Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

'Isso é uma piada', diz professor da USP sobre silêncio da Globo no caso HSBC


Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Vladimir Safatle afirma que ao guardar nomes de brasileiros com contas em Genebra a grande imprensa transforma o jornalismo "em uma grande brincadeira"
por Redação RBA publicado 20/02/2015 15:29, última modificação 20/02/2015 16:59
São Paulo – O HSBC é um exemplo privilegiado de como corporações que estão no limite da criminalidade impõem na economia internacional seus interesses. O professor de filosofia da Universidade de São Paulo (USP) Vladimir Safatle indica a instituição financeira como exemplo de promiscuidade entre mercado financeiro, política e mídia, com raízes no crime, em entrevista à Rádio Brasil Atualhoje (20). “Desde sua criação, o banco tem as piores credenciais possíveis. Essa instituição bancária foi criada em 1860, depois da última guerra do Ópio entre Inglaterra e China, quando os ingleses forçaram a abertura dos portos chineses para que o tráfico da droga continuasse”, relata.
“Os chineses resolveram impedir o comércio de ópio porque a população já estava entrando em um processo de ser dizimada pela droga. Então, o banco foi criado exatamente para financiar o tráfico de drogas, entre outras coisas. E ele cresceu, a partir dos anos 70, comprando bancos dos Estados Unidos e da Europa, muitos dos quais tinham carteiras extremamente problemáticas", diz Safatle. "Foi o caso do banco do finado Edmond Safra, que tinha entre seus clientes traficantes de diamantes e negócios com a máfia russa. O Safra foi assassinado em uma situação, no mínimo, bastante misteriosa. Seu banco iria ser comprado pelo American Express e o negócio foi desfeito por causa de problemas internos."
Esse foi o processo de crescimento do banco, segundo o professor. "Comprou o Bamerindus aqui, um banco que estava com problemas enormes. E não só isso, quer dizer, ele é reincidente, faz anos que o banco tem sido julgado por várias instâncias mundiais, exatamente por esses seus negócios com tráfico, negócios ilícitos. Foi declarado culpado nos Estados Unidos por um caso que envolvia tráfico com colombianos e mexicanos. Só que pagou uma mixaria de um milhão e novecentos mil dólares de multa.”
O que ocorre com o HSBC não é novo, é uma prática comum, para Safatle: “E não é para estigmatizar o banco, mas para esclarecer o que é o sistema financeiro internacional. São corporações que estão acima dos governos. Não só não se quebra como não se regulamenta um banco como o HSBC, porque ele está tão acima dos governos que o seu diretor à época desses chamados Swiss Leaks era pastor anglicano e hoje é ministro do David Cameron, no governo britânico."
O professor ressalta que se percebe uma relação incestuosa entre o sistema financeiro e a classe política. "É o diretor do banco que vira ministro de um gabinete da Inglaterra, que, com certeza, não vai desenvolver políticas que sejam estranhas ou contra os interesses do sistema financeiro que ele representa muito bem. A imprensa começou a questionar o ministro e ele não dá resposta alguma, porque ele sabe que está numa situação de ser completamente intocado, não há nada que possa acontecer com essas pessoas", lamenta.
Para o filósofo, todo mundo fica completamente exacerbado por problemas como tráfico de drogas, de armas, guerras. "Se não existissem esses bancos, que têm como uma suas finalidades lavar esse dinheiro, com certeza o problema não seria dessa magnitude em hipótese alguma. Só há crime nessa magnitude porque há um sistema financeiro que é completamente conivente, cresceu dentro desse meio.”
Ele destaca que não é só a tráfico de drogas que o HSBC está ligado, mas que há também fraudes de evasão fiscal, no momento em que a economia mundial e os estados estão em crise, tentando segurar o que restou de bem-estar social. “Os países da União Europeia socorreram bancos falidos. Então, quando os bancos cometem crimes, o que se espera é que os responsáveis sejam punidos, presos, mas não é isso o que ocorre”, observa.
Safatle lamenta que a imprensa brasileira não noticie os fatos, ao contrário da europeia. “É inaceitável o tipo de silêncio tácito que está ocorrendo, salvo raríssimas exceções muito pontuais. Na imprensa francesa ou britânica, mesmo nos Estados Unidos, foi dito que vão utilizar esses dados para tentar reaver o dinheiro." Nesses casos, a imprensa apresentou os nomes: "O Le Monde, que mobilizou um pouco tudo isso, chegou a brigar com seus acionistas porque um deles fez uma declaração dizendo que achava um absurdo que o jornal expusesse esses nomes. Ou seja, a imprensa fez o seu papel. No caso brasileiro é inacreditável".
