Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Quem põe gente na rua hoje, no Brasil. E por que


não nada, não é nada, aconteceu ontem no Rio de Janeiro uma das maiores manifestações de rua da história recente. A Polícia Militar, que sempre divulga números conservadores, fala em 150 mil presentes a manifestação que pediu vantagens para aquele Estado na divisão dos royalties do Pré Sal. 10 de novembro de 2011, pois, foi um dia que ficará gravado na história.
Sem entrar no mérito desse gigantesco ato público, salta aos olhos que colocar o povo na rua, atualmente, requer legitimidade de quem convoca, reconhecimento das pessoas de que a causa é justa e de que aquela manifestação não decorre de embates político-partidários.
A comparação entre manifestação cívica convocada e organizada pelo governo do Rio e as “marchas contra a corrupção” organizadas pela mídia, pela oposição ao governo Dilma e por socialites e grandes empresários, portanto, é inevitável.
À exceção de Brasília, onde essas manifestações “anticorrupção” não têm tido caráter político-partidário como nos outros Estados, o fracasso de público tem sido notório.
No último dia 12 de outubro, manifestação convocada pela mídia na capital paulista não conseguiu reunir nem mil pessoas. Pouco antes, no mesmo Rio, apesar de longa e incessante campanha da mídia convocando manifestantes para protestarem “contra a corrupção” na mesma Cinelândia que recebeu aquela maré humana ontem, compareceram apenas 2 mil pessoas.
Seja qual for o número correto de manifestantes no Rio ontem, a cidade foi engolfada pelo povo, o que denota a legitimidade de governos, partidos populares e sindicatos em contraposição à falta de legitimidade de empresários de comunicação. É isso o que os tem impedido de pôr o povo na rua para fustigar o governo central.
O envolvimento do PSDB e do DEM com os tais manifestantes contra a corrupção também mostra a falta de base popular desses partidos. Nem com engajamento da mídia eles conseguem pôr povo de verdade na rua, à diferença do que se sabe que aconteceria se PT, CUT ou ambos, por exemplo, decidissem convocar manifestações.
Na “marcha contra a corrupção” que ocorreu em São Paulo em 12 de outubro e que este blog acompanhou in loco, a “juventude do PSDB” revelou um grupelho de mauricinhos, quase que cem por cento brancos e de classe média alta. O PSDB é um partido sem militância, daí a incapacidade de mobilizar a sociedade fora dos períodos eleitorais.
Outro diferencial é a causa. Todos compreendem perfeitamente quando um Estado luta por recursos públicos que beneficiarão a todos, como ocorre com o modelo de divisão dos royalties do petróleo. Ninguém entende, porém, “marchas contra a corrupção” que só se ocupam de “malfeitos” de um grupo político e ignoram os de seus adversários.
Outra causa de difícil compreensão pelo povo é a da democratização da comunicação. É um conceito do qual a sociedade jamais tomou conhecimento. O brasileiro médio não faz idéia de quantos benefícios poderia colher de uma mídia que não se pautasse por critérios políticos, ideológicos ou mesmo comerciais e, sim, pelo interesse público.
É literalmente impossível, portanto, pôr muita gente na rua para pedir um marco regulatório para as comunicações, a menos que sindicatos, partidos e movimentos sociais diversos se mobilizem pela causa. E, assim mesmo, não seria fácil, pois é complicado traduzir para a sociedade os benefícios que adviriam de uma comunicação de país civilizado, a menos que fosse possível fazer uma intensa campanha publicitária na mídia.
Para o bem ou para o mal, portanto, esta reflexão denota que governo, partidos de massas ou os movimentos sociais têm muito maior representatividade e legitimidade para falar e agir em nome do povo, ao passo que grupos restritos de interesse, como a mídia e os partidos conservadores – que têm a elite em suas bases –, só representam a si mesmos.
Um partido como o PSDB, que em eleições consegue milhões de votos, obviamente que tem sua legitimidade incontestável, mas ela difere da de partidos como o PT, que têm militância espontânea, engajada, e não apenas cabos eleitorais contratados, porque o PT tem origem no movimento sindical enquanto que o PSDB tem origem na Fiesp ou na mídia, entre outros.
Toda esta reflexão, como talvez o leitor já tenha percebido, decorre das preocupações desta página e do Movimento dos Sem Mídia sobre como democratizar a comunicação no país.
Com efeito, para colocar milhares na rua pela causa da democratização da comunicação, sem o apoio e o engajamento explícito e formal de partidos, sindicatos, movimentos sociais e até do governo, isso seria literalmente impossível.
Aqui, neste blog, já se conseguiu colocar algumas centenas de pessoas na rua, mas esse é o limite que se pode alcançar sem a legitimidade de entidades altamente representativas da sociedade.
A conclusão é a de que não há condições reais de pôr a democratização da comunicação em pauta tanto ou até mais do que as manifestações partidarizadas “contra a corrupção”. Isso por falta de interesse das entidades representativas, governo à frente. UNE, MST, CUT, PT não têm posição decidida, apesar da disposição de setores da sociedade civil para a luta.

