Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

ALIANÇA AÉCIO-CUNHA DESEMPREGOU 2,8 MILHÕES DE BRASILEIROS EM 2015

Kennedy Alencar: Calero entregou à PF gravações de conversas com Temer, Geddel e Padilha; oposição quer o impeachment

geddel temer, calero e padilha
PF informa à pasta da Justiça que Calero gravou Temer, Geddel e Padilha
Depoimento de ex-ministro à PF leva crise para gabinete presidencial
O Ministério da Justiça recebeu da Polícia Federal a informação de que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero entregou ao órgão gravações de conversas com o presidente Michel Temer e os ministros Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil). Um auxiliar de Padilha também teria sido gravado.
O depoimento de Calero à PF levou a crise que envolvia o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria) para o gabinete presidencial. O ex-ministro da Cultura disse que se sentiu “enquadrado” por Temer devido à sugestão de remeter à AGU (Advocacia Geral da União) a decisão sobre a licença do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para um empreendimento imobiliário.
Segundo Calero, Temer ficou ao lado do ministro da Secretaria de Governo.
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Calero diz à PF que Temer o pressionou no caso Geddel
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse em depoimento à Polícia Federal que o presidente da República, Michel Temer, o “enquadrou” no intuito de encontrar uma “saída” para a obra de interesse do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
O empreendimento La Vue Ladeira da Barra, embargado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Salvador, está no centro da mais recente crise envolvendo o Palácio do Planalto.
Na semana passada, Calero pediu demissão após acusar, em entrevista à Folha, Geddel de “pressioná-lo” para o que o órgão de patrimônio vinculado ao Ministério da Cultura liberasse o projeto imobiliário onde o ministro adquiriu uma unidade.
“Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado ‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”, disse Calero, segundo a transcrição do depoimento enviado ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República.
Em seguida, o ex-ministro da Cultura afirma que Temer encarava com normalidade a pressão de Geddel, articulador político do governo e há mais de duas décadas amigo do presidente da República.
“Que, no final da conversa, o presidente disse ao depoente ‘que a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão'”, prossegue Calero.
Na sequência, o ex-ministro afirma que se sentiu “decepcionado” pelo fato de o próprio presidente da República tê-lo “enquadrado”.
“Que então sua única saída foi apresentar seu pedido de demissão”, declara Marcelo Calero.
oposição
Oposição quer impeachment de Temer após depoimento de Calero
Deputados e senadores da oposição começaram a defender, após depoimento do ex-ministro Marcelo Calero, um pedido de impeachment do presidente Michel Temer. Eles argumentam que o relato de que Temer teria feito pressão para encontrar uma “saída” para a obra de interesse do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) indica crime de responsabilidade.
Folha revelou nesta quinta-feira (24) que Calero disse à Polícia Federal que Temer o “enquadrou”.
Na semana passada, Calero pediu demissão após acusar Geddel de “pressioná-lo” para o que o órgão de patrimônio vinculado ao Ministério da Cultura liberasse o projeto imobiliário onde o ministro adquiriu uma unidade.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que Temer usou a Presidência para defender interesses privados. “Absurdo. No nosso entendimento, Temer vai ter que responder processo por crime de responsabilidade para ser julgado pelo Congresso”, disse.
Logo após a revelação, o petista se reuniu com a assessoria jurídica do PT e disse que a intenção é protocolar um pedido de impeachment nos próximos dias. “Ele pareceu agir em sociedade com Geddel, usando peso da presidência para interferir num negócio privado, beneficiando empresas.”
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também defendeu que a situação é motivo para impeachment. “Se isso não for razão para impeachment, nada mais é. O presidente da República se envolveu diretamente em um negócio ilícito e privado de um ministro seu. Eu vou propor para a oposição que apresente pedido de impeachment do Michel Temer. Isso é crime de responsabilidade na veia”, disse.
Randolfe Rodrigues afirmou que a revelação “justifica a atitude de Temer em proteção a Geddel” nos últimos dias. “Agora está claro por qual razão o presidente acha que não há gravidade: porque ele mesmo estava envolvido”, afirmou.
