Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

EUROPA E EUA , ESTUDAM NOVA BANDEIRA PARA LÍBIA

CABEÇAS CALVAS E GRISALHAS AO LADO DA JUVENTUDE E DAS BANDEIRAS VERMELHAS


CABEÇAS CALVAS E GRISALHAS AO LADO DA JUVENTUDE E DAS BANDEIRAS VERMELHAS
 

Bandeiras republicanas, da luta antifranquista e bandeiras da União Geral dos Trabalhadores voltaram às ruas de Madrid neste terça-feira, em passeata que uniu desde o Partido Comunista Espanhol à esquerda anticapitalista. A juventude dos indignados estava presente, mas cabeças calvas e grisalhas sugeriam um novo perfil, não apenas dos manifestantes, mas talvez da luta política.Em Madrid, assim como na Itália, onde os sindicatos paralisaram o sistema de transportes nesta terça-feira, contra o arrocho fiscal de Berlusconi, trabalhadores, centrais sindicais  e partidos de esquerda voltaram às ruas para rejeitar propostas de salvação dos mercados que arruínam  a sociedade. O protesto espanhol dirigia-se à reforma constitucional liderada pelo PSOE e pela direita do PP. O objetivo é quase um chavão no discurso conservador nos dias que correm: acalmar mercados nervosos, que escalpelam Estados endividados com a machadinha do  juro cortante para financiar a dívida pública. Zapatero e o PP de Aznar uniram-se com o propósito de incluir a meta de equilíbrio fiscal na Carta espanhola. Equilíbrio fiscal em si é saudável.  Trata-se de uma deformação disseminada pela direita equiparar o keynesianismo ao endividamento temerário do Estado, reduzido assim a um vassalo da senhoriagem rentista. Não há nada de Keynes e muito menos de esquerda nisso.Na verdade,esse foi o modelo implantado pelo ciclo neoliberal, com sua agenda de Estado mínimo, isenção fiscal para os endinheirados e endividamento máximo para financiar políticas públicas intransferíveis aos mercados. Colocou-se assim a máquina pública e o sistema fiscal a serviço dos juros, em vez de servir ao interesse  público. O que se pretende agora, na exaustão de uma engrenagem saturada no socorro aos mercados financeiros, é dobrar a aposta na vassalagem, cortando gastos sociais para acalmar credores ressabiados com o risco de um calote.É contra isso que as cabeças grisalhas comunistas voltaram às ruas de Madrid na tarde desta 3º feira, ao lado da juventude, mas resgatando as bandeiras vermelhas e o brasão da luta republicana ao lugar que lhes compete na história. A importância dessas mobilizações não deve ser exagerada. Mas os sinais são auspiciosos. Eles indicam que a travessia para uma nova esquerda converge ao único lugar onde essa tarefa poderá adquirir a velocidade requerida pela gravidade da hora: a fusão de novas e velhas bandeiras nas ruas do mundo.
 
Bandeiras republicanas, da luta antifranquista e bandeiras da União Geral dos Trabalhadores voltaram às ruas de Madrid neste terça-feira, em passeata que uniu desde o Partido Comunista Espanhol à esquerda anticapitalista. A juventude dos indignados estava presente, mas cabeças calvas e grisalhas sugeriam um novo perfil, não apenas dos manifestantes, mas talvez da luta política.Em Madrid, assim como na Itália, onde os sindicatos paralisaram o sistema de transportes nesta terça-feira, contra o arrocho fiscal de Berlusconi, trabalhadores, centrais sindicais  e partidos de esquerda voltaram às ruas para rejeitar propostas de salvação dos mercados que arruínam  a sociedade. O protesto espanhol dirigia-se à reforma constitucional liderada pelo PSOE e pela direita do PP. O objetivo é quase um chavão no discurso conservador nos dias que correm: acalmar mercados nervosos, que escalpelam Estados endividados com a machadinha do  juro cortante para financiar a dívida pública. Zapatero e o PP de Aznar uniram-se com o propósito de incluir a meta de equilíbrio fiscal na Carta espanhola. Equilíbrio fiscal em si é saudável.  Trata-se de uma deformação disseminada pela direita equiparar o keynesianismo ao endividamento temerário do Estado, reduzido assim a um vassalo da senhoriagem rentista. Não há nada de Keynes e muito menos de esquerda nisso.Na verdade,esse foi o modelo implantado pelo ciclo neoliberal, com sua agenda de Estado mínimo, isenção fiscal para os endinheirados e endividamento máximo para financiar políticas públicas intransferíveis aos mercados. Colocou-se assim a máquina pública e o sistema fiscal a serviço dos juros, em vez de servir ao interesse  público. O que se pretende agora, na exaustão de uma engrenagem saturada no socorro aos mercados financeiros, é dobrar a aposta na vassalagem, cortando gastos sociais para acalmar credores ressabiados com o risco de um calote.É contra isso que as cabeças grisalhas comunistas voltaram às ruas de Madrid na tarde desta 3º feira, ao lado da juventude, mas resgatando as bandeiras vermelhas e o brasão da luta republicana ao lugar que lhes compete na história. A importância dessas mobilizações não deve ser exagerada. Mas os sinais são auspiciosos. Eles indicam que a travessia para uma nova esquerda converge ao único lugar onde essa tarefa poderá adquirir a velocidade requerida pela gravidade da hora: a fusão de novas e velhas bandeiras nas ruas do mundo.
(Carta Maior; 3ª feira, 06/09/ 2011

