Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Por que a oposição não fala de economia?


DEBATE ABERTO

O PSDB, o jornal O Globo e seus aliados estão indignados com a corrupção no Brasil. Querem que o povo saia às ruas. Mas o povo só costuma sair às ruas quando a economia vai mal. E, curiosamente, aqueles que querem que o povo saia às ruas, não querem falar de economia. Distração? Falta de ter o quê dizer?

Subitamente, setores da sociedade brasileira querem que o povo saia às ruas. É preciso qualificar esses “setores da sociedade brasileira”. São aqueles que foram apeados do poder político no início dos anos 2000 e que tiveram sua agenda política e econômica dilacerada pela realidade. A globalização econômica cantada em prosa e verso nos anos 1990 revelou-se um fracasso retumbante. A globalização financeira, a única que houve, afundou em uma crise dramática que drenou bilhões de dólares da economia real, conta que, agora, está sendo paga por quem costuma pagar essas lambanças: o povo trabalhador que vive da renda de seu trabalho.

Durante praticamente duas décadas, nos anos 80 e 90, a esmagadora maioria da imprensa no Brasil e no exterior repetiu os mesmos mantras: o Estado era uma instituição ineficiente e corrupta, era preciso privatizar a economia, desregulamentar, flexibilizar. A globalização levaria o mundo a um novo renascimento. Milhares de editoriais e colunas repetiram esse discurso em jornais, rádios, tvs e páginas da internet por todo o mundo. Tudo isso virou pó. Os gigantes da economia capitalista estão mergulhados em uma grave crise, a Europa, que já foi exemplo de Estado de Bem-Estar Social, corta direitos conquistados a duras penas após duas guerras mundiais. A principal experiência de integração regional, a União Europeia, anda para trás.

No Brasil, diante da total ausência de programa, de projeto, os representantes políticos e midiáticos deste modelo fracassado que levou a economia mundial para o atoleiro, voltam-se mais uma vez para o tema da corrupção. Essa é uma história velhíssima na política brasileira. Já foi usada várias vezes, contra diferentes governantes. Afinal de contas, os corruptos seguem agindo dentro e fora dos governos. Aparentemente, por uma curiosa mágica, eles são apresentados sempre como um ser que habita exclusivamente a esfera pública. Quando algum corrupto privado aparece com algemas, costuma haver uma surda indignação contra os “excessos policiais”.

No último domingo, o jornal O Globo publicou uma reportagem para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção (aliás, o MST respondeu à pergunta, mas não teve sua resposta publicada). O Globo sabe a resposta. Como costuma acontecer no Brasil e no resto do mundo, o povo só sai às ruas quando a economia vai mal, quando há elevadas taxas de desemprego, quando as prateleiras dos super mercados tornam-se território hostil, quando não há perspectiva para a juventude. Não há nada disso no Brasil de hoje. Há outros problemas, sérios, mas não estes. A violência, o tráfico de drogas, as filas na saúde, a falta de uma educação de melhor qualidade. É de causar perplexidade (só aparente, na verdade) que nada disso interesse à oposição. Quem está falando sobre isso são setores mais à esquerda do atual governo.

Comparando com o que acontece no resto do mundo, a economia brasileira vai bem. Não chegamos ao paraíso, obviamente. Longe disso. Há preocupações legítimas em nosso vale de lágrimas que deveriam ser levadas a sério pelo governo federal sobre a correção e pertinência da atual política cambial e de juros, apenas para citar um exemplo. O Brasil virou mais uma vez um paraíso para o capital especulativo e a supervalorização do real incentiva um processo de desindustrialização.

Curiosamente, essa não é a principal bandeira da oposição. Por que estão centrando fogo no tema da corrupção e não na ausência de mecanismos de controle de capitais, por exemplo? Por que não há editoriais irados e enfáticos contra a política do Banco Central e as posições defendidas pelos agentes do setor financeiro? Bem, as respostas são conhecidas. Os partidos políticos não são entidades abstratas descoladas da vida social das comunidades. Alguns até acabam pervertendo seus ideais de origem e se transformam em híbridos de difícil definição. Mas outros permanecem fiéis às suas origens e repetem seus discursos e estratégias, década após década.

Nos últimos dias, lideranças nacionais do PSDB e seus braços midiáticos vêm repetindo um mesmo slogan: o Brasil vive uma das mais graves crises de corrupção de sua história. Parece ser uma tese com pouco futuro. Tomando as denúncias de corrupção como critério, o processo de privatizações no período FHC é imbatível. Há problemas econômicos reais no horizonte. É curioso que isso não interesse à oposição. Afinal, é isso que, no final das contas, faz o povo sair às ruas. Sempre foi assim: a guerra, a fome, o desemprego. Esses são os combustíveis das revoluções.

