Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mais de 400 mil saem às ruas pedindo justiça social em Israel



Milhares de israelenses se mobilizaram neste sábado e saíram às ruas centrais de várias cidades exigindo mudanças na política econômica do governo Netanyahu. A maior manifestação ocorreu em Tel Aviv, onde cerca de 300 mil pessoas se reuniram na praça Kikar Hamedida, no centro da cidade. Os manifestantes levavam cartazes e faixas com o slogan “O poder do povo” ou com mensagens para o primeiro ministro “Bibi Netanyahu, vá para casa”, e gritavam consignas como “Queremos justiça social”.

Apesar do recrudescimento da situação em Gaza, milhares de israelenses se mobilizaram neste sábado e saíram às ruas centrais de várias cidades em defesa de reformas no sistema econômico e educacional, de uma mudança na legislação trabalhista e da baixa de custos para adquirir ou alugar uma moradia, produto da política neoliberal do ministro Benjamín Netanyahu.

Segundo os organizadores, mais de 450 mil pessoas participaram dos protestos – número superior as 300 mil que saíram às ruas no mês passado – naquela que foi considerada a maior manifestação da história de Israel por motivos não vinculados ao conflito no Oriente Médio.

Ainda que o cartaz de convocação da manifestação afirmasse, em um jogo de palavras, “Eles só entendem números”, os organizadores insistem que o êxito do protesto não deve ser medido unicamente pelo número de participantes. O ministro da Defesa, Ehud Barak, disse que só 100 mil pessoas participaram dos protestos.

A maior manifestação ocorreu em Tel Aviv, onde cerca de 300 mil pessoas se reuniram na praça Kikar Hamedida, no centro da cidade. Os manifestantes levavam cartazes e faixas com o slogan “O poder do povo” ou com mensagens para o primeiro ministro “Bibi Netanyahu, vá para casa”, e gritavam consignas como “Queremos justiça social”.

“Queremos só uma coisa, que não é fácil, mas simples, viver neste país. Não só queremos amar o Estado de Israel como já fazemos, mas sim existir aqui com dignidade e viver aqui dignamente”, disse Shmuelei, um dos líderes do movimento de protesto.

“Eles nos disseram que o movimento estava parando. Hoje estamos mostrando que é o oposto. Nós somos os novos israelenses, determinados a continuar a luta por uma sociedade melhor e mais justa", disse o presidente do sindicato dos estudantes, Itzik Shmuli, à multidão.

Netanyahu designou um comitê liderado pelo economista argentino Manuel Trajtenberg para analisar mudanças sócio-econômicas. Trajtenberg disse que apresentará suas recomendações no período das próximas festas judaicas, no final de setembro.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