Ipea diz que desigualdade caiu 22% e entra na briga contra IDH


Diferença na renda domiciliar recua 22% de 1980 a 2010, segundo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Presidente do Ipea, Marcio Pochmann, reforça críticas do governo e diz que desenvolvimento humano do país medido pela Pnud sofre de falta de transparência e precisa passar por escrutínio. Credibilidade do IDH estaria ameaçada, e Ipea fala em criar índice próprio.

BRASÍLIA – A desigualdade de renda entre as residências brasileiras diminuiu 22% entre 1980 e 2010. Depois de subir 2% na hiperinflacionária e estagnada década de 80, caiu nas duas seguintes – de forma mais acentuada nos anos 90 (19%), quando os preços foram domados pelo plano real, e menos na seguinte (8%), em que baixou à base de crescimento, emprego e programas sociais.

A melhoria na distribuição da renda per capita entre domicílios do país foi calculada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010 e divulgado este ano.

Sem ter certeza de que este tipo de avanço, especialmente o mais recente, tenha sido todo captado pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) apontado para o Brasil, o Ipea começa a botar em cheque a credibilidade do relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). E diz estar pronto para produzir um IDH próprio, caso o Pnud não se mostre convincente.

Após a divulgação do IDH 2010, o Ipea procurou o Pnud para dizer que estava desconfiado da nota brasileira, fez críticas metodológicas ao relatório e pediu para conhecer dados e metodologia.

Em resposta, a agência decidiu convidar especialistas para participar de um “grupo de peritos” que acompanharia a preparação do IDH 2011, ao longo do primeiro semestre. O representante brasileiro foi o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

As críticas e desconfianças foram reafirmadas durante o acompanhamento mas, para Pochmann, em vão. Em 2011, o Pnud teria repetido o comportamento merecedor de reparos. O Ipea quer saber com que dados exatamente a ONU trabalha para fechar o IDH - índice que leva em conta expectativa de vida, escolaridade e renda -, como eles são escolhidos e se são consolidados ou projeções.

“Não sabemos se o IDH brasileiro vai melhorar ou piorar, mas precisamos saber como é calculado”, disse Pochmann. “Há uma insatisfação que não é só do Brasil. Há uma preocupação exagerada [do Pnud] com tabelas e não com conteúdo. Do jeito que está, o IDH não pode ser reproduzido por especialistas”, afirmou o economista, que deu entrevista coletiva nesta quinta-feira (10) para apresentar os dados da desigualdade domiciliar e aproveitou para contestar o Pnud.

A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, que falou em nome do governo sobre o IDH brasileiro – o país está na posição 84, entre 187 países – havia feito as mesmas críticas.

O trabalho do Ipea, sintetizado numa nota técnica, vai subsidiar considerações que outros órgãos federais venham a fazer sobre o assunto, como os ministérios da Saúde e da Educação. Inclusive uma reclamação oficial e por escrito que o ministério das Relações Exteriores, em linguagem diplomática, deve mandar ao escritório central da ONU, em Nova York.

O governo queixa-se do IDH desde a gestão Lula pois acha que as melhorias do país ao longo da última década estariam subdimensionadas no relatório do Pnud. É uma reclamação também de caráter político, já que o resultado pode servir para os adversários do governo criticaram as gestões petistas.