Folha ‘atacou’ Alckmin para simular ‘isenção’

Sim, você leu direito: enfim algum grande meio de comunicação publicou uma “denúncia” contra um tucano. Na verdade, o que é mais surpreendente é que a “denúncia” cita familiares do governador Geraldo Alckmin, o que, até então, pensava-se ser regalia exclusiva de petistas. E, para completar, foi parar na primeira página (!?) da Folha de São Paulo.
Corte para a entrevista que o ex-ministro José Dirceu concedeu no último domingo ao programa É Notícia!, da Rede TV, comandado pelo jornalista Kennedy Alencar, que também trabalha na Folha. Lá pelas tantas, travou-se um diálogo entre entrevistador e entrevistado que explicará o súbito surto de “imparcialidade” do jornal paulista.
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(…)
Kennedy Alencar – O PT ajudou a implantar no Brasil um padrão ético muito rigoroso. Cobrava muito dos outros partidos.O senhor mesmo, na CPI do Collor… Mas o PT tem dificuldade de aceitar ser cobrado pelo mesmo padrão que ele cobrava os outros. Aí, como o Jaques Wagner já disse, não é o pecado do pregador? O PT não tem que ser mais cobrado, ministro, porque, justamente, foi o partido que cobrava muito dos outros ética?
José Dirceu – O PT é o único partido cobrado…
Alencar – Não é verdade…
Dirceu – Os escândalos do PSDB…
Alencar – Não é verdade…
Dirceu – Os escândalos do PSDB…
Alencar – O PR, agora…
Dirceu – Não, estou falando da oposição. Os escândalos do PSDB, geralmente…
Alencar – Recentemente teve uma matéria na Folha sobre familiares da mulher do governador de São Paulo.
Dirceu – Mas os grandes escândalos não se transformaram em grandes matérias jornalísticas.
Alencar – Mas o PT não merece ser mais cobrado?
(…)
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Primeiramente, a idéia de Alencar é absurda. Por que o PT merece ser mais cobrado? Porque exigia ética quando estava na oposição? Ora, o PSDB exige ética do PT no governo federal há quase nove anos e nem por isso a mídia cobra os tucanos em São Paulo. O PSDB também merece ser mais cobrado?
Mas o fato principal não é esse. Viram como Alencar aludiu à primeira e única matéria supostamente incômoda para o governador de São Paulo que saiu na primeira página – e, provavelmente, nas páginas internas – neste ano? Então… Foi para isso.
A matéria saiu no dia 30 do mês passado e nunca mais se tocou no assunto.  E ela não se espalhou pela mídia paulista, como acontece com as matérias contra o PT. Ficou circunscrita àquela edição isolada da Folha e, de acordo com o que costuma acontecer quando algum veículo publica alguma coisa incômoda para os tucanos, o assunto desaparece logo depois e não volta nunca mais.
Dirceu cometeu um erro, naquele ponto da entrevista. Deixou o dito pelo não dito. Não insistiu no assunto de que, como disse a Alencar, o PT é o único partido de quem a mídia cobra ética. Se explorasse o tema encurralaria o lépido entrevistador, apesar de ter se saído bem na entrevista.
A matéria da Folha é uma piada. Não tem nada que ver com o governador. A empresa de familiares de Lu Alckmin é investigada sob suspeita de ter se beneficiado de uma fraude de R$ 4 milhões contra a Prefeitura de São Paulo. O caso ocorreu entre 1994 e 1999. A fraude apontada teria sido efetuada na gestão do então prefeito Celso Pitta, já morto.
Em 2001, a prefeita Marta Suplicy ( PT) mandou arquivar o caso contra o adversário político. Claro que não foi em frente porque a denúncia não tinha futuro. Por isso a Folha publicou.
Dirceu perdeu a chance de citar todos os escândalos tucanos que a mídia esconde. O do Rodoanel (superfaturamento), o das obras de desassoreamento do rio Tietê (dinheiro foi desviado das obras para publicidade do governo Serra), sem falar em mais de cem pedidos de CPI que dormitam na Assembléia Legislativa paulista por ordem do PSDB, e a imprensa não dá um pio.
Poderia ter sido feito um desafio a Alencar: apurar os últimos doze meses de matérias da Folha, ao menos, e quantificar quantas denúncias o jornal fez contra governos petistas e tucanos. Acabaria com a conversa e desmontaria a estratégia da mídia de publicar alguma denúncia besta contra o PSDB episodicamente para se dizer “isenta”.
O que se pode extrair disso tudo é que esse jornal encenar tal farsa – que Alencar usou descaradamente – revela que a mídia está acusando o golpe. Ou seja: se tenta provar que é isenta é porque se sente incomodada pelos que dizem que não é. Certamente acha – ou sabe – que, apesar de não falarmos tão alto quanto ela, acabamos sendo ouvidos.