PRÓXIMA CAPA DA VEJA



Mídia reage ao Congresso do PT com ameaças golpistas

Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que levo muito a sério o que direi neste texto algo longo que até tentei adiar, mas que não pude postergar diante da questão crucial e grave de que trata. Se você, leitor habitual desta página, já conseguiu ver qualquer valor nas análises que aqui são publicadas, sugiro que respire fundo e me conceda a atenção mais integral que já dispensou a algo que escrevi.
Não farei suspense sobre o assunto. Uma primeira reação declarada da mídia antipetista (acima de tudo) que sucedeu a divulgação do documento final do 4º Congresso Nacional do PT na noite de domingo me obriga a dizer que tal manifestação contém ameaça explícita e intolerável de tentativa de golpe contra o governo Dilma caso envie ao Congresso Nacional um projeto de marco regulatório amplo para a Comunicação no Brasil.
Mas não é só. Pelo tom da ameaça, as retaliações subentendidas poderão ocorrer até mesmo se, conforme o documento final do Congresso do PT, o partido realmente propuser às Casas Legislativas da nação um projeto de lei sobre tema que os barões da mídia não aceitam sequer discutir, ou seja, que tenham que respeitar regras e, mais do que isso, desfazerem-se de parte de seus impérios no âmbito de um veto legal à propriedade cruzada de meios de comunicação.
O veto legal à propriedade cruzada, para simplificar, significaria que as Organizações Globo, por exemplo, não poderiam mais ter jornal, revista, rádio, televisão e portal de internet nas mesmas regiões; o Grupo Folha, não poderia ter jornal e portal de internet do porte da Folha e do UOL; o Grupo Estado, não mais poderia deter uma grande rádio, um grande jornal e um grande portal de internet; e a Editora Abril, teria que escolher, sempre exemplificando, entre suas publicações impressas e seu portal de internet.
Em países como os Estados Unidos é normal que o Estado obrigue grupos empresariais a se desfazerem de parte de suas empresas quando estas ameaçam constituir monopólio ou oligopólio. No Brasil mesmo, isso também acontece. Mas aqui, à diferença de lá, o Estado impedir concentração de mercado jamais incluiu a Comunicação, pois esta sempre foi gerida pela direita que governou este país entre 1964 e 2002, em sua última investida.
Durante esses mais de quarenta anos, esses impérios de comunicação se consolidaram e conseguiram se tornar nem um quarto Poder, mas o primeiro. Adquiriram meios de chantagear a classe política com seus instrumentos de calar ou dar voz a quem bem entendessem e, por isso, jamais tiveram seus monopólios e oligopólios contestados.
Quando ameaçam, portanto, mesmo sendo por um de seus tentáculos menores – mas que serve de amostra do todo que integra –, por conta do que a história nos mostra me vejo obrigado a levar muito a sério e, assim, a vir a público dizer que não duvido de que nesse discurso que abordarei, forjado para repelir a decisão autônoma e constitucional tomada pelo PT em seu Congresso de propor regulamentação da comunicação, há uma clara ameaça às instituições brasileiras.
A gravidade desse texto decorre de sua origem. Foi escrito por alguém que tem servido de voz oficiosa a um dos quatro grandes tentáculos da imprensa golpista que já produziu um golpe de Estado neste país e que vive defendendo aqueles que durante vinte anos subjugaram a nação através dos métodos que todos conhecem.
Reinaldo Azevedo publica, na noite de domingo, um texto furioso ameaçando claramente o maior partido político do Brasil, uma estrutura partidária gigantesca com cerca de um milhão de filiados, detentora de dezenas e dezenas de milhões de votos em todos os níveis eletivos e que governa o país sob a aprovação efusiva da maioria absoluta e incontestável dos brasileiros há quase nove anos ininterruptos.
Não preocupam as inversões dos fatos, as meias verdades e as mentiras inteiras que esse homem escreveu, mas as ameaças que, na condição de uma célula cerebral da direita midiática que submeteu este país à ditadura militar, e em consonância com outros fatos que serão abordados, sugerem que os interesses comerciais, financeiros e políticos que seriam feridos com uma lei da mídia similar às que vigem nos países mais desenvolvidos deixariam os que se sentiriam prejudicados dispostos a tudo para impedir que isso ocorra.
É sempre penoso ler uma simples frase desse homem, dessa caricatura de si mesmo que ele construiu para fazer jus às recompensas do patrão pela fúria teleguiada que despeja diariamente em sua página hospedada no portal da revista Veja na internet. Todavia, não há remédio. Teremos que mergulhar no esgoto.
Afinal, Azevedo não diz um A sem autorização do patrão e este não deixa dizer se o que tiver que ser dito não for discutido antes com o resto desse organismo midiático, militar, empresarial e político que tem antecedentes bem conhecidos neste país. Quem viu a foto do José Dirceu demoníaco que ilustrou boa parte do noticiário do fim de semana sobre o 4º Congresso do PT, não tem dúvida disso. Publicaram em uníssono aquela manipulação vergonhosa.
