Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 21 de março de 2013

Dinheiro da Privataria voltando em forma de picolé?Por que Lemann e Verônica pagaram tanto pelo picolé?





Tomando como exemplo a compra da gigante americana Heinz, pelo fundo 3G, de Jorge Paulo Lemann, há pouco mais de um mês, o negócio foi fechado por duas vezes o faturamento e 19 vezes o lucro da companhia. No caso da minúscula sorveteria Diletto, adquirida por Verônica Serra, filha de José Serra, e o bilionário Lemann, os parâmetros foram totalmente distintos, numa aquisição precificada em 17 vezes o faturamento de uma sorveteria que talvez ainda nem tenha começado a lucrar. Ou há muita confiança ou algo ainda permanece misterioso na transação.


Brasil 247 – No dia 14 de março deste ano, o fundo 3G, do bilionário Jorge Paulo Lemann, protagonizou a maior aquisição da história da indústria alimentícia. Por US$ 23 bilhões, ele e seus sócios compraram a gigantesca empresa norte-americana Heinz, dona da principal marca de ketchups do mundo.

Negócios desse porte sempre obedecem a critérios claros e objetivos. No caso da Heinz, o 3G pagou o equivalente a duas vezes o faturamento da Heinz, de US$ 11,5 bilhões no ano passado, e 19 vezes o lucro da companhia. Essa relação preço/lucro, o chamado P/E (price/earnings), é o principal parâmetro utilizado em avaliações de empresas. Uma relação de dez vezes o lucro, muitas vezes, é adequada numa aquisição, mas há também casos em que se pagam prêmios, como no caso da Heinz.

Nada, no entanto, é comparável ao negócio fechado por Lemann e Verônica Serra, sócios do fundo Innova, na compra de 20% da minúscula sorveteria Diletto, de Cotia (SP), por R$ 100 milhões. A empresa, que tem dois anos de vida e fatura R$ 30 milhões por ano, foi avaliada em R$ 500 milhões. Ou seja: 17 vezes o faturamento. Se o critério utilizado na Heinz fosse semelhante, a empresa americana valeria US$ 195,5 bilhões, e não os US$ 23 bilhões pagos pelo 3G. A relação preço/lucro da Diletto é desconhecida, uma vez que seus números não são públicos e não se sabe sequer se a companhia começou a lucrar.

Procurados pela reportagem do 247, nem o fundo Innova nem o bilionário Lemann informaram quais foram os critérios que embasaram a aquisição. Por exemplo, quem fez a avaliação e quais foram os parâmetros utilizados?

Verônica, como se sabe, é filha de José Serra e teve seus negócios esquadrinhados no livro “Privataria Tucana”, um best-seller publicado pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior.  Depois de uma bolsa de estudos em Harvard, concedida pelo próprio Jorge Paulo Lemann, ela se tornou gestora de fundos de investimento, ao lado do marido Alexandre Bourgeois.

Lemann, por sua vez, foi diretamente beneficiado no governo FHC, pela decisão mais importante de sua trajetória empresarial: a aprovação, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, da fusão entre Brahma e Antarctica, ocorrida em 1999, que lhe deu 70% do mercado brasileiro e musculatura monopolista para crescer em outros países.

Naquele momento, o Cade era presidido por Gesner Oliveira e José Serra era candidato à sucessão de FHC. Serrista de carteirinha, Gesner se tornou presidente da Sabesp, estatal de saneamento, no governo tucano. E, depois da fusão Brahma-Antarctica, o Cade jamais voltou a permitir a realização de outros atos de concentração de mercado tão intensos. Por exemplo, ao comprar a Sadia, a Perdigão se viu forçada a vender vários ativos.

Leis que restringem monopólios existem nos Estados Unidos desde o início do século passado para proteger indivíduos e consumidores do poder das grandes corporações. Recentemente, ao tentar comprar a cervejaria mexicana Modelo, Lemann teve suas pretensões barradas por autoridades regulatórias dos Estados Unidos, país onde ele também enfrenta a acusação de aguar a cervejaria Budweiser, prejudicando a qualidade de um ícone americano, em favor do lucro.