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ATUALIZAÇÃO
6 de setembro de 2011 às 14:30 hs
Se a Folha quer mesmo fiscalizar escândalos envolvendo Alckmin, que tal ir onde há fumaça? Abaixo, um foco para o jornalão “isento” fiscalizar.
A filha de Alckmin e o contrabando da Daslu
Altamiro Borges
Talvez por sua formação puritana no Opus Dei, o candidato Geraldo Alckmin gosta de se fingir de casto e imaculado. No debate da TV Bandeirantes, ele fez questão de se mostrar “indignado” com a corrupção e criticou o fato de o presidente Lula repetir que “não sabia” dos desvios de conduta no seu governo. “É só perguntar aos seus amigos de 30 anos”, alfinetou o falso moralista num momento de cólera bem ensaiado.
Mas, para ser conseqüente e manter as aparências, Alckmin deveria ter se desculpado em público por ter cortado a fita de inauguração da Daslu, templo de consumo dos ricaços, hoje processada por contrabando, sonegação fiscal e outras crimes. “Eu não sabia”, deveria ter tido. Também poderia pedir desculpas por sua filha, Sophia Alckmin, ter sido gerente de compras nesta loja de contrabandistas. “Eu não sabia”. E ainda deveria explicar porque os diretores da Daslu, sempre acompanhados de sua filha, reuniram-se com o secretário da Fazenda do seu governo, Eduardo Guardia. “Eu não sabia”. Entre uma pregação do Opus Dei e sua agenda de governador, talvez não tenha tido tempo para acompanhar os negócios de sua filha!
Alckmin chegou de helicóptero
A nova loja da Daslu, um prédio de quatro andares e 20 mil metros quadrados, situada num bairro nobre da capital, foi inaugurada em junho de 2005. A colunista Mônica Bérgamo, do jornal Folha de S.Paulo, descreveu a festança dos ricaços com ares de ironia. “E soam os violinos da Daslu Orchestra, formada por 50 músicos. São 12 horas de sábado. Alckmin, que chegou ao prédio de helicóptero, desfaz a fita. ‘A Daslu é o traço de união entre o bom gosto e muitas oportunidades de trabalho’, diz. Só para a família Alckmin são duas: trabalham lá a filha [diretora de novos negócios da butique] e a cunhada dele, Vera”.
Ainda segundo a picante crônica de Mônica Bérgamo, “Sophia puxa o pai pelo braço: começa o tour pela Daslu. Primeiro piso, importados femininos. Alckmin entra na Chanel, onde um smoking de veludo preto é vendido a R$ 22.600, uma sandália de cetim, gurgurão e pérolas sai por R$ 2.900 e uma bolsa multipocket, por R$ 14.000. As vendedoras informam que há mais de 50 pessoas na fila em São Paulo para comprar o mimo, até baratinho se comparado à bolsa Dior de couro de crocodilo, de R$ 39.980, e à mais cara Louis Vuitton, com pele de mink: R$ 23 mil”.
“Vou colocar um jeans”
“Sophia leva o pai até o segundo pavimento. Mostra um helicóptero pendurado no teto. ‘Que lindas as motos, Sô’, diz Lu Alckmin à filha ao ver, encostada perto da escada, uma moto Harley Davidson (R$ 195 mil). Alckmin entra na Ermenegildo Zegna, passa pela Ralph Lauren, onde uma camiseta pode custar R$ 2.460. ‘É tudo muito colorido aqui’, observa. Os carros chamam a atenção do governador. Estão em exibição um Volvo de R$ 365 mil, lanchas de R$ 7 milhões, TVs de plasma de R$ 300 mil”.
”O governador começa a fazer o caminho de volta. Os repórteres perguntam a Lu Alckmin: A senhora está de bolsa Chanel. E a blusa? ‘É Burberry’, responde Lu. ‘Gosto de peças clássicas’. O governador, que diz comprar só ‘umas camisas’ na Daslu, aperta o passo. Ainda vai a Carapicuíba. E Lu tem que correr para o Palácio dos Bandeirantes. Precisa se trocar, ‘colocar um jeans’, para outro compromisso: um evento na Água Branca em que caminhões de vários bairros entregarão agasalhos doados para as crianças pobres da cidade enfrentarem o inverno que se avizinha”, conclui, sarcástica, Mônica Bérgamo.
“Uma organização criminosa”
Poucos meses depois do ex-governador cortar a fita inaugural da Daslu, um antigo processo judicial contra os donos da butique de luxo finalmente ganhou agilidade. No final de dezembro, a juíza Maria Isabel do Prado, da 2a Vara de Justiça Federal de Guarulhos (SP), recebeu os livros contábeis e fiscais da loja. Para ter acesso a estes documentos, a juíza chegou a ameaçar de prisão a dona da butique, Eliana Tranchesi, o seu irmão Antonio Carlos Piva e os responsáveis pela contabilidade do estabelecimento.
