Veja
se antecipou aos críticos e divulgou um dos grampos da Policia Federal
em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o araponga Jairo falam sobre
Policarpo. Pinça uma frase – “o Policarpo nunca vai ser nosso” – para
mostrar a suposta isenção do diretor da Veja em relação ao grupo.
É
uma obviedade que em nada refresca a situação da Veja. Policarpo
realmente não era de Carlinhos Cachoeira. Ele respondia ao comando de
Roberto Civita. E, nessa condição, estabeleceu o elo de uma associação
criminosa entre Cachoeira e a Veja.
Não
haverá como fugir da imputação de associação criminosa. E nem se tente
crucificar Policarpo ou o araponga Jairo ou esse tal de Dadá. O pacto
se dá entre chefias – no caso, Roberto Civita, pela Abril, Cachoeira,
por seu grupo.
Como diz Cachoeira, “quando
eu falo pra você é porque tem que trabalhar em grupo. Tudo o que for,
se ele pedir alguma informação, você tem que passar pra mim as
informações, uai”.
O dialogo abaixo mostra apenas arrufos entre subordinados – Jairo e Policarpo.
Os seguintes elementos comprovam a associação criminosa:
- Havia
um modus operandi claro. Cachoeira elegeu Demóstenes. Veja o alçou à
condição de grande líder politico. E Demóstenes se valeu dessa condição
– proporcionada pela revista – para atuar em favor dos dois grupos.
- Para Cachoeira fazia trabalho de lobby, conforme amplamente demonstrado pelas gravações até agora divulgadas.
- Para a Veja fazia o trabalho de avalizar as denúncias levantadas por Cachoeira.
Havia um ganho objetivo para todos os lados:
- Cachoeira
conseguia afastar adversários, blindar-se contra denúncias e intimidar
o setor público, graças ao poder de que dispunha de escandalizar
qualquer fato através da Veja.
- A
revista ganhava tiragem, impunha temor e montava jogadas políticas. O
ritmo frenético de denúncias – falsas, semi-falsas ou verdadeiras –
conferiu-lhe a liderança do modelo de cartelização da mídia nos últimos
anos. Esse poder traz ganhos diretos e indiretos. Intimida todos,
anunciantes, intimida órgãos do governo com os quais trabalha.
- O
maior exemplo do uso criminoso desse poder está na Satiagraha, nos
ataques e dossiês produzidos pela revista para atacar Ministro do STJ
que votou contra Daniel Dantas e jornalistas que ousaram denunciar suas
manobras.
Em “O caso de Veja”, no capítulo “O repórter e o araponga”
narro detalhadamente – com base em documentos oficiais – como a
cumplicidade entre as duas organizações permitiu a Cachoeira expulsar
um esquema rival dos Correios e se apossar da estrutura de corrupção,
até ser desmantelado pela Polícia Federal. E mostra como a Veja o
poupou, quando a PF explodiu com o esquema.
Civita
nem poderá alegar desconhecimento desse ganho de Cachoeira porque a
série me rende cinco ações judiciais por parte da Abril - sinal de que
leu a série detalhamente.
Desde
2008 – quando escrevi o capítulo – sabia-se dessa trama criminosa
entre a revista e o bicheiro. Ao defender Policarpo, a revista, no
fundo, está transformando-o em boi de piranha: o avalista do acordo não
é ele, é Roberto Civita.
Em
Londres, a justiça processou o jornal de Rupert Murdoch por associação
indevida com fontes policiais para a obtenção de matérias
sensacionalistas. Aqui, Civita se associou ao crime organizado.
Se
a Justiça e o Ministério Público não tiverem coragem de ir a fundo
nessa investigação, sugiro que tranquem o Brasil e entreguem a chave a
Civita e a Cachoeira.
Da Veja
Cachoeira, em gravação: 'O Policarpo nunca vai ser nosso'
Conversa
telefônica mostra Cachoeira reclamando a ex-agente da Abin Jairo
Martins porque ele havia passado informações ao jornalista, um dos
redatores-chefes de VEJA e diretor da sucursal da revista em Brasília
Poleto desmascarado em 2005: ele mentiu sobre Policarpo e quase saiu preso do Senado
Convocado
em 2005 por uma comissão do Senado a explicar sua participação no
transporte de mais de 1 milhão de dólares ilegais usados na campanha
petista de 2002, o economista Vladimir Poleto disse que fora
violentamente constrangido pelo jornalista Policarpo Junior, que teria
obtido a declaração gravando-o sem seu consentimento. O sistema de som
do plenário, então, reproduziu a íntegra da entrevista. A conversa
entre Policarpo e Poleto foi transmitida pela TV Senado para todo o
Brasil. Diante da gravidade das denúncias feitas pelo economista,
Policarpo pediu autorização para gravar a entrevista, registrando a
hora, o local e o contexto em que ela estava ocorrendo. Poleto
respondeu em voz clara: "Pode gravar". Os senadores em plenário caíram
na gargalhada. Desmascarado, Poleto tentou desajeitadamente se
explicar, mas foi interrompido pelo então senador Tasso Jereissati: "É
melhor se calar, senhor Poleto, pois o correto seria o senhor sair
preso daqui por ter mentido sob juramento".