Reproduzo a seguir, portanto, parágrafo por parágrafo dessa peça alucinada, tecendo comentários do blog logo após cada um deles. Peço que tenham paciência até chegarem ao ponto do texto que considero grave e sobre o qual acredito que o PT deve pedir explicações públicas.
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04/09/2011
Os fascistas saem da toca!
Reinaldo Azevedo
É sob pressão que pessoas, partidos e até instituições revelam a sua real natureza. Os cemitérios tendem a ser iguais nas ditaduras e nas democracias. A grande diferença se dá mesmo no mundo dos vivos. O 4º Congresso do PT, que começou ontem e termina hoje, está prestando um grande serviço ao país e à política. Os petistas revelam que não aprenderam nada nem esqueceram nada depois de nove anos de poder. Continuam os autoritários de sempre, decididos a substituir a sociedade pelo partido, conforme seu projeto original. Quem presta um pouco de atenção à história das idéias não está surpreso.
A que autoritarismo de petistas esse homem se refere? Lula apanhou da imprensa a cada dia de seu mandato a partir de 2005 depois de apanhar de 1989 a 2002, quando era oposição. Mesmo tendo chegado ao poder, não houve reação a insultos, ridicularizações, desqualificações de toda sorte. Ele e seu partido são chamados há anos de criminosos impunemente, sem qualquer comprovação de nada, com base apenas na retórica dos adversários político-partidários e midiáticos.
O petismo é um descendente do bolchevismo no que concerne à organização da sociedade, entendendo que a nação deva ser conduzida por um ente que decide em lugar dos cidadãos, porém adaptado — e como! — aos tempos modernos.  Para o modelo, que ainda está em construção, pouco importa se os petistas estão ou não oficialmente no poder: eles sempre estarão por intermédio dos fundos de pensão, dos sindicatos, do aparelhamento das estatais. O petismo é um fascismo de esquerda.
O “petismo”, segundo esse indivíduo, é um mal a ser erradicado, uma organização criminosa. E a quem ele representa, quando diz isso? A ele mesmo e àqueles que lhe pagam os salários, e mais meia dúzia de barões da mídia e políticos que vêm perdendo eleição após eleição para “o petismo”. Provavelmente porque ninguém são, neste país, considera o PT uma doença, para ser chamado de “petismo” – o sufixo do substantivo indica anomalia doentia.
No que concerne à ordem econômica, tudo vai muito bem para os companheiros, até porque têm como seu principal aliado o capital financeiro, que não quer saber a cor dos gatos desde que eles cacem ratos. O curioso embate que se dá no Brasil é entre a esquerda financeira, financista e rentista, com a qual os petistas compuseram, e a direita assalariada, que trabalha. Chamo de “direita” aqui, para deixar claro, as pessoas que ainda se ocupam de alguns dos velhos (!) e bons fundamentos das sociedades liberais: liberdade individual, igualdade perante a lei, incentivo ao empreendedorismo, estado enxuto, tudo o que parece hoje fora de moda. Os petistas não querem mexer no “sistema”. Ao contrário: pretendem reforçá-lo por meio, por exemplo, de uma reforma política estúpida, que extrema todos os males do modelo vigente.
De onde ele tirou que a direita é “assalariada” e o PT é “financista e rentista”? Basta ver os setores que mais votam nos partidos preferidos e defendidos pelo blogueiro da Veja – que dispensam apresentações – e os que votam no Partido dos Trabalhadores. A tese saiu da cachola do cara, portanto. Quem tiver dúvida sobre o assunto, basta consultar as pesquisas de opinião estratificadas para saber quem é o eleitorado primordial de quem, apesar de que a imprensa vive confirmando o que digo de forma a tachar o eleitorado do PT de “inculto”, “desinformado” e, portanto, “pobre”.
Só uma coisa incomoda o PT: o regime de liberdades públicas que se respira no país. Isso eles não podem suportar. Então um partido ganha uma eleição — ou três… ou dez —, e ainda há gente na imprensa que se atreve a criticá-lo, que não concorda com suas ilegalidades, que resiste às suas tentações e práticas totalitárias, que não se submete a seus desejos e Vontades? “Mas a gente não conquistou nas urnas o direito de fazer o que bem entende?”, eles se perguntam espantados. E a resposta, evidentemente, é “Não!” Eles conquistaram nas urnas A OBRIGAÇÃO de seguir as regras do estado de direito, de se submeter à lei, de nos servir por intermédio de um mandato, que pode ser revogado numa nova eleição ou mesmo num processo de impedimento.
Ahá! Impedimento, é? Um impeachment de Dilma, suponho… Sob que motivo? É uma ameaça. Azevedo propõe impedir Dilma se ela enviar ao Congresso um projeto de lei que obrigue seu patrão a se desfazer de parte de seu império, por exemplo. Mas como isso seria feito? Afinal, se o projeto for enviado seria legal, obviamente. E quem decidiria sobre ele seria o Congresso. Como propor o impeachment de uma presidente por enviar uma medida inquestionavelmente legal ao Legislativo para que sobre ela delibere?