Tais papéis comprovaram a denúncia do Ministério Público Federal de que a Daslu atua em conluio com importadoras para substituir notas fiscais fornecidas por grifes estrangeiras por notas falsas subfaturadas. Com base nos livros fiscais e contábeis, Eliana e seu irmão foram acusados de formação de quadrilha, importação irregular e falsidade ideológica. No caso da influente proprietária, a soma de penas por estes crimes chega a 21 anos de prisão. Segundo Jefferson Dias, procurador da República, a Daslu agia como uma quadrilha. “Trata-se de uma organização criminosa pela hierarquia e a divisão de tarefas que existia”.
Devido aos seus estreitos vínculos com figurões da elite e autoridades do governo estadual, a trambiqueira de luxo sequer tomou os cuidados que outros sonegadores costumam adotar. “A sensação de impunidade fez com que eles se descuidassem e a situação ficou descontrolada”, argumenta Matheus Magnani, outro procurador envolvido na apuração. Eliana Tranchesi participava diretamente do esquema ilícito, chegando a enviar aos fornecedores estrangeiros pedido em inglês para que eles não remetessem faturas verdadeiras dos produtos. A proprietária ainda foi acusada de crime contra a ordem tributária e evasão de divisa.
ACM chorou e Bornhausen esbravejou
Diante destas graves acusações e da tentativa de ocultar provas, em 13 de junho de 2006, a Polícia Federal acionou a Operação Narciso e ocupou a Daslu com 250 agentes e 80 auditores fiscais. A inédita operação foi elogiada pela sociedade, mas os ricaços, a mídia e vários políticos da elite fizeram um baita escândalo. A asquerosa revista Veja chegou a afirmar que a ação da PF era uma jogada do governo Lula para abafar a crise política. O senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, criticou o “revanchismo”. Já o coronel Antônio Carlos Magalhães, assíduo freqüentador da loja, chorou ao falar ao telefone com a contraventora detida por algumas horas. E a poderosa Federação da Indústria de São Paulo convocou um ato de repúdio.
O líder do PSDB, deputado Alberto Goldman, foi quem explicitou a forma de agir da burguesia. Para ele, “essa prisão pode gerar uma crise econômica. O empresário vai dizer: para que vou investir no Brasil se posso ser preso?”. Ou seja: na concepção tucana, só quem pode ser preso no país é o ladrão de galinha! O empresário que sonega imposto, remete ilegalmente dinheiro ao exterior ou comete outros crimes não pode ser tocado e ainda conta com a ajuda de certos políticos – que depois serão recompensados nas suas campanhas. O escândalo da Daslu explicitou que a corrupção é regra no mundo dos negócios capitalistas.
Reuniões na Secretaria da Fazenda
A Operação Narciso também levantou fortes suspeitas sobre a atuação do governador Geraldo Alckmin, que havia inaugurado o mega-loja de luxo na capital paulista. Na ocasião, a mídia destacou o fato da sua filha, Sophia Alckmin, ser uma prestigiada “dasluzete”, responsável pelo setor de novos negócios da loja. No rastro da ação da PF, surgiram denúncias de que esta influente funcionária já havia se reunido com o secretário da Fazenda de São Paulo, Eduardo Guardia. O governo negou e a mídia preferiu o silêncio!
Mas, convocado para depor na Assembléia Legislativa, Guardia admitiu que a filha de Alckmin estivera na sede da secretaria junto com outros chefões da Daslu em, pelo menos, duas vezes no primeiro semestre de 2005. As visitas ocorreram exatamente no período em que loja solicitou autorização da Fazenda para instalar um sistema de vendas com caixa único, algo pouco usado no país e mais vulnerável à sonegação. O secretário negou qualquer “concessão de privilégios”, mas gaguejou ao explicar a visita da “ilustre” filha do governador. Uma auditoria especial do Tribunal de Contas foi solicitada para averiguar o caso.
Para Renato Simões, deputado estadual do PT, não resta dúvida sobre os vínculos do ex-governador com a Daslu. “Os líderes da bancada governista primeiro negaram a presença da filha do Alckmin na Fazenda. O secretário, por sua vez, confirmou a ida. Isso significa que houve uma tentativa de usar o nome da filha do governador para agilizar a tramitação do processo do caixa único”. A tucanagem paulista, que hoje tenta posar de vestal da ética e adora ostentar o luxo desta butique das trambicagens, deve uma explicação à sociedade. A mídia venal, que evita tratar do assunto com o destaque que ele merece, também! Já o presidenciável Geraldo Alckmin, caso seja acuado, poderá dizer: “Eu não sabia”.