A indigência intelectual e programática da oposição brasileira não consegue fazer algo além do que abrir a geladeira, pegar o feijão congelado meio embolorado da UDN, colocá-lo no forno e oferecê-lo à população como se fosse uma feijoada irrecusável. Mas no fundo não se trata de indigência. É falta de alternativa mesmo. Falta de ter o quê dizer. Não falta matéria-prima para uma oposição no Brasil, falta cérebro e, principalmente, compromisso com um projeto de país e seu povo.

O modelo político-econômico que hoje, no Brasil, abraça a corrupção como principal bandeira esteve no poder nas últimas décadas por toda a América Latina e foi varrido do mapa político do continente, com algumas exceções. Seu ideário virou sinônimo de crise por todo o mundo. É preciso mudar de assunto mesmo. A verdade, em muitos casos, pode ser insuportável, ou, simplesmente, inconveniente.

Marco Aurélio Weissheimer é editor-chefe da Carta Maior (correio eletrônico: gamarra@hotmail.com)

"Murdoch modela a política inglesa há 40 anos”


13/7/2011, Leo Panitch (Prof. Emérito de Ciências Políticas da UNY), The Real News Channel
Entrevista transcrita (aqui traduzida) -- http://therealnews.com/t2/index.php?option=com_content&task=view&id=31&Itemid=74&jumival=7025

A primeira coisa que se deve anotar, é que Murdoch é homem da direita. O fato de ter apoiado o Partido Trabalhista [inglês] nada altera. É conhecido na Grã-Bretanha e na Austrália como “o Cavador”, por suas raízes australianas. Chegou em 1969 e comprou
o Sun, que era então um clássico jornal da classe trabalhadora. Como disse Dennis Potter, o grande dramaturgo britânico, autor de roteiros para televisão, autor de The Singing Detective, em entrevista, não há ninguém na Grã-Bretanha mais responsável que Murdoch por poluir ainda mais, uma imprensa que já era muito poluída.

Mas não se deve raciocinar como se o que estamos vendo tivesse sido, digamos, obra exclusivamente de Murdoch.

Quando tomou o Sun, Murdoch de fato ocupou aquele jornal dos trabalhadores, cuja história remonta aos anos 50s – antes, o jornal chamara-se The Labour Herald [Voz do Trabalho], trocara de nome e fora também jornal do Partido Trabalhista. Murdoch imediatamente converteu o jornal em panfleto da direita, que atacava a esquerda.

Murdoch tornou-se dono de grande parte da imprensa. Comprou o Times, do canadense Lord Thomson of Fleet, quando Thomson desinteressou-se de jornais, porque conseguiu uma licença para um canal de televisão na Escócia (que ele chamava de “autorização para imprimir dinheiro”).

Murdoch, como se sabe, entrou nesse mesmo jogo, também com a televisão BSkyB, com a rede Fox News, com todo o império Fox. É dono do Sunday Times também, que é jornal dominical dirigido aos ricos, e também foi acusado nesse escândalo de escutas clandestinas e invasão de telefones celulares, até de ter invadido o telefone de [Gordon] Brown, ex-líder do Partido Trabalhista.

Tudo isso para dizer que não se trata só do jornal News of the World que, diferente do Sun, tem história que chega a meados do século 19. De qualquer modo, o News of the World e o Daily Sun – que já mostra uma mulher seminua na página 3 – não são os únicos jornais que fazem dinheiro com a repressão sexual dos britânicos e, portanto, com o frenesi social que qualquer escândalo sexual desperta, para desempenhar papel terrível na política britânica, papel que já se conhece, por exemplo, do canal Fox. Mas a coisa piorou, quando o mesmo papel começou a aparecer também nos diários. E feito de tal modo que passou a ser claro assassinato de reputações.

Você talvez já tenha ouvido a palavra “Bennismo”, hoje usada como ofensa, o pior dos palavrões. Origina-se do nome “Benn”, de Tony Benn, que foi ministro do Gabinete nos anos 1960s e depois passou para a esquerda, quando percebeu o pequeno espaço que tinha no governo britânico [foi ministro do governo trabalhista de Harold Wilson]. Abraçou a esquerda e propôs várias reformas radicais que iam além da simples ‘regulação’ do estado de bem-estar e implicavam regular o próprio capital.

