistas.
    Para Codato, a industrialização do Brasil ajuda a explicar a mudança de perfil durante as décadas, mas um fato recente também influencia na perda de poder dos “coronéis”: o Bolsa Família.
    — O efeito do Bolsa Família, principalmente, está desordenando os currais eleitorais. À medida que se dá dinheiro para as pessoas, que estão sacando dinheiro no cartão, elas não dependem tanto do coronel — disse Codato, para quem o Bolsa Família não constrói um novo curral eleitoral em torno do PT, partido do governo: – Essas pessoas (eleitores pobres) são governistas, não são petistas. Elas votam de forma pragmática e racional. Se há alguém que sabe votar neste país é o pobre.
    João Feres Júnior, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, concordou com os colegas e deu ênfase ao papel das manifestações de rua:
    — Podemos dizer com tranquilidade que a direita saiu do armário. Se podemos dizer que as manifestações de junho fizeram alguma coisa, foi isso.
    Depois da mesa redonda, os especialistas falaram com a imprensa e avaliaram o cenário eleitoral de 2014. Para Claudio Couto, a nota divulgada pelo PT anteontem, falando que a eleição será a defesa de dois modelos, um conservador e outro progressista, faz uma polarização que interessa aos petistas. Os especialistas falaram da saída do PSB do governo e de uma possível aliança entre socialistas e tucanos.
    — Talvez a estratégia seja pulverizar os votos no primeiro turno para, em um eventual segundo turno, fazer um blocão — disse Codato.
    Por: Fernando Brito

    Índia entre os principais alvos de espionagem da NSA

    "Serjão Motta impediu a CUT de comprar a TV Manchete' (Luiz Dulci; assista aqui)  

    'Mais Médicos': sabotagem nega registros e ignora a dor nas filas de espera. Congresso vota nesta 4ª feira MP que pode dispensar a inscrição nos CRMs .


    *Dilma na ONU: 'uma soberania não pode se firmar na violação de outra'


    Presidenta denuncia a espionagem dos EUA e defende uma regulação da Internet que assegure a transparência e a liberdade de expressão. Em tom duro,disparou: 'O Brasil fez saber ao governo norte-americano nosso protesto, exigindo explicações, desculpas e garantias' 

    **Denúncia do Brasil deve mobilizar outras nações espionadas. Na Índia, a CIA capturou 13,5 bilhões de fragmentos de informação em apenas um mês.

    **
    PSB deixa o governo Tarso Genro. Cid Gomes pode deixar o PSB





    Na lista completa de todos os países espionados pela NSA, a Índia fica em quinto lugar, com bilhões de trechos de telefonemas e outros dados na internet colhidos em apenas 30 dias. De acordo com documentos confidenciais fornecidos por Edward Snowden, ao jornal The Hindu, a agência estadunidense conduziu atividades de coleta de dados de inteligência usando ao menos dois programas: o Boundless Informant e o PRISM. Por Glenn Greenwald e Shobhan Saxena, para o jornal The Hindu,



    Entre o grupo de nações emergentes do BRICS, que já estava lá no alto entre os países alvo dos programas de vigilância da da agência de segurança nacional dos EUA, a NSA, a Índia era principal alvo. Na lista completa de todos os países espionados pela NSA, a Índia fica em quinto lugar, com bilhões de trechos de telefonemas e outros dados na internet colhidos em apenas 30 dias. 

    De acordo com documentos confidenciais fornecidos pelo ex-consultor da NSA, Edward Snowden, ao jornal The Hindu, a agência estadunidense conduziu atividades de coleta de dados de inteligência usando ao menos dois programas: o primeiro é o Boundless Informant, um sistema de coleta de dados que controla quantas chamadas e emails são coletados pela agência de segurança; e o segundo é o PRISM, um programa que intercepta e recolhe os dados diretamente da rede. Enquanto o Boundless Informant era usado para monitorar chamadas telefônicas e acesso à internet na Índia, o PRISM coletava dados mais específicos - não relacionados a terrorismo - através de Google, Microsoft, Facebook, Yahoo, Apple, YouTube e diversos outros serviços baseados na rede. 