Inês Nassif:Congresso do PT deixa o ar entrar

O Conversa Afiada reproduz texto de Maria Inês Nassif extraído da Carta Maior:

Um sopro de vida orgânica no PT


O documento aprovado no Congresso do PT é uma tentativa de resgatar a organicidade política do partido que, depois de oito anos de governo Lula (e oito meses de Dilma) acabou se conformando como uma mera unidade pró-governo. É uma tentativa de sair da arena da luta meramente institucional com os partidos aliados e ganhar a opinião pública para suas bandeiras.


Maria Inês Nassif


Não se recomenda reduzir o Congresso do PT, realizado no final de semana, a um mero jogo de cena. A ausência de debates acalorados ou a não explicitação de grandes divergências internas dizem mais do que isso. Ao longo de oito anos de governo, e no início de um terceiro mandato na Presidência, era inevitável que mudanças se produzissem num partido que sempre funcionou como uma frente de tendências de esquerda, setores sindicais e grupos ligados à Igreja Progressista.


O PT passa por um processo de mudança que se iniciou em 1998, após a terceira derrota de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Presidência. Ao longo do tempo, sofreu defecções próprias de um partido que se consolidou na oposição e como partido de esquerda que, uma vez no poder, não teria condições de governabilidade se não optasse por uma política de alianças mais ampla e maleável.


Muita água rolou debaixo da ponte desde a formação do PT, em 1980. Sofreu rachas que resultaram no PSTU e no PSol; não apenas perdeu setores ligados à Teologia da Libertação, como os que lá permaneceram vivem o ostracismo a eles imposto nos dois últimos papados (de João Paulo II e de Bento XVI); amargou as crises do chamado Mensalão e dos “Aloprados”, que resultaram não apenas em desgaste popular, mas em perdas de quadros importantes para a dinâmica interna, sangria iniciada na formação do Ministério petista; foi de alguma forma redimido pelo sucesso dos governos Lula, mas para isso teve que pegar carona na popularidade de um líder carismático que detinha o poder do presidencialismo.


