O fator "Regina Duarte" reciclado, ato contínuo desde outras eleições
Você tem medo de que?
Quem não sabe da pitoresca participação de Regina Duarte na campanha eleitoral para presidente da república em 2002? Ao tentar assustar o eleitor sobre uma possível vitória de Lula, o temor teatral com uma possível volta da hiperinflação ou o medo do "sapo barbudo", pura e simplesmente, deram o tom do "espetáculo" apresentado no horário eleitoral gratuito do PSDB. A peça, produzida pela campanha de Serra não colou, e o mote da esperança falou mais alto, eram tempos de ruptura política com um modelo defasado e excludente, severamente pesado com as camadas sociais mais populares.
Este episódio marcou o tom de uma espécie de campanha que, sem argumentos convincentes, tentava convencer amedrontando as pessoas. Mas o curioso é que em 1985, na campanha para prefeitura de São Paulo, a mesma Regina Duarte pedia as pessoas para não votarem em Suplicy e sim em FHC, para impedir a vitória de Jânio, alegando que foi assim que os nazistas chegaram ao poder na Alemanha, com a divisão dos democratas (confira o vídeo abaixo), quer dizer, 2002 foi apenas uma reincidência tucana da atriz. Jânio derrotou FHC...
Assustar o eleitor desvia o rumo da discussão dos fatos relevantes da política, desqualifica a argumentação sobre os contextos sociais , econômicos e políticos vigentes, rebaixando para o segundo plano tais debates. Essa estratégia do "tudo ou nada" político procura ativar nas pessoas um apego a manter as "coisas como estão", se o "estar" for de quem ocupa o poder e busca manter-se lá, como em 2002, ou "mudar tudo que aí está", se quem usa da histeria e do medo para (tornar a)ocupar o poder, como em 2006 e 2010.
O medo daquilo que ninguém sabe o que é, não é o mais importante, mas sim o próprio medo que se propaga e se espalha sem porquê.
Em 2006 muitos articulistas e a oposição apostavam no medo de que Lula não governaria plenamente se vencesse, pois sofreria processo de impeachment e seu governo seria entregue ao congresso, que, a partir daí, encaminharia o futuro político do país. Uma espécie de louvor ao "vai votar nele e não vai governar...seu voto perdido". Vários artigos foram escritos baseados nessa tese, com fundo explicitamente político-partidário, para assombrar o eleitor de Lula e demovê-lo de sua convicção, induzindo-o a pensar: "melhor votar em quem vai poder, de fato, governar o país pelos próximos quatro anos (Alckmin)".
Por outro lado haviam os que disseminavam o medo de uma possível "jogada constitucional", que proporcionasse a Lula, no meio do jogo, a conquista de um terceiro mandato e, dessa forma, permitisse a sua perpetuação no poder, enquanto quisesse e/ou se sustentasse politicamente. A sua reeleição poderia significar, segundo tais alarmistas, um "precedente perigoso à democracia brasileira", ou um tipo de "Fujimorização da política nacional". Logo seria necessário, para o bem do país, a sua derrota em 2006, por um motivo ou por outro. Não importava qual, mas sim sua derrota, muito menos a verossimelhança dessas idéias propagadas, ou qualquer tentativa de debate a respeito, mas o fim político delas estava acima do esclarecimento.
Não colaram as duas idéias, muito menos se confirmaram...Nem foi preciso trazer ao palco eleitoral qualquer atriz amedrontada ou histérica, a idéia não se sustentou.
Em 2010 a tentativa de virada eleitoral da oposição também passa pelo medo.
O medo está presente no discurso de criminalização do MST e de um possível "boom" de invasões de terras produtivas em um governo Dilma Roussef, apesar dos números de assentamentos terem aumentado e as invasões diminuido no governo Lula, logo um quadro que tende a se estabilizar, já que Dilma se apresenta como continuadora das políticas públicas do governo do qual participou inteiramente. A questão fundiária ainda não está resolvida, longe disso, mas o trato institucional por parte do governo acerca dessas questões com o MST, diminui as tensões no campo e ganha tempo e fôlego para negociações políticas. O medo, nesse caso, é endereçado ao eleitor rural, ao cidadão do campo.
As acusações despropositais e irresponsáveis de índio e Serra ao PT, sobre supostas ligações do partido com as FARC e, consequentemente, com o narcotráfico, são roteiros reciclados da mesma encenação: o medo destinado a classe média brasileira e aos moradores de comunidades que sofrem com a violência provocada pelo tráfico de drogas.
Ou seja: destinado ao eleitor das grandes cidades brasileiras.
Estas duas performances do medo, do MST e das FARC, foram tentadas em 2002 e 2006, não são novidades, nem tampouco deram certo.
Da mesma maneira as munições pesadas contra a política externa brasileira, nas declarações desastradas de Serra, acompanhadas de editoriais e artigos de "figurões da imprensa" apontam este como um dos mais sérios riscos de um governo Dilma Roussef, entre tantos outros que elencam superficial e irresponsavelmente.