O Brasil é, a princípio, o nono país em número de contas nessa filial genebrina do HSBC. São 8.667 contas, das quais 55% são contas de nacionais, ou seja, são mais de 4 mil pessoas. "A pergunta que eu gostaria de fazer é quem são essas pessoas. O sujeito não abre uma conta em um banco suíço com esse histórico à toa. Quem são as pessoas que fizeram evasão fiscal, fraude fiscal e coisas dessa natureza?”, questiona.
Alguns nomes de brasileiros que possuem contas no HSBC com depósitos sem origem comprovada na agência em Genebra foram conhecidos por intermédio de sites angolanos. “Aí apareceu o nome do rei do ônibus do Rio de Janeiro, o nome da família Steinbruch, que é do grupo Vicunha. Essas pessoas cometeram crimes, quais foram os crimes? É muito estranho que não só a imprensa, mas, ao que parece, a própria Receita Federal adiou a análise de coisas desse tipo."
Para Safatle, isso demonstra um dado muito evidente: "A elite rentista brasileira é completamente blindada, sabe que é e tem uma relação incestuosa entre poder político e estrutura de comunicação, que faz com que em última instância seja um grupo só, de uma forma ou de outra, que sabe que pode fazer o que quiser, porque sabe que não existe nenhuma possibilidade de a Justiça pegar, a não ser existam embates internos, em brigas internas, aí sim vão pegar um ou outro".
O professor da USP se pergunta como ampliar essa discussão oculta na imprensa tradicional. “Os nomes que vazam dessa lista de brasileiros com contas no HSBC em Genebra são de envolvidos na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Quer dizer, os nomes são divulgados dependendo do interesse do meio de comunicação. Só são esses os nomes dos 4 mil correntistas, só são esses dez ou 15 que tiveram problemas? Isso é uma brincadeira.”
A extrema gravidade da história exige que se faça algo. “Se tem algo que destrói a moralidade é a parcialidade, é você começar a perceber que há um uso estratégico do discurso sobre a moralidade, porque é um uso que serve simplesmente para você voltar suas atividades contra seus inimigos. Nesse momento, a moralidade perde completamente seu valor. Eu diria que na política brasileira isso acontece a torto e a direito, é um traço característico da política brasileira."
Safatle lembra: "A moralidade exige a simetria completa dos julgamentos. É julgar todos da mesma forma, independente do que vá acontecer. Isso falta dentro da política brasileira. É por isso que não se consegue fazer com que essas indignações se transformem em saltos qualitativos da política. E aí vira simplesmente um jogo em que se tenta colocar um ou outro contra a parede.”
Safatle identifica que há um processo de desgaste constante do governo pela mídia e, por isso, os nomes envolvidos em negócios ilícitos no HSBC são seletivos. “Se a gente quisesse mesmo fazer uma limpeza geral no que diz respeito ao caso Petrobras, por exemplo, todos denunciantes falaram: 'Olha, desde 1997 eu recebo propina'. Ou seja, tem um dado estrutural, não existe um caso de governo ou de partido, é um caso de estrutura, em que vai todo mundo. E nessa situação o mínimo que se espera é que se mostre claramente a extensão do processo e a necessidade geral de punição. Mas isso nunca ocorre, isso desgasta toda a força da indignação moral”, lamenta. “Todo mundo que conhece um pouco da sociedade brasileira sabe que lá você vai encontrar alguns dos nossos empresários mais conhecidos, alguns dos políticos mais conhecidos.”
Quanto ao silêncio que a Rede Globo dedica ao caso do HSBC, Safatle comenta: "Isso é uma piada, é completamente inacreditável. Eu gostaria que eles explicassem muito claramente qual é a noção deles de notícia, porque é surreal. Você pode pegar as páginas do The Guardian, jornal britânico, ou do francês Le Monde, e a televisão de maior audiência não dá nada? O que é isso? Eles transformam o jornalismo em uma grande brincadeira".
Para a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Maria da Silva, é uma "vergonha" que esse caso só apareça em alguns sites e blogs e seja ignorado pelos grandes meios de comunicação, que não têm interesse em divulgar os nomes de brasileiros que estão nessa lista com depósitos sem origem comprovada no HSBC em Genebra. “Um dos clientes que já apareceu na lista foi o Clarín, da Argentina. Não vamos ficar surpresos se os meios de comunicação aqui do Brasil também aparecerem na lista, ou se os donos desses meios estiverem guardando dinheiro lá fora para não pagar impostos. Talvez por isso essa lista não seja divulgada. Começaram a soltar os nomes seletivamente, e por isso surgem os nomes relacionados com a Lava Jato. Mas tinha que soltar o nome de todo mundo”, diz.