O delirante blogueiro da Veja afirma que o PT não quer a democracia, apesar de reconhecer que ganha eleições sem uma única evidência de um único ato do partido que afronte a democracia ou qualquer tipo de liberdade individual. E ainda atribui “ilegalidades” ao partido. Que ilegalidade o PT cometeu, enquanto instituição? Quer dizer que quando petistas são acusados de corrupção a culpa é do partido, mas quando tucanos como Eduardo Azeredo ou demos como José Roberto Arruda são acusados, aí a culpa é das pessoas e não das instituições?
Com a reportagem que revelou as lambanças de José Dirceu em Brasília, VEJA denunciou mais do que as lambanças do “consultor de empresas privadas” — poderoso chefão de um “governo paralelo” e  sua mímica asquerosa de chefe de máfia —; a revista denunciou um método. E os petistas estão infelizes. Em outros tempos, eles mandariam empastelar a publicação, fariam quebra-quebra, perseguiriam os profissionais, exigiriam a demissão desse ou daquele, lotariam os porões do regime com essa gente recalcitrante… Hoje eles se civilizaram; pretendem perseguir seus desafetos por meio de instrumentos legais.
Os petistas lotariam os porões do regime com seus adversários?!! Que regime os petistas já implantaram no Brasil que tivesse “porões” e que cometesse violências de qualquer sorte? Quem tinha porões eram os militares que integraram a ditadura e os quais Azevedo vive exaltando e defendendo, e aos quais serve, frequentemente, de porta-voz ao repudiar propostas como a da Comissão da Verdade. Está tudo lá no blog dele. Não é preciso acreditar em mim.
O texto do PT que volta a pregar o controle da “mídia” expõe como nunca a natureza do jogo. Eles até se mostravam dispostos a condescender com a democracia desde que nós não fizéssemos uso efetivo dela. Era como se dissessem: “Nós garantimos a sua liberdade, mas a condição é que não nos incomodem”. Tanto é assim que, não faz tempo, a Executiva Nacional do partido aprovou um documento em que abandonava essa estupidez. Mudou radicalmente de idéia. VEJA decidiu demonstrar que liberdade de imprensa não é uma licença que se pede no cartório partidário, mas um direito garantido pela Constituição, um fundamento das sociedades livres. Nos limites da lei, não pede licença nem pede desculpas.
Azevedo considera que é liberdade de imprensa mandar um garoto recém-saído da faculdade de jornalismo tentar invadir o quarto de um adversário político em um hotel e ali colocar escutas ou câmeras de vido sem autorização da Justiça e em flagrante violação do código penal, o que fez as polícias civil e federal aceitarem a denúncia contra ele? Acho que não…
Aí não dá! Figurões do partido como Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, e Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, defenderam ontem a “regulamentação da mídia”. Não custa notar que, durante a campanha — e mesmo depois de eleita —, Dilma Rousseff repudiou qualquer forma de controle. Ministros exercem cargos de confiança e falam pela presidente. Chegou a hora de enquadrá-los ou de confessar um estelionato.
Esse homem não joga palavras fora. Sabe muito bem o que escreve. Como é que ele sugere “enquadrar” os ministros? Posso pensar em várias hipóteses, vindo essa conversa de alguém que vive tomando partido de chefes militares que defendem a ditadura militar. E como seria estelionato se a proposta de regulamentar a Comunicação é bandeira antiga do PT?
Os fascistas de esquerda descobriram o gosto pelo capitalismo, mas não viram graça nenhuma na liberdade, que será sempre a liberdade de quem discorda de nós. Mas vão perder.
Será que ele quer dizer que os petistas perderão nas urnas ou está pensando em derrotá-los de outra forma, já que através de eleições os políticos que apóia não têm conseguido?
É crescente o número das pessoas que lhes dizem: “Não, vocês não podem. Não podem porque estamos aqui”.
Crescente? Onde está esse dado? Em que pesquisa? Por que método ele chegou a essa conclusão? E quem são “eles”? A quem ele representa, para falar na terceira pessoa do plural? Dirá que o leitorado do seu blog ou o da Veja irão impedir “o petismo”?
—–
Você acha que Azevedo é um bobão, um boquirroto que escreve coisas assim só por estar de cabeça quente? Esqueça. O que ele escreve são recados. São ameaças. E o PT não pode aceitar que tais palavras sejam ditas assim, sem explicação. Até porque, esse sujeito não as diria sem o seu patrão aprovar e este não aprovaria se os seus bons companheiros que consigo controlam a Comunicação no Brasil não estivessem de acordo.
Espero que me levem a sério. Tudo isso se coaduna com propostas de manifestações públicas “contra a corrupção” que nada mais são do que uma reedição do Cansei que pode vir vitaminada por sindicatos e até participantes pagos. Essas manifestações se somarão ao noticiário que derrama relatos de “corrupção” no governo Dilma todos os dias. No domingo, por exemplo, a Folha publicou um caderno só sobre corrupção onde o PSDB não figura e o PT aparece em destaque.
A campanha moralista que serviria para retaliar uma proposta que faça os barões da mídia perderem dinheiro e poder vem aí e não me surpreenderia se os militares boquirrotos que vivem insultando Lula, Dilma e o PT não estivessem dispostos a pôr as caras para fora da caserna “em defesa da liberdade e contra a corrupção do petismo”. Anotem, pois, o que digo, petistas. Quem avisa amigo é.

