Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Simão Pedro (PT-SP) promete processar José Aníbal e Edson Aparecido, secretários de Alckmin

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Na última quinta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, concedeu entrevista coletiva para rebater acusações da cúpula nacional do PSDB contra si e contra o deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) por terem aberto investigação na Polícia Federal sobre um esquema de corrupção envolvendo a multinacional Siemens e autoridades de governos do PSDB em São Paulo.
Segundo o pré-candidato a presidente pelo PSDB Aécio Neves e os secretários do governo de São Paulo José Aníbal e Edson Aparecido, a autodenúncia que a alemã Siemens fez ao Cade e as investigações na Suíça envolvendo pagamento de propina pela francesa Alstom, na verdade seriam uma armação do PT, numa reedição do “escândalo dos aloprados”.
A mídia deu imensa cobertura às acusações dos tucanos ao PT, mas ocultou ou minimizou a reação do ministro da Justiça e as explicações dele e de quem lhe remeteu cartas-denúncia enviadas ao ombudsman da Siemens, na Alemanha, e a autoridades brasileiras: o deputado Simão Pedro.
Diante disso, o blog foi ouvir o deputado petista. Após a entrevista que você lerá a seguir, assista à íntegra da entrevista coletiva dada pelo ministro José Eduardo Cardozo na última quinta-feira, na qual rechaça o que chama de tentativa de tucanos de desviar o foco das investigações e, ainda, anuncia processos que moverá contra membros do partido adversário.
*
Blog da Cidadania – Deputado Simão Pedro, o senhor é o autor da denúncia ao Ministério da Justiça do esquema de corrupção envolvendo a alemã Siemens e governos do Estado de São Paulo durante as gestões do PSDB desde 1998. É isso mesmo?
Simão Pedro – Veja bem, Eduardo, eu protocolei duas representações no Ministério Público de São Paulo de forma oficial, como deputado. A primeira foi em fevereiro de 2011, quando eu denunciei esse esquema da Siemens, a utilização de empresas offshore, os acertos que essas empresas faziam – a Siemens, a MGE – para burlar as licitações pagando comissões. Foi nessa representação que eu anexei a carta de uma pessoa que estava por dentro desse esquema.
Depois, em 2012, pouco mais de um ano depois, eu fiz nova representação ao MP-SP denunciando um outro esquema envolvendo a Siemens, mas aí, também, envolvendo a Alstom, incluindo as reformas dos trens das linhas 1 e 3 do metrô de São Paulo. Agora com superfaturamento, burla da concorrência com acertos entre as empresas.
Agora, já deputado licenciado, recebi, das mesmas pessoas que fizeram as primeiras denúncias, um conjunto de documentos que incluía cópia daquela carta ao ombudsman da Siemens e entreguei tudo ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que ele pudesse analisar, verificar se havia veracidade e se havia relação entre aqueles papeis e as investigações que o Ministério Público e a Polícia Federal já estavam fazendo.
Blog da Cidadania – Por que o senhor entregou o segundo lote de documentos ao Ministério da Justiça e não ao Ministério Público? Talvez o senhor tenha sentido que, no Ministério Público de São Paulo, a investigação não andou?
Simão Pedro – Provavelmente foi isso. Os promotores do MP-SP diziam que tinham dificuldade de enviar a denúncia à Justiça porque, mesmo com os documentos, mesmo com cópias de documentos que mostravam a Siemens contratando lobistas e direcionando concorrências eu achei melhor entregar tudo a uma autoridade da Justiça, o ministro José Eduardo Cardozo.
Blog da Cidadania – O senhor não acha estranho que enquanto essas denúncias, com tantos elementos, foram amplamente investigadas no exterior, aqui no Brasil não tenham sido investigadas pelo MP de SP?
Simão Pedro – Isso me intriga muito e intriga até hoje toda a bancada do PT e as pessoas bem-informadas em geral: por que a Siemens fez uma devassa nos seus contratos na Argentina, nos Estados Unidos – onde o processo de punição atingiu a mais de 300 executivos –, aqui no Brasil o que a Siemens fez em toda parte não teve consequência nenhuma.
O Ministério Público de São Paulo já tinha arquivado mais de 15 processos, muitos deles produto de representações não só minhas, mas da bancada do PT, que tenta abrir investigações no Brasil desde 2008. E aí temos o caso do procurador De Grandis, não é, que arquivou pedidos de investigação da justiça europeia – da Suíça – envolvendo o caso Alstom.