Hoje, quando se diz “Bennismo”, a palavra significa palavrão, designa o pior dos homens, a “esquerda lunática”. Mas Benn foi um dos políticos mais efetivos, mais inteligentes e mais corajosos da Grã-Bretanha. Hoje, é lembrado como se fosse louco, ou imbecil. De fato, as coisas nunca são assim tão simples. Fato é que Benn, ao longo dos anos 1970s tornou-se muito popular entre os trabalhadores.


[Entrevistador]: Lembro que o Sun publicou matéria com um laudo de um psiquiatra norte-americano bastante conhecido, que declarava que Tony Benn era mesmo louco. A matéria analisava longamente o laudo psiquiátrico. Depois, se descobriu que tudo fora forjado: o psiquiatra jamais assinara o tal laudo.

PANITCH: E assim continuaram, lixo diário, publicado diariamente. Várias vezes em que estive com Tony [Blair], ele me disse que seu telefone estava grampeado. Não sabia se era a segurança, a imprensa, mas o telefone estava grampeado, Ouvia-se um clique e o som de uma fita rodando, quando se pegava o telefone. O que quero dizer é que nada, do que vemos hoje, é novidade.

[Entrevistador]: Vejamos então o contexto político, para compreender a importância de destruir a reputação de Benn e como isso levou ao surgimento de Tony Blair.

PANITCH: Os políticos do Partido Trabalhista que se opunham a Benn – que não queriam que o Partido Trabalhista voltasse a ser partido socialista –, assustavam-se quando abriam os jornais no café da manhã, e liam mais uma declaração atribuída a Benn, posta em manchete de primeira página do Times ou do Sun – ou, às vezes, sabe-se lá, também no Guardian, porque nem o Guardian estava imune àquilo –, que feria a reputação de todos os membros do Partido Trabalhista, a reputação pessoal, os deputados apresentados como Maria-vai-com-as-outras, como iguais aos políticos da direita, apoiadores do império norte-americano, traidores. A verdade era que, naquele momento, Benn trabalhava a favor da nacionalização dos cinco principais bancos britânicos.

Mas os trabalhistas viviam apavorados com o que liam nos jornais de Murdoch. E, então, decidiram usar o Sun. Não foram só vítimas nem foram as únicas vítimas do Sun ou do News of the World nem do Sunday Times. Os trabalhistas decidiram usar o Sun: vazavam comentários para o Sun. Criavam ‘relatórios’ absurdos, ‘dossiês’ imundos, que os jornais amplificavam o mais que podiam, e tudo isso para desacreditar a esquerda trabalhista.

Os beneficiados foram a direita e o centro do Partido Trabalhista. Serviram-se do que a imprensa fazia, para atender interesses seus. Até que conseguiram livrar-se de Benn e elegeram Neil Kinnock para a liderança do Partido, quando Benn seria o líder óbvio, pode-se dizer, natural.

Nem assim Murdoch aliviou a mão. Os que haviam conseguido livrar-se do ‘risco Benn’, logo viram que Murdoch já estava apresentando Kinnock como “desequilibrado”, “despreparado para o cargo”, “incompetente”, “corrupto”, “pouco ético” etc., etc.

Foi quando, afinal, políticos extremamente pragmáticos, oportunistas, como Tony Blair, fizeram um acordo com o diabo. Disseram ‘ok. Dancemos conforme a música’. Passaram a dizer o que Murdoch queria que dissessem.

E Blair, depois que Kinnock foi derrotado em 1992 – em larga medida por efeito da campanha imunda de demonização que sofreu, sobretudo no Sun, que é jornal, como eu disse, popular – nas eleições de 1992 (...), Blair abriu caminho para a liderança do Partido Trabalhista, por acordo que fez com Brown.

Blair, imediatamente, partiu para a Austrália, para o encontro anual do grupo News International, e lá ficou amigo de Murdoch. E Murdoch passou a apoiá-lo. Todos os jornais de Murdoch apoiaram Blair, mas, mais que todos, o Sun, que praticamente o elegeu nas eleições de 1997. Blair tinha um acordo com Murdoch.

Mas não se pode esquecer que, com isso, Blair envolveu-se no mesmo tipo de política que se vê no Canal Fox, dos EUA. Todos assistimos ao papel que Blair desempenhou na guerra do Iraque, mas, sobretudo, todos assistimos ao modo como Blair, enquanto sorria para as televisões, decidiu que a desigualdade na Grã-Bretanha seria irremediável, que não se poderia impedir que continuasse a aumentar, e, em resumo, conseguiu levar o Partido Trabalhista de volta ao poder... ao preço de adotar o Thatcherismo. Por isso os jornais de Murdoch sempre o promoveram. Mas não promoveram todos os políticos do Partido Trabalhista.