O caso Diletto é tão fora dos padrões que gerou até uma movimentação atípica, nos meios de comunicação, para preservar as imagens de Lemann e de Verônica. Nas reportagens, o nome da filha de Serra aparece no fim, quase escondido. Além disso, embora a transação tivesse sido anunciada na noite de segunda-feira, uma reportagem-exaltação já aparecia impressa, na manhã do dia seguinte, na versão brasileira da revista Forbes, sobre o "estilo Lemann" e o porquê da decisão de entrar no mercado de sorvetes.

Em reportagem anterior do 247 sobre o caso (leia mais aqui), diversos leitores levantaram uma questão intrigante: será que, por meio de uma aquisição totalmente fora dos parâmetros tradicionais, recursos oriundos da chamada "privataria" estariam sendo internalizados no Brasil?


Leia mais em: Blog Sujo 

MÍDIA E DITADURA: A PRIMEIRA MORTE DE JANGO


*Espanha: três milhões de pessoas jogadas na miséria pela austeridade neoliberal; média dos rendimentos  recuou o equivalente a uma década.

**Portugal: Mário Soares pede a renúncia do governo do arrocho (nesta pág)

**Chipre, o efeito dominó (por Marcelo Justo, de Londres).




O atestado de óbito do ex-presidente  João Goulart que atribui

sua morte, em 1976,  a um ataque cardíaco pode ter a mesma consistência daquele que, durante décadas, afirmou que o jornalista Vladimir Herzog cometera suicídio, atirando-se de uma cadeira no DOPS. As suspeitas no caso de Jango ancoram-se em indícios, sendo o maior deles o mais óbvio:  uma desconfiança de pelo menos uma década  ainda não foi submetida à prova da autópsia, vetada pelo regime militar.Há outros sinais. A ditadura só permitiu o sepultamento, em São Borja, a 40 metros do túmulo de Getúlio Vargas, com féretro blindado. Inútil. Quando chegou à cidade, a população em peso  estava nas ruas e cercou o cortejo; o caixão foi conduzido à catedral e daí cruzou São Borja em marcha solene até o cemitério. 'Jango, Jango,Jango!'Gritos guardados no fundo do peito  desafiavam a tensão de um enterro vigiado por tropas vindas de vários pontos do Estado. A obscuridade em torno desse episódio remete a questões de atualidade incontornável. A verdade é que Jango já havia sido assassinado  uma primeira vez há 12 anos e oito meses antes de sua morte. Os que derrubaram seu governo festejaram o feito em editoriais gordurosos de cinismo.  O do Globo expõe  um ponto de vista  que consagra um método. A experiência recente não pode dizer que caiu em desuso.


O atestado de óbito do ex-presidente João Goulart que atribui a sua morte, em 1976, a um ataque cardíaco pode ter a mesma consistência daquele que, durante décadas, afirmou que o jornalista Vladimir Herzog cometera suicídio, atirando-se de uma cadeira numa cela do Dops.

As suspeitas, antigas, no caso de Jango ancoram-se em indícios, sendo o maior deles o mais óbvio.

A desconfiança que lateja há pelo menos uma década, ainda não foi submetida à prova da autópsia, vetada pela ditadura na época.

Há outros sinais.

Um ex-espião uruguaio, Mario Neira Barreiro, denunciou o assassinato no passado. Barreiro não é propriamente um cidadão acima de qualquer suspeita.

Mas ampara suas revelações em detalhes de quem, ao menos, conhecia minuciosamente a rotina de Jango.

A ditadura só permitiu o sepultamento do ex-presidente, em São Borja, a 40 metros do túmulo de Getúlio Vargas, com féretro blindado.

Ainda assim, na última hora, o então ministro do Exército, Sylvio Frota, da extrema direita militar, tentou anular a autorização expedida pela cúpula do governo Geisel.

O caixão lacrado, conduzido em carro a alta velocidade, cruzou a fronteira de Uruguaiana a 120 km por hora, vindo de Mercedes, na Argentina, onde ficava a estância dos Goulart.

Ladeava-o um aparato militar com ordens expressas de não permitir manifestações populares.

Inútil.

Quando chegou à cidade, a população em peso estava nas ruas e cercou o cortejo; o caixão foi conduzido à catedral e daí cruzou São Borja em marcha solene até o cemitério.

