não nada, não é nada, aconteceu ontem no Rio de Janeiro uma das maiores manifestações de rua da história recente. A Polícia Militar, que sempre divulga números conservadores, fala em 150 mil presentes a manifestação que pediu vantagens para aquele Estado na divisão dos royalties do Pré Sal. 10 de novembro de 2011, pois, foi um dia que ficará gravado na história.
Sem entrar no mérito desse gigantesco ato público, salta aos olhos que colocar o povo na rua, atualmente, requer legitimidade de quem convoca, reconhecimento das pessoas de que a causa é justa e de que aquela manifestação não decorre de embates político-partidários.
A comparação entre manifestação cívica convocada e organizada pelo governo do Rio e as “marchas contra a corrupção” organizadas pela mídia, pela oposição ao governo Dilma e por socialites e grandes empresários, portanto, é inevitável.
À exceção de Brasília, onde essas manifestações “anticorrupção” não têm tido caráter político-partidário como nos outros Estados, o fracasso de público tem sido notório.
No último dia 12 de outubro, manifestação convocada pela mídia na capital paulista não conseguiu reunir nem mil pessoas. Pouco antes, no mesmo Rio, apesar de longa e incessante campanha da mídia convocando manifestantes para protestarem “contra a corrupção” na mesma Cinelândia que recebeu aquela maré humana ontem, compareceram apenas 2 mil pessoas.
Seja qual for o número correto de manifestantes no Rio ontem, a cidade foi engolfada pelo povo, o que denota a legitimidade de governos, partidos populares e sindicatos em contraposição à falta de legitimidade de empresários de comunicação. É isso o que os tem impedido de pôr o povo na rua para fustigar o governo central.
O envolvimento do PSDB e do DEM com os tais manifestantes contra a corrupção também mostra a falta de base popular desses partidos. Nem com engajamento da mídia eles conseguem pôr povo de verdade na rua, à diferença do que se sabe que aconteceria se PT, CUT ou ambos, por exemplo, decidissem convocar manifestações.
Na “marcha contra a corrupção” que ocorreu em São Paulo em 12 de outubro e que este blog acompanhou in loco, a “juventude do PSDB” revelou um grupelho de mauricinhos, quase que cem por cento brancos e de classe média alta. O PSDB é um partido sem militância, daí a incapacidade de mobilizar a sociedade fora dos períodos eleitorais.
Outro diferencial é a causa. Todos compreendem perfeitamente quando um Estado luta por recursos públicos que beneficiarão a todos, como ocorre com o modelo de divisão dos royalties do petróleo. Ninguém entende, porém, “marchas contra a corrupção” que só se ocupam de “malfeitos” de um grupo político e ignoram os de seus adversários.
Outra causa de difícil compreensão pelo povo é a da democratização da comunicação. É um conceito do qual a sociedade jamais tomou conhecimento. O brasileiro médio não faz idéia de quantos benefícios poderia colher de uma mídia que não se pautasse por critérios políticos, ideológicos ou mesmo comerciais e, sim, pelo interesse público.
É literalmente impossível, portanto, pôr muita gente na rua para pedir um marco regulatório para as comunicações, a menos que sindicatos, partidos e movimentos sociais diversos se mobilizem pela causa. E, assim mesmo, não seria fácil, pois é complicado traduzir para a sociedade os benefícios que adviriam de uma comunicação de país civilizado, a menos que fosse possível fazer uma intensa campanha publicitária na mídia.
Para o bem ou para o mal, portanto, esta reflexão denota que governo, partidos de massas ou os movimentos sociais têm muito maior representatividade e legitimidade para falar e agir em nome do povo, ao passo que grupos restritos de interesse, como a mídia e os partidos conservadores – que têm a elite em suas bases –, só representam a si mesmos.
Um partido como o PSDB, que em eleições consegue milhões de votos, obviamente que tem sua legitimidade incontestável, mas ela difere da de partidos como o PT, que têm militância espontânea, engajada, e não apenas cabos eleitorais contratados, porque o PT tem origem no movimento sindical enquanto que o PSDB tem origem na Fiesp ou na mídia, entre outros.
Toda esta reflexão, como talvez o leitor já tenha percebido, decorre das preocupações desta página e do Movimento dos Sem Mídia sobre como democratizar a comunicação no país.
Com efeito, para colocar milhares na rua pela causa da democratização da comunicação, sem o apoio e o engajamento explícito e formal de partidos, sindicatos, movimentos sociais e até do governo, isso seria literalmente impossível.
Aqui, neste blog, já se conseguiu colocar algumas centenas de pessoas na rua, mas esse é o limite que se pode alcançar sem a legitimidade de entidades altamente representativas da sociedade.
