Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

IN JUSTIÇA

O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete. MAS ESSE AÍ DO VÍDEO, É BABACA MESMO.



O parvo:


Carnaval de rua do Rio reúne 4 milhões de pessoas, diz prefeitura.
 
Quatro milhões de pessoas participaram dos desfiles de blocos no Rio de Janeiro durante os quatro dias de folia. Com isso, segundo a prefeitura, o Carnaval de rua da cidade foi oficializado como o maior do país. Ao todo, desfilaram pela cidade 316 blocos em 372 apresentações.
A festa ainda segue até domingo, com mais 9 blocos. Os destaques são o Quizomba, no próximo sábado (25), e o Monobloco, no domingo (26).
Segundo a Prefeitura do Rio, no sábado (18) o tradicional desfile do Cordão da Bola Preta, último representante dos antigos cordões carnavalescos, bateu mais um recorde: foram cerca de 2 milhões de pessoas seguindo o cortejo pela avenida Rio Branco, no centro do Rio.
No domingo (19), na zona sul, o Simpatia É Quase Amor arrastou 150 mil foliões pela avenida Vieira Souto, em Ipanema. No mesmo dia, 60 mil foram ao Aterro do Flamengo atrás do Bangalafumenga. No centro, o tradicional Cordão do Boitatá recebeu 40 mil pessoas na praça XV.
Na segunda (20), a zona sul voltou a receber um grande número de foliões. O desfile do AfroReggae levou cerca de 400 mil pessoas à orla de Ipanema – o dobro do previsto. Já no Aterro do Flamengo, o bloco Sargento Pimenta consagrou-se como a maior festa Beatles do mundo, com mais de 60 mil pessoas curtindo o som do grupo londrino adaptado para o Carnaval, feito por uma banda de dez pessoas acompanhadas por uma bateria com 120 ritmistas.
A terça-feira (21) teve como destaque o bloco Carmelitas, que desfilou nas ladeiras de Santa Teresa, na região central. Na zona sul, o Vagalume O Verde reuniu 20 mil pessoas na rua Jardim Botânico. O Rio Maracatu foi do Posto 8 ao 9, na Orla de Ipanema, e levou um pouquinho da cultura do Ceará para os 5.000 que agitaram o bairro pela manhã.

A “economista” neoliberal Kátia Abreu

Por Altamiro Borges

Em sua coluna na Folha do último sábado (18), a ruralista Kátia Abreu, senadora do PSD e presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), resolveu dar uma de economista. Já no título do artigo, ela alerta o governo sobre “o perigo de flertar com a inflação”. O texto é um amontoado de teses neoliberais, que tantos estragos causaram ao Brasil.



Para ela, é um absurdo que a inflação de 2011 tenha ficado exatamente no teto da meta estabelecida – de 6,5%. Em sua opinião, “o Banco Central precisa fazer com que a inflação convirja consistentemente para 4,5%” neste ano. Para isso, ela sugere – num linguajar rebuscado, típico de alguns economistas – mais aperto fiscal e mais juros.

O fantasma das “expectativas inflacionárias”

“O controle da inflação exige a combinação de disciplina fiscal e monetária. Mas os economistas ensinam que isso não é suficiente. As expectativas dos agentes econômicos também desempenham papel fundamental na tarefa de controlar a inflação”, arremata. Neste ponto, a sua crítica direta é a última ata do Banco Central, que criou a “expectativa” de um novo corte na taxa de juros.

“O comportamento do BC em sua comunicação com o mercado e com os agentes econômicos tem criado a suspeição de que a instituição não estaria de fato empenhada em levar a inflação para o centro da meta... A previsão feita na mais recente ata do Comitê de Política Monetária, de que a Selic irá para um dígito, ajuda a piorar as expectativas inflacionárias”.

Ruralistas associados com os rentistas

Ou seja, depois de muito enrolar, Kátia Abreu deixa explícito que é contra a redução da taxa básica de juros, a Selic. Ela ainda deixa implícita uma ameaça ao presidente do Banco Central. “Como disse corretamente a presidente Dilma na mensagem que encaminhou ao Congresso por ocasião da abertura dos trabalhos legislativos de 2012, a condução da política econômica neste ano exigirá ‘disciplina e ousadia’. Ousadia inclusive para cortar pela raiz qualquer flerte com a inflação”.