Assim,
com total transparência de propósitos, trabalha o jornalista Policarpo
Junior, um dos redadores-chefes de VEJA e diretor da sucursal da
revista em Brasília. Seu nome é citado algumas vezes nas gravações
legais de conversas telefônicas entre Carlinhos Cachoeira e o ex-agente
da Abin Jairo Martins, apontado pela Polícia Federal como um dos
vários agentes públicos pagos pelo contraventor para fechar casas de
jogos que não integravam sua "franquia" da jogatina. VEJA teve acesso
ao diálogo, captado em 8 de julho do ano passado. Cachoeira - que foi
fonte de informações de Policarpo e de muitos outros jornalistas -
reclama com o policial porque soube que ele havia passado informações
ao diretor da sucursal de VEJA em Brasília. A íntegra em texto e áudio
da conversa interceptada se encontram a seguir:
Cachoeira: Fala, Jairo.
Jairo: Fala,
doutor, tranquilo? Deixa eu te falar: o Dadá ontem me ligou, pô, me
falando uma história aí que você ficou puto comigo, me xingou e o
casseta, disse que eu tô trabalhando contra você e tal... Eu falei: pô,
cara, de novo o homem lá fala um negócio desse, cara? Eu falei: porra,
cara, se eu fiz um favor pro cara lá é justamente pra ficar próximo
dele, pra saber o que ele anda me falando. Por quê? Eu pessoalmente uso
da minha atividade, eu não preciso dele... Nem... E ele pra mim não
influencia em nada, entendeu? Mas se ele me pediu um favor e eu fiz é
pra ficar próximo dele e ouvir o que ele anda me falando, entendeu?
Como me falou ontem à noite umas coisas. Como me falou anteriormente
que eu contei pro Dadá, entendeu? Eu falei: porra, não tô entendendo o
homem, não.
Cachoeira: Não, Jairo, foi isso não. Deixa eu falar pra você. Se Dadá estiver aí pode pôr até no viva-voz. Olha,
é o seguinte: a gente tem que trabalhar em grupo e tem que ter um
líder, sabe? O Policarpo, você conhece muito bem ele. Ele não faz favor
pra ninguém e muito menos pra você. Não se iluda, não. E fui eu que te
apresentei ele, apresentei pro Dadá também. Então é o seguinte: por
exemplo, agora eu dei todas as informações que ele precisava nesse caso
aí. Por que? É uma troca. Com ele tem q ser uma troca. Não pode dar as
coisas pra ele, igual você sai correndo pra fazer um favor pra ele,
pega e dá de graça, enquanto isso ele mete o pau no Dadá pra mim, e
deve meter o pau no Dadá pra você também. Então você não deve aceitar
ele falar mal do Dadá porque você não trabalha pra ele. E eu também não
trabalho pro Policarpo. Eu já ajudei ele demais da conta. Entendeu?
Demais da conta! Então, quando eu falo pra você é porque tem que
trabalhar em grupo. Tudo o que for, se ele pedir alguma informação, você
tem que passar pra mim as informações, uai.
Jairo:
Não, beleza. Eu te peço até desculpa disso ai. Mas eu não tô sabendo
que você tá. Ultimamente eu não tô sabendo quando você vem aqui, às
vezes a gente não se fala. Muito difícil a gente se falar, e eu não ter
ido aí, às vezes quem vai é o Dadá. Então de repente eu não tô sabendo
que você tá trocando alguma informação com ele. E também não admito ele
falar mal do Dadá pra mim. Não admito, corto logo, falo: "O cara é meu
amigo, é meu parceiro". Entendeu? Esses dias ele veio falar uma
historia que tava rolando aqui na cidade, de um negócio aí, entendeu,
de um dinheiro, de uma gravação. Eu chamei o Dadá, falei: Dadá, liga
pra ele, fala porque tem uma história assim, assim, eu já falei pra
ele. Isso não existe, não é ele, não sou eu, isso não é a empresa,
entendeu? Aí o Dadá ligou pra ele, tal, tal tal. Mas, então, cara, eu te
peço desculpas. E não é trabalhar nunca contra você. Pelo contrário,
pô. Eu não sou louco, né, Carlinhos!? Eu não posso ser burro.