Jornalismo, para Murdoch é escândalo. Vivem a ‘denunciar’ escândalos, às vezes, também entre os Conservadores, mas sempre e sempre mais entre os Trabalhistas.

Dado que os jornais de Murdoch não sabiam exatamente para que lado velejaria Gordon Brown, que sucedeu Blair, com certeza dedicaram-se a cavoucar em busca de detalhes da privacidade de Brown.

Mas tudo isso, do ponto de vista de Murdoch, são negócios, são questões comerciais. É o modo pelo qual Murdoch defende o capitalismo e seu patrimônio de $50 bilhões em todo o planeta. Mas também são negócios, são questões comerciais, no sentido de que tratam a notícia como um produto cuja matéria-prima é o escândalo. Os britânicos não sabem como reagir a seja o que for que tenha conotação sexual.

[Entrevistador]: Do modo como se fala do ‘affair’ Murdoch, sobretudo nos EUA, é como se Murdoch fosse uma espécie de maçã podre, quase uma anomalia. A verdade é que nada há de excepcional no conluio entre os barões da grande mídia e os políticos. Todos os barões da grande mídia têm acesso facilitado aos políticos. Alguém, que participava das reuniões do Gabinete no governo Blair em Londres, escreveu recentemente que, naquelas reuniões, só três pessoas tinham poder de decidir: Blair, Brown e Murdoch, que era como sombra imaterial que pairava naquelas reuniões. Esse tipo de ‘convivência íntima’ entre os barões da imprensa e os políticos não acontece sempre? Não é sempre assim, em todo o mundo?

PANITCH: Claro que é. Todos sabemos que a liberdade de imprensa é liberdade para quem tenha empresa jornalística. “Liberdade de imprensa, só para quem tem imprensa” – como se diz. É engraçado que esses personagens venham tão frequentemente da Austrália e do Canadá. Lord Beaverbrook era canadense. Lord Thomson era canadense. Agora, o ‘cavador’ Rupert Murdoch, é australiano. E conseguiu, vale lembrar, a cidadania norte-americana, sem a qual não poderia comprar o The New York Post. Como todos sabemos, é difícil ver cidadão não norte-americano proprietário de empresa de mídia nos EUA. Murdoch de fato, comprou a cidadania norte-americana.

[Entrevistador]: Interessante também que, depois da experiência com Blair, Murdoch tenha apoiado Obama, contra Clinton, desde as primárias do Partido Democrata.

PANITCH: Acho que houve algum ‘acerto’ semelhante ao que Blair fez. Você sabe: desde os anos 90s há uma relação incestuosa entre os Democratas dos EUA e o Partido Trabalhista inglês, um aprendendo com o outro. Esse incesto continua.

Mas o que queria dizer é que, por menos que se deva enfatizar o papel do indivíduo na história, há uma diferença entre o que Murdoch faz hoje e o que fizeram, antes deles, Lord Beaverbrook ou, mesmo, Lord Thomson, embora fosse homem muito mais rude que Beaverbrook, que foi, de pleno direito, um intelectual.


Murdoch sempre foi pior que os outros, pelo mercantilismo, pelo uso que dá à imprensa para objetivos pessoais seus, essencialmente capitalistas. Vê-se no Canal Fox News. Vê-se, de fato, nos seus jornais britânicos, acho. E acho que tudo que se possa dizer sobre a péssima qualidade da imprensa nesses países e em todos os países de língua inglesa pode ser atribuído ao ‘espírito’ de Murdoch, ao tipo de poder político que esse tipo de jornalismo dá a alguém ou a grupos, poder para modelar as políticas nacionais. Se o proprietário é homem sem escrúpulos, se é fascista... não vejo que tipo de benefício a liberdade de imprensa traria a alguém. Para começar, a liberdade de imprensa garantida a homens e grupos que não têm nenhum interesse em qualquer tipo de democracia legítima, destrói o sentido do próprio jornalismo. [Fim da entrevista]

TERNUMA,TEA ,PARTY,CORNUDO COTURNOS, TFP............