'Jango, Jango, Jango!' Gritos guardados no fundo do peito desafiaram a tensão de um enterro vigiado por tropas vindas de vários pontos do Estado.

A obscuridade em torno desse episódio remete a questões de atualidade incontornável.

Uma parte das sombras que pairam sobre este e outros acontecimentos envolvendo a ditadura brasileira deve-se à ambiguidade de quem deveria liderar as investigações.

As relações entre a mídia e ditadura no Brasil nunca foram pautadas pelo distanciamento crítico que rege o olhar do cronista sobre seu objeto.

A história, ressalve0se, não é feita em preto e branco. O cardeal Bergoglio que o diga. Diretores de redações que apoiaram o golpe, em diferentes momentos, estenderam a mão a perseguidos pelo regime militar.

Importa, todavia, avaliar o papel das instituições.

A mídia, enquanto instituição, foi - é – parte interessada no assalto ao poder que interrompeu um governo democrático, suspendeu as liberdades e garantias individuais e censurou a própria liberdade de expressão.

Foi dela a iniciativa de convocar o medo e a mentira e alimentar o linchamento de reputações.

O conjunto foi decisivo para levar uma parte da classe média a apoiar a ação golpista.

E mesmo assim, apenas uma parte.

O acervo do Ibope, catalogado pelo Arquivo Edgard Leuenroth, da Unicamp, reúne pesquisas de opinião pública feitas às vésperas do golpe.

Os dados, cuidadosamente ocultados pela mídia então, assumem seu real significado cotejados com a atuação do parato midiático, ontem e hoje.

As enquetes levadas às ruas entre os dias 20 e 30 de março de 1964, quando a democracia já era tangida ao matadouro pelos que bradavam em sua defesa, mostram que:

a) 69% dos entrevistados avaliavam o governo Jango como ótimo (15%), bom (30%) e regular (24%). Apenas 15% o consideravam ruim ou péssimo, fazendo eco dos jornais.

b) 49,8% cogitavam votar em Jango, caso ele se candidatasse à reeleição, em 1965 (seu mandato expirava em janeiro de 1966); 41,8% rejeitavam essa opção.

c) 59% apoiavam as medidas anunciadas pelo Presidente na famosa sexta-feira, 13 de março. 


Em um comício que reuniu 150 mil pessoas na Central do Brasil (o país tinha 72 milhões de habitantes) Jango assinou, então, decretos que expropriavam as terras nas margens das rodovias para fins de reforma agrária, bem como nacionalizavam refinarias de petróleo.

As pesquisas sigilosas do Ibope formam apenas o arremate estatístico de um jornalismo que ocultou elementos da equação política, convocou, exortou, manipulou, incentivou e apoiou a derrubada violenta do Presidência da República, em 31 de março de 1964.

Não se deduza disso que a democracia brasileira espelhava a placidez de um lago suíço.

Num certo sentido, vivia-se, como agora, o esgotamento de um ciclo e o difícil parto do seguinte.

As reformas de base – a agrária, a urbana, a fiscal, a educacional — visavam destravar potencialidades e recursos de um sistema econômico exaurido.

O impulso industrializante de Vargas, dos anos 30 a meados dos anos 50, e o do consumo , fomentado por Juscelino, mostravam claros sinais de esgotamento.

Trincas marmorizavam todo tecido social e produtivo.

À vulnerabilidade externa decorrente da frágil capacidade exportadora, sobrepunha-se uma seca de crédito junto ao sistema financeiro internacional.

O déficit público era ascendente; idem, a espiral preços /salários; o PIB anêmico e a inflação de 25% no trimestre pré-golpe completavam a encruzilhada de uma sociedade em transe.

O conjunto tinha como arremate a guerra fria, exacerbada na América Latina pela vitória da revolução cubana, que desde 1959 irradiava uma agenda alternativa de desenvolvimento.

O efeito na vida cotidiana era enervante. Como o seria no Chile, nove anos depois; como o é hoje, em certa medida, na Venezuela do ex-presidente Chávez.

O mercado negro de produtos essenciais testava a paciência dos consumidores. Óleo, trigo, açúcar, carne faltavam ciclicamente nos grandes centros urbanos.

Fruto, em parte, de uma escassez provocada pela sabotagem empresarial.