Você vê a dificuldade que temos para investigar denúncias de corrupção aqui em São Paulo… Foi preciso a Siemens procurar o Cade para se autodenunciar, fazendo com que os casos denunciados pelo PT e arquivados pelo Ministério Público fossem reabertos, porque, do contrário, nada teria acontecido.
Blog da Cidadania – De quem o senhor recebeu os documentos que enviou ao Ministério da Justiça?
Simão Pedro – Não posso dizer porque, na condição de parlamentar, muitas pessoas me procuram. Por isso, nessa condição me reservo o direito ao sigilo da fonte, assim como fazem os jornalistas.
Blog da Cidadania – O PSDB afirma que as cartas em português e em inglês que o senhor enviou ao MJ e que denunciam o escândalo são o mesmo documento, mas os tucanos o acusam de ter inserido, por conta própria, trechos na versão em português que não constam na versão em inglês. Como o senhor responde a isso?
Simão Pedro – Vou encaminhar uma ação judicial por difamação caluniosa contra os secretários do governo Alckmin José Anibal e Edson Aparecido porque eles afirmaram que eu burlei documentos. Também vou fazê-lo contra esse advogado do Heitor Teixeira porque ele disse que eu “lavo” documentos. Eu não vou tolerar essas calúnias.
Tudo isso é desespero. Eles querem esconder o sol com a peneira. Desviar o foco. Eu venho denunciando problemas no metrô desde 2006. Eduardo, eu denunciei, em maio de 2006 – fiz uma representação – dizendo que ia acontecer uma tragédia na linha 4 do metrô de São Paulo. Infelizmente, nada se fez e, em 2007, houve uma tragédia.
Denunciei, em fevereiro de 2011, esse esquema da Siemens, dizendo que havia um esquema de pagamento de propina, ninguém deu bola e, neste ano, a própria Siemens procurou o Cade para se autodenunciar. Ou seja: as minhas representações têm sido encaminhadas e têm dado resultados.
Blog da Cidadania – Tenho, agora, uma pergunta um pouco longa, mas é necessário que assim seja. Após a entrevista coletiva do ministro Cardozo, na última quinta-feira, quando ele afirmou, como o senhor diz, que são dois documentos distintos, endereçados a pessoas diferentes, o deputado Carlos Sampaio, líder do PSDB, contra argumentou, em entrevista ao Jornal Nacional, que o protocolo do material enviado ao MJ cita “tradução” de carta em inglês.
Disse Sampaio:
“Foi o próprio ministro que recebeu esse documento e ele tem clareza de que é uma tradução, porque, no índice que o denunciante entregou para ele, está escrito ‘documento original’ e, embaixo, ‘tradução’. Isso o ministro não explicou”.
Em resposta, o ministro Cardozo deu a seguinte declaração:
“O sumário consta ‘tradução’. Por que consta tradução? Eu não sei. Não sei nem quem fez. É a Polícia Federal quem vai apurar. Será que aqui ia vir uma outra carta? Será que não vinha? O que é? O que será? Eu não sei, está aqui. Agora, o que está aqui e o que eu recebi, não é tradução. São duas cartas distintas, dirigidas a pessoas diferentes, com conteúdos diferentes e alguns aspectos iguais”
Supostamente, quem elaborou esse “índice” ou “sumário” foi o senhor, o denunciante. Por que o índice da documentação diz “documento original e tradução”?
Simão Pedro – Isso foi apenas um erro da pessoa que fez a denúncia e que preparou a entrega da documentação e tentou organizar o material. Há informações parecidas nos dois documentos, mas são dois documentos diferentes. O primeiro, em inglês, dirige-se ao ombudsman da Siemens na Alemanha. O segundo, o denunciante dirige-se às autoridades brasileiras. É um outro documento baseado no documento ao ombudsman da Siemens. Apenas isso.
Sabe o que é isso? Eles estão tentando achar um carrapato na vaca e, por causa dele, matar o animal, é isso o que os tucanos querem fazer.
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Coletiva de imprensa do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo

JEFFERSON OBTÉM PRIVILÉGIO NEGADO POR JB A GENOINO

A opinião pública como gado


O documentado condomínio entre o PSDB, cartéis e a prática sistêmica de sobrepreço nas licitações do metrô paulista era do conhecimento da mídia desde 2009.

por: Saul Leblon 

Arquivo
A régua seletiva da emissão conservadora vive mais uma quadra de exibição pedagógica.