Procurada pela reportagem, a agência da ONU respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa no Brasil, que precisa conhecer a nota técnica do Ipea primeiro, antes de se manifestar.

(*) Confira a íntegra da nota técnica "Considerações do IPEA acerca do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2011, do PNUD"

Urubóloga errou outra vez!!! IPCA recuou para 0,43% em outubro



IPCA recuou para 0,43% em outubro

Urubóloga errou outra vez!!!

O IPCA (Índice Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, desacelerou e apresentou variação de 0,43% em outubro, ante 0,53% registrado em setembro, divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com este resultado, o acumulado em 12 meses passa de 7,31% para 6,97% em outubro, segundo cálculos.
Embora ainda acima, o índice fica mais próximo do teto da meta do governo - de 6,5% para 2011 - e atende as expectativas de desaceleração da inflação.
A inflação acumulada no ano chega a 5,4%.

"Novo governo pós-Berlusconi aprofundará neoliberalismo na Itália"


Ex-senador no Parlamento italiano pelo Partido da Refundação Comunista (2006-08), o ativista ítalo-brasileiro José Luís Del Roio prevê dias turbulentos na Itália, com a intensificação dos protestos de rua contra o desmonte do sistema de bem-estar. França pode ser a próxima vítima da crise. Sem aprofundar práticas democráticas e aproximar-se das massas, União Européia pode implodir, diz ele à Carta Maior.

São Paulo - Apesar de "felicíssimo" com a iminente queda do premiê Silvio Berlusconi e o fim da "bordelcracia" na Itália, o ativista ítalo-brasileiro José Luís Del Roio não projeta um cenário otimista.

Ex-senador no Parlamento italiano pelo Partido da Refundação Comunista (2006-08), ele acredita que o novo governo terá um caráter ainda mais neoliberal, ao apostar na destruição do sistema de bem-estar e em medidas recessivas como estratégias para superar a turbulência econômica.

A Itália é hoje a bola da vez da crise financeira européia. Berlusconi já admitiu a renúncia, pressionado pelo tamanho da dívida pública, o baixo crescimento econômico e a explosão dos juros cobrados dos títulos italianos.

"O novo governo será feito por homens educados, engravatados, que falam línguas, mas será terrivelmente neoliberal. (...) É uma visão extremamente equivocada para resolver a crise. (...) Se reduzirmos a arrecadação de impostos, a dívida pública em relação ao PIB só poderá aumentar", disse Del Roio à Carta Maior.

Nesta entrevista exclusiva, o ativista, que hoje vive entre São Paulo e Bragança Paulista, sua cidade natal, e desenvolve um projeto de pesquisa junto ao Instituto Vladimir Herzog, prevê uma temporada de turbulências sociais na Itália, especialmente com protestos de rua conduzidos por sindicalistas.

Del Roio foi dirigente do PCB nos anos 1960. Fundou, com Carlos Marighella e outros ativistas, a Aliança de Libertação Nacional (ALN), que abraçou a luta armada como forma de resistência. Quando a ditadura fechou o cerco aos opositores, Del Roio seguiu para o exílio e trabalhou no Peru, Chile, Argélia, Moscou e Itália. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista, concedida por telefone.

Carta Maior - Na Grécia, a crise levou situação e oposição a criarem um governo de união nacional. Na Itália, após a queda de Berlusconi, há essa possibilidade?
José Luís Del Roio - Na Itália não irá nascer propriamente um governo de unidade nacional, mas algo similar. Acredito que o novo governo terá a característica de um governo técnico. Mario Monti, que deve ser o próximo primeiro-ministro, não é um homem de partido. Por esse caráter, o novo governo deve ter participação tanto de partidos da chamada direita quanto da chamada esquerda. Mas a "esquerda-esquerda", como a Refundação, não participará, porque não tem mais nenhum deputado no Parlamento, após a mudança das regras nas últimas eleições.

CM - Imagino que o objetivo desse "governo técnico" será resolver a questão da crise da dívida. Mas é possível que haja novidades no campo político? Quem sabe a própria alteração da lei eleitoral?
Del Roio - É bem provável que o novo governo amenize alguns aspectos antidemocráticos da lei eleitoral. Acredito nisso porque a sociedade italiana irá se mobilizar diante das perdas de conquistas sociais que virão. E essas manifestações sociais que precisarão de algum canal constitucional que absorva a pressão.