    Perguntado pelo The Hindu por que um país aliado como a Índia era submetida a tanta vigilância pelos EUA, um porta-voz do gabinete do chefe da Inteligência Nacional disse: "O governo dos EUA responderá aos nossos aliados e parceiros por canais diplomáticos. Nós não vamos comentar cada alegação específica de atividades de inteligência em outros países, e nós deixamos claro que os EUA têm a política de coletar inteligência estrangeira da mesma forma que todos os outros países. Nós valorizamos nossa cooperação com todos os países em assuntos de interesse mútuo." O porta-voz preferiu não dar declarações sobre como a NSA conseguiu tantos dados na Índia - 13,5 bilhões de elementos de informação em apenas um mês - especialmente da rede de telefonia, e sobre se eles tinham recebido a cooperação das companhias de telefone da Índia. 

    Apesar de altos dirigentes indianos terem demonstrado dar pouca importância para os vazamentos, com o ministro de Assuntos Externos, Salman Kurshid, chegando a defender o programa de vigilância dos EUA dizendo que “não é bem espionagem...”, os documentos da NSA que o The Hindu obteve mostram que o Boundless Informant não registra apenas os emails e chamadas, ele também usa a agência para gerenciar sumários de toda a inteligência coletada no mundo, perfazendo, portanto, o pilar fundamental dos programas de vigilância globais da maior e mais secreta agência de inteligência do mundo.

    Esse sistema de SIGINT (signal intelligence) coleta registros eletrônicos ou dados de internet (DNI) e meta-dados de registros de chamadas telefônicas (DNR), e tudo é armazenado na NSA, em um arquivo chamado GM-PLACE. Segundo os documentos, o Boundless Informant categoriza registros de dados de 504 fontes diferentes de coleta de DNI e DNR chamadas de SIGADs.

    A coleta de meta-dados é um negócio sério. Vários especialistas em tecnologia da informação com quem o The Hindu conversou dizem que grande parte da vida e uma pessoa pode ser reconstruída a partir dos meta-dados, que é, na realidade, o registro do número de telefone de toda chamada feita e recebida; os números de série, que são únicos, dos telefones envolvidos; o horário e duração de cada chamada; e potencialmente a localização de quem chamou e de quem recebeu o telefonema na hora da chamada. O mesmo pode ser dito de emails e outras atividades na internet. O grande volume de meta-dados coletados na Índia – 6,2 bilhões em apenas um mês – mostra que a agência estadunidense coletou dados de milhões de chamadas telefônicas, mensagens e emails todos os dias, dentro da Índia ou entre a Índia e algum ponto fora do país.

    A informação coletada é parte de um programa muito maior de vigilância.
    De acordo com um memorando de Questões Mais Perguntadas (FAQs), um documento não confidencial mas destinado apenas a uso oficial, obtido pelo The Hindu, o Boundless Informant é uma ferramenta do programa Global Access Operations (GAO) da NSA, que tem como slogan a frase “a missão nunca dorme”. A ferramenta, diz o memorando, “dá condições para se descrever as capacidades de coleta do GAO (pela contagem de coleta de meta-dados) sem nenhuma intervenção humana e dispõe a informação graficamente, num mapa, gráfico de barras ou de pizza”. O memorando até descreve como “ao extrair informação de cada registro de meta-dados DNI e DNR, a ferramenta é capaz de criar quase que uma fotografia, em tempo real, das capacidades de coleta da dados do GAO a qualquer momento”.

    São os mapas, feitos com as “fotografias” do Boundless Informant, que mostram como a Índia foi intensamente alvejada pela NSA. De acordo com um “mapa de atividades global” a que o The Hindu teve acesso, apenas em março de 2013, a agência estadunidense coletou 6,3 bilhões de pedaços de informação da internet na Índia. Outro mapa de atividade da NSA mostra que a agência coletou 6,2 bilhões de pedaços de informação da rede de telefonia no mesmo período.