Vísceras, troncos e membros do grupo proprietário do Hotel Saint Peter, em Brasília, no qual trabalhará o ex-ministro José Dirceu, por apreciáveis R$ 20 mil, diga-se  – se fossem R$ 5 mil ou R$ 10 mil as suspeitas seriam menores?--  estão sendo trazidos a público em cortes sugestivos.

Chegam desossados e moídos.

Salgados e pré-cozidos, basta engolir, sendo facilmente digeríveis em sua linearidade.

Sem guarnição, recomenda o chef.

Assim costuma ser, em geral, com as informações que formam o cardápio de  fatos ou acusações relacionados ao PT.

Uma farofa seca de areia com arame farpado.

E assim será com o exercício do regime semiaberto facultado ao ex-ministro.

A lente da suspeição equivale desde já a um segundo julgamento.

Com as mesmas características do primeiro.

Recorde-se o jornalismo associado ao crime organizado que  não hesitou em invadir o quarto de hotel do ex-ministro, em Brasília, para instalar aparelhos de escuta, espionar gente e conversas no afã de adicionar chibatadas ao pelourinho da AP 470.

O cenário esquadrejado em menos de uma semana  –o emprego foi contratado na última 6ª feira— diz que não será diferente agora.

O dono do hotel é filiado a partido da base do governo (PTN), revela a Folha. Tem negócios na área da comunicação. Uma de suas emissoras, a Top TV, com sede em Francisco Morato (SP), conquistou recentemente o direito de transferir a antena para a Avenida  Paulista.

Suspeita.

A Anatel informa que não, a licença foi antecedida de audiência pública. Sim, mas a Folha desta 5ª feira argui tecnicalidades, cogita riscos de interferência em outros canais etc

Não só.

Dono também de rádios, o empregador de Dirceu operou irregularmente uma antena instalada em terraço do Saint Peter, diz o jornal  ainda sem mencionar o andar.

Deve ser o 13º.

A mesma Folha investiga ainda encontros do empresário --membro de partido da base aliada--  com o ministro Paulo Bernardo. Da Comunicação. A esposa do ministro é pré-candidata ao governo do Paraná..

Vai por aí a coisa.

Alguém com o domínio de suas faculdades mentais imaginaria que o ex-ministro José Dirceu, um talismã eleitoral lixiviado há mais de cinco anos no cinzel conservador, obteria um emprego em qualquer latitude do planeta sem a ajuda de aliados ou amigos?

O ponto a reter é outro.

Avulta dessa  blitzkrieg  uma desconcertante contrapartida de omissão: quando se trata de cercar pratos compostos de personagens e enredos até mais explosivos, extração diversa, impera a inapetência investigativa.

O braço financeiro da confiança de José Serra, Mauro Ricardo, seria um desses casos de inconcebível omissão se as suas credenciais circulassem na órbita do PT?

A isso se denomina jornalismo de rabo preso com o leitor?

Tido como personalidade arestosa, algo soberba, Mauro Ricardo reúne predicados e rastros que o credenciariam a ser um ‘prato cheio’ do jornalismo investigativo.

O economista acompanha Serra desde quando o tucano foi ministro do Planejamento (1995/96); seguiu-o na pasta da Saúde (1998/2002), sendo seu homem na Funasa, de cujos funcionários demitidos Serra ganharia então o sonoro apelido de ‘Presidengue’, na desastrosa derrota presidencial de 2002.

Nem por isso Mauro Ricardo perdeu a confiança do chefe, sendo requisitado por Serra quando este assumiu a prefeitura de São Paulo, em 2004/2006, ademais de acompanha-lo, a seguir, no governo do Estado.

Quando o tucano foi derrotado  pela 2ª vez  nas eleições presidenciais de 2010, Mauro Ricardo voltou ao controle do caixa da prefeitura, sob a gestão Kassab. 