FHC e Cerra iam dar o Brasil à ALCA. Amorim e Lula não deixaram


Por insistência do Mauricio Dias, responsável pela imperdível seção “Rosa dos Ventos” na Carta Capital, o ansioso blogueiro leu algumas das aulas de Celso Amorim, em “Conversas com jovens diplomatas”, editado pela Benvirá.

Mauricio já chamou a atenção para a mudança que Amorim fez nas prioridades do Itamaraty: passou a tratar embaixadas na África com a prioridade de embaixadas em outros pontos do planeta.

Passou a faxina, digamos assim, em alguns vestígios do Itamaraty colonizado, da época da “Diplomacia da Dependência”.

Por falar em “Diplomacia da Dependência”, recomenda-se a conversa de Amorim de 24 de novembro de 2010, “Da maneira como estava concebida, a ALCA é História”, sobre “O Brasil e a ALCA”, na pág. 499 do livro.

Como se trata de um diplomata e, antes de tudo, um cavalheiro (características que, como sabe o Gilmar Dantas (*), não definem este blogueiro), o grande chanceler Celso Amorim não diz assim, na lata.

Mas, ficou claro para os jovens diplomatas que o Governo Cerra/Fernando Henrique montou a arapuca para o sucessor cair na rede da ALCA, vale dizer, cair na rede do interesse nacional americano.

O Governo do Farol de Alexandria deixou tudo pronto para o Brasil jogar o Mercosul na lata de lixo da História e cair nos braços de Titio Sam.

Qual o “atrativo” para aderir à ALCA, assim, de joelhos ?

Primeiro, explica Amorim, o princípio do “lock in”.

A política econômica e, por extensão, a política externa, ficariam locked, amarradas, presas, in, dentro do interesse nacional americano.

Como diz Amorim: “essas políticas econômicas estariam locked in – quer dizer, estariam congeladas, estabelecidas, gravadas na pedra”.

Mais ou menos como fez o México com o Tratado do Nafta, que assinou com o Canadá e os Estados Unidos no Governo Clinton (muy amigo do FHC).

O México abdicou de uma política econômica autônoma.

Os Estados Unidos caíram no precipício em 2008, o México foi junto e lá permanece – como mostra reportagem da Carta Capital desta semana, na pág. 72.

O outro princípio da “lógica” de Cerra/FHC era obter um “selo de qualidade” – se o Brasil era tão bonzinho que podia ser aceito na ALCA, isso significaria a certificação da “qualidade” de todas as suas ações.

Muitos países da América do Sul se encantaram com a sereia da ALCA.

Especialmente a Argentina do Carlos Menem, o FHC deles.

(Ou que será que o FHC é o nosso Menem ?)

O que tiveram que fazer o Nunca Dantes e o grande chanceler Celso Amorim ?

Primeiro, enfrentar o front interno.