O suplício de Hércules

hercules

Este Hércules, de sobrenome Menezes Santos, não é nenhum gigante musculoso, nem parece ter a proteção dos deuses.

É “negro, baixo e troncudo” e isso lhe valeu um ano – mais precisamente, um ano, um mês e dois dias – de cadeia “preventiva”, como nos conta o bom texto da repórter Constança Rezende, em O Dia.
Durante o qual perdeu, certamente, mais do que a namorada, o emprego e o pouco que conseguira guardar como  funcionário de uma rede de supermercados.

Perdeu, com certeza, algo por dentro de si, que terá de fazer um esforço hercúleo para voltar a existir dentro deste Hércules de Nova Iguaçu: fé na Justiça e que o Olimpo é longe, muito longe da Baixada Fluminense.

Hércules estava no Facebook de um homem acusado de ser receptador de rodas de automóvel roubadas.
Negro, baixo e troncudo, foi “reconhecido” por testemunhas de um dos roubos.

Ora, crioulo, ainda mais “baixo e trocudo”, só podia ser.

Assim, tipo o Obiang da Globo no Sambódromo.

Hércules não fugiu da acusação, ao contrário.

“Reuni meus documentos e fui correndo para a delegacia para tentar esclarecer algum mal entendido. Mas lá já me algemaram, como se eu fosse um criminoso”.

E não era, assim “negro, baixo e troncudo”?

Também não adiantou que pessoas presentes ao aniversário da filha de amigos, onde Hércules estava na hora em que, supostamente, estaria roubando o carro, adiantou.

Sabe como são os pobres, eles se protegem uns aos outros, não é?…

Não sei, mas é provável que Hércules de início não tivesse advogado – essa raça que protege bandido – e mesmo um defensor público – outra praga que vive protegendo criminosos.

Depois, passou a ser defendido pelo escritório Fernando Fernandes.

Mas tinha “testemunhas” de seu crime, que reconheceram o “negro, baixo e troncudo” Hércules .

O Sr. Doutor Promotor, com certeza muito preocupado em defender a segurança das rodas de automóvel, mandou o Hércules para a cadeia, com o “de acordo” de um Juiz de Direito igualmente cioso da integridade de aros e pneus.

Um ano, um mês, dois dias e depois de as testemunhas terem dito em Juízo que podia, quem sabe, talvez, ser outro “negro, baixo e troncudo” que tivesse roubado.

Ainda assim, negaram-lhe um habeas-corpus na 8a. Câmara Criminal, agora em janeiro. Afinal, o que é o princípio da presunção da inocência, perto da presunção de infalibilidade do doutor delegado, do doutor promotor e do doutor juiz, que não são nem negros, nem baixos ou troncudos.

Então, Suas  Excelências, num gesto largo de bondade, mandaram soltar Hércules, ou o Hércules sem o pedaço da alma que perdeu nesta história. Da alma e da vida, como conta o advogado Marcelo Dias, da Comissão de Igualdade Racial da OAB do Rio:

“Hércules deixou de receber salário e teve danos morais e psicológicos. Ficou amargando na prisão neste período todo. Ele trabalhava com carteira assinada, tinha endereço fixo, e não tinha antecedentes criminais. Pelo Código Penal, ele não apresentava risco à sociedade e poderia responder o caso em liberdade”.

Se alguém queria saber dos riscos de uma prisão provisória ser prolongada e prolongada e como “garantismo” é essencial para a humanização da Justiça, aí está uma boa história.

Para os que não são negros, baixos, troncudos e pobres refletirem o que lhes poderia acontecer, como acontece aos que são.

PS. Ah, só como ilustração: o Hércules que não era de Nova Iguaçu, mas da Tessália, na Grécia, morreu queimado por uma poção que sua amante, Djanira, colocara em sua roupa, e que pensava lhe garantir-lhe seu amor. Quando Djanira soube que, em lugar do amor, lhe trouxe a morte, enforcou-se. Não haverá, certamente – que bom – a necessidade de tanto: aos pedaços, este Hércules sobreviveu.

Alô, galera da CBN, vocês sabiam que o bicho já teve “O poste no ar” na Globo?

amei

Não tenho a menor simpatia pela Beija-Flor, ao contrário.

Nem pelo Teodoro Obiang, ditador da Guiné Equatorial, que “descobriram” agora e que querem jogar na história de corrupção das empreiteiras – que não dá um livro, dá uma coleção – também recém-descoberta.
Obiango é um ditador? É. Uma das muitas ditaduras praticadas na África, com a ajuda do Ocidente, desde que faça-lhe bons negócios.