    Três mapas de atividade global, que dá uma cor para cada país de acordo com a quantidade de operações de vigilância nele, mostra claramente que a Índia foi um dos alvos preferidos de vigilância para a inteligência dos EUA. Com o sistema de cores indo de verde (menos vigilância), passando pelo amarelo, laranja e vermelho (mais vigilância), o mapa de atividades na Índia mostra o país em tons de laranja escuro e vermelho, mesmo que os outros países membros do BRICS como Brasil, Rússia e China – todos extensivamente monitorados – estejam na zona entre o verde e o amarelo.

    No primeiro mapa de atividade, que mostra a somatória dos dados analisados pelo Boundless Informant em março de 2013, que teve 14 bilhões de peças, o Irã foi onde os EUA mais coletaram dados de inteligência. É seguido pelo Paquistão com 13,5 bilhões. A Jordânia vem em terceiro com 12,7 bilhões, o Egito em quarto com 7,6 bilhões e a Índia em quinto, com 6,3 bilhões.

    No mapa de atividades que dá uma visão panorâmica da vigilância na internet (DNI), com 6,3 bilhões de pedaços de informação recolhidos de sua rede, a Índia está entre Irã e Paquistão (ambos em vermelho) e China e EUA (ambos laranja claro). Tanto Brasil quanto Rússia aparecem em verde claro nesse mapa, enquanto a China fica em laranja claro.

    No terceiro mapa, que mostra a coleta de dados de telefones (DNR), a Índia aparece em laranja escuro, com 6,2 bilhões de pedaços de informação recolhidos de seu sistema telefônico. No caso da coleta de DNR, a Índia é o único país BRICS que é tão monitorada quanto outros países que têm intensa vigilância, como Arábia Saudita, Iraque e Venezuela; os outros quatro membros estão na área verde nesse mapa.

    Apesar de a Índia ter levantado a questão da vigilância da NSA quando o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, visitou Nova Delhi em 24 de junho para do evento India-US Strategic Dialogue, Nova Delhi parece ter acreditado na versão oficial dos EUA sobre a história. “Tivemos um problema, que foi discutido quando o secretário John Kerry esteve na Índia”, disse o sr. Kurshid em 2 de julho. “Ele [Kerry] deu uma explicação muito clara de que nenhum conteúdo foi visto ou procurado em nenhum email... Então, no que nos concerne, não há nenhum problema”, disse o ministro indiano.

    É verdade que o Boundless Informant não intercepta nada de conteúdo, mas os documentos altamente secretos obtidos pelo The Hindu mostram que essa ferramenta interna da NSA se foca em contar e categorizar as chamadas telefônicas e registros de internet, bem como recolher e armazenar, que poderia dar aos agentes de inteligência os registros de horários de chamadas e mensagens, identidades, endereços e outras informações necessárias para rastrear pessoas ou conteúdo.

    Como esses meta-dados são lidos por máquinas, e portanto podem aparecer em uma busca, isso possibilita que haja intensa vigilância, já que os registros de email, de telefonemas e de navegação na internet de uma pessoa ficam disponíveis para a NSA, sem mandado ou ordem judicial. Grupos de defesa da cidadania têm visto isso como séria violação da privacidade e de dados pessoais. “Pelo acesso aos meta-dados, pode-se saber muito sobre uma pessoa. Com os telefones celulares, a localização foi adicionada aos meta-dados. Com a internet, você ainda pode cruzar a informação da localização com a rede social dela em um alto nível de detalhamento, bem como a rede social dela se relaciona com outras redes. Se você coloca tudo isso junto, você obtém um mapa muito detalhado da movimentação de uma pessoa, com quem ela anda e o que acontece na vida dela”, disse Anja Kovacs, diretora de projeto na Internet Democracy Project, um grupo de Nova Delhi que luta pela liberdade de expressão.

    Em um exemplo recente de como os meta-dados podem ter um mau uso pelo governo, dois repórteres da Associated Press foram intimados a comparecer em corte como testemunhas pelo Departamento de Justiça em um caso envolvendo segurança nacional. Os jornalistas foram notificados depois de o departamento ter analisado dados que davam detalhes de ligações telefônicas dos jornalistas com suas fontes, o que gerou um conflito entre a mídia e a Casa Branca por causa da liberdade de imprensa.

    TraduçãoRodrigo Mendes