Como se sabe, o Tony Palocci e o Nelson Johnbim conspiraram com o embaixador americano para reverter a política externa do Governo a que serviam.

Especialmente, rever o que chamavam de “anti-americanismo”, como Johnbim qualificou a diplomacia brasileira, na conversinha com o embaixador americano.

(Por falar em conversinha com o embaixador americano, não perca a última do “agente ‘dólar furado’”.)

Depois, foi preciso salvar o Mercosul.

Porque a batalha era tão simples quanto isso: Mercosul x ALCA.

O Brasil ao lado do Mercosul.

Os Estados Unidos (e o Cerra/FHC e o Menem) ao lado da ALCA.

Amorim e Lula insistiam que só tratariam da ALCA se, primeiro, se negociassem os direitos dos produtos agrícolas brasileiros.

E os americanos arrepiaram carreira, porque, pau a pau, a agricultura brasileira fecha a agricultura americana.

(O Amorim, é obvio, não emprega essa linguagem de botequim que caracteriza o ansioso blogueiro, não é isso, Ministro Gilmar ?)

O trabalho de Amorim e Nunca Dantes prosperou.

Aos poucos, o Mercosul se impôs ao interesse dos países da América do Sul.

E perceberam que o lock in era uma fria.

Era, como se vê agora (essa é uma observação minha, PHA), um dos últimos suspiros do Império.

A leitura da aula de Amorim dá nexo a um dos tópicos sinistros da campanha de Cerra em 2010.

Nela, o Padim Pade Cerra anunciou que ia fechar o Mercosul.

O que era a senha para dizer: vou cair nos braços da ALCA.

A propósito, amigo navegante.

Sabe quem trabalhava para a Chevron, aquela empresa petrolífera americana a quem o Cerra ia entregar, segundo o WikiLeaks, o pré-sal ?

A Condoleezza Rice, Secretária de Estado americano.

A Chevron chegou a dar o nome dela a um super-petroleiro.

(A Rice está para a Chevron assim como a Luiza Erundina para a Petrobrás, já que deu o nome a uma plataforma da Petrobrás.)

Pois é a essa turma que o Cerra e o FHC iam entregar o Brasil, amigo navegante.

E ainda querem …

Em tempo: cabe lembrar, amigo navegante, daquele vídeo que vai entrar para a História do Brasil: Clinton espinafra FHC em público e FHC não defende o Brasil nem a si próprio.

Não fosse o PiG (**), esses tucanos não passavam de Resende.


Paulo Henrique Amorim
A bordo, a política externa do Cerra/FHC

(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

EUA mandam e Cerra e FHC congelam a “Lei do Abate”



Engraçado, muito engraçado !

Os repórteres Rubens Valente e Fernanda Odilla, na Folha (*), pág.  A20, traçam um dos mais humilhantes capítulos da “Diplomacia da Dependência” do Governo Cerra/FHC.

(Não deixe de ler sobre o que Cerra e FHC pretendiam fazer com a ALCA (entrar nela) e o Mercosul (sepultá-lo).

Trata-se da reportagem “Brasil sofreu pressão dos EUA contra ‘Lei do Abate’.”

Na verdade, mais do que “pressão”, os Estados Unidos mandaram e FHC fez: congelou a Lei.

(A Lei do Abate permite abater aviões sobre o território BRASILEIRO, desde haja suspeitas de que se trate de um avião a serviço do tráfico de drogas.)

O Congresso Nacional, onde têm assento os representantes do povo brasileiro, aprovou a Lei do Abate em 1998.

O Presidente da República do Brasil, eleito pelo povo brasileiro pela segunda vez,  no mesmo ano sancionou a Lei.

Em janeiro de 1997, o Governo americano começa a pressionar  o Executivo e o Legislativo brasileiros.

O Legislativo resistiu e aprovou o projeto de Lei.

E o Governo Cerra/FGHC se sentou em cima de Lei que ele mesmo tinha assinado.

Em abril de 1999, o chanceler de FHC, Luiz Felipe Lampreia mandou um telegrama à Secretaria de Estado americano, Madeleine Albright, que é um exemplo vergonhoso da Diplomacia da Dependência.

Diz o grande chanceler Dependente:

Em face da conversa que tivemos antes, eu formalmente confirmo que congelamos a implementação (sic, “implementation”) da política do abate e não daremos prosseguimento a ela !