Cachoeira: Jairo, põe um trem na sua cabeça. Esse
cara aí não vai fazer favor pra você nunca isoladamente, sabe? A gente
tem que trabalhar com ele em grupo. Porque os grande furos do
Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos.
Então é o seguinte: se não tiver um líder e a gente trabalhar em
conjunto... Ele pediu uma coisa? Você pega uma fita dessa aí e ao invés
de entregar pra ele fala: "Tá aqui, ó, ele tá pedindo, como é que a
gente faz?". Entendeu? Até pra fortalecer o Dadá. Por que Dadá...
Ele tá puto. E ele vai pegar o Dadá na revista ainda, você pode ter
certeza. Ele vai pegar o Dadá na revista. Ele não gosta do Dadá. Falou
ontem pro Cláudio. Porra, tá arrumando tudo pra ele... Eu fiquei puto
porque ontem ele xingou o Dadá tudo pro Cláudio, entendeu? E você dando
fita pra ele, entendeu? Então, o seguinte: você não fala mais do Dadá,
porque a gente trabalha em conjunto. Entendeu? Então chega. [Diz a
ele:] Então qualquer coisa agora você conversa com o Carlinhos. Fala
assim, porra.
Jairo: Não,
beleza, porra. Agora eu tô orientado dessa maneira. Eu não to sabendo q
vocês tão tratando de outro assunto com ele, entendeu? Até ele me
falou realmente que falou com o Cláudio uma época aí. Ele me falou: “Ah,
falei com o Cláudio, o cara parece que é gente boa”. Eu falei: "Não, o
cara é gente boa, tal, tal, tal, é um cara sério. Mas outras coisas eu
não tô sabendo. Não tá chegando até a mim. Por exemplo, não tão
falando comigo. Aí eu te digo o seguinte: eu te peço desculpa porque
realmente eu errei, porque ele quando me pediu esse favor eu poderia
realmente ter falado contigo, mas tem tanto tempo que a gente não senta
e não conversa que pra mim você não tava nem falando com ele. Eu não
tô sabendo dessa articulação.
Cachoeira: Olha,
Jairo. É porque, assim mesmo, você tem que chegar perto de mim
qualquer pedido dele. Cara, ele não vai fazer nada isolado. E outra
coisa: com ele, daqui pra frente tem que ser na base da troca. Porque
dessa forma tá te fortalecendo, fortalecendo o Dadá, fortalecendo eu, o
Cláudio. Entendeu? Porque com ele, você sabe, ele não vai fazer nada
procê. Ainda mais meter o pau no Dadá? Ah, vai pra puta que pariu, uai.
Jairo: Pô,
eu não tava sabendo, cara. Eu não tava sabendo. Mesmo. Eu peço
desculpa pra você, pro Cláudio. Não admito. Sempre quando ele vem falar
do dadá eu não admito.. nunca admiti dele falar de Dadá ou de você.
Nunca admiti. Não admito. Quando ele veio falar do Claudio eu só
rasguei de elogio. Então aí realmente eu te peço desculpa, realmente eu
errei. Eui deveria ter dfalado contigo realmente. Mas passei assim
batido, sabe? Quando ele me chegou me abordou, me pediu, porra você
travbalha aqui na ´parea você me conhece. conheço, tal. Não eu falei
com eles, tal. Então tem como você ver isso pra mim? Eu falei: tem. Aí
eu peguei esse negócio tão rápido. Ainda comentei com Dadá: pô o cara
me peiu um negócio assim, assim, eu vou ajudar esse filho da puta porque
tem q ficar perto dele, pra saber algumas coisas que ele anda me
falando ai sobre o que interessa à gente. Mas passei assim batido,
entendeu?
Cachoeira: Pois é. Mas ele não vai soltar nunca nada pra você, o Jairo. Eu conheço o Policarpo, você conhece também. O
Policarpo é o seguinte, ele pensa que todo mundo é malandro. E o
seguinte, ele pensa que você e o Dadá trabalham pra ele, rapaz. Você
sabe disso. Eu já cansei de falar isso pro Policarpo: ‘Policarpo, põe
um negócio na sua cabeça, o Jairo e o Dadá não trabalham pra você. A
gente trabalha no grupo. Então se tiver algum problema, você tem que
falar comigo´. Já discuti
com ele, você sabe disso, já presenciou eu falando com ele. Ele pensa
que o Dadá, devido àqueles problemas que o Dadá teve, tinha de passar
por ele sempre. Vai tomar no rabo. Nunca fez nada pra gente, rapaz. Que
que esse cara já fez?