A senadora petista Gleisi Hoffmann (PR) disse que se trata de um caso de crime de responsabilidade. “Como um presidente trata de assuntos desse porte? Lamentável. Nunca se ouviu falar isso do presidente Lula ou da Dilma. Espero que os patrocinadores do impeachment da Dilma tenham dignidade e apresentem também o impeachment de Temer”, disse Gleisi.
Na Câmara dos Deputados, a oposição estuda coletar assinaturas para abrir uma CPI. Também deve apresentar novos requerimentos para que Calero vá à Casa prestar esclarecimentos.
“É fundamental que a Casa ouça o Calero para obter mais informações sobre o episódio. É uma denúncia extremamente grave que, se confirmada, significa, no mínimo, improbidade administrativa”, afirmou o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).
O deputado Jorge Solla (PT-BA), autor de requerimentos derrotados para convocar Geddel Vieira Lima e convidar Marcelo Calero a prestarem depoimentos, disse que vai acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República).
“É um presidente da República pressionando um ministro para atender interesses patrimoniais de outro ministro. É muito grave”, afirmou Solla. “Se já era uma coisa complicada, não só ilegal, mas escandalosa a postura de Geddel, isso partindo de um presidente, mesmo sendo golpista, tem que ser rechaçado”, disse o deputado.
Pegos de surpresa, outros integrantes da oposição ao governo na Câmara evitaram comentar a denúncia de Calero contra Temer. “Preciso de mais informação porque o tema é muito delicado”, disse Orlando Silva (PC do B-SP), vice-líder da Minoria.
Pressão de Temer a  favor de Geddel por obra irregular pode levar a impeachmet, diz líder do PT
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), disse hoje ( 24) que a Bancada  do PT na Câmara vai  solicitar à Polícia Federal cópia do depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero no qual ele envolve diretamente o presidente Michel Temer  em lobby para facilitar a liberação de uma obra irregular de interesse do ministro Geddel Vieira Lima ( Secretaria de Governo).  Segundo o líder, o depoimento será submetido a uma análise de juristas renomados.
“Identificado o crime de responsabilidade, o caminho é a abertura de um processo de impeachment de Temer. O governo Temer derrete”, disse o parlamentar.
Segundo Florence, as bancadas de oposição na Câmara e no Senado vão continuar atuando unidas para apurar o caso Geddel, “que agora ficou muito mais grave, com o envolvimento de Temer nas denúncias”.  Calero,  em depoimento à Polícia Federal, disse  que Temer  o “enquadrou” no intuito de encontrar uma “saída” para a obra de interesse de Geddel .
Trata-se do empreendimento La Vue Ladeira da Barra, embargado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Calero pediu demissão do cargo na semana passada, após acusar Geddel de “pressioná-lo” para o que o órgão de patrimônio vinculado ao Ministério da Cultura liberasse o projeto imobiliário onde o ministro adquiriu uma unidade, cujo valor é acima de 2,5 milhões de reais.
As Bancadas do PT na Câmara e no Senado , junto com outros partidos de oposição ao governo golpista, já acionaram a Procuradoria Geral da República  e a Comissão de Ética da Presidência da República para a apuração das denúncias.
Foram feitos também  requerimentos de convocação da Geddel para depor em comissões temáticas da Câmara, mas o governo Temer mobilizou na quarta-feira  uma verdadeira tropa de choque parlamentar para rejeitar os requerimentos  assinados pelo deputado Jorge Solla (PT-BA).
Em trecho divulgado hoje do depoimento de Calero à PF, fica clara a participação de Temer na manobra para facilitar a liberação de uma obra ilegal em Salvador (BA).
“Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado ‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”, disse Calero, segundo a transcrição do depoimento enviado ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República.
Em seguida, o ex-ministro da Cultura afirma que Temer encarava com normalidade a pressão de Geddel, articulador político do governo e há mais de duas décadas amigo do presidente da República.
“Que, no final da conversa, o presidente disse ao depoente ‘que a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão'”, prossegue Calero.  Na sequência, o ex-ministro afirma que se sentiu “decepcionado” pelo fato de o próprio presidente da República tê-lo “enquadrado”.  “Que então sua única saída foi apresentar seu pedido de demissão”, declara Marcelo Calero.
Leia também:

Quem devolverá as vidas que Moro e cia. tiraram?

moro

Muitos pensam que só existe morte quando a pessoa para de respirar, o coração para de bater e cessa a atividade elétrica cerebral – sim, todos funcionamos como robôs, o que explica a forma como a maioria age. Porém, há vários tipos de morte.
A pior das mortes é a morte em vida. Há vários tipos de morte. Um tetraplégico pode até ser condicionado psicologicamente a aceitar sua condição, mas, na prática, sua vida é uma tortura ininterrupta. Quem dá atenção a um tetraplégico? Cuidado não é atenção…
Mas existe um tipo de morte que, sob certo aspecto, é até mais cruel do que a morte real ou a morte da meia vida dos cem por cento incapacitados: a morte social.
Está passando batida uma notícia perturbadora, a absolvição em segunda instância de dois condenados pelo juiz Sergio Moro.
Na última quarta-feira, a 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região absolveu dois executivos da OAS condenados por Moro.
O ex-diretor financeiro Mateus Coutinho de Sá havia sido condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e de pertencer a organização criminosa e o engenheiro civil Fernando Augusto Stremel Andrade foi sentenciado a quatro anos de reclusão por lavagem de dinheiro.
Moro, no entanto, substituiu a pena de Andrade por prestação de serviços à comunidade e multa de 50 salários mínimos.
As defesas recorreram à segunda instância. O relator do processo, o desembargador João Pedro Gebran Neto, acaba de decidir que não havia provas de que os dois cometeram os crimes de que foram acusados por Moro.
O voto de Gebran foi acompanhado pelos outros desembargadores.
Mateus Coutinho de Sá era Diretor Financeiro da OAS quando foi condenado a 11 anos de prisão. A razão? Seu cartão de visitas foi apreendido no escritório de lavagem de Alberto Youssef e, por isso, Moro o considerou responsável pela liberação de pagamentos de propina pela OAS.
Ele permaneceu nove meses preso e foi demitido pela empreiteira após a prisão.
O advogado de Coutinho de Sá, Juliano Breda, disse que a defesa “lamenta o período em que ele permaneceu preso e comemora a absolvição, pois sempre sustentou a sua inocência”.
Fernando Augusto Stremel de Andrade foi condenado a 4 anos de prisão pela assinatura de contratos e outros documentos ideologicamente falsos.
Agora, foi absolvido. Não chegou a ser preso. Seu advogado disse que a condenação não tinha sustentação em provas e o tribunal corrigiu um grande erro de Moro.
O Ministério Público Federal ainda não sabe se recorrerá da decisão.
Se o leitor quiser ler a sentença de Moro, basta clicar aqui. Apesar de extremamente longa, é extremamente interessante ver o processo em que ele tirou a liberdade de pessoas sob razões injustas.
Com efeito, injustiça da Justiça é de tirar o sono.
Essas duas pessoas não são as únicas que, segundo leitura que a 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região acaba de fazer, Moro condenou sem provas. As condenações referem-se à 7ª fase da Lava Jato, desfechada em novembro de 2014.
Além de Coutinho Sá e Andrade, a 7ª fase da Lava Jato fez Moro prender também a cunhada do ex-tesoureiro do PT, Marice Correa de Lima
moro-1Apontada pelo Ministério Público Federal (MPF) como suspeita de receber valores ilegais da construtora OAS e repassá-los ao cunhado – o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto -, Marice Correa de Lima teve a prisão temporária decretada em abril de 2015 e depois prorrogada por mais cinco dias.
Em despacho, Moro, a pedido do MPF, manteve a cunhada de Vaccari presa na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
Segundo o juiz, havia provas de materialidade e de autoria do crime de lavagem de dinheiro em relação à Marice Correa de Lima. A defesa da cunhada de Vaccari negava participação dela nos crimes.
“Resolvo prorrogar a prisão temporária por mais cinco dias. Trata-se de decretar medida menos gravosa do que a requerida pelo MPF e que se justifica à luz do princípio da proporcionalidade. A medida oportunizará nova oitiva na qual ela poderá esclarecer ou não sua participação nos depósitos em espécie realizados na conta da esposa de João Vaccari Neto e as circunstâncias que envolveram esses fatos, inclusive a identificação e a localização da fonte de recursos utilizados para os depósitos”, argumentou Moro no despacho.
A prisão de Marice foi um espetáculo transmitido em rede nacional de rádio e tevê porque Moro se enganou. Ele confundiu a cunhada de Vaccari com a esposa dele. Para envolver Marice, o juiz afirmou ter certeza de que era ela a pessoa que apareceu depositando dinheiro na conta de Vaccari, cerca de 2 mil reais, mas, na verdade, quem aparecia no vídeo era a mulher do ex-tesoureiro do PT.


