Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Franklin Martins: Constituição está do lado de quem quer democratizar a comunicação

Franklin Martins recordou a omissão do Congresso 
em regulamentar o que a Constituição diz
sobre comunicação
Fotos: Ramiro Furquim/Sul21
Cumprir uma série de aspectos previstos pela Constituição de 1988, até hoje negligenciados, seria um enorme passo rumo à democratização dos meios de comunicação. Este foi o entendimento unânime entre os seis palestrantes do painel “Regulação e Liberdade de Expressão”, realizado na tarde desta quinta-feira (3), na Escola Superior da Magistratura (ESM), parte da programação do seminário Democratização da Mídia. Entendimento resumido no gesto do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Franklin Martins, que brandiu a Constituição ao final de sua fala, ressaltando que para democratizar a comunicação não é preciso defender nada que não esteja previsto pela Carta Magna.
O ex-ministro contou que o jurista Fabio Konder Comparato tem uma ação no STF contra o Congresso, pela omissão dos parlamentares que até hoje não regulamentaram a maior parte dos trechos da Constituição que dizem respeito à comunicação. Já se vão mais de 20 anos. Franklin Martins também jogou duro com os grandes veículos que tentam “interditar o debate” sobre a regulação da mídia.
“Como as leis não são cumpridas, existe um ambiente de vale-tudo. Não querem que haja um debate aberto, público, transparente sobre comunicação”, disse. Esta interdição do debate, feita geralmente com a imprensa acusando quem luta pela regulação de tentativa de censura, também foi fortemente criticada por ele. “Dizer que regulação é censura é conversa mole, para boi dormir. Sou visceralmente contra a censura, lutei contra a ditadura do início ao fim e me orgulho muito disto. Enquanto alguns aceitaram a ditadura, aceitaram até mesmo a autocensura. E quando o povo pediu democracia, se insurgiram contra o povo”.
Interdição do debate
Franklin Martins ilustrou dois momentos em que seu trabalho como ministro foi descontextualizado por meios de comunicação, para que não houvesse um debate claro sobre a regulação da mídia. Um deles foi durante a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Naquela ocasião, o ministro deixou muito claro que o governo não adotaria medidas que usassem a expressão “controle social” por considerá-la ambígua. Ao final dos trabalhos, apenas uma das mais de 600 resoluções da conferência tinha esta expressão. “A cobertura acabou sendo toda em cima desta expressão”, contou.
Outro episódio ocorreu quando um seminário trouxe integrantes de órgãos reguladores de mídia de várias partes do mundo para explicar como funciona a regulação em seus países. Segundo Franklin, normas de conteúdo em países como Inglaterra e França tratam apenas de assuntos “extremamente óbvios”, como o respeito à criança e ao adolescente. Ainda assim, novamente grandes veículos da imprensa brasileira falaram em tentativa de cercear sua liberdade.
O ex-ministro ressaltou que grandes empresas de comunicação erram ao não querer debater o tema – algo que fizeram, por exemplo, quando se recusaram a participar da Confecom. Franklin Martins alertou que, com a convergência de mídias, as teles irão engolir as empresas de comunicação caso não haja uma regulação sobre sua atuação.

