Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Governo Dilma já tinha aberto investigação sobre negócios Paulo Roberto Costa – Eduardo Campos

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Os nossos jornais, bons em escândalo e muito ruins em juntar pecinhas,  deixam de informar aos seus distintos leitores as razões de Paulo Roberto Costa, o autor da tal delação premiada, ter arrolado Eduardo Campos como sua testemunha de defesa e, depois, desistido de seu depoimento.
Que negócios, afinal, os uniam?
Quem quiser uma boa pista, procure saber da investigação, aberta há três meses – dia 9 de junho – pela Controladoria Geral da União sobre o uso da antecipação de recursos feita pela Petrobras ao Governo do Estado de Pernambuco, para que este fizesse as obras de modernização do Porto de Suape e do entorno da Refinaria Abreu e Lima, próxima a ele.
E por razões que vêm lá de longe e não se pode separar do “rompimento” entre Eduardo Campos e o Governo Federal.
Vou fazer uma rememoração de fatos, quem sabe haja algum “jornalista investigativo” ainda capaz de seguir as pistas.
Que, afinal, estão todas publicadas nos jornais, esperando apenas que alguém as reúna.
Em 2008, Eduardo Campos e Paulo Roberto Costa assinaram, com direito a ampla cobertura da mídia, um acordo pelo qual a Petrobras anteciparia ao Governo de Pernambuco, R$ 475 milhões para obras de ampliação e aprofundamento de Suape, como antecipação das tarifas portuárias  que teria de pagar pelo uso futuro de suas instalações.
Nada de errado nisso, faz parte do processo federativo delegar obras e prover recursos.
Só que isso colocava diretamente sob o controle do Governo estadual as licitações, contratações e pagamentos, cabendo à Petrobras, simplesmente, repassar recursos à medida em que o projeto avançasse, no que, em administração pública, chamamos de “cronograma físico-financeiro”.
Mas a coisa, em Pernambuco, não andou. E só em 2011, com a interveniência da Secretaria Especial de Portos do Governo Federal – comandada, aliás, pelo PSB – foi dada a ordem de serviço para o início das obras de dragagem, festejada pelos socialistas.
Elas foram licitadas  e contratadas com base apenas no projeto básico e tiveram um reajuste  de R$ 62 milhões no preço, de R$ 275 milhões para R$ 337 milhões.
Em maio de 2013, a obra de dragagem  - ganha pela holandesa Van Oord – foi interrompida por falta de pagamento.
A Secretaria de Portos da Presidência (SEP)  parou na metade o repasse de verbas, porque rejeitou as prestações de contas apresentadas pela administração do porto, ligada ao governo estadual.
Além disso, como narrou, na época, o Estadão, “a SEP diz que os custos de mobilização e desmobilização da obra em Suape são muito superiores aos praticados em 14 portos brasileiros. O valor orçado é quase o dobro do maior preço pago em outras unidades. Gestores do porto alegam que os equipamentos usados ali são diferenciados, o que eleva os preços.”
O Governo Dilma não recuou diante das pressões de Campos pela liberação e é o próprio jornal paulista quem diz que o episódio Suape “ foi causa de embate entre Dilma e Campos”.
E o processo avançou para o inquérito aberto pela CGU, órgão diretamente subordinado à Presidência, com base naquele antigo documento, de 2008, ” assinado pelo então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, hoje preso no Paraná por conta de supostos desvios de recursos públicos empregados na refinaria de Abreu e Lima; o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República; e o presidente do Porto de Suape na época, Fernando Bezerra Coelho, ex-ministro de Integração Nacional no governo da presidente Dilma Rousseff, aliado de Campos e candidato ao Senado por Pernambuco”.
Fernando Bezerra Coelho, aliás, tem irmão, cunhada e filho na lista do doleiro Alberto Youseff.
Todas as informações elencadas aqui são públicas e publicadas antes do acidente fatal de Eduardo Campos, que podia se defender delas.
Restringem-se a fatos e processos administrativos e não contêm, como reclama Marina, qualquer “ilação”.
Mas provam, de maneira inequívoca e factual como o Governo Dilma, há mais de um ano, investigava a regularidade dos negócios de Paulo Roberto Costa e, especificamente, aqueles em que teve entendimentos com o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Como a imprensa brasileira faz política eleitoral  e não jornalismo, ainda está avaliando se “deixa” que este quebra-cabeças seja montado aos olhos de seus leitores, aguardando para ver se “interessa” ou não aos seus planos políticos.
Mas, pessoalmente, acho que não dá para “segurar”.