Será que a maioria dos agricultores brasileiros, que sofre com os juros altos, concorda com as teses neoliberais da presidenta da CNA? Ou ela fala por uma minoria de ruralistas, que hoje já está associada ao capital financeiro? Será que o PSD de Gilberto Kassab, que diz que “não é nem de esquerda, nem de direita e nem de centro”, concorda com as opiniões da vice-presidente da legenda?

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Leia também:

- O direitismo da senadora Kátia Abreu

- As manipulações de Kátia Abreu

- Kátia Abreu e a obsessão pela presidência

O que falta aos tucanos é rumo. Folha (*) descobriu o seu

Amigo navegante tucano lembra de interessante entrevista de Arnaldo Madeira, respeitável líder tucano de São Paulo.

A entrevista foi publicada no Estadão, em plena folia, e não merece ser ignorada, diz o tucano amigo.

Especialmente agora quando se sabe de duas notícias que dão ideia da debilidade do tucanismo explícito ou enrustido.

Quanto ao explícito, soube-se que Cerra e Andrea Matarazzo foram comemorar a vitória palmeirense no Samba – clique aqui para ler “Carnaval – a SP que o Chuíça (**) esconde” – em Buenos Aires, no aristocrático shopping center Patio Bullrich, a um quarteirão do Hotel Alvear, o mais parisiense dos hotéis latino-americanos.

Gente fina  é outra coisa !

A outra nota sobre as atribulações tucanas foi a deserção de notável colonista (***) da Folha (*), Renata Lo Prete.

Ela foi responsável pela colona “Painel”, onde Cerra era e será sempre tratado com especial deferência.

Foi ela, também, que deu um histórico furo n’água.

Entrevistou Thomas Jefferson, imaginou por certo tempo que ia derrubar o Lula, morador de Watergate, e acabou por descobrir que o Thomas Jefferson retratou-se: admitiu que o mensalão não existia.

Viva o Brasil !

A notável colonista (***) trocou de mídia, pois deve ter percebido, como o Kennedy Alencar, que a Folha se aproxima aceleradamente da costa toscana.

Ela vai ser comentarista (sic) da GloboNews, onde deve travar gloriosa batalha com Eliane Catanhêde.

As duas, breve, acabam no ou com o “Entre Caspas”.

Vamos à entrevista que motivou essas observações:

‘É a falta de rumo que assola o partido tucano há alguns anos’


Chefe da Casa Civil de Alckmin em 2003, tucano acha ‘inconcebível’ pedir, sete meses depois, que pré-candidatos desistam


Um dos quadros tradicionais do PSDB, o ex-deputado Arnaldo Madeira, que foi líder do governo na Câmara no governo Fernando Henrique Cardoso e secretário da Casa Civil de Geraldo Alckmin (2003-2006), avalia que a polêmica sobre a prévia evidencia a “falta rumo no partido”.


“É a falta de rumo que assola o PSDB há alguns anos, não é de agora. Esse é o fato mais notável. O partido está sem direção, está perdido nacionalmente e em lugares como São Paulo, único lugar em que o partido existe para valer”, disse. Abaixo, a entrevista.


O sr. acha que o partido deve desmarcar prévias e esperar uma decisão de Serra?


Deixar os caras sete meses trabalhando as prévias e agora fazer uma coisa desse tipo? É uma coisa inconcebível para mim. Aí é falta de rumo. O partido não sabe para aonde vai. Essa falta de rumo assola o PSDB há alguns anos, não é de agora. Esse é o fato mais notável. O partido está sem direção, perdido nacionalmente e em lugares como São Paulo, único lugar em que o partido existe para valer. Você tem toda uma militância que fica trabalhando oito, nove meses envolvida com candidaturas. Aí, de repente, um desavisado fala: “Vamos parar com tudo, não queremos prévia, fala para o Serra ser candidato”. Serra, tanto quanto eu sei, continua sem dizer que quer ser candidato. E, para ser candidato a prefeito, talvez mais do que para qualquer outro nível de governo, o cara precisa ter vontade.


O partido deve mesmo realizar a consulta prévia?