Pinóquio mente, o grilo falante é sua consciência
Blogosfera é o grilo falante da imprensa”
Martins ressaltou ainda que já vê em curso uma democratização dos meios de comunicação, graças às tecnologias digitais e em especial à internet. Nos últimos anos, os custos de produção baratearam para qualquer mídia, desde a gravação de discos até a produção de filmes. Eliminando barreiras inerentes à mídia impressa, como as de distribuição e impressão, a internet barateou e facilitou muito a disseminação do conteúdo.
Além disto, Martins defendeu que há uma revolução promovida pela blogosfera, que está em comentar e até desmentir rapidamente um conteúdo veiculado pela imprensa. Ele exemplificou isto com dois casos recentes: uma coluna de Roberto Jeferson para a Folha de São Paulo que foi detectada como plágio, e o caso célebre da bolinha de papel durante as eleições presidenciais no ano passado. “Costumo dizer que a blogosfera é o grilo falante da imprensa. Pinóquio pode mentir muito, mas tem o grilo falante lhe dizendo que errou”, disse.
“Se consolidam grupos proibidos pela Constituição”, diz pesquisador
Venício: Constituição proíbe formação 
de oligopólios de comunicação
Como Franklin Martins, os demais painelistas ressaltaram que uma série de leis, ou de trechos da Constituição não regulamentados, se cumpridos, já contribuiriam muito para a democratização dos meios de comunicação. O jornalista e sociólogo Venício Lima ressaltou que é preciso regulamentar vários pontos que estão previstos pela Constituição, como a criação de conselhos estaduais de comunicação. De 1988 para cá, apenas a Bahia já criou seu conselho. Mesmo assim, o fez apenas em abril de 2011, e ainda nem conseguiu instaurá-lo de fato. Agora, o Rio Grande do Sul pode ser o segundo estado a cumprir o que determina a Constituição.
Venício lembrou que a Carta Magna também impede a criação de oligopólios de comunicação. Mas para que isto se dê na prática é preciso regulamentar, por exemplo, a propriedade cruzada. “Se consolidam grupos proibidos pela Constituição e que contrariam uma norma fundamental para a democracia”, afirmou.
A jornalista Bia Barbosa, integrante do Conselho Diretor do coletivo Intervozes, que luta pela democratização da comunicação, saudou o fato de o debate ser promovido pela magistratura gaúcha, tendo em vista que o STF tem sido um ator da desregulamentação da mídia. Em decisões recentes, o Supremo determinou o fim da Lei de Imprensa, que definia o direito de resposta, entre outras questões, e a desregulamentação da profissão de jornalista. “Estou contente porque o debate está chegando a um ambiente em que antes não chegava”, também ressaltou a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP).
Ambas também ressaltaram que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está barrando a atuação do Conselho de Comunicação Social do Senado. Órgão previsto em lei regulamentada em 1991, só teve sua criação efetiva em 2004. O conselho é formado por treze integrantes da sociedade civil, com dois anos de mandato cada. Após o final do segundo mandato do Conselho, em 2007, o Senado não nomeou mais ninguém e o órgão está parado desde então. Erundina revelou que já acionou o Ministério Público para que o Senado cumpra a lei.
Bia Barbosa, por sua vez, também ressaltou outros descumprimentos flagrantes da legislação do país. Um deles é o das emissoras que apresentam venda de produtos 24 horas por dia – só é permitida a publicidade em 25% da programação de um canal. O Intervozes tem uma ação na Justiça contra estas emissoras que tramita há quatro anos, sem previsão de final. Além disto, falou sobre as concessões irregulares. Segundo ela, 36 das 39 FMs da Grande São Paulo operam com concessões irregulares. “Algumas operam em uma cidade, mas têm concessão para atuar em outra. Muitas têm concessões vencidas há anos”. Venício Lima também citou uma pesquisa em que 50% de uma amostra de emissoras estavam em nome de laranjas.
O próprio Congresso desrespeita a lei
Erundina: "Sou uma voz isolada no Congresso"
Vários dos painelistas também citaram uma das maiores afrontas à legislação: o descumprimento dos próprios congressistas da lei que veda a eles serem concessionários de serviços públicos. Não à toa, a deputada Luiza Erundina disse que se sente isolada no Congresso na luta pela democratização da comunicação. Ela revelou que nem seu próprio partido, o PSB, nem seus aliados de primeira hora como o PT e o PC do B apoiaram uma Ação de Inconstitucionalidade contra as concessões de radiodifusão de deputados e senadores – apenas o PSOL assinou a ação.
Erundina contou também que os deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informação da Câmara (CCTCI) dão pareceres favoráveis a outorgas de concessão de radiodifusão sem o menor subsídio para analisá-las. Ela revelou que já tentou diversas vezes aprovar requerimento para audiência pública em que as emissoras sejam inquiridas pelos deputados antes de terem sua concessão renovada por 15 anos. “Os meus colegas não deixam nem que haja quórum para votação dos requerimentos, para que não fique sequer evidente quem é contra e quem é a favor”, disse. “Eu tenho tentado só chatear, porque sou uma voz isolada”, completou.
O desembargador do TJ-RS, Eugênio Facchini Neto, alertou que este comportamento dos congressistas pode levar o debate da comunicação a um círculo vicioso, uma vez que um marco regulatório precisaria ser aprovado pelo Congresso. “Vimos aqui neste seminário a dificuldade que há no Congresso, devido a interesses nem tão ocultos de seus membros”.
“Brasil está muito atrasado”, defende jornalista
O chefe-de-redação do jornal O Sul, Elton Primaz cobrou que o governo federal apresente um projeto de marco regulatório. Segundo o jornalista, esta seria a melhor maneira de colocar na mesa um debate claro, de mostrar para a sociedade que não há intento de impor censura aos meios de comunicação como insistem os grandes veículos de comunicação. “Sou pessimista devido à demora do governo em apresentar proposta. No momento em que tiver uma proposta, a sociedade poderá ser informada sobre o que é de fato o marco regulatório”.
“Há uma tentativa de causar confusão entre marco regulatório e censura. O que há hoje é uma censura por parte dos veículos sobre a democratização da comunicação”, completou. Primaz também traçou um breve histórico da regulação dos meios de comunicação em outros países. Os Estados Unidos, apontou, já têm regulação de mídia desde 1930. A Argentina avançou com a Ley de Medios aprovada há dois anos. “O Brasil está muito atrasado”, resumiu.
Felipe Prestes

Entrou areia no Golpe. Justiça derruba liminar do ENEM - TRF-5 decide suspender liminar sobre anulação de questões do Enem




Decisão foi anunciada pelo presidente do TRF-5, Paulo Roberto Lima. Anulação só fica mantida para alunos de colégio de Fortaleza (CE).