“NÃO DAREI À IMPRENSA UM CARÁTER QUE ELA NÃO TEM”

PML: MARINA USA DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS PARA 'NOVO'

A arca de Marina e o dilúvio antipetista

Demitido por Dilma em 2012, Paulo Roberto Costa era funcionário de carreira da Petrobrás há 33 anos; em 1997, no governo do PSDB, foi nomeado diretor da área de gás por Fernando Henrique Cardoso, informa o blog 'Tijolaço'

Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobrás que agora recorre à delação premiada, foi demitido da estatal em 27 de abril de 2012: na época, a decisão conjunta de Graça Foster e da Presidenta Dilma Rousseff irritou partidos e políticos
 
7 de setembro: 'A única vez que escutei Marina falar de independência foi para mencionar a independência do Banco Central.

Jatinho do PSB: ex-diretor da Petrobrás demitido por Dilma cita Eduardo Campos na lista de beneficiados por propinas que podem decifrar o mistério do jatinho da candidatura Marina;lista envolve também nomes do PP, PMDB e PT

Lula: 'Padilha, gente, tá na hora de a nossa propaganda na televisão falar de política

 


As eleições deste ano definirão se o PT continuará ou não a ser a viga estruturante do campo progressista a partir de 2015. Dentro ou fora do Planalto.

por: Saul Leblon

Lula foi ao ponto. Em encontro com a militância na 6ª feira, em São Paulo, o ex-presidente enfrentou abertamente a perplexidade que toma conta do campo progressista, diante do dilúvio que junta o dinheiro, a intolerância e o golpismo contra Dilma.

A perplexidade é proporcional ao aluvião que a inspira.

Há lugar para todos na arca de Marina. Fosse vivo, almirante Pena Boto, que presidiu a ‘Cruzada Brasileira Anticomunista’ nos anos 50/60, estaria dentro.

Catalisado pelo bordão omnívoro do ‘tudo, menos o PT’ o comboio ganhou agora a ilustrativa adesão do Clube Militar. Seus atributos dispensam apresentações; assinado pelo General Clovis Purper Bandeira, ex-ABIN e ex-aluno da Escola de Guerra dos EUA, o manifesto de apoio confere a Marina, em seus múltiplos significados, o apanágio de ‘ fio da esperança’ para derrotar o ‘lulopetismo’.

Nem em 1964 a espinha conservadora reuniu vertebras tão numerosas e de calcificação tão variada contra Jango.

O golpe recorreu aos tanques por carecer de uma liderança carismática.

Agora não precisa.

'Nosso problema não é falta de obras (para mostrar), é falta de política!”, advertiu Lula, diante do aluvião que já lambe a cintura do campo progressista.

Depois de criticar a opacidade geral da propaganda do partido, o ex-presidente alvejou o centro do alvo: ‘Ficamos economicistas. Um peão votar em patrão (Skaf)!? Isso era impensável! Temos que demarcar o campo de classe nessa eleição. Nossa propaganda na televisão tem que falar de política; (pelo amor de Deus) reservem pelo menos um segundo para falar de política!’

Não qualquer política.

Lula está falando de economia concentrada.

Concentrada no conflito de interesses decorrente do lugar que os homens e mulheres ocupam na estrutura da sociedade.

Seja dentro de uma fábrica ou em uma mesa de negociação.

Mas também no orçamento do Estado. Na destinação que lhes cabe da riqueza .

Na forma como essa repartição é regulada.

Na fatia apropriada pelos fundos públicos...

É dessa política que carece a propaganda do PT.

Lula fala do que vivenciou.

A experiência sindical ensinou ao torneiro mecânico que a paz social nunca é menos que a repressão dos oprimidos.

A engrenagem das demarcações históricas impregnou seu metabolismo nas assembleias e bastidores das grandes greves operárias dos anos 70 e 80 no ABC.

Por mais que o exercício do poder tenha sugado esse sangue, a memória não se perdeu.

A memória histórica é um pedaço do futuro.

Seu esquecimento não raro reitera o passado.

A memória vivida explica a argúcia de Lula ao atribuir ao PT parte da responsabilidade pela irresistível promessa de Marina.

A promessa de reunir os bons, quem sabe os puros, de qualquer forma os melhores.

Enfim, os homens e mulheres pios de um país desafortunadamente esgotado pela ‘polarização PT-PSDB’, como diz a candidata eólica, cujo programa emula os ventos da conveniência.

Lula sabe: Marina é a rosa dos ventos conservadores.

Fixou-se nela o ponto de coagulação de uma sociedade doutrinada diuturnamente pelo jogral do Brasil aos cacos, para o qual a mídia não se cansou de bombear água do antipetismo na última década.

Até que o dique se rompeu. Na conveniente dissipação das fronteiras políticas vocalizada por Marina Silva.