O resultado foi um esvaziamento de quadros dirigentes, uma crise interna que se estendeu no tempo, inclusive pela falta de mediadores com o peso de Lula, e uma perda de peso relativo em relação aos demais partidos da base aliada, embora permaneça com uma grande bancada no Congresso.


Essa conjunção de desgraças poderia ter reduzido o partido a pó, à semelhança do que acontece com o desidratado DEM, ex-PFL. Não foi o que aconteceu. Primeiro, porque continua partido do governo – e num sistema presidencialista, isto não é pouco, nem para o PT (embora, por justiça, é preciso lembrar que o partido, desde a sua criação, teve um crescimento eleitoral contínuo, mesmo na oposição, e apenas sofreu uma queda eleitoral em 2006, quando era governo e apesar da reeleição de Lula). Em segundo lugar, porque a sangria de quadros não alterou a realidade de que o partido ainda é o único que dispõe de quadros, não apenas os nascidos de sua organização mas também os originários da esquerda pré-redemocratização.


A vantagem disso é que, mesmo com a proliferação de grupos articulados em torno de líderes paroquiais (isso também existe no PT), prevalece, inclusive numericamente, a ideia de que a organicidade partidária é a grande vantagem de que desfruta em relação aos partidos da base aliada, nas contendas com o governo.


As dificuldades que o governo Lula e o PT enfrentaram a partir de 2005 também colocaram como questão eleitoral para o partido a atração dos movimentos sociais, afastados nos primeiros anos de governo petista, e a inclusão dos setores que ascenderam à sociedade de consumo nesse período graças às políticas de inclusão do governo petista. Se o partido não capitalizar esses setores agora, não conseguirá dividir esse legado com Lula. Ou o perderá para o PSDB, que investe na “nova classe média” partindo do conceito clássico de que esse setor social tem grande tendência ao conservadorismo. O PSDB quer conquistar os setores que emergiram no governo petista pela direita; o PT tenta fidelizá-lo com um discurso mais progressista, para não perder o apoio das classes mais baixas que, se não chegaram às classes médias, ascenderam à sociedade de consumo nos governos petistas.


A defecção de grupos de esquerda e a divisão das responsabilidades de governo com tendências que se desentendiam internamente permitiram o milagre da unidade, num momento de crise em que se apostaria na fatalidade da desunião. A saída de Lula do governo e uma aposta na incapacidade da presidenta Dilma Rousseff nas questões de natureza política reiteravam essa previsão. Não foi tão ruim assim. E, pensando bem, pode ser uma grande chance para o PT encontrar o equilíbrio entre os interesses do partido e as exigências do governo.


O documento do PT, aprovado no encontro, é uma tentativa de resgatar a organicidade política do partido que, depois de oito anos de governo Lula (mais oito meses de Dilma) acabou se conformando como uma mera unidade pró-governo. É uma tentativa de ter suas próprias bandeiras, no suposto de que o partido deve assumir o papel de abrir espaço, na sociedade, para medidas de caráter mais progressista. Entenda-se a manifestação política do Congresso do PT como uma tentativa de sair da arena da luta meramente institucional com os partidos aliados e ganhar a opinião pública para suas bandeiras. Por enquanto, o único mérito é tentar retomar o seu papel de intelectual orgânico. Será um grande mérito, contudo, se conseguir levar essa missão a bom termo.


Clique aqui para ler “Dirceu: Congresso é que vai promover a Ley de Medios”.

E aqui para ler “Reaproximação com movimentos sociais reúne aliados do PT”.

Dirceu: Congresso é que vai promover a Ley de Medios

Cardozo, Dirceu e Bernardo são do PT

O ex-Ministro José Dirceu deu uma entrevista a este ansioso blogueiro, que vai ao ar nesta terça-feira, na Record News, às 22h15, logo depois do programa do Heródoto Barbeiro.

Dirceu tratou da invasão de domicílio praticada pela revista Veja e das providências que pretende tomar.

Este ansioso blogueiro contrastou a decisão do Congresso do PT, que defendeu uma Ley de Medios, com o acelerado recuo do Ministro Bernardo, que evita passar perto do controle remoto para não tirar da Globo.

José Dirceu disse e repetiu que a discussão e a decisão se travarão no Congresso Nacional.