Os alvos são os "de sempre", ultimamente: Chávez, Evo Morales, Kirchner e "companhia limitada". Afirmam, categoricamente, que este eixo político é nefasto à democracia regional, mais ainda ao povo brasileiro, em que o alinhamento do governo brasileiro aos governos populares do continente se configura em um erro histórico e péssimo para os negócios do país, além de "manchar" a imagem do Brasil junto à Europa e Estados Unidos. O medo que apregoam está situado aí: na "queimação de filme" do Itamaraty com as grandes potências, que até alguns anos atrás se alinhava cegamente em condições subalternas ao que interessava, tão somente, à estas nações. Alardeiam junto ao empresariado o risco de perda de mercados importante no velho mundo e na Amaéirca do Norte.
Esta estratégia, ao menos, se mostra coerente com os ideários de seus disseminadores: trazer o país de volta ao seu papel de figurante no cenário das relações exteriores, subserviente aos interesses norte americanos e europeus, abrindo e flexibilizando os mercados para os representantes destas potências. Na verdade reeditar a política neoliberal de FHC, Meném e Fujimori, que resultou em uma desregrada abertura comercial desses países e em extensos danos aos interesses nacionais, na explosão da recessão, na privatização desenfreada do patrimônio público e desemprego galopante vividos no final da década de 1990 e início da década de 2000, ainda muito presentes na memória do povo sulamericano, o que ajuda a explicar as fragorosas derrotas dos conservadors na América do Sul nesta década.
O medo pelo medo, sem sentido ou sustentação real, busca provocar a irracionalidade do eleitor na hora do voto, influenciando suas escolhas, auxiliados por meios de comunicação que, ininterruptamente, despejam enormes quantidades de (des)informações a respeito de variados temas, rotulados como perigosos ao povo brasileiro, forjando uma realidade ilustrada por noticiários parciais, artificiais e ocos.
Talvez o risco maior seja para quem aposta na estratégia do medo pelo medo: ficar estigmatizado, tal como ocorreu com Regina Duarte, e não conseguir mais fazer valer quaisquer de seus argumentos.
Regina Duarte não assusta ninguém...
O medo é só um cenário, fim político para lograr êxito em uma campanha que, sem sobressaltos e transcorrendo na normalidade, a derrota se mostra inevitável e dolorosa para a oposição. É como aquele time que não tendo como enfrentar seu adversário, de igual para igual, faz uso da violência e do antijogo para mediocrizar o espetáculo ao seu baixo nível.
Assim como o espectador de um jogo de futebol de baixo nível técnico praticado por uma das equipes, o eleitor também não aprova tais recursos por parte de uma das candidaturas postulantes ao governo.
Quem não sabe da pitoresca participação de Regina Duarte na campanha eleitoral para presidente da república em 2002? Ao tentar assustar o eleitor sobre uma possível vitória de Lula, o temor teatral com uma possível volta da hiperinflação ou o medo do "sapo barbudo", pura e simplesmente, deram o tom do "espetáculo" apresentado no horário eleitoral gratuito do PSDB. A peça, produzida pela campanha de Serra não colou, e o mote da esperança falou mais alto, eram tempos de ruptura política com um modelo defasado e excludente, severamente pesado com as camadas sociais mais populares.
Este episódio marcou o tom de uma espécie de campanha que, sem argumentos convincentes, tentava convencer amedrontando as pessoas. Mas o curioso é que em 1985, na campanha para prefeitura de São Paulo, a mesma Regina Duarte pedia as pessoas para não votarem em Suplicy e sim em FHC, para impedir a vitória de Jânio, alegando que foi assim que os nazistas chegaram ao poder na Alemanha, com a divisão dos democratas (confira o vídeo abaixo), quer dizer, 2002 foi apenas uma reincidência tucana da atriz. Jânio derrotou FHC...
Assustar o eleitor desvia o rumo da discussão dos fatos relevantes da política, desqualifica a argumentação sobre os contextos sociais , econômicos e políticos vigentes, rebaixando para o segundo plano tais debates. Essa estratégia do "tudo ou nada" político procura ativar nas pessoas um apego a manter as "coisas como estão", se o "estar" for de quem ocupa o poder e busca manter-se lá, como em 2002, ou "mudar tudo que aí está", se quem usa da histeria e do medo para (tornar a)ocupar o poder, como em 2006 e 2010.
O medo daquilo que ninguém sabe o que é, não é o mais importante, mas sim o próprio medo que se propaga e se espalha sem porquê.
Em 2006 muitos articulistas e a oposição apostavam no medo de que Lula não governaria plenamente se vencesse, pois sofreria processo de impeachment e seu governo seria entregue ao congresso, que, a partir daí, encaminharia o futuro político do país. Uma espécie de louvor ao "vai votar nele e não vai governar...seu voto perdido". Vários artigos foram escritos baseados nessa tese, com fundo explicitamente político-partidário, para assombrar o eleitor de Lula e demovê-lo de sua convicção, induzindo-o a pensar: "melhor votar em quem vai poder, de fato, governar o país pelos próximos quatro anos (Alckmin)".