Pois se os amigos da CBN, que deu ontem a “barriga” fenomenal de jurar que o “ômi” estava no Sambódromo, quando estava em Camarões,  forem ao “basicão” da Wikipédia, lerão lá, sobre a a história da Guiné Equatorial:

Em 1493, dom João II de Portugal proclamou-se juntamente com o resto dos seus títulos reais como Senhor de Guiné e o primeiro Senhor de Corisco. Os Portugueses colonizaram as ilhas de Bioko, Ano Bom e Corisco e em 1494, e converteram-nas em postos para o tráfico de escravos.(…) Portugal vendeu mão de obra escrava a partir de Corisco com contratos especiais à França (a qual contratou até 49 000 guineenses escravos), à Espanha e à Inglaterra em 1713 e 1753, sendo os principais colaboradores neste comércio os Bengas, que tinham boas relações com as autoridades coloniais europeias (as quais, por sua vez, não intervinham na política interna do país, o que sem dúvida ajudava).

Nem vou falar que lá há, hoje, outra riqueza negra, como eram os escravos: petróleo. E que por isso tentaram derrubar o senhor Obiang, em 2004, num golpe liderado por mercenários financiados por ingleses, entre eles o filho da finada “Dama de Ferro” Margareth Tatcher, “Sir” Mark, que foi preso por isso.

Um beleza, não é? Como somos bons em dar lições de moral aos outros sem cantar nossas próprias culpas, não é?

Mas deixa o Obiang para lá, que ditadores no mundo não faltam e estes são “bons” ou “maus” de acordo com interesses nada humanitários.

Vamos falar dos “donos” do Carnaval carioca, os bicheiros.

A Globo tem nojo desta ralé, não é? Embora seu principal executivo durante décadas, o Boni, fosse amicíssimo de Castor de Andrade (desfilou como sósia dele na Grande Rio, em 2010) e Anísio Abrãao, que, aliás, comprou o apartamento triplex que pertenceu ao Dr. Roberto Marinho.

Será que o pessoal da CBN, hoje tão cheio de pureza moralista sabe que, antes de transmitir em 860 khz, a CBN nasceu na frequência de 1180 khz, da extinta Rádio Eldorado, uma das compradas por Marinho? Aliás, era a frequência antiga da própria Rádio Globo, esta…

E que a rádio Eldorado – do Sistema Globo, já –  transmitir, todos os dias o resultado do jogo do bicho, que normalmente era colado em papeluchos nas paredes e nos postes, obrigando o apostador a ir a rua para sabê-lo.

Vou deixar que quem conte esta história seja Leonel Brizola, num de seus tijolaços, no dia 21 de abril de 1994, quando o jornal fazia escândalo com uma lista apreendida na fortaleza de Castor, que me é trazido pela implacável memória de meu amigo Ápio Gomes:

“(…)A Rádio Eldorado do Rio (agora, transformada em CBN), empresa do Sistema Globo de Rádio, propriedade de Roberto Marinho, consta na lista como beneficiária, durante dois anos, todos os meses, de recebimento de dezenas de milhares de dólares de propina de Castor de Andrade. Nos anos de 90, 91 e 92, a cada mês, esses alegados registros da contravenção, demonstram que a rádio de Roberto Marinho recebia uma mesada do bicheiro, certamente como paga pela divulgação diária que a Rádio Globo faz dos resultados do bicho. Querem ligação maior do que essa, a do dono de uma rádio que funciona como central de divulgação do bicho? Agora compreendo por que, numa das raras entrevistas que dei à Rádio Globo, tiveram a ousadia de interromper o programa, sob os meus mais indignados protestos, para fornecer os resultados da extração dos contraventores. Aí está não uma simples menção a um nome, mas uma ligação concreta, por anos a fio, na qual correspondiam a serviços da rádio de Marinho, ao pagamento que vinha do bicho.
Vejam bem, não estamos mais falando dos espaços generosos que os bicheiros tinham na Globo, até mesmo para questionar, em rede nacional, decisões do Judiciário, como ocorreu com o próprio Castor. Não estamos falando da íntima amizade que liga o contraventor ao braço direito e principal executivo da Globo, Sr. Boni. Não estamos falando dos privilégios e intimidade que a Globo e os bicheiros concediam-se mutuamente nas negociações para a transmissão do Carnaval na Passarela, nem da sua associação para sabotar aquela obra do meu Governo. Estamos falando de um fato concreto, de um concessionário de um serviço público, que não recebeu um canal de rádio, que pertence a toda a população, para fazer negócios com a contravenção, num abuso inominável, que em qualquer país do mundo significaria, imediatamente, a cassação do privilégio que recebeu do Poder Público para informar, educar e entreter a comunidade e não para fazer a apologia da contravenção. E não se diga que o Sr. Marinho de nada sabia: o pagamento mensal durou, pelo menos, dois anos, e as transmissões do bicho eram diárias e só foram suspensas há poucos dias, depois que estourou esse escândalo. Era o comunicador da contravenção, o empresário-bicheiro, que transformou a sua rádio num poste de rua para afixação dos boletins do bicho. “