Pernambuco


O presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), no Recife, desembargador Paulo Roberto de Oliveira Lima, suspendeu a liminar concedida pela Justiça Federal do Ceará e que anulava as 13 questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para todo o Brasil, na manhã desta sexta-feira (04). Segundo a decisão, a anulação só fica mantida para os 639 alunos do Colégio Christus, de Fortaleza (CE), que tiveram acesso às questões antes e agora terão suas notas recalculadas. O Ministério Público Federal do Ceará já informou que vai recorrer da decisão do TRF-5.


A determinação atende justamente à intenção do Ministério da Educação (MEC), que era restringir a decisão da Justiça aos alunos do Colégio Christus. “A liminar considerada atinge a esfera de interesses de cerca 5 milhões de estudantes, espraiando seus efeitos para o ingresso deles nas várias universidades públicas do país, com repercussão na concessão de bolsas, na obtenção de financiamentos e na orientação de políticas públicas. O assunto é grave e influi, sim, na organização da administração”, diz o presidente do TRF-5 em sua decisão.


O desembargador Paulo Roberto de Oliveira Lima comentou ainda que nenhuma solução seria completamente boa. “Isso é próprio dos erros: quase nunca comportam solução ótima. Anular ‘somente’ as questões dos alunos beneficiados não restabelece a isonomia. É que eles continuariam a gozar, para o bem ou para o mal, de situação singular – afinal a prova, para os tais, findaria com menos questões. (…) De outro lado, anular as questões para ‘todos’ os participantes também não restauraria a igualdade violada. Nenhuma das soluções tem condições de assegurar, em termos absolutos, a neutralidade e a isonomia desejáveis”, concluiu.


(…)




Todo ENEM será assim: o PiG (*) e os cursinhos tentam o Golpe.
Os tucanos correm atrás dos tanques do Golpe.
E acabam por eleger o Haddad.
São uns jenios !

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

ATENTADO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO: RBS CENSURA PASSAGEIRO DE BARCO QUE IA ELOGIAR TARSO GENRO

terça-feira, 1 de novembro de 2011

No último dia 28, durante a exibição do "Bom Dia Rio Grande" (até o nome do "telejornal" matutino tem dois erros grotescos), uma daquelas moças que seguram o microfone para fazer perguntas aos populares entrou ao vivo no meio de uma reporcagem a respeito da viagem inaugural do catamarã entre Porto Alegre e o município de Guaíba, sobre as águas do famoso estuário gaúcho. A ordem era encontrar alguém que elogiasse a paisagem descortinada durante a travessia.
A moça encontrou o cara. Até combinou com ele o que deveria ser dito. (Mas...bah, guria! Erraste até o nome do vivente?) Eis que o cidadão-navegante começa a falar. E, ajudado pela prenda do microfone, ele elogia a paisagem, de modo tão espontâneo e comovente, que resolveu, de última hora, agradecer ao governador Tarso Genro. Imediatamente, o diretor do programa berra no ouvido da moça para que ela interrompesse a fala do gaudério.
Conforme apuramos com um funcionário da camorra midiática sulista, os veículos do Grupo RBS estão orientados a publicar ou dizer o nome do petista apenas em situações negativas.
 
Clique no vídeo abaixo e comprove.

ENEM: Haddad não pode ser prefeito de SP.

O clip de encerramento do Bom (?) Dia Brasil desta sexta-feira entrega para o programa da Urubóloga (em reconfortantes férias) com duas imagens: um cartaz pede a anulação total do ENEM; outro cartaz diz que o ENEM é uma vergonha nacional.

É a confirmação de que o ENEM não tem nada a ver com o Ensino ou a punição do autor do crime cometido em Fortaleza para beneficiar alunos do cursinho Christus.

Como se viu no post
“Haddad pode ser a bola da vez”, o ENEM é tema de implacável investigação da liderança do PSDB na Câmara dos Deputados.

Por que, amigo navegante ?

Porque, como diz o Estadão, o Haddad pode destronar os conservadores que mandam em São Paulo.

Segundo a Folha (*), na pág. A8, com a saída de Marta Suplicy da disputa,
o Padim Pade Cerra também sai.

Porque os tucanos e a Folha (*) supõem que seja mais fácil derrotar Marta do que Haddad.

Trata-se, portanto, de uma questão de vida ou morte para os tucanos de São Paulo: é preciso abater Haddad antes de alçar vôo.

Como ?

Com a ajuda do autor do crime cometido em Fortaleza, aquele que passou as provas aos alunos do cursinho.

E emparedar o Haddad no ENEM – esse desastre irremediável, que leva o pobre à universidade e detona o monopólio da elite obscurantista de São Paulo, que, por definição, é separatista.

O ENEM ganha, assim, uma nova dimensão.

Destruí-lo não é apenas uma forma de combater o acesso do pobre à universidade.

É uma forma de impedir o acesso do Haddad à Prefeitura de São Paulo.

Só isso.

Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

 

 

Marcos Coimbra: A corrupção e a falsa tartaruga de Alice

por Marcos Coimbra, em CartaCapital
Em uma das passagens mais conhecidas de Alice no País das Maravilhas, a heroína entabula um diálogo com a Falsa Tartaruga, um ser melancólico, sempre triste por ter deixado de ser uma tartaruga de verdade.
A alturas tantas, a tartaruga relembra os dias na escola e as matérias que estudara: “Reler e escrevinhar, é claro (…) e os diferentes ramos da aritmética: Ambição, Distração, Enfeiamento e Escárnio”. Quando a menina lhe pede que explique o que quer dizer o terceiro, ela responde: “Você sabe o que é embelezar, imagino (…) então você sabe o que é enfeiar”.
A mídia conservadora brasileira é uma espécie de Falsa Tartaruga. Ela não hesita no emprego de sua peculiar aritmética de enfeiar, confundir e escarnecer.
Sua proeza mais recente é a fabricação de uma conta sobre o tamanho da corrupção no Brasil, seguida de sua difusão maciça. Faz como ensinava um famoso propagandista alemão: para transformar uma mentira em verdade, é preciso repeti-la mil vezes.
Hoje, ela fala em 85 bilhões de reais anuais, como se pode ver na capa da principal revista da direita nativa. Ontem, eram 70 bilhões. Amanhã, sabe-se lá. E não importa. O relevante é trombetear uma cifra que impressione, qualquer que ela seja.
A mídia conservadora pega o número e o põe nas manchetes, na boca de comentaristas televisivos, em suas “análises”. Ficam todos compungidos com o tamanho do problema. Como se não fosse ela mesma que lhe deu a dimensão que tanto a assusta.
Tudo começou com a divulgação de um estudo do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, que tinha a intenção de estimar os “custos econômicos da corrupção” no Brasil. Como passou a ser referência, vale a pena entender o que fizeram seus autores.
Seu ponto de partida foi usar de forma questionável algo banal, os estudos sobre percepção de corrupção, que perguntam a determinado público se acha que ela existe e se seria grande ou pequena. Como as respostas decorrem de impressões, o resultado, óbvio, é subjetivo.
Se, por exemplo, a mídia estiver falando muito do assunto, os entrevistados podem imaginar que a corrupção aumentou, sem que tenha crescido um só milímetro objetivamente. Vice-versa, podem achar que diminui enquanto cresce.
O que o estudo da Fiesp fez de mais condenável foi usar uma medida de percepção da corrupção para inferir seu custo real. Inovaram, fazendo algo que, mundo afora, ninguém faz.
Um problema adicional da metodologia é a fragilidade de suas bases de dados. Para chegar à “corrupção percebida”, a fonte são avaliações de técnicos -estrangeiros (vinculados, tipicamente, a empresas de cálculo de risco), somadas a alguns poucos e modestos estudos com empresários brasileiros. Exemplificando: o Fórum Econômico Mundial faz, em média, 98 entrevistas por país; o Institute for Management Development, 83. Qualquer um vê que seu tamanho é insuficiente.
São pesquisas que usam questionários autorrespondidos, o que as complica ainda mais. Quando a Transparência Brasil quis fazer algo parecido, convidou 4 mil empresas, mas obteve apenas 76 respostas. Como imaginar que essas 0,019% sejam representativas, se foram só elas que quiseram participar?
Os técnicos da Fiesp utilizaram o Índice de Percepção da Corrupção (IPC), calculado pela Transparência Internacional para 180 países, e resolveram inventar (verificaram que o Brasil melhorou de 1996 para 2009, mas preferiram deixar isso de lado).
O IPC brasileiro, em 2009, era 3,7 (em uma escala que chega a 10, que significa zero de corrupção percebida). E se nosso índice fosse maior, se a percepção fosse menor?
Mas quanto? Talvez achando que suas especulações pareceriam mais “científicas”, escolheram 12 países a esmo para calcular seu IPC médio. Ficaram, sabe-se lá por que, com Coreia do Sul, Costa Rica, Japão, Chile, Espanha, Irlanda, Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Canadá, Cingapura e Finlândia.
Se a corrupção percebida no Brasil fosse igual (por alguma razão misteriosa) à média desses países, nosso IPC iria para 7,45. E daí? Iria para menos se substituíssemos a Finlândia pela Holanda, “mais corrupta”. Para mais, se trocássemos a Espanha pela Eslovênia, “menos corrupta”. E daí?
Daí vem a prestidigitação do estudo da Fiesp. Tomaram um modelo neoclássico de crescimento econômico e resolveram torná-lo “sensível ao índice de percepção da corrupção”. Para isso se deram ao direito de modificar o modelo (sem dizer como) para “incluir os efeitos da corrupção sobre o crescimento de longo prazo do produto per capita” (embora continuassem a falar, somente, de percepções).
Se, então, nosso IPC fosse 7,45 e se o modelo que inventaram fosse verdadeiro, o produto per capita brasileiro seria 1,36% maior ao ano, entre 1990 e 2008. Como o IPC real é menor, teria havido, nessa lógica estranha, um “prejuízo” (o “custo da corrupção”) de 41,5 bilhões de reais anuais.
E se o IPC brasileiro fosse 10? Se nenhum dos empresários ouvidos achasse que há qualquer tipo de corrupção no Brasil? Se fôssemos o único país do mundo com esse índice (melhor que o da Dinamarca, o “menos corrupto”)?
Aí o “prejuízo” de ter o IPC de 3,7 seria maior. Chegaria a 69,1 bilhões de reais anuais (a preços de 2008), que nossa mídia arredondou para 70 bilhões.
E assim se explicam os números que andam por aí: pesquisas limitadas, metodologias discutíveis, inferências sem fundamento. Eles não dizem simplesmente nada.
Se alguém quiser um exemplo melhor da aritmética da Falsa Tartaruga, vai ter trabalho. Faz tempo que não vemos uma discussão tão sem pé nem cabeça.
Leia também:
Altamiro Borges: Quem será o próximo?