Esse, o trajeto da caneta que mandou arquivar as investigações contra aquilo que se revelaria depois a maior lambança da história da administração pública brasileira: o desvio de R$ 500 milhões do ISS de São Paulo, drenados ao longo do ciclo Serra/Kassab por uma máfia de fiscais sob a jurisdição de Mauro Ricardo.

O que mais se sabe sobre esse centurião?

Muito pouco.

Seus vínculos, eventuais negócios ou sócios, círculos de relacionamento e histórias da parceria carnal com o candidato de estimação da mídia conservadora nunca mobilizaram esforço investigativo equivalente ao requisitado na descoberta de uma antena irregular  num terraço do Hotel Saint Peter, em Brasília.

Evidencia-se a  régua seletiva.

Que faculta ao tucano Aécio –e assemelhados-  exercitar xiliques de indignação ante as evidências de uma fusão estrutural entre o tucanato de SP,  cartéis multinacionais e a prática sistêmica de sobrepreço  nas compras do metrô paulista - desde o governo Covas.

Dados minuciosos do longevo,  profícuo matrimônio,  são conhecidos e circulam nos bastidores da mídia, de forma documentada, desde 2009.

Quem  confessa é o jornal Folha de SP desta 5ª feira.

Repita-se, o repórter Mario Cesar Carvalho admite, na página 11, da edição de 28/11/2003 do jornal, que se sabia desde 2009  da denúncia liberada agora pelo ‘Estadão’ –cujo limbo financeiro pode explicar a tentativa de expandir o universo leitor com algum farelo de isenção.

Por que em 2009 esse paiol não mereceu um empenho investigativo ao menos equivalente ao que se destina aos futuros empregadores de José Dirceu?

O calendário político da Folha responde.

Em 2010 havia eleições presidenciais; o jornal preferiu investir na ficha falsa da Dilma a seguir os trilhos do caixa 2 tucano em SP.

No seu conjunto, a mídia tocava o concerto do ‘mensalão petista’. Dissonâncias não eram, nem são bem-vindas.

Transita-se, portanto, em algo além do simples desequilíbrio editorial.

Temas ou versões conflitantes com a demonização petista mereceram, ao longo de todos esses anos, o destino que lhes reserva a prática dos  elegantes manuais de redação: ouvir o outro lado, sem nunca permitir que erga a cabeça acima da  linha da irrelevância.

Assim foi, assim é.

Só agora – picados e salgados os alvos em praça pública--  o pressuroso STF lembrou-se de acionar o Banco do Brasil para cobrar o suposto assalto aos ‘cofres públicos’ da AP 470.

Pedra angular das toneladas de saliva com as quais se untou os autos do maior julgamento-palanque da história brasileira, só agora,  encerrado o banquete, cogita-se do prato principal de R$ 70 milhões esquecido na cozinha?

O esquecimento serviu a uma lógica.

Até segunda ordem, perícia rigorosa providenciada pelo BB ofereceu uma radiografia minuciosa de recibos e provas materiais dando conta do uso efetivo do dinheiro nas finalidades de patrocínio e publicidade contratadas.

O documento capaz de trincar a abóboda da grande narrativa conservadora, nunca mereceu espaço à altura de seus decibéis no libreto dominante.

Ao mesmo tempo, o que a Folha admite agora, como se isso mitigasse o escândalo do metrô (‘Papéis que acusam o PSDB circulam há mais de quatro anos’) corrobora a percepção de que estamos diante de uma linha de coerência superlativa.

Ela traz a marca de ferro do que de pior pode ostentar quem se evoca a prerrogativa da informação isenta.

‘Cumplicidade’ diz o baixo relevo inscrito nas páginas e na pele daqueles que ironicamente, destinaram à  opinião pública, durante todos estes anos, o livre discernimento que se dispensa ao gado na seringa do abate.