As reformas progressistas de Jango estavam longe de caracterizar o alvorecer comunista alardeado pelos jornais. Tratava-se de superar entraves e privilégios de uma máquina capitalista entrevada em suas próprias contradições.

Jango pretendia associar a isso um salto de cidadania e justiça social, ampliando o acesso à educação e aos direitos no campo.

O que importa reter, como traço de atualidade inescapável, é o comportamento extremado do aparato midiático diante desse projeto.

Convocada a democracia a discutir o passo seguinte da história brasileira, os centuriões da legalidade optaram pelo golpe.

Deram ao escrutínio popular um atestado de incapacidade para formar os grandes consenso, indispensáveis à emergência de um novo ciclo de desenvolvimento.

Jango foi assassinado aí, pela primeira vez,12 anos e oito meses antes de sua morte.

Se o fizeram, de novo, em setembro de 1976, cabe averiguar de uma vez por todas.

Mas, sobretudo, parece claro que o tema das relações entre mídia e ditadura não pode mais se restringir aos bastidores das comissões da verdade.

Não há revanchismo nessa agenda.

Pauta-a a necessidade de dotar a democracia das salvaguardas de memória, pluralidade e participação social, que a preservem de uma recaída da intolerância, como a de 1964, que subtraiu à sociedade a prerrogativa de decidir o seu próprio destino.

Os que derrubaram Jango festejaram seu feito em editoriais gordurosos de cinismo.

O de "O Globo, veiculado pela família Marinho, dois dias depois do golpe, expõe um ponto de vista que consagra um método.

A julgar pela experiência recente, não se pode dizer que caiu em desuso.

Leia abaixo, o editorial de “O Globo” de 02 de abril de 1964:

Ressurge a Democracia


' Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.

Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.

Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.

Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.

Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.

As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”

No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.

Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.

Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.

A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.

Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”
Postado por Saul Leblon 

Popularidade de Dilma se deve ao PIG, segundo o PIG


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Se você tivesse que formar sua opinião sobre o governo Dilma Rousseff através do que fica sabendo pela grande mídia, as informações que ela lhe deu sobre o Brasil ao longo dos primeiros três meses deste ano o induziriam a pensar que o país está no fundo do poço.
Afinal, só para ficarmos em 2013 podemos nos lembrar de que a dita “grande imprensa”, entre o muito de desolador que divulgou, “noticiou” que:
1 – O país estaria às portas de um racionamento de energia elétrica.
2 – Durante o governo Dilma a economia cresceu de forma medíocre, com “pibinho”.
3 – O governo não irá conseguir preparar o país para a Copa do Mundo do ano que vem.
4 – A inflação estaria fora de controle e prestes a explodir.
5 – Lula e Dilma “afundaram” a Petrobrás.
(…)
Por certo, leitor, você deve se lembrar de outras desgraças que a mídia diz que estariam prestes a se abater sobre o Brasil ou que já teriam se abatido. Vale a pena, inclusive, você dar a sua contribuição para a lista de desgraças anunciadas por essa mídia.
Diante da artilharia midiática contra os três governos petistas que o Brasil vem assistindo desde 2003, portanto, a cada pesquisa sobre a popularidade de Lula, antes, ou sobre a de Dilma, agora, causa surpresa que a popularidade deles nunca tenha caído.
Não foi diferente com a pesquisa CNI-Ibope publicada na última terça-feira; a aprovação pessoal de Dilma bateu novo recorde (79%) e a de seu governo, idem (63%).
A explicação mais óbvia é a de que os brasileiros não dão crédito ao que dizem grandes jornais, revistas, telejornais e portais de internet, sobretudo os ligados às famílias Marinho, Frias, Civita e Mesquita.
Todavia, colunistas e comentaristas desses veículos encontraram outra explicação após a divulgação da pesquisa Ibope em tela. Segundo eles, a presidente Dilma deve sua popularidade recorde à mídia que, dia após dia, trata de dizer sobre seu governo tudo o que enumerei acima.
O colunista e blogueiro de O Globo Ricardo Noblat, por exemplo, é um desses caras-de-pau. Confira abaixo, perplexo leitor.
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Por Ricardo Noblat
A imprensa golpista – ou seja: aquela que critica o governo e por isso vive na mira do PT – está falhando gravemente.
Divulgada há pouco, a pesquisa Ibope informa:  a população avaliou que o noticiário está mais favorável ao governo do que na pesquisa anterior.
Para 38% dos entrevistados, as notícias são mais positivas para Dilma – em dezembro, eram 24%.
Para 34%, o noticiário nem lhe é favorável nem desfavorável – praticamente o mesmo percentual do levantamento anterior, quando 35% tinham essa percepção.
A pesquisa foi feita entre os dias 8 e 11 deste mês. Foram ouvidos 2.002 eleitores, em 143 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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Apesar da artilharia incessante, dos insultos – um colunista da Veja chama Dilma de “neurônio solitário” – e das mistificações e invenções como a do “racionamento” iminente, o colunista de O Globo se vale de uma percepção popular que a pesquisa expressou para negar o que ele mesmo publica “de baciada” diariamente.
O fato, porém, é que a maioria não consegue avaliar o viés do noticiário simplesmente porque não lhe dá bola – não lê, não assiste e, quando lê ou assiste, não acredita.
Noblat só tem razão em um ponto: “A imprensa golpista está falhando gravemente” em sua cruzada interminável para convencer os brasileiros de que o país é mal governado.
Esse, aliás, é o diagnóstico de outro colunista do Partido da Imprensa Golpista (PIG), agora da Folha de São Paulo.
Fernando Rodrigues, em coluna publicada ontem na Folha, atribui à oposição a artilharia anti governista, como se o seu jornal e seus congêneres antipetistas não endossassem os ataques oposicionistas em colunas, editoriais, “reportagens” etc.
Abaixo, o diagnóstico mais comedido, porém igualmente cara-de-pau, do colunista da Folha.
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Fernando Rodrigues
BRASÍLIA – No terceiro dia de Itália, Dilma Rousseff finalmente conseguiu 24 segundos cumprimentando o papa Francisco. Garantiu presença nos telejornais. Hoje, terá uma reunião mais longa com o pontífice. E tome mídia espontânea a favor.
Enquanto isso, no Brasil, saiu uma pesquisa Ibope sobre a popularidade da administração da presidente.
Em dezembro, 62% achavam o governo da petista “bom” ou “ótimo”. Agora, a taxa é de 63%. No Nordeste, a avaliação deu um salto expressivo, acima da margem de erro: de 80% para 85% de aprovação.
Múltiplos fatores sustentam a alta popularidade de Dilma. Embora óbvio, não custa repetir um dos principais: o nível de desemprego continua em patamar histórico muito baixo.
Mas a pesquisa Ibope revela algumas curiosidades menos evidentes. Por exemplo, 20% dos brasileiros acham o governo Dilma melhor do que o de Lula.
Esse percentual nunca foi tão alto e, pela primeira vez, é superior aos 18% que acham a administração Dilma inferior à de Lula. É a criatura aos poucos superando o criador.
Outro dado chama a atenção: a percepção das pessoas sobre o noticiário a respeito do governo Dilma. Pela primeira vez desde o início do mandato da petista, há mais brasileiros achando que a abordagem é mais positiva (38%) do que neutra (34%) ou negativa (11%).
A oposição dirá que os entrevistados são influenciados pela recente avalanche de propaganda do governo. Brasil sem Miséria e remédios de graça são duas campanhas que martelam a cabeça dos brasileiros na TV no momento.
Pode ser. Mas os três pré-candidatos a presidente de oposição -Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede)- têm recebido espaço farto para atacar a gestão Dilma na mídia. Em vão. O discurso não sensibilizou os eleitores. A estratégia anti-Dilma parece ainda bem descalibrada.
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Que a estratégia da oposição está “descalibrada”, não é novidade e não é de hoje. Está assim há dez anos – desde 1º de janeiro de 2003. Até por isso é que essa oposição perdeu as três últimas eleições presidenciais e vem se desidratando no Congresso.
Todavia, seria pedir demais que esses colunistas caras-de-pau reconhecessem que, por mais que seus patrões tentassem e tentem, não conseguiram e não conseguem desmoralizar nem Lula, nem Dilma? Um pouco de honestidade os ajudaria a não se desmoralizarem tanto.