Em Cannes, Dilma defende proposta da OIT para 'bolsa família' global

Rogerio Wasserman
Dilma e Sarkozy em Cannes/Reuters

Presidente sugere que medida seria um caminho possível para o combate às crises econômicas.
A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quinta-feira durante a reunião de cúpula do G20 em Cannes, na França, uma antiga proposta da OIT (Organização Internacional do Trabalho) para estabelecer uma espécie de programa de renda mínima global, em moldes semelhantes ao programa brasileiro do Bolsa Família.
Dilma disse que "o Brasil tem uma experiência exitosa de enfrentar a crise com inclusão social e geração de empregos" e sugeriu que esse seria um caminho possível para o combate às crises econômicas.
Segundo ela, é por essa razão que o país "apoia a tese da OIT de que um piso único de renda global não é filantropia, mas é uma rede de proteção mundial fundamental para enfrentar a crise e que tem um efeito inequívoco contra a crise".
De acordo com a OIT, a proposta oficialmente chamada de Piso de Poteção Social "prevê que cada país deveria incluir na oferta de serviços básicos de saúde, independentemente de contribuição, o pagamento de um benefício básico para famílias com crianças – a exemplo do que o governo brasileiro garante com o pagamento do Bolsa Família, benefícios assistenciais para pobres e desempregados e a manutenção das políticas de garantia de renda para idosos, viúvos, órfãos e inválidos".
Taxa sobre operações financeiras
"A inclusão de 40 milhões de pessoas na classe média foi não somente um impositivo moral, mas também uma questão de eficiência econômica"
Dilma Rousseff, presidente
A proposta da OIT já havia sido endossada pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, anfitrião do encontro, no início do ano.
A presidente brasileira disse ainda em seu discurso que apoia outra proposta defendida pela França, da criação de uma taxa global sobre operações financeiras para bancar programas sociais, desde que ela venha em conjunto com a aprovação da proposta do piso global.
"O Brasil não se opõe a uma taxa financeira mundial se isso (a proposta da OIT) for consenso entre os países a favor da ampliação dos investimentos sociais", afirmou Dilma.
Em um pronunciamento após o encontro, Sarkozy, na condição de presidente de turno do G20, se disse animado com o apoio declarado à proposta da taxa financeira global e citou especificamente os apoios manifestados por Dilma e pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, durante a reunião.