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Muitos pensam que só existe morte quando a pessoa para de respirar, o coração para de bater e cessa a atividade elétrica cerebral – sim, todos funcionamos como robôs, o que explica a forma como a maioria age. Porém, há vários tipos de morte.
A pior das mortes é a morte em vida. Há vários tipos de morte. Um tetraplégico pode até ser condicionado psicologicamente a aceitar sua condição, mas, na prática, sua vida é uma tortura ininterrupta. Quem dá atenção a um tetraplégico? Cuidado não é atenção…
Mas existe um tipo de morte que, sob certo aspecto, é até mais cruel do que a morte real ou a morte da meia vida dos cem por cento incapacitados: a morte social.
Está passando batida uma notícia perturbadora, a absolvição em segunda instância de dois condenados pelo juiz Sergio Moro.
Na última quarta-feira, a 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região absolveu dois executivos da OAS condenados por Moro.
O ex-diretor financeiro Mateus Coutinho de Sá havia sido condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e de pertencer a organização criminosa e o engenheiro civil Fernando Augusto Stremel Andrade foi sentenciado a quatro anos de reclusão por lavagem de dinheiro.
Moro, no entanto, substituiu a pena de Andrade por prestação de serviços à comunidade e multa de 50 salários mínimos.
As defesas recorreram à segunda instância. O relator do processo, o desembargador João Pedro Gebran Neto, acaba de decidir que não havia provas de que os dois cometeram os crimes de que foram acusados por Moro.
O voto de Gebran foi acompanhado pelos outros desembargadores.
Mateus Coutinho de Sá era Diretor Financeiro da OAS quando foi condenado a 11 anos de prisão. A razão? Seu cartão de visitas foi apreendido no escritório de lavagem de Alberto Youssef e, por isso, Moro o considerou responsável pela liberação de pagamentos de propina pela OAS.
Ele permaneceu nove meses preso e foi demitido pela empreiteira após a prisão.
O advogado de Coutinho de Sá, Juliano Breda, disse que a defesa “lamenta o período em que ele permaneceu preso e comemora a absolvição, pois sempre sustentou a sua inocência”.
Fernando Augusto Stremel de Andrade foi condenado a 4 anos de prisão pela assinatura de contratos e outros documentos ideologicamente falsos.
Agora, foi absolvido. Não chegou a ser preso. Seu advogado disse que a condenação não tinha sustentação em provas e o tribunal corrigiu um grande erro de Moro.
O Ministério Público Federal ainda não sabe se recorrerá da decisão.
Se o leitor quiser ler a sentença de Moro, basta clicar aqui. Apesar de extremamente longa, é extremamente interessante ver o processo em que ele tirou a liberdade de pessoas sob razões injustas.
Com efeito, injustiça da Justiça é de tirar o sono.
Essas duas pessoas não são as únicas que, segundo leitura que a 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região acaba de fazer, Moro condenou sem provas. As condenações referem-se à 7ª fase da Lava Jato, desfechada em novembro de 2014.
Além de Coutinho Sá e Andrade, a 7ª fase da Lava Jato fez Moro prender também a cunhada do ex-tesoureiro do PT, Marice Correa de Lima
moro-1Apontada pelo Ministério Público Federal (MPF) como suspeita de receber valores ilegais da construtora OAS e repassá-los ao cunhado – o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto -, Marice Correa de Lima teve a prisão temporária decretada em abril de 2015 e depois prorrogada por mais cinco dias.
Em despacho, Moro, a pedido do MPF, manteve a cunhada de Vaccari presa na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
Segundo o juiz, havia provas de materialidade e de autoria do crime de lavagem de dinheiro em relação à Marice Correa de Lima. A defesa da cunhada de Vaccari negava participação dela nos crimes.
“Resolvo prorrogar a prisão temporária por mais cinco dias. Trata-se de decretar medida menos gravosa do que a requerida pelo MPF e que se justifica à luz do princípio da proporcionalidade. A medida oportunizará nova oitiva na qual ela poderá esclarecer ou não sua participação nos depósitos em espécie realizados na conta da esposa de João Vaccari Neto e as circunstâncias que envolveram esses fatos, inclusive a identificação e a localização da fonte de recursos utilizados para os depósitos”, argumentou Moro no despacho.
A prisão de Marice foi um espetáculo transmitido em rede nacional de rádio e tevê porque Moro se enganou. Ele confundiu a cunhada de Vaccari com a esposa dele. Para envolver Marice, o juiz afirmou ter certeza de que era ela a pessoa que apareceu depositando dinheiro na conta de Vaccari, cerca de 2 mil reais, mas, na verdade, quem aparecia no vídeo era a mulher do ex-tesoureiro do PT.