PSDB e FHC. Sempre foram o que são

Em fevereiro de 1989, Fernando Henrique Cardoso era Senador.
Sarney, o presidente.
Os Planos Cruzado I, Cruzado II, Bresser e Verão não tinham conseguido resolver o problema da inflação.
Dois anos antes, o Ministro Funaro tinha decretado a moratória da divida externa, porque o Brasil não tinha um centavo de dólar em caixa.
A campanha presidencial estava nas ruas, e o Dr. Roberto Marinho ainda não sabia se apoiava Mario Covas, Orestes Quércia ou Guilherme Afif Domingues (iluminadamente assessorado por Paulo Guedes, hoje "colonista" do Globo).
Qualquer um, desde que não fossem o Lula ou o Brizola.
A Veja e a Globo ainda não tinham feito de Collor o Salvador da Pátria, “O caçador de marajás”.
Por aí se vê que a situação era confusa.
Tão confusa que, mais tarde, o Fernando Henrique só não foi Chanceler do Collor porque o Covas não deixou.
Em fevereiro de 1989, este ansioso blogueiro era editor de Economia na Rede Globo e tinha a mania de guardar papel.
E o Senador lhe enviou o programa “Os desafios do Brasil e do PSDB, documento elaborado pela Comissão Diretora Nacional Provisória para discussão nas bases partidárias”.
O bilhete anexo dizia:
Paulo Henrique,
Receba aí o parto da montanha. Deu trabalho alinhavar. O difícil, como você sabe, não é fazer programas (somos nisso especialistas). O difícil é ter votos … Mas teremos. Um abraço Fernando Henrique
Cinco anos depois, ele teve os votos e se elegeu Presidente.
O documento tem pontos interessantes.
Defende o parlamentarismo.
Os tucanos e o Cerra principalmente defendem o parlamentarismo sempre que estão FORA do poder.
(O documento não defende o “voto distrital”, um dos pontos cardeais dos tucanos de hoje – clique aqui para ler o que diz Henrique Fontana, relator o projeto de reforma política e defensor do voto proporcional misto.)
O documento joga pesado na “dívida externa” – o PSDB vai pagar a dívida sem inviabilizar o desenvolvimento do país.
E, se preciso for, tomará medidas unilaterais para proteger o país.
Seria uma nova moratória?
Ou o PSDB jogava para a plateia?
Não foi o que fez o Presidente Fernando Henrique, que, por três vezes, bateu às portas do FMI.
No capítulo “resgate da dívida social”, não há qualquer menção ou defesa de um programa sequer parecido com Bolsa Escola ou Bolsa Família, sobre os quais os tucanos invocam a paternidade.
Ao contrário.
O documento critíca os “populistas” (clique aqui para ler sobre “populismo” e Jango em “Ferreira revisita Jango e Gaspari leva um tiro no peito”).
Não aceita qualquer tipo de “compensação social”, mas “justiça social”, que “requer discernimento, continuidade, investimentos, progresso técnico e, obviamente, fortes pressões redistributivas”.
Ou seja, trololó.
Ainda na “política de redistribuição de rendas”, o documento avisa que “o sistema tributário será progressivo”.
Não foi.
O Governo do PSDB não aumentou o imposto dos ricos ou diminuiu o dos pobres.
Foi, aí, outra peripécia dirigida à plateia.
E a privatização.
A privatização sempre foi centro do programa, a sua razão de ser.
Onde for correto privatizar, o PSDB privatizará.
O critério fundamental para essas decisões há de ser a subordinação ao interesse nacional e desse ao interesse popular”.
E, nessa linha de obediente subordinação, ele e o Cerra venderam a Light e seus bueiros com um sorriso nos lábios.
A Vale – está neste vídeo histórico.
A telefonia ao passador de bola, com aquela advertência inesquecível – “se isso der m… “.
Quase venderam o Banco do Brasil e a Caixa (como atesta esse documento do Ministério da Fazenda de seu Governo).
Abriram uma brecha na política de exploração de petróleo e começaram a desmanchar a Petrobras, para transformá-la na Petrobrax.
É o que fariam os tucanos, com a ajuda da Chevron – veja a prova no documento do WikiLeaks que trata da conversa com a Chevron, em plena campanha presidencial –, tivesse o Padim Pade Cerra sido eleito em 2002 ou em 2010.
Amigo navegante, que sorte a da Dilma, hein?
Pelo jeito, este é o mesmo PSDB que vai para a eleição de 2014.
Com o programa de fevereiro de 1889.
Desculpe, revisor: 1989.
Paulo Henrique Amorim