Dirceu enfatizou: a batalha se travará no Congresso.

Este ansioso blogueiro desconfia que José Dirceu não é do tipo de acender fósforo sem charuto (de preferência cubano).

O que ele diz costuma ter variadas camadas geológicas.

Lá embaixo, na antepenúltima camada geológica, este ansioso blogueiro recolheu a seguinte suspeita:

Quem não aguenta mais a ditadura da Globo e os crimes da Veja é o Congresso.

E no Congresso é que a cobra vai fumar.

Em tempo: o ansioso blogueiro perguntou a Dirceu se o Zé Cardozo – clique aqui para ler por que o tratam como Zé – e o Bernardo são do PT.

Já que o Cardozo não se coçou quando a Veja invadiu o domicílio do José Dirceu no hotel Naoum.

Nos dois casos, a resposta de Dirceu foi afirmativa.

- Cardozo e Bernardo são, sim, sem dúvida, do PT !


Paulo Henrique Amorim

BREVE, NOS PORÕES DA PRIVATRIA DEMO TUCANA. A ERA DO FAMIGERADO FHC. NÃO PERCAM A LEITURA.

Privatas do Caribe


A fantástica viagem das fortunas tucanas desde os porões da privataria até o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas


Amaury Ribeiro Jr.

Prepare-se: o que está logo adiante não é uma narrativa qualquer. Você está embarcando em uma grande reportagem que vai devassar os subterrâneos da privatização realizada no Brasil sob FHC. Os porões da privataria. É, talvez, a mais profunda e abrangente abordagem jamais feita deste tema. Mas que não se limita a resgatar a selvageria neoliberal dos anos 1990, que dizimou o patrimônio público nacional, deixando o país mais pobre e os ricos mais ricos. Se fosse apenas isso, o livro já se justificaria. Mas vai além ao perseguir a conexão entre a onda privatizante e a abertura de contas sigilosas e de empresas de fachada nos paraísos fiscais da Améri ca Central. Onde se lava mais branco não somente o dinheiro sujo da corrupção, mas também o do narcotráfico, do contrabando de armas e do terrorismo. Um ervanário que, após a assepsia, retorna limpo ao Brasil. Resultado de uma busca incansável de mais de dez anos do autor, Amaury Ribeiro Jr. — um dos mais importantes e premiados repórteres investigativos do país, com passagens por IstoÉ, O Globo, Correio Braziliense entre outras redações — o livro registra as relações históricas de altos próceres do tucanato com a realização de depósitos e a abertura de empresas de fachada no exterior. Devota-se particularmente a perscrutar as atividades do clã do ex-governador paulista José Serra nesse vaivem entre o Brasil e os paraísos caribenhos. Sempre calcado em documentos oficiais, obtidos em juntas comerciais, cartórios, no ministério público e na Justiça. Assim, comprova as movimentações da filha do ex-candidato do PSDB à Presidência, Verônica, e as de seu marido, o empresário Alexandre Bourgeois. Que seguiram, no Caribe, as lições do ex-tesoureiro de Serra e eminência parda das privatizações, Ricardo Sérgio de Oliveira. Descreve ainda suas ligações perigosas com o banqueiro Daniel Dantas. Detém-se na impressionante trajetória do primo político de Serra, o empresário Gregório Marin Preciado que, mesmo na bancarrota, conseguiu participar do leilão das estatais. E arrematar empresas públicas ! Estas páginas também revelarão que o então governador Serra contratou, com o aporte dos cofres paulistas, um renomado araponga antes sediado no setor mais implacável do Serviço Nacional de Informações, o extinto SNI. E que Verônica Serra foi indiciada sob a acusação de praticar o crime que, na disputa eleitoral de 2010, acusou os adversários políticos de seu pai de terem praticado. Desvinculado de qualquer filiação partidária, militante do jornalismo, Ribeiro Jr. do mesmo modo como rastreou o dinheir o dos privatas do Caribe, esteve na linha de frente das averiguações cobre o “Mensalão”. Seu olhar também visitou os bastidores da campanha do PT para averiguar os vazamentos de informações que perturbaram a candidatura presidencial em 2010. E sustenta que, na luta por ocupar espaço a qualquer preço, companheiros abriram fogo amigo contra companheiros, traficando intrigas para adversários políticos incrustados na mídia mais hostil à Dilma Rousseff. É isso e muito mais. À leitura.


O Editor