“Consultores” da Folha criam o inédito: maior campo do mundo é “problema” para a Petrobras

Hoje, a Folha de S. Paulo “descobriu” o que este Tijolaço vem afirmandohá um mês.
Que “o campo de Franco sozinho teria reservas maiores do que Libra, leiloado em outubro, que teria entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris”.
Mas, ao contrário do que aconteceria em qualquer jornal do mundo, diante do maior campo de petróleo da face da Terra, hoje, essa informação vem lá no meio da matéria.
E pior, como um “problema” para a empresa que detém 100% dos direitos exploratórios sobre ele, ainda que limitados contratualmente à pouco menos da metade de um volume que deve superar os 10 bilhões de barris.
Isso, apesar de o próprio contrato já prever opções de reavaliação de valores e volumes, prevista para o ano que vem.
Claro está que a Folha, antes disso, trata da questão vital para o desenvolvimento do país, que é, ao que parece, sabermos se sai um reajuste de sete ou oito centavos no litro de gasolina, menos do que varia conforme o posto que você abasteça.
Mas, regressemos à questão. A Folha vai ouvir dois consultores, ambos adversários da Petrobras.
O primeiro é o inefável Adriano Pires, homem da ANP no Governo Fernando Henrique, durante o qual, aliás, a Agência pediu R$250 mil reais apenas para entregar uma área que hoje é parte do campo gigante de Libra.
Pires, um gênio, diz que “para ficar com o excedente, a empresa (Petrobras) teria que pagar à União algo em torno de R$ 44 bilhões”.
Bem, se o excedente for de cinco bilhões de barris- e isso é um cálculo modestíssimo, ainda mais se consideradas as outras áreas nas mesmas condições, onde já se descobriu  muito petróleo – o custo seria de menos de R$ 9 por barril. O que, convenhamos, é muito pouco, se sabemos que o preço no mercado petroleiro passa de  100 dólares por barril.
Mesmo com o cálculo aloprado de extração que Adriano passou a sua pupila Miriam Leitão outro dia – US$ 45 por barril –  ainda seria um baita negócio.
Ainda mais porque isso seria pago, como prevê o contrato de cessão onerosa, à medida em que a extração fosse sendo processada.
E, mais vantajoso ainda: porque metade ou pouco menos do investimento para explorá-lo já está em plena execução.
O segundo é um consultor da Câmara dos Deputados, Paulo César Ribeiro Lima, que é de outa linha: aquela que usa o ótimo como inimigo do bom e, por isso, acaba resultando no ruim.
Lima diz que tudo é muito vantajoso para a Petrobras e ruim para o Estado.
Os R$ 44 bilhões de Pires, para ele, serão só R$ 4 bilhões. “Há margem para manobras que podem fazer a Petrobras pagar pouco na revisão, em torno de R$ 4 bilhões”, diz ele à Folha.
Ele acerta ao dizer que a Petrobras vai precisar de uma nova capitalização, porque é impossível uma empresa triplicar seu tamanho sem capitalizar-se.
Mas erra grosseiramente, ao dizer que a capitalização de 2010 “já foi pelo ralo”. A menos que ele chame 28 navios sonda, um dúzia de superplataformas navais, dezenas de poços, gasodutos, linhas de produção, bilhões de investimento e centenas de milhares de empregos diretos e no parque de fornecedores for lixo. E, sobretudo, seja lixo termos recuperado para o Estado 8% do capital da Petrobras, um quarto do que Fernando Henrique dissipou na Bolsa de Nova York.
Pires e Lima, como dois homens que dão a volta ao mundo em sentidos opostos, acabam por se encontrar no mesmo ponto de lesão ao interesse brasileiro: bloquear, com razões diversas, o papel decisivo que o petróleo do pré-sal e a Petrobras começam a jogar na transformação deste país.
Eles, como a imprensa, se servem do intervalo de alguns anos em que esse desafio exige para ser vencido, para afirmar que tudo é um desastre. O “investidor” que Pires defende é aquele que compra e vende ações da Petrobras ao sabor das manchetes. Já Lima “defende” o Estado dizendo que tudo poderia ser bem melhor do que a Petrobras faria.
E quem faria?
As empresas estrangeiras, que querem nossas jazidas, não estão absolutamente interessadas em comprar equipamentos no Brasil, em empregar brasileiros, em acelerar nossa atividade econômica e, muito menos, em arcar com pesadíssimos e lentos investimentos em refino, para ter de vender a preços baixos, como faz a Petrobras, embora o furor fiscal dos Estados e as margens de lucro na distribuição camuflem esta verdade aos olhos de muitos.
Então, estamos diante de um problema inédito no mundo: temos muito petróleo. E a Petrobras, diante de outra novidade “problemática”: detém jazidas gigantescas de óleo.
Infelizmente, não é “non-sense” que o fato de que o nosso país tenha, agora, os dois maiores campos de petróleo do mundo seja tratado com tom lamurioso.
São interesses.
A exploração de jazidas de petróleo que vão nos colocar na quinta ou sexta colocação mundial não é como organizar uma festinha de aniversário, onde a gente pode decidir se é melhor comprar os docinhos ou fazê-los em casa. As decisões terão uma repercussão imensa na vida da sociedade brasileira, que não se resume à (importantíssima)  destinação dos royalties à educação e à saúde. Vão determinar se teremos emprego, investimento, fábricas, tecnologia, progresso sustentável.
Ou, então, se vamos faturar um dinheirinho para pagar aos rentistas sedentos, como fizeram por anos, sem que isso nos tirasse do endividamento e do atraso.