O monopólio e a liberdade

Imaginemos, já que a isso não nos impedem, o que seria da França de 1789 a 1793, se os mais de duzentos jornais que circularam em Paris pertencessem a um só homem. Se esse homem fosse girondino, a revolução seria paralisada e contida; se fosse jacobino, nada a moderaria, em sua incontida fúria durante o Terror. Ampliemos essa hipótese, e imaginemos que todos os meios de comunicação do mundo pertençam, em um futuro qualquer, a uma única empresa. Como todos sabem, o acionista majoritário de qualquer empresa tem mais poder em seu universo de mando, do que o chefe de estado democrático, dependente de dois outros poderes em vigilância permanente.
Pensemos agora no Sr. Rupert Murdoch e seus duzentos veículos de comunicação na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália, com interesses também poderosos na América Latina e na Ásia. Há 58 anos, Murdoch era herdeiro de um pequeno jornal em Adelaide, na Austrália. Pouco a pouco foi expandindo a sua rede no país e, quando pôde chegou à Grã Bretanha e aos Estados Unidos. Como todas as grandes empresas de comunicação, o seu império tem uma ideologia e, nos países em que atua, seu partido e homens públicos de sua confiança. Murdoch sabe que, nos tempos modernos, os partidos já perderam seus princípios ideológicos, e que tanto os conservadores como os trabalhistas, na Grã Bretanha, quanto os republicanos nos Estados Unidos, são separados por frágeis artifícios retóricos.
Foi assim que, depois de apoiar os governos de Thatcher e Major, na Inglaterra, somou-se a Blair e a Gordon Brown, e, agora, seus jornais estão na retaguarda de David Cameron. Nos Estados Unidos, no entanto, Murdoch ainda não “digeriu” Obama. Continua fiel aos republicanos de Reagan e dos dois Bushes.
Os jornais de Murdoch que lhe dão mais lucro e leitores são papéis de sarjeta, mas financiam os prestige papers, dos quais se vale para, em linguagem mais séria e elegante, sustentar posições políticas conservadoras. A fim de manter tiragens elevadas, ele aprimorou a técnica dos blood papers famosos, britânicos e não britânicos – como o Bild Zeitung, de Hamburgo, o mais notável dos tablóides da direita alemã. O Bild é tablóide na linguagem e, no formato é tradicional, broadsheet. A linguagem dos tablóides, como a de certos programas populares de televisão, é a mais adequada para o proselitismo político das massas. Os jornalões que possui servem para conferir-lhe o simulacro de respeitabilidade.
A tablodização da política é o grande escopo dos jornais e das emissoras de televisão controladas pelo Sr. Rupert Murdoch, que não é personagem vulgar, como Berlusconi, mas homem de excelente formação universitária em Oxford. Ele, que começou a vida aos 21 anos, editando o jornal da família, sabe muito bem o que determinar aos editores de sua imensa rede de tablóides: é preciso atrair os leitores com um jornalismo policial ágil e de suspense, com a continuidade nervosa das matérias, como nos filmes de Hitchcok. Para isso, todos os meios parecem adequados, entre eles o conluio abjeto entre os chefes de redação e os policiais, como os dirigentes da Scotland Yard, o uso de delatores, detetives e informantes, mediante pagamento e a interceptação telefônica. Convém lembrar a atuação canalha da Scotland Yard no caso do brasileiro Jean Charles (também vítima do News of the World, segundo se informa).
A revelação de que o jornal agiu de forma tão criminosa no caso de Milly Dowler – o que faz seus responsáveis cúmplices de Levi Bellfield, o serial killer que assassinou a menina de 13 anos – só ocorreu recentemente. E foi encontrado morto o jornalista Sean Hoare, que denunciou a prática de escutas ilegais e manipulação eletrônica dos telefones pela redação do jornal de Murdoch. É uma macabra coincidência, se coincidência for – e mesmo as coincidências têm raízes na realidade.
O escândalo está abalando a velha Inglaterra, e o primeiro ministro conservador David Cameron não conseguiu dizer coisa com coisa em seu comparecimento de ontem à Câmara dos Comuns. Sua resposta aos parlamentares da oposição foi pífia. Aos quarenta e cinco anos, o primeiro ministro está longe, muito longe, de homens que ocuparam, no passado, o mesmo cargo. Era bem diferente e distante dos dois jovens Pitt que ocuparam o mesmo cargo no século 18: o “velho”, pai, aos 44 anos, e o “jovem”, filho, aos 24 – ambos gigantes da política, como foi também Churchill no século passado. Foram lamentáveis diante da História os argumentos de Cameron, em pouco diferentes da mediocridade oratória de Thatcher e Major e dos mentirosos Blair e Brown.
O problema é que muitos europeus advogam a extinção da liberdade de imprensa, a fim de impedir crimes como os dos jornais de Murdoch. O problema é outro: é o da concentração dos meios de comunicação em empresas capitalistas que não oferecem informações e opiniões divergentes, mas, sim, vendem escândalos e chantageiam os políticos, além de servirem a projetos ideológicos totalitários.
A liberdade de expressão para todos é necessária. O monopólio da propriedade dos meios de comunicação é nocivo. Uma serve aos homens; a outra serve à tirania e à injustiça.