Janot irá prevaricar se não denunciar Geddel

janot
 A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados acaba de rejeitar por 17 votos a 3 requerimento de convocação do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) apresentado pelo deputado Jorge Solla (PT/BA) nesta quarta-feira 23.
Essa iniciativa se soma a decisão do presidente Michel Temer de ignorar denúncia do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que Geddel pediu sua interferência para obter do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorização para construir um espigão em área tombada em Salvador.
Executivo e Legislativo se uniram para impedir que o ministro da Secretaria de Governo responda por um crime claro e confesso: um ministro de Estado tentar obter vantagem pessoal e ilícita usando a influência de seu cargo.
Contudo, assim como no caso Eduardo Cunha, o crime de Geddel não poderá ser acobertado só pelo Legislativo e pelo Executivo. Temer e a Câmara dos Deputados tentaram acobertar Cunha, mas o Ministério Público e o STF impediram.
O MP denunciou Cunha e o STF o tirou da Presidência da Câmara – e já estava para tirar seu mandato quando os deputados entenderam que não adiantaria blindarem-no mais e o cassaram.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, demorou demais para acusar Cunha. Esperou ele conduzir o golpe contra Dilma para depois agir.
Janot agiu sob conveniências políticas. Mesmo tendo tomado a medida correta, a demora em agir produziu efeitos nocivos ao país, pois um mandato legítimo de presidente da República foi retirado por conta de uma fraude processual histórica: o impeachment sem crime de responsabilidade ou de qualquer outro tipo.
Agora, Parlamentares de partidos como PT e PCdoB ajuizaram na Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação solicitando que o órgão investigue se o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, cometeu algum crime.
Para os oposicionistas, a postura de Geddel pode configurar crime de advocacia administrativa. Em discurso na tribuna do plenário nesta segunda-feira (21), o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que até o presidente Temer corre risco de processo.
“Se o presidente da República, nas próximas horas, não tomar uma decisão sobre esse ministro, estará incorrendo, claramente, em prevaricação. E aí é crime que pode ser considerado crime de responsabilidade, e será o próprio presidente da República que terá de responder pelo ato do seu subordinado”, disse o petista, para quem o caso é ainda mais grave porque Geddel ocupa a “antessala” de Temer.
Os oposicionistas consideram ainda que o ministro praticou o crime de “concussão”, que consiste no uso do cargo público para obtenção de vantagem particular. Já a prática de advocacia administrativa fica configurada quando o servidor público utiliza as prerrogativas de sua função para defender interesse de terceiros.