É sobre elas que Lula fala.

E pede urgência na restauração de um partido capaz de avivar o discernimento da sociedade para o arame farpado submerso nas águas indivisas do ‘tudo, menos o PT’.

A politização que Lula cobra ---em contraposição ao economicismo dos que preconizam derivar a sociedade justa da boa gestão macroeconômica, necessária mas insuficiente -- não é apenas um recado para esta eleição.

É um imperativo de aggiornamento histórico, do qual o escrutínio de outubro é um capítulo hercúleo e dilacerante, mas que não pode mais ser visto como um ponto de chegada.

Tornou-se um ponto de partida, independente do desfecho.

Em algum momento seria preciso dizer isso.

Lula começou a fazê-lo.

Uma parte do que se pode --e se deve-- arguir na candidatura de Marina também se pode --e se deve-- incluir na lista dos débitos a serem corajosamente debulhados pelo PT.

Marina aspira passar uma borracha na cisão que ordena o capitalismo brasileiro sem alterar a sua estrutura, mas consagrando-a integralmente às leis da pureza mercadista na economia; e da ‘verdade eleitoral’ das candidaturas avulsas, na política.

É assim que o aluvião conservador pretende erradicar o mal pela raiz: liquefazendo o papel do Estado no desenvolvimento e erradicando os partidos na democracia.

Marina fantasia uma ruptura que reafirma as balizas do regime ‘sujo’ que promete purificar.

Não sabia, mas viajava num jatinho turbinado no caixa dois das propinas mediadas por um ex-diretor da Petrobrás, demitido pela ‘gerentona’ Dilma Rousseff. Assim como se aninha na confortável tutela de uma herdeira do banco Itaú; e aquiesce às bordoadas eletrônicas do impoluto Silas Malafaia; como tampouco estranha a ecumênica adesão dos apetites de um Roberto Freire, Serra, Bornhausen e sucedâneos.

Não importa.

A seita dos bons inscreve-se na constelação das verdades transcendentais. Marina tem seu projeto blindado à crítica nos seus próprios termos e consequências.

A infalibilidade de sua roleta bíblica mimetiza na esfera divina a auto- regulação evocada pelos livres mercados na realidade profana.

Nela se incorporam as duas coisas para formar uma esférica camuflagem do obscurantismo com o rentismo.

Não se escapa desse ardil apenas com a listagem de obras na publicidade eleitoral.

Quando Lula sacode a propaganda do PT pelos ombros e diz que é preciso politizar a disputa, demarcar o campo de classe, é porque sabe que esse é o ponto em torno do qual a natureza omnívora e messiânica da ‘arca dos bons’ se revela.

É a chance de abrir um rombo no casco na arca de Noé da candidata eólica.

Mas encerra também uma advertência ao PT.

Minimizar o campo de classe é desintegrar-se em uma gelatina a partir da qual ‘peão vota em patrão’.

É facultar a Marina terceirizar a moeda, o juro, o câmbio e o salário aos mercados como se fosse uma operação épica de assepsia no intervencionismo sujo, corrupto -- petista.

Marina é a luva descartável de uma higienização antipopular promovida periodicamente pelas elites locais e estrangeiras na história do país.

Sua arca reúne espécies da cepa de 32, de 54, de 56, de 64, de 69, de 2005 ... mas ela finge não saber disso.

Denunciá-lo não é a política do medo, mas a da verdade histórica, como afirmou a Presidenta Dilma.

O PT nasceu abrigado na certeza de que o socialismo é a democracia levada às últimas consequências.

Emparedado entre a queda do muro de Berlim, e a hegemonia do neoliberalismo, apegou-se à fresta que hoje se revela uma imensa avenida na crise conjunta da representação política e de estagnação capitalista em todas as latitudes.

A meca de Marina, ao contrário, é levar a financeirização da sociedade às últimas consequências.

A ambientalista direcionou sua trajetória à boca de um funil do qual muitos emergiram do outro lado na forma de um resíduo histórico.

Quer levar o Brasil nessa aventura.

São projetos ontologicamente antagônicos nos seus meios e fins.

Como então as propagandas e práticas eleitorais podem se assemelhar, ‘ a ponto de peão votar em patrão’?

A resposta que Lula cobra do PT a menos de 30 dias das urnas não vai apenas definir a vitória ou a derrota em 4 e 26 de outubro.

A resposta cobrada tem um tempo histórico de maturação mais longo e convoca um vigor de engajamento mais denso.

A resposta vai definir se o PT continuará ou não a ser a viga estruturante do campo progressista brasileiro a partir de 2015.

Dentro ou fora do Planalto.

A ver.