Então, os coleguinhas que estão embriagados com esse papel em que tolamente se colocam de virgens de bordel, dando lições de moral – logo onde! – sobre o Carnaval, cuidado. Em matéria de Carnaval, jogo do bicho, ditaduras e dinheiro, tem muito bububu no bobobó da Globo…

Oba, oba! Tem mico na Guiné! Deu zebra no Obiang da Globo!

teodoro3

Vocês me perdoem o tom “José Simão” deste post.
Mas não dá para ser outro.

Eu estava achando surrealista esta história do criminoso patrocínio do ditador da Guiné Equatorial à Beija-Flor.

Nunca vi isso, até porque nunca fizeram críticas ao bicheiro – e acusado de mandante de homicídios – Anísio Abraão patrocinar a escola.

Nem foram perguntar quem foi que pagou pela homenagem, ano passado, ao Boni e à TV Globo.

Mas fiquei escandalizado com a “suposta” presença do presidente daquele país, secretamente aqui, martelada toda a manhã pela CBN.

Mesmo com o desmentido do governo guineense, insistiram que uma foto no Wall Street Journal “provava” a estada secreta de  Teodoro Obiang o “sanguinário” aqui.

Desceu-lhe o sarrafo ao longo de quase nove minutos, como você pode ouvir no áudio, no fim do post.
Conseguiu até a  “confirmação” do Copacabana Palace até do horário em que Obiang teria feito “check-out” do hotel, como O Globo, antes, havia  conseguido o prefixo do avião que o trouxera e, claro, todas as informações sobre a presença do “ômi”.

Aí começa o festival da besteira.

Ora, a foto que tinham era de um senhor negro, estrangeiro, de paletó e gravata no Sambódromo só poderia ser o ditador.

Os nossos valentes setoristas da CBN na Passarela devem achar que crioulo, como japonês, são todos iguais, né?

Se os nossos “jornalistas investigativos”, que descobriram um “escândalo internacional” tivessem ido à página do Wall Street Journal, teria lido lá, logo abaixo da matéria sobre o carnaval:

A photograph in the World news section incorrectly identified one of the guests at this year’s Carnival in Rio de Janeiro as Equatorial Guinea’s leader, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. (Feb. 17, 2015).

Incorretamente identificado, se é que precisa tradução.

Permitam-me a expressão: caceta, que mico!

E mico acompanhado de lições sobre como é a democracia, porque lá, na ditadura guineense, o governo e o partido mentiam, não apenas negando que aquele fosse Teodoro, como afirmando que o dito cujo estava numa reunião de chefes de Estado Centro-Africanos, em Camarões, discutindo medidas contra o avanço do grupo Boko-Haram!

Psi, ô, galera,  lá no site da Deutsche Welle, a agência alemã (estatal) de notícias  vocês vão dar de cara com uma foto do tal Teodoro, sentadinho ao lado presidente de Camarões, no mesmo dia 17, fazendo aquilo mesmo que a nota de seu governo diz que estava fazendo. E com o texto do repórter Mark Caldwell dizendo quem eram os chefes de Estado que estavam lá (Obiang é um deles) e quais países mandaram delegados.

E se duvidarem que é ele, apesar da plaquinha com seu nome (ampliem a foto e vejam), procurem no Google e verão que o cidadão é ele mesmo que não se parece em nada com o da foto do Sambódromo, a não ser pelo fato de ser negro. O que, aliás, quase todo mundo é lá na Guiné.

Vou ligar o rádio amanhã para ver se vai haver um mea-culpa daqueles de bater no peito fazendo barulho…

Vai nada, vai ter um monte de “mas”, de “porém”, de acusações a empreiteiras brasileiras que ganham dinheiro por lá com obras e discursos sobre a falta de democracia.

Escândalo internacional, mesmo, é a imprensa brasileira, histérica, irresponsável e incompetente, exceto numa coisa: esculhambar o Brasil.