*Trabalho e supremacia financeira: assista à entrevista do professor Ricardo Antunes, nesta pág, leia também o texto de Dario Pignotti sobre a campanha da The Economist, ou seja, do capital financeiro internacional, contra Mantega **Duas dinâmicas em confronto: vendas do varejo crescem em abril; produtividade cresce na indústria; dólar recua e inflação está em declínio; mas a mídia quer arrocho fiscal, desemprego, Palocci e mais juros (leia a análise de Amir Khair, nesta pág)
Não enxergar o elo entre as ruas e o ciclo histórico costuma
ser fatal às lideranças de uma época. Acreditar que o elo, no caso dos recentes protestos em São Paulo, está no aumento de 20 centavos sobre uma tarifa de transporte congelada desde janeiro de 2011, é ingenuidade. Supor que a ordenação entre uma coisa e outra poderá ser restabelecida à base de cassetetes e pedradas é o passaporte para o desastre. Desastre progressista, bem entendido. A lógica conservadora nunca alimentou dúvidas existenciais ou políticas quanto a melhor forma de manter o caos nos eixos. O colapso do trânsito, inclua-se nesse desmanche o custo e o tempo despendidos nos deslocamentos, é o termômetro mais evidente de um metabolismo urbano comatoso. Cerca de 1/3 dos paulistanos, aqueles mais pobres, residentes nas periferias distantes, levam mais de uma a até mais de duas horas no trajeto da casa ao trabalho. Os tempos indicados são referentes à ida; não consideram o gasto no retorno. Não se produz uma irracionalidade desse calibre sem um acumulo deliberado. O Brasil tem a taxa de urbanização mais alta em uma América Latina que lidera o ranking mundial, diz a ONU. Isso se fez sob a chibata de uma ditadura militar e não poderia ter sido feito exceto assim. Não é figura de retórica dizer que esses ingredientes acionam o pino de cada bomba de gás lacrimogênio e faíscam o pavio de cada enfrentamento irrefletido nas batalhas campais registradas em São Paulo nos últimos dias. Carta Maior saudou a vitória de Fernando Haddad em 2012 por entender,como entende, que ele representa o resgate do cimento da democracia na reconstrução de São Paulo. O trunfo do prefeito é ter sido eleito para isso. Ele tem legitimidade para subtrair espaços à engrenagem opressora e devolve-los a uma cidadania há muito alijada das decisões referentes ao seu destino e ao destino do seu lugar. A capacidade de erguer essas linhas de passagem terá um peso decisivo nas disputas em curso na vida brasileira.(LEIA MAIS AQUI)