CM - Não se viu na Itália protestos da dimensão dos ocorridos na Grécia. Eles podem ocorrer?
Del Roio - É possível, sim. Mas há um fator que conta a favor dos gregos. Lá, eles têm um partido comunista forte e organizado, que teve papel central naquelas mobilizações. Na Itália os protestos devem ser centralizados pela Federação Italiana dos Metalúrgicos e a Confederação Geral dos Trabalhadores Italianos, a CGIL. Já houve recentemente grandes mobilizações no país, mas elas se concentraram na tentativa de derrubar o governo Berlusconi.

CM - E o governo acabou caindo por conta da crise...
Del Roio - Pois é. É claro que estou felicíssimo com isso e com o fim da "boldelcracia" no país. Tínhamos um governo desqualificado internacionalmente. Agora teremos um outro, feito por homens educados, engravatados, que falam línguas, mas será terrivelmente neoliberal. É uma visão extremamente equivocada para resolver a crise. A política econômica que eles desejam aplicar resultará na destruição do sistema de bem-estar social e na desaceleração econômica, que não colaboraram em nada para a redução da dívida. Se reduzirmos a arrecadação de impostos, a dívida pública em relação ao PIB só poderá aumentar. A Itália deve hoje 120% de seu PIB, e isso poderá chegar a 130%, 140%, 150%... o céu é o limite.

CM - Na Grécia, os efeitos da crise têm sido terríveis no dia-a-dia das pessoas, com desemprego e corte de salários. Como a crise tem afetado a vida dos italianos?
Del Roio - A Itália ainda não chegou à situação da Grécia, e eu espero que não chega. Mas há problemas graves, como a desocupação crescente, sobretudo entre jovens. A faixa etária de 26, 27 anos enfrenta 40% de desemprego. Isso é um drama. Primeiro do ponto de vista econômico, porque são pessoas que não produzem e nem consomem. Segundo, do ponto de vista da esperança. Metade da juventude italiana não tem perspectiva e fica em casa sem fazer em nada ou acaba imigrando. Um outro problema trazido pela crise atinge os funcionários públicos, já que o governo decidiu impor-lhes quatro anos sem reajuste de salários. Além disso, os que se aposentam não poderão sacar um tipo de fundo de garantia por tempo de serviço que beneficia o funcionalismo italiano.

CM - A extensão da crise gerou discussões sobre o futuro da União Européia. Chanceler alemã, Angela Merkel, chegou a propor a revisão de tratados. Qual sua opinião sobre isso?
Del Roio - A situação da União Européia é pior do que parece. Em primeiro lugar, por sua própria estrutura. São 27 países e só parte deles adota o euro. Em segundo lugar, o governo da União Européia é extremamente antidemocrático e afastado das massas. As pessoas não conhecem o governo europeu, não sabem se tem presidente ou nome de ministros. O que há é uma burocracia feroz que não gosta de eleições. A Constituição da União Européia foi recusada em referendos na França e na Holanda e, então, decidiram impô-la. Antes de tudo, precisamos de democracia na União Européia. Há uma grande desatenção quanto à importância do voto das pessoas. A União Européia costuma criticar a democracia dos Estados nacionais, quando esse é um problema central dela. Ou ela se democratiza, ou está perdida.

CM - Em sua opinião, países podem deixar o bloco ou, pelo menos, o euro?
Del Roio - É possível. Quem estiver de acordo com o eixo central, formado por Alemanha e França, fica. Quem se revoltar, sairá. O problema é que a França não está imune à crise, nem economicamente e nem socialmente. Após o massacre contra os italianos, chegará a vez dos franceses. Isso pode gerar grandes transformações na Europa, porque a Alemanha, a meu ver, tem outra perspectiva estratégica em vista, que seria uma parceria com a Rússia. Desde antes de ser formada, em 1870, a Alemanha olhava para o leste, onde estão grande parte das reservas energéticas mundiais. Se a União Européia balançar, um eixo entre Alemanha e Rússia poderia se fortalecer.