Foi o partido que as marcou. Que eu saiba, o Serra não colocou condição para não ter prévias. O pessoal é que está dizendo: “Vamos suspender as prévias e falar com ele”. Ninguém me falou: “Conversei com o Serra, e ele disse que uma condição para ser candidato é retirar a prévia.”


Se ele resolver ser candidato, deve disputar a prévia?


O partido não vai fazer isso. Um dos males do PSDB é o seguinte: você tem uma direção que anuncia prévia, marca a prévia, e um governador que estimula as prévias. De repente, bate um desespero e aí colocam que o nome tem de ser o Serra.


Serra deve ser o candidato?


Eu acho que o partido tomou uma posição. Tomou, tomou.


Não dá para voltar atrás?


A não ser que os quatro pré-candidatos digam que não querem mais disputar. Mas até onde sei eles continuam trabalhando.


O sr. acha que é um momento de mudança de geração?


Está tudo apontando para isso. Todos os candidatos que estão aí colocados são mais jovens.


O Serra deveria anunciar logo se pretende concorrer?


Eu não sou o Serra. Ele tem lá os critérios dele.


Que lhe parece fazer a prévia e, depois, o candidato vencedor abrir mão para o Serra?


Não acho um caminho saudável. Feita a prévia, fica difícil voltar atrás. Agora, que eu acho que o partido está à deriva, sem dúvida. Marca uma prévia e agora fica falando em anular, a ponto de um líder de bancada soltar nota pedindo para os pré-candidatos retirarem? Pessoalmente, acho que o partido tem uma figura nova que pode ser um candidato excepcional, que é o Andrea Matarazzo. Agora, tem que ter coragem. Vai ter 3% ou 4% nas pesquisas, é assim mesmo. Esse processo é desgastante para o partido. Criou-se um cenário ruim, e o Serra é o menos culpado disso.


De quem é culpa?


É uma culpa coletiva. Talvez quem menos tenha culpa seja o Serra, porque ele estava lá, dizendo que não era candidato. Quando o Kassab disse que iria somar com o PT, bateu a paúra total. Voltaram para o Serra. Ele estava o tempo todo anunciado dizendo que estava voltado para o País. Acho até que ele estava certo. Então, quem são os responsáveis? Quem está à frente do partido. Não é quem está na base. / J. D.

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é ,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Chuíça é o que o PiG de São Paulo quer que o resto do Brasil ache que São Paulo é: dinâmico  como a economia Chinesa e com um IDH da Suíça.

(***) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

Folha usa Corinthians para ofender Lula


Engraçado, por que Cerra e FHC não são tema de escola?

O amigo navegante deve ler o notável esforço  de reportagem – clique aqui para ler “J Lo ensina a dar entrevista à Folha” – de uma briosa equipe da Folha (*) para constranger D. Marisa e desmerecer o Presidente Lula.

Tratava-se do desfile da escola paulista Gaviões da Fiel, cujo enredo homenageou o Nunca Dantes.

(Quem assistisse à Globo – e foram poucos, segundo o IBOPE – não perceberia que se tratava de uma louvação ao Nunca Dantes .)

O amigo navegante percebrá que a Folha usou o grande estadista Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, para atingir seu objetivo.

Tira as crianças da sala, porque, como se sabe, a Folha publica palavrões.

(Sobre o que Sanchez diz do destino de Ricardo Teixeira tem a  relevância  do  que Silvio Santos disse à mesma Folha  sobre seu papel na quebra do Panamericano: nenhuma !)

Eis a Folha na sua íntegra:



A METRALHADORA DO TIMÃO E O SILÊNCIO DE RITA


“Caaalma, gente! Caalma!”, pedia o ex-presidente do Corinthians, Andres Sanchez, à pequena multidão de jornalistas e seguranças que prensavam ele e a ex-primeira-dama Marisa Letícia contra o carro alegórico em que ela desfilaria na escola de samba Gaviões da Fiel, na madrugada de domingo.

“Dona Marisa! Dona Marisa! Dona Marisa!”, gritavam os jornalistas, sem fazer qualquer pergunta. Ela sobe no carro e, do alto, tenta prestar atenção nos berros. Até que alguém faz a primeira pergunta: “O Lula deu alguma recomendação à senhora?”. “Recomendação? Não, nenhuma.” Andres Sanchez atravessa: “Ele mandou ela cuidar de mim, e eu cuido dela. Que é, tão com inveja?”.