Quem são os médicos de Barbosa que examinaram Genoíno.

Miguel do Rosário
O Cafezinho foi investigar quem são os médicos selecionados por Barbosa para fazer um laudo médico que justifique trazer Genoíno de volta para Papuda. Todos os laudos anteriores indicavam que seria muito mais seguro para Genoíno se tratar em casa. Barbosa não se deu por satisfeito e pediu um último laudo, feito com médicos mais velhos, a maioria professores, acadêmicos, ou empresários da saúde, que aceitaram o jogo de Barbosa e prepararam um documento que prima por ser “contra” o réu.  É a primeira vez que eu vejo uma junta médica agir, deliberadamente, com apavorante frieza, com vistas à sabotar qualquer tratamento à Genoíno. 
Vê-se que Barbosa foi cuidadoso. Depois de trocar o juiz, escolheu cinco médicos perfeitos para executar sua missão. A maioria são médicos já maduros, com longa carreira acadêmica e donos de clínicas particulares. Barbosa não se arriscou com nenhum jovem idealista. Chamou só macaco velho.
Vamos a eles. Os nomes são: Luiz Fernando Junqueira Júnior, Cantídio Lima Vieira, Fernando Antibas Atik, Alexandre Visconti Brick, e Hilda Maria Benevides da Silva de Arruda.
Segue a ficha cada um:

  • Luiz Fernando Junqueira Júnior, professor de cardiologia da Universidade de Brasília e presidente da junta:
Consegui reunir pouco material sobre sua pessoa, mas obtive indícios do ambiente em que vive. Há uma página no Facebook dedicada à turma Luiz Fernando Junqueira Junior – Medicina UNB.
O administrador é Paulo Machado Ribeiro Junior.
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página de Ribeiro Junior é repleta de acusações contra médicos cubanos, ódio contra o PT, festejos pela prisão dos “mensaleiros”.  Essa é a turma do chefe da junta que foi examinar Genoíno.
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Cantídio Lima Vieira, cardiologista e especialista em perícia médica:
Esse aí tem uma história interessante. É um dos “marajás de jaleco” do Senado Federal. Médico do serviço público do Senado, Cantídio Lima Vieira possui clínicas privadas que oferecem serviços aos… senadores. Denúncia da Istoé foi logo abafada.
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Trecho da matéria: “Duas unidades médicas dos funcionários operam no Sudoeste, outro bairro nobre de Brasília. Uma delas pertence ao médico Cantídio Lima Vieira (foto). Ele tem participação em mais quatro clínicas. Duas delas, a Policlínica Planalto e a Cordis são prestadoras de serviço da mesma associação de médicos contratada pelo Senado.”
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Fernando Antibas Atik, especialista em cirurgia cardiovascular:
Fernando Atik tem um Twitter, no qual tem 16 seguidores e segue 33 arrobas. Destas 33, as únicas fontes de informação são Jornal Nacional, Globo, G1, Globonews, CBN, Veja e Conselho Federal de Medicina. Seus últimos 2 tweets aconteceram no dia 16 de novembro, quando respondeu a uma pergunta da Veja a seus leitores:
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Alexandre Visconti Brick, professor de cirurgia cardiovascular:
Esse aí tem um histórico legal. Ganhou o título de cidadão honorário de Brasília por indicação do deputado distrital Junior Brunelli. Brunelli é o deputado da “oração da propina”, religioso exemplar.

