Por volta das 12 horas de quarta-feira, 13 de agosto, o site Brasil 247 noticiou em primeira mão: “Campos pode ter sofrido desastre aéreo em Santos”. Cerca de meia hora depois, a mídia em peso referendava o “furo” daquele site.
A referência à primeira notícia a dar conta da morte do ex-governador de Pernambuco serve para situar temporalmente o leitor sobre quanto demorou para surgirem especulações políticas sobre a tragédia.
Às 14 horas em ponto, este Blog publicou post em que apontou o óbvio sobre como ficaria a candidatura do PSB à Presidência e também lamentou a morte de Campos. O texto apontou a inevitabilidade de Marina Silva substituir o cabeça-de-chapa, ora falecido.
Apesar do tom respeitoso do post, que não descuidou de lamentar e até de elogiar a candidatura do falecido pelo que tinha de positivo para o regime democrático por estimular o debate sobre o país, alguns leitores, aqui nesta página, no Facebook e no Twitter, afetados pela intensidade da tragédia, ponderaram que a publicação da análise, naquele momento, seria inapropriada.
Vale dizer que alguns desses leitores também são amigos pessoais. Uma amiga, inclusive, ficou tão contrariada com o post que chegou a insultar o signatário desta página.
Cerca de uma hora depois, este que escreve difundiu, nas redes sociais, notícia que mostrou que não havia como impedir ou postergar aquela análise política sobre Marina Silva substituir Campos simplesmente porque sua própria família, possivelmente antes deste Blog, já pregava que a candidata a vice na chapa do falecido assumisse o lugar dele.
Às 15 horas e 16 minutos – cerca de duas horas após a confirmação oficial da morte de Campos –, o portal do jornal O Globo publicava a matéria “Irmão de Eduardo Campos quer que Marina seja substituta em chapa do PSB”.
Entre a apuração da notícia e a sua publicação na Web, pode-se calcular que o irmão do falecido tratou de política com a imprensa logo após saber da fatalidade.
Uma amiga que condenou a análise feita pelo Blog sobre a pressão que haveria para Marina substituir Campos chegou a pôr em dúvida a notícia de O Globo, que mostrava que o irmão do falecido tratara do assunto da substituição do candidato do PSB antes de qualquer outro.
À noite, no Jornal Nacional, aparece Antonio Campos, membro do PSB e irmão do falecido. De forma lamentável, misturou política com a fatalidade e praticamente pediu votos para o substituto do irmão ao pedir que as pessoas “reflitam”, como se a fatalidade revelasse que Campos era o melhor candidato.
Menos de dois dias após a morte do candidato do PSB, na primeira página da Folha de São Paulo sai uma notícia chocante, como manchete principal: “Família de Eduardo Campos quer candidatura de Marina”.
Detalhe: o falecido ainda nem foi enterrado, até o momento em que este post foi publicado.
Como se vê, especulações sobre quem substituiria o candidato que acabara de morrer chocaram muita gente. Amigos e leitores que ponderaram que seria “fora de lugar” este Blog fazer uma análise política – ainda que profundamente respeitosa – tão cedo, apoiam Dilma Rousseff. E mesmo assim ficaram contrariados.
Para que se possa mensurar como está sendo considerado inconveniente tratar tão cedo da substituição da candidatura do PSB a presidente, vale visitar notícia publicada nesta sexta-feira (15/8) na coluna “Painel” da Folha de São Paulo.
Por mais que seja ingenuidade achar que um abalo no quadro político dessa magnitude poderia esperar para ser discutido, já há indícios de que, assim como a derrota do Brasil na Copa de 2014 não influiu na política, a morte de Campos tampouco irá operar grandes alterações na disputa eleitoral.
Espertos, Marina e o próprio PSB se recusam a tratar do assunto. O açodamento da mídia e até da família do candidato morto não está pegando nada bem. O que mais se vê por aí são críticas a que não esperem nem o falecido ser enterrado para tratarem do assunto.
Particularmente, este Blog julga que os blogueiros e os grandes meios de comunicação que já começaram a tratar da substituição da candidatura de Campos logo após o anúncio de sua morte, não cometeram impropriedade.
O que está em jogo, neste momento, é o destino de 200 milhões de brasileiros; o Brasil está discutindo seu futuro. O que soa “fora de lugar” é a família de Campos se entregar ao assunto antes mesmo de ele ser enterrado.