A nova classe média e os velhos preconceitos

A BBC republica matéria do jornal inglês  “Financial Times” que pode ter lá suas verdades, embora contenha um monte de informações erradas, que não ficam bem a um jornal que se arroga o direito de dar lições econômicas aos países menos desenvolvidos.
Diz que há uma luta entre duas classes médias: a “antiga” e a “moderna, formada pelos  milhões de brasileiros que ascenderam ao mundo do consumo durante o governo Lula.
“O jornal observa que os 33 milhões de brasileiros que deixaram a pobreza para integrar a nova classe média emergente foram os grandes beneficiados pelas políticas oficiais, enquanto a classe média tradicional considera que a situação no período ficou mais difícil. “Os preços da carne e da gasolina dobraram, pedágios nas estradas subiram e comer fora ou comprar imóveis ficou proibitivamente caro”, lista a reportagem”.
Epa, devagar.
A gasolina subiu, sim, mas está longe de ter dobrado de preço. Era de R$ 2,066, em 2003, segundo pesquisa nacional da ANP, contra 2,759 apurados na última semana. Está cara? Está, mas o aumento, portanto, não é de 100%, mas de cerca de 35%, em oito anos. A inflação no período, medida pelo IPCA, foi de 52,6%, o que aplicado sobre o preço da gasolina em 2003 daria R$ 3,15.
E o preço da carne? A arroba do boi gordo, em dezembro de 2002, segundo o Cepea-USP, custava R$ 57,58. No mês passado, oito anos e meio depois, R$ 97,22.  Aumento de 68,8%, contra uma inflação no período de 78,9%.
Estes são, de fato, dois produtos que subiram muito de preço, mas são apenas dois. O  “FT” poderia chegar a outras conclusões com itens que fazenm parte da cesta de consumo das classes A e B, como importados e viagens internacionais e teria resultados absolutamente inversos.
Os imóveis, inegavelmente, estão caríssimos. Faltou dizer que, entre outras razões, é porque há crédito. Isso fez “bombar” os imóveis para a classe média baixa mas, de maneira nenhuma, reduziu a procura por unidades mais caras. Tanto que os lançamentos e as vendas de imóveis de luxo e voltados para a classe média alta deverão permanecer estáveis em 2011, segundo afirma o Sindicato das Construtoras. Outro dia, aqui, a gente mostrou que, no ano passado,. dos 2316 imóveis  lançados  na cidade de Santos (SP), uma das que mais encareceu, 1268 unidades (55%) eram de valor superior a R$ 500 mil.
Quanto ao preço dos pedágios, é melhor que os leitores de São Paulo comentem de quem a classe média deve ter raiva.
As classes A e B não perderam nada. O próprio Marcelo Nery, citado como fonte pelo Financial Times diz que elas tiveram mesmo um aumento real de 10% em sua renda, em dez anos.
Mas um coisa é correta na matéria. Tem muita gente, elitista, que não se conforma em ver os pobres ascenderem, estudarem, terem acesso a bens e serviços como eles.
É o pessoal da “gente diferenciada”, como aquele lá de Higienópolis, que não queria estação de metrô.
E só quer ver de longe o pesoal da classe C, que teve 68% de aumento na renda, no mesmo período.
E que tem agindo em cima de si, uma imprensa incapaz de ajuda-la a ver que o progresso dos pobres é a única saída para que os mais ricos possam viver em algo que não seja uma selva.
Mas é o próprio professor Neri, no final da matéria, que vai ao centro do problema:
“Na avaliação de Neri ao jornal, as mudanças representam um reordenamento da riqueza no país que estava pendente desde a abolição da escravatura, em 1888.”
Em 2011, tem gente que ainda gostaria de conservar a senzala.