Mensagem para D. Eliane Cantanhede

Amigos,
Tomamos a liberdade de enviar para D. Eliane Cantanhede a mensagem abaixo, distribuída na blogosfera [leia, adiante]. Assim, pelo menos, damos a ela a chance de ler melhor jornalismo - que D. Eliane não faz porque não quer ou porque não sabe, o que não nos interessa nem preocupa, porque esse é o problema da D. Eliane.
O nosso problema é que os leitores consumidores PAGANTES da Folha de S.Paulo e telespectadores PAGANTES da Globo News TEMOS DIREITO a melhor jornalismo que o 'jornalismo' que essas empresas nos impingem. E não teremos melhor jornalismo, enquanto aquelas empresas nos impingirem os 'jornalistas' que nos impingem.
Enganados, sempre, por jornalistas empregados e empresas jornalísticas, no Brasil, somos nós, os consumidores PAGANTES ADIMPLENTES. Até quando, IDEC?!
D. Eliane Cantanhede já foi vista às gargalhadas, no 'sofá da Hebe', exibindo uma cueca estampada com uma estrela vermelha. Às gargalhadas. Nenhum pejo, nenhuma decência, nenhuma elegância.
D. Eliane já deu incontáveis demonstrações de que não tem nem vestígio de qualquer consciência civilizada "das fatalidades humanas, dos erros" - na expressão correta de Aldo Rebelo, deputado comunista, ontem, ao tomar posse no ministério dos Esportes.
Jornalismo e jornalistas que não tenham NEM alguma consciência civilizada "das fatalidades humanas, dos erros", quer dizer, que não tenham NEM ISSO, e vivam de pregar uma 'ética' de 'faça justiça com as próprias mãos', 'ética' de assassinar reputações, 'ética' de condenar e degolar e impedir qualquer julgamento civilizado... Meu Deus! Acordem!
Se esse jornalismo de esgoto e esses jornalistas de esgoto nos fossem dados DE GRAÇA, já dariam prejuízo ao público exposto a esse tragicômico 'jornalismo' brasileiro! Até quando, IDEC, pelo amor de Deus!
O fato de D. Eliane ainda escrever na página 2 da Folha de S.Paulo, mesmo depois daquela cena horrenda, no sofá de D. Hebe, diz muito sobre o que é o 'jornalismo' da Folha de S.Paulo, jornalismo e empresa que já estão em extinção, como todos sabem. Quando o 'jornalismo' da Folha de S.Paulo estiver completamente extinto, o Brasil terá, afinal, preenchido uma lacuna. Chegaremos lá!
D. Eliane tentou carreira como 'âncora' num telejornal que Ana Maria Padrão iniciava, faz tempo. Ali, D. Eliane não durou nem uma semana. Provavelmente, Ana Maria Padrão viu, imediatamente, o que o público veria com certeza. É provável que não tenha querido comprometer o próprio prestígio, aliando-se àquele fracasso. Fato é que Ana Maria Padrão descartou D. Eliane, ainda na fase de testes para o novo telejornal.
Na Folha de S.Paulo, D. Eliane dedicou-se também ao crime de absolver, por conta própria os pilotos do avião Legacy que colidiu com um grande avião de carreira, provocando a morte de 154 passageiros. Os pilotos depois foram condenados em tribunal regular. D. Eliane, evidentemente, não 'noticiou' nem 'colunou' a condenação dos pilotos norte-americanos que ela absolvera 'preventivamente'.
Depois, sempre na Folha de S.Paulo, D. Eliane dedicou-se ao crime de 'ensinar' pessoas a tomarem várias doses de vacinas contra a febre amarela. Nesse caso, D. Eliane, delirante, entendeu que bastaria uma epidemia de febre amarela que ela inventasse e disseminasse, para conseguir derrubar governo democrático, eleito em eleições democráticas, cujo principal defeito, pela avaliação de D. Eliane e de seus capi, era não ser o governo que aqueles capi mafiosos tucano-midiáticos e do marketing-empresa apoiavam, contra a maioria dos eleitores no Brasil.
Da campanha alucinada a favor da febre amarela que D. Eliane comandou, resultaram vários mortos, pessoas que, mal informadas e com medo, tomaram várias vacinas contra a febre amarela, quando os médicos insistentemente recomendavam que se tomasse só uma dose.
Nesses dois casos de 'jornalismo' assassino, D. Eliane mostrou-se 'isenta' à moda da bandidagem. Como aqueles bandidos que, entrevistados, declaram, sem sinal de vergonha ou remorso e às vezes até sorrindo: "amarrei ele e apaguei ele". D. Eliane faz mal ao Brasil. É como uma peste, uma praga. É a neo-saúva (e faz tempo).
Nesta quarta-feira, D. Eliane Cantanhede atacou novamente.
Nesta quarta-feira - no canal Globo News, do sempre mesmo Grupo GAFE (Globo-Abril-Folha-Estadão) - D. Eliane dedicou-se a 'explicar' aos brasileiros, falando da doença do presidente Lula, que "é claro que os médicos apresentam ao paciente uma versão edulcorada das doenças".
Já começa, pois, D.Eliane, a disseminar sua neopeste recém-inventada. Depois de ter matado gente a golpes de vacina contra a febre amarela, D. Eliane já obra, agora, para matar mais gente, de câncer ou de medo.
O Brasil espera que as organizações médicas do Brasil desmintam imediatamente aquele 'jornalismo' nauseabundo de D. Eliane Cantanhede. Mas mesmo que não respondam, todos os que já tivemos ou temos casos de câncer na família, sabemos que bons médicos NÃO apresentam aos pacientes "versões edulcoradas das doenças".
D. Eliane, mais uma vez, mentiu. Mentiu a essa entidade abstrata, chamada "o telespectador". Mas mentiu também a uma entidade nada abstrata, muito real, e que são OS CONSUMIDORES de JORNAIS, REVISTAS E TELEVISÃO, que pagam para obter informação confiável e, no Brasil, são condenados a só receber, como se fosse informação fatual, aproveitável, as imbecilidades opinativas, metidas a 'jornalísticas' de D. Eliane Cantanhede, agora também pela Globo News, e agora também... sobre câncer.
O problema dos brasileiros consumidores pagantes do 'jornalismo' que há é problema sobre o qual poucos falam. E é preciso falar MUITO sobre isso. Essa é uma importante frente de luta contra o jornalismo-empresa - que desgraça o mundo, túmulo de todas as democracias, em todo o planeta. E é uma frente de luta que nos afasta do lodaçal liberal ideológico e fala, diretamente - e fala grosso! - a linguagem dos interesses econômico de empresas jornalísticas e seus anunciantes.
Os consumidores brasileiros já sabem até procurar pela data de validade dos produtos postos à venda nos supermercados. Esses saberes foram conquistas a duras penas, contra as empresas interessadas em vender remédio vencido e, até, remédio falsificado. São conquistas do público, contra, muitas vezes, também os interesses privados das empresas jornalísticas. É é luta que os progressistas vencemos.
Mas esses mesmos consumidores que PAGAM para obter informação, ainda não sabem que 'jornalismo' como o que D. Eliane Cantanhede lhes impinge é risco muito mais mortal que comprar peixe podre, oferecido pelas empresas-imprensa que o produzem como se fosse peixe bom para a saúde.
O que tenha a ver com o engodo propriamente 'jornalístico', muitos já aprenderam a ver e veem. Os que já viram o engodo 'jornalístico', no Brasil, felizmente, já são milhões. Basta ver que, por maior e incansável que tenha sido o trabalho de D. Eliane Cantanhede para conseguir eleger os candidatos de sua falange político-marketada travestida de 'informação' e 'jornalismo', ela fracassou. O Brasil elegeu e relegeu já em três eleições presidenciais, candidatos que NUNCA foram os que pagam para que D. Eliane trabalhe por eles, mas pelos quais, verdade seja dita, ela trabalharia também de graça: essa é a definição perfeita do "fascista sincero".
Pode-se dizer que o problema jornalístico é pequeno - e tem muito mais a ver como futuro do jornalismo-empresa que se faz no Brasil e o futuro dos empregos para jornalistas, do que, propriamente, com o futuro do Brasil e os brasileiros. Diga e deseje D. Eliane o que for, os brasileiros já aprendemos a não crer em suas tolices marketosas fundamentalistas.
A impressão que se tem é que só alguns petistas simplórios (viciados em se-lamentação, que adoram declarar-se perseguidos) e alguns fascistas do PSDB e DEM (quanto menos votos têm, mais aparecem na 'midia'! [risos, risos]. Quem se lembra do 'aguerrido' senador Arthur Virgílio?! [risos, risos]) ainda leem e citam a Folha de S.Paulo e a revista (NÃO)Veja. Tudo isso acabou. Ou acabará completamente, em breve.
Mas o problema dos consumidores brasileiros PAGANTES desse jornalismo podre, esse problema, verdade seja dita, é como se não existisse! Como se não bastasse o problema ser absolutamente invisível no Brasil, não faltam 'jornalistas' e empresas jornalísticas que fazem muito dinheiro, ainda e sempre, hoje, vivendo de 'ensinar' aos consumidores do mesmo jornalismo podre que produzem, que jornalismo podre faz muito bem à saúde e à democracia e deve, sim, ser consumido em altas doses. A essa campanha a favor de jornalismo podre, patrões e empregados jornalistas, no Brasil, chamam "defender a liberdade de expressão"... do peixe podre.
É como se o Brasil já tivesse derrotado o PIG (Partido da Imprensa Golpista) -- que derrotamos nas eleições, só até agora, três vezes!. Mas ainda não derrotamos o Grupo GAFE (Globo-Abril-Folha-Estadão), que continua ativo.
A parte boa é que é preciso ser muito mais e melhor propagandista fascista e divulgador de opiniões de fascistização da opinião pública, para convencer alguém de que opiniões de D. Eliane sobre "médicos" e sobre "câncer" contenham uma vírgula, que seja, de opinião que interessa ao bem de alguém. Nem o mais 'verde' ongueiro de salão burguês acreditaria que o peixe podre também é gente e tem direitos. Isso, essa autoevidência que a maioria já viu e entende, aparece nas eleições.
Amigo nosso, norte-americano, que assistiu ao programa do Canal Globo News, ontem, no qual D. Eliane Cantanhede disse o que disse, e que jamais ouvira falar de D. Eliane Cantanhede - o felizardo! - assistiu àquilo, pelo Canal Globo News, e disse: "Sarah Palin is a better human being. This journalist is a sordid person." Está dito, pois, até em inglês! Jornalismo sórdido. Empresa sórdida. Profissional sórdida. Pessoa sórdida.
Avisem lá aos anunciantes do canal Globo News. Isso, que aqui vai, é a opinião do consumidor PAGANTE: D. Eliane Cantanhede, a Folha de S.Paulo e o canal Globo News, por aqui, NUNCA MAIS!