Jairo: É,
não, isso é verdade aí. Aí eu te peço desculpa cara, mas nunca foi
negócio de trabalhar contra vocês, trabalhar contra o grupo, estar
passando a perna em vocês e admitir que ele fale mal do Dadá. Isso aí
nunca, nunca. Falo na frente dele. Nunca. Sempre falei, ´O, lá é meu
parceiro, tal´ Os caras, sempre... Em lugar nenhum eu menti que sou
amigo do Dadá, em lugar nenhum eu menti que sou teu amigo, entendeu?
Não é falando não, mas porra hoje eu tenho até restrição na minha ficha
devido a reportagem de Globo lá, que consta na minha ficha que eu
disse que sou seu amigo. E quem me pergunta, eu falo. Então às vezes a
gente erra aí, mas não é errando querendo sacanear não, é errando às
vezes sendo burro realmente como você falou. Sendo burro.
Cachoeira:
Não. Tá tudo tranquilo. Agora, vamos trabalhar em conjunto porque só
entre nós, esse estouro aí que aconteceu foi a gente. Foi a gente. Quer
dizer: mais um. O Jairo, conta quantos foram. Limpando esse Brasil,
rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos
já foram, rapaz. E tudo via Policarpo. Agora, o cara vai pensar que o
Dadá trabalha para ele? Porque o Dadá não fez o que ele queria ele tem o
direito de ficar chateado com o Dadá, rapaz? Um dia ele chegou perto
de mim e falou assim: ‘Não, o Jairo eu gosto, mas aquele rapaz eu não
gosto dele não. Aquilo é um malandro’. Vai tomar no cu. Ninguém
trabalha para ele não, rapaz.
Jairo: E
nós não estamos aqui para ele gostar da gente ou desgostar. A gente
tem uns objetivos que às vezes infelizmente tem que passar por ele. Mas
não tem nada de ele gostar ou deixar de gostar. Mas realmente eu nunca
admiti que ele falasse mal do Dadá na minha frente não, nunca aceitei. E
eu não tava sabendo dessa situação toda que você me colocou agora,
entendeu, de ele ter metido o pau no Dadá pro Claudio. Aí é sacanagem
dele, entendeu? Aí mais uma vez eu peço desculpa aí, Carlinhos.
Desculpa mesmo. Jamais eu tive a intenção de sacanear nada, de sacanear
ninguém. Pelo contrário, entendeu?
Cláudio:
Não, porque se fosse com você, ô Jairo, eu tomaria as mesmas dores.
Agora, não é bom você falar isso com o Policarpo não, sabe. É só
afastar dele, sabe? Você tem que afastar dele e a barriga dele doer,
sabe? É isso que nós temos de fazer. Tem que ter a troca, ô Jairo.
Nunca cobramos a troca.
Jairo: Isso
é verdade. De antemão ele está atrás de uma outra situação aí que veio
me perguntar. Ou eu afasto dele ou se eu conseguir, aí eu te passo aí,
tá? Mas, de antemão eu vou me afastar.
Cachoeira: E
fala pra ele, Jairo, na hora que ele falar com você: ´O Policarpo, não
vou ajudar mais não, sabe por que? Eu fiquei chateado aí, o Dadá está
chateado com você porque você anda falando mal dele. O problema é que
eu não trabalho para você, cara, eu não fico indo atrás das coisas para
trabalhar pra você. Eu ganho algum centavo seu, Policarpo? Não ganho.
Então o seguinte, na hora que eu pedi alguma coisa pra você, você nunca
pode fazer. Você nunca faz, você corre. Então você tem que pôr isso na
sua cabeça. Quantas matérias nós já te demos, o grupo já te deu?
Quantas? E você nunca fez nada em troca, cara.
Jairo: Não. Beleza, beleza. A partir de agora eu vou me afastar dele.
Apesar de ele ter um negócio aí de um retorno aí já antes dessa
situação que você tá me colocando. Mas se eu colocar a mão nesse
negócio, aí eu vou te entregar aí e tu decide o que faz aí.
Cachoeira: Certamente,
rapaz. Nós temos de ter jornalista na mão, ô Jairo. Nós temos que ter
jornalista. O Policarpo nunca vai ser nosso. A gente vai estar sempre
trabalhando para ele e ele nunca traz um negócio. Entendeu? Por
exemplo, eu quero que ele faça uma reportagem de um cara que está
matando a pau aqui, eu quero que eles façam uma reportagem da educação,
sabe, um puta de um projeto de educação aqui. Pra você ver: ontem ele
falou para mim que vai fazer a reportagem, mas acabando esse trem ai,
ele pega e esquece de novo. Quer dizer, não tem o troco sabe.
Jairo: É, não tem não, não tem não. Ele não tem mesmo não. Ele é f...
Cachoeira: Não, não (Glória a Deus - ?) Então tá, um abraço, Jairo.
Jairo: Falou, meu irmão, Desculpa aí, tá?