MP suspeita de fraude gigantesca na merenda escolar da prefeitura paulistana

As maiores empresas fornecedoras de merenda escolar do país montaram um cartel para fraudar uma licitação de R$ 200 milhões aberta pela prefeitura de São Paulo, segundo suspeita o Ministério Público, após analise de telefonemas e conversas entre funcionários do Grupo Geraldo J. Coan. Os executivos foram grampeados, supostamente, a mando de diretores da própria empresa para monitorar seu quadro de funcionários.
As escutas clandestinas foram arquivadas em CDs confiscados na sede da J. Coan, em Tietê (SP), no dia 1.º de julho do ano passado, durante batida realizada pela promotoria, com apoio da polícia militar paulista. Entre 12 de abril e 9 de maio de 2009, foram interceptadas 1.513 ligações. Algumas gravações que teriam sido feitas em 2006, pouco antes da renovação do contrato da merenda escolar com a prefeitura, mostram um encontro entre empresas fornecedoras de merenda.
Os promotores examinam a amplitude das conversas e as revelações contidas nas gravações acerca dos certames em prefeituras de pelo menos cinco Estados – São Paulo, Minas, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Maranhão. Um procedimento foi aberto para o início da investigação criminal pelo Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Sorocaba (SP) para investigar crime de escuta clandestina e violação da lei.

Mídia golpista convoca protestos de rua

Por Altamiro Borges

Testando o clima político, a mídia demotucana tem atiçado os seus leitores, telespectadores e ouvintes para sentir se há condições para a convocação de protestos de rua contra o governo Dilma. O mote dos filhotes de Murdoch seria o do combate à corrupção, o da “ética”. A experiência a copiar seria a da “revolução dos indignados” na Espanha.

Na prática, o objetivo seria o de reeditar as “Marchas com Deus”, que prepararam o clima para o golpe de 1964, ou o finado movimento Cansei, de meados de 2007, que reuniu a direita paulistana, os barões da mídia e alguns artistas globais no coro do “Fora Lula”. Até agora, o teste não rendeu os frutos desejados. Mas a mídia golpista insiste!

Visão conspirativa?

A idéia acima exposta pode até parecer conspirativa, amalucada. Mas é bom ficar esperto. Nos últimos dias, vários “calunistas” da imprensa têm conclamado a sociedade, em especial a manipulável “classe média”, a se rebelar contra os rumos do país. Parece algo articulado – “una solo voz”, como se diz na Venezuela sobre a ação golpista da mídia.

O primeiro a insuflar a revolta foi Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País, num artigo de 11 de julho. O repórter, que adora falar besteiras sobre o Brasil, criticou a passividade dos nativos, chegando a insinuar que impera no país a cultura de que “todos são ladrões”. Clamando pela realização de protestos de rua, ele provocou: “Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam”.

O Globo e Folha

Logo na sequência, dia 17, O Globo publicou reportagem com o mesmo tom incendiário. O jornal quis saber por que o povo não sai às ruas contra a corrupção no governo Dilma. Curiosamente, o que prova as péssimas intenções da famiglia Marinho, o diário só não publicou as respostas do MST, que desmascaram as tramas das elites (leia aqui).

Já nesta semana, o jornal FSP (Folha Serra Presidente) entrou em campo para reforçar o coro dos “indignados”. No artigo “Por que não reagimos”, de terça-feira (19), o colunista Fernando de Barros e Silva, que nunca escondeu a sua aversão às forças de esquerda, relembrou a falsa retórica udenista do falecido Cansei:

O resmungo dos “calunistas”

“Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que a indignação resulta apenas numa carta enviada à redação ou numa coluna de jornal. Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo?”.

Hoje, 21, foi a vez de Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa do PSDB”. Após exigir que Dilma seja mais dura contra a corrupção, ela cobra uma reação da sociedade. “A corrupção virou uma epidemia... E os brasileiros que estudam, trabalham, pagam impostos e já pintaram a cara contra Collor, não estão nem aí? Há um silêncio ensurdecedor”.

Seletividade da mídia

Como se observa, o discurso é o mesmo. Ele conclama o povo a ir às ruas contra a corrupção... no governo Dilma. De quebra, ainda tenta cravar uma cunha entre a atual presidenta e o seu antecessor. A corrupção seria uma “herança maldita” de Lula. A intenção não é a de apurar as denúncias e punir os culpados, mas sim a de sangrar o atual governo.

Na sua seletividade, a mídia demotucana nunca convocou protestos contra o roubo da privataria tucana ou contra a reeleição milionária de FHC. Ela também nunca se indignou e exigiu que sejam desarquivadas as quase 100 CPIs contra as maracutaias do governo do PSDB de São Paulo. Para a mídia golpista, o discurso da ética é funcional. Só serve para os inimigos!

Acorda Dilma!

É bom a presidenta Dilma ficar esperta. O tempo está se esgotando. A fase do “namorico” com a mídia acabou. Das denúncias de corrupção, que já sangram o governo há quase dois meses, a imprensa partidarizada já passou para a fase da convocação de protestos de rua. Como principal partido da oposição, a mídia retomou a ofensiva. E o governo se mantém acuado, paralisado, sem personalidade.