“Dona Marisa, a senhora está com o samba na ponta da língua?”, grita um repórter. “Na ponta da boca!”, “corrige” Andres. “Não tive tempo de decorar. Estou com o meu marido doente, né, gente? É muito trabalho”, diz ela. Outra pergunta: “Quem fez o cabelo e a maquiagem da senhora? O [cabeleireiro] Wanderley?”. “É, o Wanderley.”

“Se o Lula melhorar, ele vem para o Desfile das Campeãs, na sexta?” “Claro, claro. Estamos torcendo. Se estiver bom, ele vem.” “Não enche o saco, porra! Isso é pergunta?”, gritava o ex-presidente do Corinthians. “O Lula não teve vontade de desobedecer os médicos e vir para a avenida, dona Marisa?” Andres responde no lugar dela: “Porra, ele está cheio de problema!”.

Diante da vontade do corintiano de participar da entrevista, a coluna perguntou então a ele quando, e se, o cartola Ricardo Teixeira deixará a presidência da CBF. “Quando? Quando o sargento Garcia prender o Zorro”, afirmou.

Em tempo: liga o Vasco, navegante de longo curso, ao cruzar o Cabo de Santo Agostinho, a caminho de Carneiros: como o FHC se diz corintiano, a intrépida reporter submeteria D Ruth ao mesmo constrangimento ?

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

VENCEDORES E DERROTADOS.Grécia: país hipotecado transformado em protetorado

PETRÓLEO PERTO DO RECORDE:
ameaças  israelenses de bombardeio contra o Irã elevam a tensão no Oriente Médio** preço do petróleo explode: ontem, a cotação do barril chegou a US$123,2, pouco abaixo do recorde histórico de abril de 2008, US$ 126,6 (leia nesta pág o artigo de Francisco Carlos Teixera sobre os novos parâmetros da política internacional)** cotação do petróleo em alta e impulso do pré-sal podem elevar a US$ 1 trilhão o valor de mercado da Petrobrás ** Brasil vai investir R$ 3,1 trilhões em infraestrutura nos quatro anos do governo Dilma (cálculo da Abimaq, divulgado pelo Estadão))** setor de bens de capital crescerá mais de 10% ao ano entre 2011 e 2014** Parlamento grego  vota hoje as imposições leoninas dos credores para liberar socorro vinculado ao pagamento de juros** sindicatos gregos  querem levar 1 milhão às ruas.

A doutrina neoliberal costuma criticar a ação do Estado na economia, sobretudo as políticas oficiais de crédito ao desenvolvimento, pelo risco inerente, acusam, de 'escolher os vencedores no lugar dos mercados", o que configuraria uma interferência política na proficiência do laissez-faire para consagrar os mais eficientes e punir a inoperância cara. O 'resgate' grego compromete essa narrativa ao demonstrar que o juiz neoliberal quando age não apenas escolhe vencedores, como traduz as custas do processo em um verdadeiro massacre dos derrotados.(LEIA MAIS AQUI)








Os ministros das Finanças da Zona Euro anunciaram ”um acordo” para concretizar o segundo resgate à Grécia. A aplicação do processo será feita através de um governo de agentes da troika em permanência em Atenas. Os dois partidos que sustentam no Parlamento o governo criado em Bruxelas – os socialistas do PASOK e os direitistas da Nova Democracia – foram obrigados a assinar o acordo e a comprometer-se com a sua aplicação a seguir às eleições gerais previstas para abril.

Os ministros das Finanças da Zona Euro anunciaram aquilo que dizem ser ”um acordo” para concretizar o segundo resgate à Grécia supostamente para reduzir a dívida soberana deste país de mais de 160 por cento do PIB para 120 por cento até 2020 e permitir, para já, que Atenas pague 14 bilhões de euros até ao próximo 12 de março para não ser considerada em moratória.

O “acordo”, que inclui um perdão calculado em 53 por cento da dívida privada, contém ainda uma série de zonas indefinidas, designadamente a participação do FMI, que segundo a diretora geral da organização será decidida apenas na segunda semana de março. Toda a aplicação do processo será feita através de um governo real de agentes da troika em permanência na capital. Só não se trata de uma tutela porque, segundo o ministro francês das Finanças, “essa palavra não existe no nosso vocabulário”.