Quer dizer, amigo navegante: o Congresso aprova, o Presidente sanciona e o Presidente, em carta secreta, se compromete a não dar “prosseguimento” e muito menos “implementar (sic)” a Lei.

Ou seja, para atender a uma exigência do Governo Clinton.

(Clique aqui para ver a cena histórica em que Clinton espinafra FHC em publico e FHC não defende o Brasil nem a si próprio.)

FHC transgride a Lei, em nome da Dependência.

Quer dizer, entre 1998, quando a lei foi sancionada, e 2004, quando, finalmente, o Nunca Dantes a regulamentou e a “implementou”, os aviões do tráfico nadaram de braçada sobre o território BRASILEIRO !

Duas palavrinhas sobre o chanceler Lampreia.
Lampreia faz parte daquilo que Tirésias, o profeta, uma vez chamou “embaixadores de pijama”.
São aqueles que vão para a CBN defender o interesse nacional americano e espinafrar a política externa independente de Lula e Celso Amorim, o grande chanceler.
Lampreia também é responsável por um ato sem precedentes na História da Diplomacia Ocidental.
Ele era chanceler da Diplomacia da Dependência, quando renunciou ao cargo POR FAX, para ir trabalhar com Daniel Dantas, aquele que, mais tarde, se tornou o banqueiro condenado.
Daniel Dantas é aquele a quem o Fernando Henrique chamou de “ brilhante”.
A irmã de Dantas é sócia (ou foi) da filha de Cerra numa empresa em Miami (em Miami !).
Não se sabe se a empresa ainda é “implementada” !
Viva o Brasil !



Em tempo: o amigo navegante há de se lembrar que outro ponto culminante da Diplomacia da Dependência foi quando o chanceler Celso Lafer tirou os sapatos para entrar nos Estados Unidos.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

A TRANSPARÊNCIA DOS DIAS QUE CORREM



A semana começa iluminada pela  alarmante transparência que as crises irradiam quando atingem seu domínio sobre a economia e a sociedade. Em entrevista neste domingo à revista alemã Der Spiegel, a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde,voltou  a advertir: um novo ciclo de recessão está a caminho. Sinal dos tempos, convocou Estados a redobrarem esforços de investimento e salvaguarda bancária para evitar o pior. As advertências dramáticas de Lagarde  legitimam a decisão tomada  pelo BC brasileiro que na semana passada desgostou os mercados. Consultores da banca e seus ventríloquos na mídia demotucana receberam mal a redução de meio ponto na taxa de juro mais alta do mundo.  Menos de 24 horas depois vinha dos EUA uma ratificação do diagnóstico embutido no corte da Selic: em agosto, a maior economia capitalista da Terra não gerou nenhuma vaga de emprego.  Na próxima 5ª feira será a vez de Obama desagradar a lógica do extremismo ortodoxo que na sua versão nativa ou forânea prescreve o arrocho fiscal como maravilha curativa para a maior crise do capitalismo desde 29. Obama abre a sua campanha pela reeleição anunciando um programa de geração de empregos  a contrapelo do suicídio fiscal imposto pela Tea Party contra sua administração. Num certo sentido, a eleição de 2012  nos EUA  confrontará duas grandes vertentes que se enfrentam  nas respostas à crise mundial. De um lado, um neoliberalismo cego que resolveu dobrar a aposta na desregulação financeira, responsável pelo colapso em curso no planeta. De outro, a ainda tíbia mas correta tentativa esboçada em diferentes países -- inclusive no Brasil, para suprir R$ 30 bilhões que faltam à saúde pública-- de taxar os ricos para financiar o investimento público travado pela crise. Durante décadas a hegemonia neoliberal aprisionou o debate econômico numa espécie de escolha de Sofia: as opções de desenvolvimento  estariam restritas ao endividamento insustentável dos Estados, capturados pelo rentismo como usinas de juros, ou o arrocho salazarista, vendido pela mídia como a dolorosa purgação rumo ao paraíso. Protegida por esse falso dilema, a riqueza engordou despudoramente isenta ou sub-taxada  por sistemas tributários amigáveis (no Brasil, assalariados pagam 4,5 vezes mais IR que os bancos). A crise implodiu essa fraude ao exaurir os Tesouros no socorro à desordem  financeira. O déficit  fiscal das sete maiores economias do mundo  ultrapassa atualmente U$ 41 trilhões: 70% do PIB mundial. O Estado brasileiro gasta mais com juros do que com a saúde pública ou a educação. O Chile com um a carga fiscal de apenas 17% do PIB  --a média européia é de 48%-- não tem respostas a dar aos estudantes que exigem educaçao pública de qualidade. Obama não conseguirá ressuscitar o emprego sem políticas públicas para as quais falta-lhe  o mesmo do que se ressente Dilma para acudir a saúde, Piñera para democratizar a educação ou Zapatero para atender aos indignados: receita fiscal originária da taxação da riqueza e não mais do endividamento imobilizante. A ver.
(Carta Maior; 2ª feira, 05/09/ 2011