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Hilda Maria Benevides da Silva de Arruda é mais nova e tem atuação mais discreta. Como a maior parte dos médicos brasileiros, odeia o programa Mais Médicos. E faz questão de deixar isso bem claro em sua página no Facebook.
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Claro que a suposição de que Barbosa escolheu a dedo médicos com antipatias políticas fortes contra José Genoíno é apenas isso, uma suposição. Entretanto, o laudo médico me parece negligente, porque aponta algumas condições extremamente frágeis do paciente mas conclui que ele pode continuar numa prisão.  Por exemplo, o primeito item da conclusão diz, textualmente, que o paciente deve se submeter a acompanhamento ambulatorial periódico da sua condição pós-cirúrgica.

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A má fé dos médicos aparece latente já no segundo item, onde se nota uma contradição que não pode ser inspirada em outra coisa, a meu ver, senão na maldade. Os médicos concluem que o réu, portador de hipertensão, deve usar medicamento de uso contínuo, e o tratamento deve incluir “dieta hipossódica, restrição de atividade física vigorosa, prática regular de leve a moderada atividade física aeróbica e  restrição de fatores psicológicos estressantes”. Repito a frase final: “restrição de fatores psicológicos estressantes”. Mesmo assim, os médicos concluem que não há necessidade do tratamento ser feito em domicílio. Ora, concluir que um homem idoso, sob exposição pública tão pesada, num processo tão polêmico, no qual se autoconsidera inocente, não vai ficar “estressado” dentro da cadeia é ser o que eu chamo, datavenia, de coxinha desalmado e psicótico. E se este stress se dá num homem que acabou de sair de uma cirurgia cujas chances de sobrevivência são de menos de 10%, a orientação de que ele pode se tratar na prisão me parece negligente e criminosa.

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Todas as concluões são relativamente iguais, sempre repetindo expressões assim:
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Não quero acusar nenhum médico. Vivemos uma democracia e cada um pode escrever o que quiser nas paredes virtuais de suas próprias redes.
Não consigo me livrar, porém, da impressão de que Barbosa catou médicos antipáticos aos réus apenas para que emitissem um laudo que chancelasse suas intenções de humilhar ainda mais José Genoíno. O laudo pode trazer informações verdadeiras, mas a conclusão me parece politicamente tendenciosa, contra o réu, contra a vida, contra o ser humano.
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FERNANDA LIMA SE DEFENDE DE POLÊMICA DE RACISMO

DILMA DEFENDE CARDOZO E APONTA "GAVETAS VAZIAS"

Há repórter policial no Brasil ou o helicóptero do pó vai ficar nos bagrinhos?

Já se passaram quatro dias da apreensão do helicóptero do filho do Senador José Perrella com quase meia tonelada de cocaína.
Não há, é verdade, nenhuma prova de que o senador e o seu filho deputado estivessem envolvidos no tráfico, embora haja provas abundantes do desvio de finalidade de servidor da Assembléia e combustível pagos pelos cofres públicos mineiros.
Mas é impressionante a “discrição” com que o caso vem sendo tratado, não sei se pelas notórias ligações entre os Perella e o senador Aécio Neves.
Mas é inacreditável o que está sendo publicado.
Não se trafica quase 500 quilos de cocaína “arranjando” por acaso e em cima da hora um transporte aéreo.
A “carga”, afinal, vale mais de R$ 20 milhões.
Depois, o trajeto entre Avaré (SP), Campo de Marte (SP), Divinópolis (MG) e Afonso Cláudio (ES) não tem lógica. Em linha reta há um aeroporto com reabastecimento, em Juiz de Fora, praticamente em linha reta, ou ainda Macaé, com um desvio mínimo.
Está na cara que  se desembarcou ou se embarcou algo ou alguém em Divinópolis, que é próximo a Belo Horizonte.
Também é esquisitíssimo que um helicóptero (Robson R66) comcapacidade total de 420 quilos de carga estivesse transportando essa quantidade de droga e mais dois pilotos, a manos que com uma quantidade mínima de combustível, para aliviar o peso.
Será que em  nossos jornais, tão adeptos do “jornalismo investigativo” (desconheço que exista um jornalismo não-investigativo, mas vá lá), não há um bom repórter para apurar isso.
Ou não há vontade de saber?