De acordo com os cálculos divulgados no âmbito da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro realizada terça-feira em Bruxelas, o chamado plano “de salvamento” está avaliado em 237 bilhões de Euros: 130 bilhões do segundo resgate (a somar aos 110 bilhões do primeiro) e 107 bilhões decorrentes do “perdão voluntário” da dívida privada. A comissão grega de credores privados queixa-se, no entanto, de que esse “perdão” não é de 53 por cento mas sim de 70 por cento.

No plano social, este processo inclui as novas medidas de austeridade recentemente anunciadas e que irão incidir principalmente sobre cortes radicais no salário mínimo e em pensões sociais. Jean-Claude Juncker, presidente da Zona Euro, afirmou que o acordo é “de grande amplitude” e deverá permitir “um novo começo” a continuação na Grécia no Euro, fato que “analistas” citados imediatamente pela imprensa internacional consideram pouco provável.

Os dois partidos que sustentam no Parlamento o governo criado em Bruxelas – os socialistas do PASOK e os direitistas da Nova Democracia – foram obrigados a assinar o acordo e a comprometer-se com a sua aplicação a seguir às eleições gerais previstas para abril.

O comissário europeu das Finanças, Olli Rehn, explicou que o novo regime político grego será aplicado “sob estrita vigilância” estrangeira através de “uma presença permanente da missão da Comissão Europeia” em Atenas. Esta atuará como governo e tratará também de “modernizar” o aparelho de Estado, isto é, aplicará as demissões previstas e outras que venham a ser decididos em Bruxelas e decidirá igualmente a globalidade da verba que venha a ser necessária.

Os ministros das Finanças informaram que “o setor público (governado pela troika) decidirá o montante preciso da assistência financeira até ao início de março”, assunto e datas que significam importantes incertezas pendentes e a continuação das discussões. O tema entrará na agenda da cimeira do Eurogrupo no início de março, embora seja abordado primeiramente ao nível dos ministros das Finanças.

A participação do setor privado no processo será feita também retirando qualquer tipo de poder às autoridades gregas. As obrigações da dívida grega passam a ser de direito inglês, pelo que um conflito entre o Estado grego e os credores privados será, a partir de agora, decidido em Luxemburgo, podendo os segundos apropriar-se de bens públicos gregos em caso problemas de amortizações. A Grécia tornou-se um país hipotecado.

Perante a evidência de que a Grécia se transformou num protetorado efectivamente alemão dentro da União Europeia, o ministro francês das Finanças, François Baroin, rejeitou que se trate de “uma tutela”. “Essa é uma palavra que não faz parte do nosso vocabulário”, disse. “Um controle, um monitoramento, um acompanhamento, conselhos, uma fiscalização, a continuação da peritagem da troika sim, mas tutela de modo nenhum”, explicou.

O problema da origem do dinheiro não está resolvido, analisando as declarações proferidas depois da reunião, uma vez que os países que o impuseram, designadamente a Alemanha e o Luxemburgo, não querem participar e a contribuição do FMI é considerada “insuficiente”. Um eventual aumento desta será decidido apenas na segunda semana de março, anunciou a directora-geral Christine Lagarde, isto é, a escassos dias de Atenas ser obrigada a pagar 14 bilhões de Euros para não ser considerada inadimplente.

Jornais europeus afirmam que não é a primeira vez que a Grécia vive sob tutela estrangeira desde que o Estado moderno foi fundado, em 1830. Esteve na sombra de grandes potências como a França, a Inglaterra e a Rússia durante grande parte do século XIX, e depois sob administração efetiva da Inglaterra e dos Estados Unidos, com representantes executivos presentes nos ministérios.

Os mesmos jornais não recordam que já bem dentro do século XX a Grécia viveu sob administração e ocupação alemã, então durante o regime do Segundo Reich, situação de que a atual se aproxima mais devido aos interesses dominantes alemães sobre a estrutura montada supostamente para combater a dívida soberana e que, segundo os antecedentes já testados, só tem contribuído para a agravar: de 112 para cerca de 170 por cento do PIB de 2010 até agora.

(*) Artigo publicado no site do grupo parlamentar europeu do Bloco de Esquerda.