Por outro lado haviam os que disseminavam o medo de uma possível "jogada constitucional", que proporcionasse a Lula, no meio do jogo, a conquista de um terceiro mandato e, dessa forma, permitisse a sua perpetuação no poder, enquanto quisesse e/ou se sustentasse politicamente. A sua reeleição poderia significar, segundo tais alarmistas, um "precedente perigoso à democracia brasileira", ou um tipo de "Fujimorização da política nacional". Logo seria necessário, para o bem do país, a sua derrota em 2006, por um motivo ou por outro. Não importava qual, mas sim sua derrota, muito menos a verossimelhança dessas idéias propagadas, ou qualquer tentativa de debate a respeito, mas o fim político delas estava acima do esclarecimento.
Não colaram as duas idéias, muito menos se confirmaram...Nem foi preciso trazer ao palco eleitoral qualquer atriz amedrontada ou histérica, a idéia não se sustentou.
Em 2010 a tentativa de virada eleitoral da oposição também passa pelo medo.
O medo está presente no discurso de criminalização do MST e de um possível "boom" de invasões de terras produtivas em um governo Dilma Roussef, apesar dos números de assentamentos terem aumentado e as invasões diminuido no governo Lula, logo um quadro que tende a se estabilizar, já que Dilma se apresenta como continuadora das políticas públicas do governo do qual participou inteiramente. A questão fundiária ainda não está resolvida, longe disso, mas o trato institucional por parte do governo acerca dessas questões com o MST, diminui as tensões no campo e ganha tempo e fôlego para negociações políticas. O medo, nesse caso, é endereçado ao eleitor rural, ao cidadão do campo.
As acusações despropositais e irresponsáveis de índio e Serra ao PT, sobre supostas ligações do partido com as FARC e, consequentemente, com o narcotráfico, são roteiros reciclados da mesma encenação: o medo destinado a classe média brasileira e aos moradores de comunidades que sofrem com a violência provocada pelo tráfico de drogas.
Ou seja: destinado ao eleitor das grandes cidades brasileiras.
Estas duas performances do medo, do MST e das FARC, foram tentadas em 2002 e 2006, não são novidades, nem tampouco deram certo.
Da mesma maneira as munições pesadas contra a política externa brasileira, nas declarações desastradas de Serra, acompanhadas de editoriais e artigos de "figurões da imprensa" apontam este como um dos mais sérios riscos de um governo Dilma Roussef, entre tantos outros que elencam superficial e irresponsavelmente.
Os alvos são os "de sempre", ultimamente: Chávez, Evo Morales, Kirchner e "companhia limitada". Afirmam, categoricamente, que este eixo político é nefasto à democracia regional, mais ainda ao povo brasileiro, em que o alinhamento do governo brasileiro aos governos populares do continente se configura em um erro histórico e péssimo para os negócios do país, além de "manchar" a imagem do Brasil junto à Europa e Estados Unidos. O medo que apregoam está situado aí: na "queimação de filme" do Itamaraty com as grandes potências, que até alguns anos atrás se alinhava cegamente em condições subalternas ao que interessava, tão somente, à estas nações. Alardeiam junto ao empresariado o risco de perda de mercados importante no velho mundo e na Amaéirca do Norte.
Esta estratégia, ao menos, se mostra coerente com os ideários de seus disseminadores: trazer o país de volta ao seu papel de figurante no cenário das relações exteriores, subserviente aos interesses norte americanos e europeus, abrindo e flexibilizando os mercados para os representantes destas potências. Na verdade reeditar a política neoliberal de FHC, Meném e Fujimori, que resultou em uma desregrada abertura comercial desses países e em extensos danos aos interesses nacionais, na explosão da recessão, na privatização desenfreada do patrimônio público e desemprego galopante vividos no final da década de 1990 e início da década de 2000, ainda muito presentes na memória do povo sulamericano, o que ajuda a explicar as fragorosas derrotas dos conservadors na América do Sul nesta década.
O medo pelo medo, sem sentido ou sustentação real, busca provocar a irracionalidade do eleitor na hora do voto, influenciando suas escolhas, auxiliados por meios de comunicação que, ininterruptamente, despejam enormes quantidades de (des)informações a respeito de variados temas, rotulados como perigosos ao povo brasileiro, forjando uma realidade ilustrada por noticiários parciais, artificiais e ocos.
Talvez o risco maior seja para quem aposta na estratégia do medo pelo medo: ficar estigmatizado, tal como ocorreu com Regina Duarte, e não conseguir mais fazer valer quaisquer de seus argumentos.
Regina Duarte não assusta ninguém...
O medo é só um cenário, fim político para lograr êxito em uma campanha que, sem sobressaltos e transcorrendo na normalidade, a derrota se mostra inevitável e dolorosa para a oposição. É como aquele time que não tendo como enfrentar seu adversário, de igual para igual, faz uso da violência e do antijogo para mediocrizar o espetáculo ao seu baixo nível.
Assim como o espectador de um jogo de futebol de baixo nível técnico praticado por uma das equipes, o eleitor também não aprova tais recursos por parte de uma das candidaturas postulantes ao governo.
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