Apesar de uma indefinição inicial, a Comissão de Ética da Presidência da República resolveu dar andamento ao procedimento investigativo aberto contra Geddel.
O colegiado havia adiado para dezembro a análise do processo, mas, devido à pressão da sociedade, vai iniciar imediatamente as apurações depois que o conselheiro José Saraiva – nomeado já na gestão de Michel Temer – recuou de seu pedido de vista anunciado na manhã de segunda-feira (21).
Seja como for, está mais do que na hora de Janot tomar uma atitude. É obrigação funcional dele. Tem que exigir apuração desse caso, já que está claro que, no que depender da Câmara e de Temer, Geddel ficará impune.
Além disso, o passado de Geddel – um dos anões do orçamento, de 1993 – autoriza supor que no governo certamente promoverá mais das bandalheiras que promoveu durante sua asquerosa trajetória política.
Esse sujeito é um dos mais fidedignos representantes do que há de pior na política brasileira. Não deixa nada a dever a Eduardo Cunha. Se Janot não cumprir sua obrigação estará colaborando com a postura criminosa da Câmara e do Presidente da República

Temer aplaude “empresário” que pediu “medidas amargas”

temer

Apesar de a cena ter se passado no maior telejornal do país em “horário nobre”, ela passou batida. O cenário é o “novo” Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (herdado da era petista, mas reformulado pelos golpistas) e que teve nesta segunda-feira (21) a primeira reunião desde que Michel Temer assumiu a presidência.
temer-1Dos atuais 96 integrantes do dito “Conselhão” (que deveriam representar vários setores da sociedade), 59 foram substituídos – Temer trocou representantes dos trabalhadores por patrões. Abriu a reunião com balanço dos seis meses de seu governo e voltou a criticar Dilma Rousseff.
Onze integrantes do conselho também discursaram. O show, porém, coube a Nizan Guanaes, ex-marqueteiro de Fernando Henrique Cardoso quando ele era presidente. Em sua fala, uma lógica estarrecedora que vigeu por muito tempo no Brasil pós-redemocratização, mas só até que Lula se elegesse, em 2002, e, ao longo de 11 anos, mostrasse que o povo não quer e não precisa de “medidas amargas”.
Leia abaixo, com atenção, a lógica canhestra dos golpistas na voz sombria de Nizan Guanaes, empresário que integra um conselho que acaba de expurgar representantes dos trabalhadores (como a CUT), transformando-se em um mega lobby empresarial.
Já que o governo ainda não tem índices de popularidade altos, aproveite, presidente. A popularidade é uma jaula. Ninguém faz coisas contundentes com altos níveis de popularidade. Então, aproveite que o senhor ainda não tem altos índices de popularidade e faça coisas impopulares que serão necessárias e que vão desenhar este governo para os próximos anos. Aproveite sua impopularidade. Tome medidas amargas. Aliás, este é o grande desafio das democracias do mundo. Como fazer coisas impopulares?
Confira, abaixo, vídeo que mostra a cena bizarra e, mais do que isso, que mostra o que vem por aí nos próximos anos.