CM - O senhor foi senador no Parlamento italiano. Pensa em se candidatar novamente?
Del Roio - Não penso em voltar. A vida parlamentar me incomodava muito. Você passa 4/5 do seu tempo discutindo minúcias, se deve ou não deve cobrar pelo uso dos banheiros da rodoviária. Eu gosto de discutir estratégias, de discutir se a rodoviária cumpre seu papel no sistema de transportes.

Leia mais
Em 2006, recém eleito senador, Del Roio concedia entrevista à Carta Maior


Fotos: Gilberto Maringoni/Carta Maior

Da série: ai se o Kamel souber...

Por Luis Nassif, em seu blog:

Ontem gravamos uma entrevista especial, em vídeo - a ser disponibilizada aqui em breve - com a professora da Unicamp e cientista social Walkiria Domingues Leão Rego que há cinco anos pesquisa a Bolsa Família. Walkiria tem ido anualmente às regiões mais pobres do nordeste tomando depoimentos dos beneficiários, não questionários frios, mas longas conversas para apreender as mudanças ocorridas.



Um dos episódios narrados é fantástico.

Na casa de uma senhora em Alagoas, outro pesquisador que a acompanhava, italiano, maravilhou-se com alguns quadros, pinturas na parede, sem moldura. Indagaram da senhora o que era aquilo.

Inicialmente, ela relutou em responder. Walkiria contou que no país do seu amigo valorizavam-se muito as pinturas, daí a razão do interesse dele.

A senhora venceu, então, o temor e contou que um de seus netos tem uma grande vocação para a pintura. Na escola, a professora recomendou que recebesse aulas.

Ela reuniu, então, a família e, juntos, discutiram se poderia desviar parte do dinheiro da comida para as aulas de pintura do menino. Todos concordaram. O resultado foram as pinturas que maravilharam o italiano.

Se Ali Kamel souber, haverá denúncias em O Globo sobre o esbanjamento de recursos do Bolsa Familia.