IDH: Lula está certo, venderam jornal velho


Publiquei um post no blog  Projeto Nacional que, pelo tema, achei conveniente reproduzir aqui:
“Vocês devem ter lido que o ex-presidente Lula, no meio de um sério tratamento de saúde, abalou-se para reclamar dos números do Índice de Desenvolvimento Humano divulgados quarta-feira, com grande estardalhaço.
Nele, o Brasil subia apenas uma posição, ficando em 84° lugar, entre 187 países. E ainda caía, quando levados em conta os indicadores de igualdade/desigualdade social.
Prato feito para nossa imprensa.
Se não é Lula, sem voz, estrilar, virava verdade.
Mas, como ele estrilou, é só convidar os jornalistas a visitarem, no site da própria ONU, a página que dá a informação sobre de onde eles tiraram estes dados.
É aqui: http://hdr.undp.org/en/media/List_of_surveys_used_for_2011_IHDI_estimation.pdf
E lá você vai ver que as estatísticas usadas foram as da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar, PNAD, do IBGE, que é divulgada anualmente, com dados do ano anterior.
A que o ranking do IDH usou é a de 2005, com dados de 2004!
A de 2009 está disponível no site do IGBE, com os dados do ano de 2008, como você pode ver aqui.
Agora, compare o que acontecia em 2004 com este gráfico publicado semana passada sobre renda e desigualdade no Brasil pela The Economist, no qual traduzimos os títulos, sem mexer nos dados.
Venderam a todo mundo o jornal de ontem. De ontem, não, de seis anos atrás.”