Dirceu e Veja apressam a Ley de Medios. Que é de “óbvio interesse público”

O PT simancou

No espaço do Clóvis Rossi na pág. 2 da Folha (*), lê-se que a “reportagem” da Veja sobre José Dirceu merecia ser publicada por ser de “óbvio interesse público”.

Como quem define o “interesse público” é o notável colonista (**) que ocupa o lugar do Rossi, fica assim combinado:

Tudo o que o News of the Veja World publicou era de “interesse público”, segundo o News of the Veja World.

Inclusive as gravações da família da menina morta.

De óbvio interesse público – segundo o Murdoch.

Nesta semana, a Veja reincide e publica as mesmas fotos da semana passada com Sérgio Gabrielli e Fernando Pimentel.

Na verdade, ao “voltar ao local do crime”, a Veja pesa a mão no Sergio Gabrielli, já que a Petrobrás é um dos alvos preferidos do PiG (***), desde Assis Chateaubriand, Roberto Marinho e Bob Fields.

Na abertura do Congresso do PT em Brasília – está na Folha (*), pág. A14 -, todas as correntes – e são muitas – do Partido apoiaram Dirceu.

Lula e Dilma também.

Dirceu foi ovacionado.

O Nunca Dantes e a Dilma (o que é raro) espinafraram o PiG (***).

E, na pág. A8 do Estadão, o presidente do partido, Rui Falcão, volta a pregar uma Ley de Medios e insiste numa tese que o Ministro Bernardo – aquele que tem medo da Globo – parece ter guardado na mesma pilha em que repousa, adormecida, a Ley de Medios que o Franklin Martins lhe entregou.

É a tese de que político não pode ser dono de emissora de tevê.

Caiu a ficha do PT.

Finalmente, com a “reportagem” da Veja sobre Dirceu, o PT simancou: “sem uma Ley de Medios, o Berlusconi ganha a eleição de 2014”.

Ou simancou ou percebeu que o ambiente político, agora, com a ajuda da Veja, é favorável.

(Não há um único órgão de imprensa – com exceção “óbvia” da Folha – que tenha defendido o “método” Veja.)

José Dirceu vai processar a Veja, assim que ficar mais clara a natureza do crime cometido.

O líder do PT na Câmara, Candido Vacarezza, se viu na obrigação de notificar a Polícia Federal, já que o Zé, o Zé, o Ministro da Justiça, não se coçou.

É provável que Dirceu não queira misturar Ley de Medios com Veja.

A Veja é um caso de polícia.

Sem dúvida.

E a Ley de Medios é um caso da Democracia.

(E não apenas do PT ou da Dilma.)

Mas, não tem alternativa: a Veja apressou a Ley de Medios.

Expôs o cadáver na sala.

O fedor começa a se espalhar.

(Quando o Eugenio Bucci e o Fabio Barbosa começarão a “reverter seus valores” ?)

E a D. Judith Brito, ganhadora do Prêmio Barão de Itararé do ano retrasado (ela não foi buscar) ?

A verdadeira líder da oposição na campanha de 2010 ?

Cadê a D. Judith ?

Vai ficar quieta ?

Ou acha também que a Veja fez muito bem, porque aquelas imagens são de “óbvio interesse público” ?

D Judith, a senhora se hospeda no Naoum ?


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (***) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.