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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Glenn Greenwald: “Tudo ficou mais claro: é golpe”

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Em entrevista à Carta Capital, o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, disse que não há dúvidas sobre os motivos do impeachment; "Qualquer que seja a definição de 'golpe', ela se enquadra no que foi feito no Brasil com relação à presidenta Dilma Rousseff. Houve envolvimento de políticos, da Justiça, da mídia e dos militares", afirmou; Greenwald não poupou críticas à atuação do ministro Gilmar Mendes, do STF; "É impensável ver um juiz encontrando-se com políticos, almoçando com políticos" 

247 - O jornalista e escritor Glenn Greenwald, do site The Intercept, disse em entrevista à revista Carta Capital que não há dúvidas de que a presidente Dilma Rousseff é vítima de um golpe parlamentar.
"Entendi que o impeachment foi desfechado para impedir a Lava Jato. Mas, em última instância, ele visa a aniquilar o PT e mudar totalmente os rumos do País, impondo políticas que nunca seriam aceitas pela população, pelo voto", disse ele.
Ele conta que começou a usar a palavra golpe para descrever a situação do Brasil após a divulgação da conversa do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer.
"Eu, pessoalmente, nunca usava a palavra golpe porque, para mim, era como a palavra 'terrorismo'. Todo mundo usa essa palavra politicamente. Não tem um significado específico. Para mim, a gravação de Jucá mudou tudo, porque tive todos os ingredientes necessários para definir um golpe", diz Greenwald. "Qualquer que seja a definição de "golpe", ela se enquadra no que foi feito no Brasil com relação à presidenta Dilma Rousseff. Houve envolvimento de políticos, da Justiça e dos militares, entre outros. O motivo não foram as alegadas 'pedaladas fiscais'. No dia da votação na Câmara, ninguém falou desse motivo", afirmou.
Ganhador de um Prêmio Pulitzer e personagem do documentário que fez com Laura Poitras sobre o ex-agente americano Edward Snowden, Glenn Greenwald se diz chocado com o fato de ver o Brasil relegado ao 104º lugar no quesito liberdade de imprensa no mundo, na avaliação imparcial da ONG Repórteres sem Fronteitas, que destacou em seu relatório de 2016.
"De maneira pouco velada, os principais meios de comunicação incitaram o público a ajudar na derrubada da presidenta Dilma Rousseff. Os jornalistas que trabalham nesses grupos estão claramente sujeitos à influência de interesses privados e partidários, e esse permanente conflito de interesses prejudica fortemente a qualidade de suas reportagens. Imagino que isso deve ter causado muita vergonha no Estadão, Folha, Globo, Veja e IstoÉ", afirmou.
Sobre a atuação de magistrados do Judiciário brasileiro, como o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, Glenn Greenwald comparou ao que ocorre nos Estados Unidos. "Um juiz da Suprema Corte não pode falar publicamente sobre assuntos que estão em julgamento. A autoridade do Judiciário precisa ser e parecer independente da política. É impensável ver um juiz encontrando-se com políticos, almoçando com políticos. Para mim, como advogado que sou, esse processo é totalmente corrupto. Que confiança você pode ter num juiz que discute com políticos casos que está julgando?", questiona.
Leia na íntegra a entrevista de Glenn Greenwald à Carta Capital.

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