‘Grupos xenófobos devem crescer ainda mais’, diz pesquisador britânico

Estudo de Birdwell aponta que movimentos populistas conseguem trazer cada vez mais adeptos online para o ativismo nas ruas. Foto: Demos
Os movimentos e partidos populistas, ou ultradireitistas, ganharam força na Europa Ocidental na última década por meio de discursos personificados contra, entre outros temas, a imigração e o multiculturalismo. Hoje, esses grupos avançam e conquistam adeptos divulgando sua ideologia nas redes sociais. É essa ligação quase desconhecida que o estudo The New Face of Digital Populism (O Novo Rosto do Populismo Digital, em tradução livre), realizado pela organização independente britânica Demos, analisa.
O levantamento pediu a simpatizantes de grupos populistas, que geralmente se organizam à margem da sociedade e visam representar lemas conservadores das classes menos favorecidas, de 11 países europeus para preencherem um questionário.
As mais de 10 mil respostas indicaram, segundo o instituto, o descontentamento desta parcela da população com governos, sistemas de Justiça e as elites política e financeira do continente. Aspectos semelhantes à onda de manifestações internacionais contra o neoliberalismo, liderada por jovens lembrados como “os indignados”.
“Os movimentos ‘Occupy’ [Ocupar Wall Street, por exemplo] têm semelhanças com esses grupos no sentido em que ambos são populistas, desafeiçoados das elites e advogam contra os sistemas político e financeiro”, diz Jonathan Birdwell, pesquisador sênior do Demos e um dos autores do estudo, em entrevista a CartaCapital.
No entanto, as similaridades entre os grupos resumem-se apenas aos aspectos econômicos citados acima, aponta Birdwell. Segundo ele, os 14 grupos analisados, entre eles o Bloc Identitaire (França), CasaPound (Itália) e English Defence League (Reino Unido), vão além da insatisfação com o sistema capitalista moderno e acrescentam ao seu discurso ideias xenófobas, típicas da direita conservadora. Algo que pôde ser captado na pesquisa, pois os entrevistados mostraram-se contra imigração, o Islã e o multiculturalismo, por avaliarem que sua identidade nacional estaria ameaçada. “Mesmo assim é significante o fato de assistirmos ao surgimento de movimentos populistas em ambos os lados.”
De acordo com a pesquisa, os grupos populistas mapeados são compostos majoritariamente por homens (75%) e jovens (63% têm menos de 30 anos), que utilizam mídias sociais online de forma massiva, somando mais de 430 mil seguidores no Facebook. Uma ferramenta de publicidade ideológica que auxilia esses movimentos a levarem 26% de seus “participantes virtuais” às ruas em protestos e demonstrações. “É muito fácil clicar no botão ‘Curtir’ na página da English Defense League, mas esse resultado é bem mais elevado que a média de cidadãos europeus de 10%”, diz. “Essas pessoas estão usando a internet e ferramentas online como uma ponte para estimular de fato outros a se envolverem no ativismo do mundo real.”
Na migração do universo digital para a realidade, a maioria dos entrevistados se disse contrária ao uso da violência a fim de alcançar seus objetivos. Por outro lado, 26% concordaram com atitudes “mais firmes” para atingir as metas almejadas. “Os apoiadores destes grupos tendem a ser muito impacientes, impulsivos, energéticos e querem partir para a ação, mas não creio que vão se voltar exclusivamente para o uso da violência.”
O pesquisador reconhece, porém, o potencial negativo da retórica dos movimentos populistas, aos quais atribui a capacidade de criar “lobos solitários” como Anders Breivik, responsável por um duplo atentado na Noruega, em protesto à invasão islâmica na Europa, que deixou 77 mortos. “Alguns grupos combinam um sentido de urgência ao colocar em jogo a cultura nacional e a identidade dos indivíduos. Usam dados demográficos para dizer que em 50 anos, os imigrantes muçulmanos no continente serão maioria e os europeus étnicos minoria em seu próprio país.”
No cenário atual de avanço do populismo, Birdwell afirma ainda não ser possível prever o impacto desta ideologia nas novas gerações de cidadãos europeus, mas mostra-se preocupado com o perfil jovem dos integrantes destes grupos. A pesquisa, no entanto, já reflete um aspecto contraditório na população mais jovem, na faixa de 16 a 20 anos. Cerca de 20% deles citaram a imigração como motivo para apoiar movimentos direitistas, contra apenas 10% dos indivíduos acima de 50 anos.
Apesar de os jovens serem vistos como mais liberais que as gerações anteriores, o pesquisador destaca a preocupação do setor com os rumos da economia da Europa e da Zona do Euro. “Caso a situação siga por um caminho ruim, devemos nos preocupar, pois o apoio a movimentos anti-imigração e xenófobos vai continuar a aumentar, como é historicamente comum nestes períodos.”
Desiludidos sobre o futuro de seus países e críticos à União Europeia, apontada como a responsável pela perda de controle nas fronteiras, 70% deles não confiam mais no sistema de Justiça. Contudo, mesmo sem crer também na política, consideram o voto importante. Por outro lado, 67% votaram na última eleição em partidos populistas, que alcançaram relativo espaço na Europa. “É importante medir o impacto destes grupos na política não pelo tamanho que ocupam e sim pela capacidade de influenciar a elite política com seus discursos”, diz.
Segundo Birdwell, Nicolas Sarkozy, Ângela Merkel e David Cameron já adotaram o antimulticulturalismo, uma ação que reflete a retórica populista. “Conforme os políticos de destaque começam a adotar essas retóricas, vê-se o impacto que esses grupos podem ter.”

'Yes, we care' do PSDB vira gozação



O PT ironizou hoje a sugestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que o PSDB adote como bandeira o lema "Yes, we care" ("Sim, nós nos preocupamos"), numa adaptação de "Yes, we can" ("Sim, nós podemos"), usado na campanha de Barack Obama à Presidência dos EUA, em 2008. "Enquanto a oposição conservadora macaqueia em seminários um slogan americano, imaginando assim aproximar-se do povo, o governo vem mantendo a iniciativa das ações dando prioridade à garantia de continuidade das conquistas econômicas e sociais do povo brasileiro", diz a resolução da Executiva petista. O texto afirma, ainda, que foi "igualmente frustrada" a tentativa dos adversários de "gerar crises" no âmbito dos ministérios e na base de sustentação do governo no Congresso.