As manchetes dos jornais de hoje produzem uma estranha simbiose entre o óbvio e o absurdo.
“PIB fraco impulsiona queda de juros”, proclama a Folha, no mesmo diapasão dos grandes jornais.
E diz que isso “aumenta a pressão” para que o Banco central promova um corte maior nas taxas de juros, a fim de garantir uma recuperação da velocidade de expansão da economia.
Ora, que o Banco Central se preocupe – não circunstancial, mas permanentemente – com a expansão da economia é o óbvio ululante. Não o BC brasileiro, mas qualquer autoridade monetária, em qualquer país do mundo.
Europa e Estados Unidos, a primeira com injeções maciças de dinheiro no sistema bancário e e segundo com as duas etapas do gigantesco “quantitative easing”, uma troca de papéis do Tesouro americano que produz o mesmo efeito, não fazem o mesmo todo santo dia?
E olhe que, ao contrário de cá, lá não há sinais expressivos de queda da inflação. A inflação na Zona do Euro, cuja meta é ficar abaixo de 2%, está em 2,7%, depois de ter batido os 3% ano passado. Nos EUA, onde o Federal Reserve finalmente resolveu-se a formalizar a meta de inflação, para os mesmos 2% máximos aceitáveis, a alta de preços supera os 2,9%.
Portanto, embora a missão dos bancos centrais, como autoridades monetárias, seja a de serem os guardiões das moedas nacionais – ou supranacionais, como o Euro – , não os descola jamais da ideia de induzir o crescimento da atividade econômica, sempre que, é claro, sua velocidade não esteja provocando situações de excessiva pressão inflacionária.
Logo, uma aceleração da economia dentro e patamares sólidos de expansão é obejtivo natural dos BCs e leva àquela que, teoricamente, é aquela chamada “taxa neutra de juros”, ou seja, os juros mínimos par, compensada a inflação, induzir o crescimento econômico. Taxa que,enquanto aqui ainda é das maiores do mundo, em casos como o europeu e o norrteamericano é, até, negativa, pela necessidade de ativarem suas economias.
É curiosa essa visão que afirma que isso “pressiona” o Banco Central a para uma taxa de juros menor.
Veja que interessante o uso o verbo “pressionar” para o fato de o Banco Central pagar juros menores.
Imagine o caro leitor que alguém lhe “pressione” a pagar menos juros, em lugar de mais juros…
É o paradoxo do jornalismo econômico brasileiro: tudo que não é “a favor” do mercado, tudo que não corresponda à lógica da acumulação financeira, tudo que guarde compromisso com o interesse social em matéria econômica, desde a manutenção dos preços dos combustíveis à redução dos juros que sufocam o Estado brasileiro é visto como “pecado”.
E o fundamentalismo de mercado condena sem piedade quem o pratica.
A economia brasileira se tornou a sexta maior do mundo no ano passado, deixando para trás a britânica, e deverá alcançar a quinta posição ainda em 2012, ultrapassando a francesa, informa reportagem de Érica Fraga, publicada na desta quarta-feira no jornal Folha do Estado.
Os prognósticos, da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit), indicam que o país avança no ranking de maiores economias a um ritmo rápido.
"Esses desenvolvimentos pareceriam improváveis há cinco anos, mas refletem como as economias avançadas foram atingidas pela crise e como a brasileira tem se expandido, impulsionada pelas exportações de commodities", diz Robert Wood, economista sênior da EIU.
No Um brasileiro