Todos os dias, algum jornalista empregado em algum tentáculo das Organizações Globo, na Folha de São Paulo, no Estadão ou na revista Veja, entre outros, recita um bordão que já virou mantra, de que blogueiros que denunciam o partidarismo político da mídia são pagos pelo governo federal ou pelo PT para dizerem o que dizem.
Deixemos de lado o mérito da questão sobre esse partidarismo da grande mídia, que, com seu silêncio gutural e ensurdecedor sobre o livro-bomba A Privataria Tucana, extirpou as últimas dúvidas que havia sobre o que os tais blogueiros “chapas-brancas” denunciam sem parar, que os veículos citados não passam de um partido político dissimulado.
Blogueiros como este, porém, têm a coragem de dar nome aos bois. Pelo menos aos quatro grandes “bois” cujos nomes vão acima. Em contrapartida, os empregados desses jornais, revistas, televisões, rádios e portais de internet não dizem a quem se referem quando aludem a “blogueiros chapas-brancas”.
Agora que a mídia não pode mais ignorar o livro do jornalista Amaury Ribeiro porque já está sendo comentado até no exterior enquanto se aproxima da marca de cem mil cópias vendidas no Brasil, ela pôs seus colunistas para tentarem desacreditar não a obra, mas o seu autor, valendo-se do que se convencionou chamar de argumento ad hominem, ou seja, do tipo que procura desqualificar o autor de uma ideia por não ter o que dizer contra ela.
Hoje foi a vez do “imortal” Merval Pereira, empregado da família Marinho, dona da Globo, falar do livro que toda a grande imprensa, até três ou quatro dias atrás, insistia em ignorar apesar de então já figurar nas listas dos livros mais vendidos que esses mesmos meios de comunicação supracitados divulgam.
O texto de Merval foi reproduzido por outro funcionário da Globo, o jornalista Ricardo Noblat, em seu blog. E é lá que se pode constatar como funciona essa pretensa máquina de desinformação e de censura do contraditório que é o grupo empresarial da família Marinho.
O texto de Merval publicado neste domingo é uma arenga construída para desacreditar o livro-bomba que denuncia supostos esquemas do “darling” das famílias midiáticas, o tucano José Serra. Em seu primeiro parágrafo, diz a enormidade que reproduzo abaixo:
“O livro “Privataria tucana”, da Geração Editorial, de autoria de Amaury Ribeiro Jr, é um sucesso de propaganda política do chamado marketing viral, utilizando-se dos novos meios de comunicação e dos blogueiros chapa-branca [sic] para criar um clima de mistério em torno de suas denúncias supostamente bombásticas, baseadas em “documentos, muitos documentos”, como definiu um desses blogueiros em uma entrevista com o autor do livro (…)”
O que salta aos olhos do parágrafo inicial de um texto que, pela lógica do autor, é chapa-branca até a alma por ter sido escrito a favor do grupo político que governa os Estados mais ricos do país – entre eles, o Estado de São Paulo – é que, à diferença de mim, ele não dá nomes.
Essa prática é recorrente entre seus pares. Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes, por exemplo, são alguns dos muitos jornalistas que se dedicam toda hora a acusar blogueiros de serem pagos pelo governo federal ou pelo Partido dos Trabalhadores para dizerem o que dizem.
Quero, então, fazer um desafio público a esses jornalistas e aos patrões deles. Abro todos os meus sigilos para que possam buscar o menor indício de que o que dizem é verdade. Não negarei uma só informação que requisitem.
Podem vir à minha casa ver como vivo, tiro extratos de minhas contas bancárias, mostro a eles minhas declarações de imposto de renda, enfim, dou a essa gente acesso irrestrito à minha vida com o compromisso de que, se não surgir um mísero centavo de dinheiro público, digam publicamente que ao menos este blogueiro não recebe nada para dizer o que diz.
As acusações que essa gente faz são injustas e, a meu ver, criminosas. Se você é blogueiro, simpatiza com o governo Dilma ou com o PT e diz isso em seu blog, automaticamente está tachado de “chapa-branca”, acusado de vender a sua consciência e a sua pena por dinheiro.
Em minha opinião, portanto, os blogueiros que têm opiniões como as minhas deveriam se unir e questionar esses jornalistas, pois todos são atingidos pelas acusações genéricas que fazem.
São acusações a centenas, talvez milhares de pessoas como eu que, além de não ganharem dinheiro com o que escrevem, ainda gastam para fazê-lo, pois, como não têm receita em seus blogs, tiram do bolso os custos de manter uma página de política na internet, o que os obriga a gastar com hospedagem virtual, com contatos telefônicos, com deslocamentos físicos etc.
Penso que a mídia está obrigada a dar nome aos bois ou a parar de fazer acusações genéricas. Não que essas acusações colem. Basta ver o que vem acontecendo nas últimas eleições ou até em pesquisas de opinião para entender que a sociedade não dá mais crédito a essa mídia, mas ela não têm direito de fazer o que faz.
Exorto a jornalistas como Merval Pereira, pois, a criarem coragem de dizer a quem se referem e em que se baseiam para fazer a acusação que fazem. Repito: da forma como acusam, qualquer um que tenha um blog que critique o engajamento político da grande mídia fica sob suspeita de ter se vendido intelectualmente.
Por enquanto, peço que façam isso voluntariamente. Mas posso garantir que cada vez mais blogueiros estão perdendo a paciência com essas acusações. Cedo ou tarde serei ouvido e uma atitude conjunta será tomada no sentido de resguardar a honra de tantos atingidos por essas acusações covardes e mentirosas.