Especialista diz que economistas midiáticos defendem um sistema falido porque são pagos por bancos

 Os embalos da opinião econômica 
Luiz Gonzaga Belluzzo 

Professor da escola de economia de Paris, Bertrand Rothé abre seu artigo na revista Marianne com uma pergunta: por que os economistas midiáticos defendem com tanto ardor um sistema falido? Ele responde: porque eles são pagos pelos bancos. Um tanto rude, a resposta.

Mas Rothé mata a cobra e mostra o pau. Diz o economista que, em 10 de agosto, o jornal Le Monde publicou no caderno Debates 22 depoimentos de especialistas na matéria. Nesse grupo de sabichões, 16 (76,6%) são ligados a instituições financeiras. A promiscuidade vai longe. Anton Brender, reputado economista da esquerda francesa, hoje diretor de estudos econômicos do Dexia Asset Management usou duas páginas do Nouvel Observateur para concluir que “não são os mercados que estão em causa, mas a impotência política.”

A quase unanimidade, o realejo de opiniões banais encontra na mídia contemporânea um espaço ideal. Um jornalista do L’Expansion justificou a preferência pela ligeireza: “Os economistas de bancos sabem responder rápido, eles são pagos para isso. Esse já não é o caso dos universitários que se entregam à reflexão e cujas nuances são difíceis de transcrever.”

Vamos às relações entre “impotência política”, descuidos midiáticos e captura dos economistas. Até mesmo um idiota fundamental é capaz de perceber que na construção da crise atual a “impotência política” tem origem na ocupação do Estado e de seus órgãos de regulação pelas tropas da finança e dos graúdos interesses, digamos, corporativos, aí incluídos aqueles das megaempresas de mídia. As tropelias do meliante Rupert Murdoch dão testemunho das ligações perigosas entre o mass media, a política e a polícia. No Brasil é o “puder”, já na pérfida Albion it’s power.

O americano Robert Kaiser no livro So Damn Much Money listou 188 ex-congressistas registrados oficialmente como lobistas em Washington. A pesquisa de Kaiser revela como funciona a porta giratória entre os grandes negócios e a política. Estudo realizado por um grupo de advogados, o Public Citizen, flagrou na nobre ocupação de lobistas metade dos senadores e 42% dos deputados que deixaram o Congresso entre 1998 e 2004. No período 1998-2011 o setor financeiro gastou 84,5 bilhões de dólares com essa turma. Há “rachuncho” com o caixa das campanhas políticas.

Não escasseiam relatórios oficiais, depoimentos, documentários e livros de gente oriunda dos mercados a respeito da invasão dos bárbaros na cidadela da política e das políticas. Nesse espaço que, generosamente, me reserva CartaCapital, já publiquei um artigo sobre o relatório do Congresso americano que expõe as tropelias dos agentes da finança na montagem da crise financeira.

“No relatório do Congresso, o percurso em direção à crise é analisado mediante a narrativa de episódios esdrúxulos e de depoimentos patéticos de banqueiros, altos executivos e autoridades. A articulação entre as falas e as narrativas permite uma avaliação do papel desempenhado pelos vários fatores e protagonistas que levaram a economia global da euforia e da depressão: as inovações financeiras geradoras de instabilidade, a omissão sistemática das autoridades encarregadas de supervisionar os mercados de hipotecas e, finalmente, a farra da emissão de securities lastreadas em empréstimos imobiliários.

Before Our Very Eyes, assim é denominado o primeiro capítulo do Relatório do Congresso. Em linguagem popular “Estava na Cara”. É difícil negar que, ao longo dos anos de gestação da crise, os olhos – os da mídia incluídos – estiveram vendados pela trava que os hipócritas apontam na visão alheia (Palavras de Cristo, de admirável sabedoria). Já no caso de muitos economistas eminentes, sempre procura-dos para opinar, os olhos estavam travados, mas as imagens e palavras do documentário de Charles Ferguson, Inside Job, sugerem que os bolsos estavam arreganhados para a grana que escorria das façanhas da haute finance.

Ian Fletcher, autor do livro Free Trade Doesn’t Work, descreve formas mais sutis de cooptação dos economistas. Tais métodos, diz ele, não frequentam o ethos de bordel, com propostas do tipo “diga X e lhe pagarei Y”. Mas na faina de conseguir clientes, muitos economistas devem cultivar a reputação de sempre dizer aquilo que o freguês quer ouvir. “Certas ideias, como o aumento da desigualdade e problemas acarretados pelo livre-comércio devem ser evitadas. Elas não são economicamente corretas.” A mídia, em seus trabalhos de purificação da opinião pública, cuida de retirar tais “excentricidades” de circulação, assim como a polícia leva a enxovias os manifestantes de Ocupe Wall Street, uma súcia de desordeiros desatinados e desordeiras de barriga de fora.


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