A conclusão é a de que não há condições reais de pôr a democratização da comunicação em pauta tanto ou até mais do que as manifestações partidarizadas “contra a corrupção”. Isso por falta de interesse das entidades representativas, governo à frente. UNE, MST, CUT, PT não têm posição decidida, apesar da disposição de setores da sociedade civil para a luta.
Sem entrar no mérito desse gigantesco ato público, salta aos olhos que colocar o povo na rua, atualmente, requer legitimidade de quem convoca, reconhecimento das pessoas de que a causa é justa e de que aquela manifestação não decorre de embates político-partidários.
A comparação entre manifestação cívica convocada e organizada pelo governo do Rio e as “marchas contra a corrupção” organizadas pela mídia, pela oposição ao governo Dilma e por socialites e grandes empresários, portanto, é inevitável.
À exceção de Brasília, onde essas manifestações “anticorrupção” não têm tido caráter político-partidário como nos outros Estados, o fracasso de público tem sido notório.
No último dia 12 de outubro, manifestação convocada pela mídia na capital paulista não conseguiu reunir nem mil pessoas. Pouco antes, no mesmo Rio, apesar de longa e incessante campanha da mídia convocando manifestantes para protestarem “contra a corrupção” na mesma Cinelândia que recebeu aquela maré humana ontem, compareceram apenas 2 mil pessoas.
Seja qual for o número correto de manifestantes no Rio ontem, a cidade foi engolfada pelo povo, o que denota a legitimidade de governos, partidos populares e sindicatos em contraposição à falta de legitimidade de empresários de comunicação. É isso o que os tem impedido de pôr o povo na rua para fustigar o governo central.
O envolvimento do PSDB e do DEM com os tais manifestantes contra a corrupção também mostra a falta de base popular desses partidos. Nem com engajamento da mídia eles conseguem pôr povo de verdade na rua, à diferença do que se sabe que aconteceria se PT, CUT ou ambos, por exemplo, decidissem convocar manifestações.
Na “marcha contra a corrupção” que ocorreu em São Paulo em 12 de outubro e que este blog acompanhou in loco, a “juventude do PSDB” revelou um grupelho de mauricinhos, quase que cem por cento brancos e de classe média alta. O PSDB é um partido sem militância, daí a incapacidade de mobilizar a sociedade fora dos períodos eleitorais.
Outro diferencial é a causa. Todos compreendem perfeitamente quando um Estado luta por recursos públicos que beneficiarão a todos, como ocorre com o modelo de divisão dos royalties do petróleo. Ninguém entende, porém, “marchas contra a corrupção” que só se ocupam de “malfeitos” de um grupo político e ignoram os de seus adversários.
Outra causa de difícil compreensão pelo povo é a da democratização da comunicação. É um conceito do qual a sociedade jamais tomou conhecimento. O brasileiro médio não faz idéia de quantos benefícios poderia colher de uma mídia que não se pautasse por critérios políticos, ideológicos ou mesmo comerciais e, sim, pelo interesse público.
É literalmente impossível, portanto, pôr muita gente na rua para pedir um marco regulatório para as comunicações, a menos que sindicatos, partidos e movimentos sociais diversos se mobilizem pela causa. E, assim mesmo, não seria fácil, pois é complicado traduzir para a sociedade os benefícios que adviriam de uma comunicação de país civilizado, a menos que fosse possível fazer uma intensa campanha publicitária na mídia.
Para o bem ou para o mal, portanto, esta reflexão denota que governo, partidos de massas ou os movimentos sociais têm muito maior representatividade e legitimidade para falar e agir em nome do povo, ao passo que grupos restritos de interesse, como a mídia e os partidos conservadores – que têm a elite em suas bases –, só representam a si mesmos.
Um partido como o PSDB, que em eleições consegue milhões de votos, obviamente que tem sua legitimidade incontestável, mas ela difere da de partidos como o PT, que têm militância espontânea, engajada, e não apenas cabos eleitorais contratados, porque o PT tem origem no movimento sindical enquanto que o PSDB tem origem na Fiesp ou na mídia, entre outros.
Toda esta reflexão, como talvez o leitor já tenha percebido, decorre das preocupações desta página e do Movimento dos Sem Mídia sobre como democratizar a comunicação no país.
Com efeito, para colocar milhares na rua pela causa da democratização da comunicação, sem o apoio e o engajamento explícito e formal de partidos, sindicatos, movimentos sociais e até do governo, isso seria literalmente impossível.
Aqui, neste blog, já se conseguiu colocar algumas centenas de pessoas na rua, mas esse é o limite que se pode alcançar sem a legitimidade de entidades altamente representativas da sociedade.
A conclusão é a de que não há condições reais de pôr a democratização da comunicação em pauta tanto ou até mais do que as manifestações partidarizadas “contra a corrupção”. Isso por falta de interesse das entidades representativas, governo à frente. UNE, MST, CUT, PT não têm posição decidida, apesar da disposição de setores da sociedade civil para a luta.