Repare, leitor, aos 50 segundos do vídeo, Temer aplaudindo o patrão Nizan Guanaes pedindo medidas “impopulares” e “amargas” que todos sabemos quais são – retirada de direitos trabalhistas (férias, 13º salário, fundo de garantia etc., terceirização (precarização) do mercado de trabalho, piora da Previdência social, redução do SUS etc.
Essas são as medidas que o ex-marqueteiro tucano pediu aos peemedebistas e tucanos que pilotam esse governo ilegítimo e infame que após seis meses não tomou uma única medida concreta contra a crise, limitando-se a demitir ministros por corrupção, a perseguir funcionários de esquerda da administração pública federal e a desmontar programas sociais.
Mas a lógica de Guanaes é estarrecedora. Na prática, ele diz que a impopularidade é um mérito porque o governante impopular faz coisas boas ao tomar medidas que desagradam a população e esta não tem capacidade suficiente de entender que está sendo beneficiada, por exemplo, com a retirada de direitos trabalhistas.
É uma variante da teoria da ditadura militar de que o povo não podia eleger presidentes, governadores e prefeitos das capitais porque não sabia votar. Só sabia o suficiente para eleger parlamentares, mas não todos. Se o povo votasse contra os militares, estes podiam colocar parlamentares “biônicos” em número suficiente para terem maioria nas casas legislativas do país.
O Jornal Nacional transmitiu uma agressão ao povo brasileiro feita por um bando de patrões gananciosos e por um presidente que governa sem legitimidade conferida pelo voto popular. Fomos todos chamados de burros enquanto os golpistas reunidos no novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e “social” se arrogam superioridade intelectual.
E ninguém disse nada, ninguém chiou, ficou por isso mesmo. Mas agora você sabe o que vem por aí.
PS: daria tudo para ler os pensamentos da mocinha que aparece na foto lá no alto desta página e que certamente trabalha no cerimonial do evento. Ela pareceu não ter gostado nada da teoria de que o povo é burro e não sabe que precisa sofrer pra melhorar de vida.

Lava Jato só prova que no Brasil a lei não é para todos

injustica

E aí, comemorou muito as prisões de Garotinho e Cabral? Gostou, né? Afinal, pouca coisa é mais verossímil que a culpabilidade desses dois. E com corrupto é assim mesmo, tem que esculachar – você só pede bala na testa pra bandido pobre, pra rico você quer humilhação pública. Você pode curtir mais.
Afinal, não tem graça a polícia levar o bandido para trás da viatura e dar um teco na cabeça dele. Você não tem tempo de saciar seu sadismo. Que graça tem torturar bandido pobre? Esse aí já nasce ferrado e não dá chiliques engraçados como o do Garotinho.
Aliás, soube que um radialista que eu achava que respeitava desejou muito sofrimento para a família do ex-governador, daqui pra frente. Como essa pessoa não disse sequer que se referia à parte dessa família que também seria culpada de corrupção, o que parece é que o sádico em tela quer que as pessoas sofram simplesmente por nutrirem sentimentos favoráveis a Garotinho.
Que tipo de pessoa formula uma ideia como essa?
Antes de prosseguir, quero deixar claro que acho que Garotinho e Cabral têm altíssima probabilidade de ser culpados de corrupção. Contudo, o que eu acho ou mesmo o que um juiz de primeira, segunda, milésima instância acha não vale nem o que o gato enterra. O que vale é a prova de que eu ou o mais importante operador de Direito estejamos certos.
Sim, sim, é chato, mas para tratar os dois políticos cariocas como eles foram tratados é preciso aquela coisinha inconveniente que gente inconveniente teima em pedir: a tal da prova. Desculpe o incômodo, caro sociopata.
Aliás, nem com todas as provas do mundo se deve tratar assim quem é preso, do bandido mais pé-de-chinelo ao mais perigoso.
Mas, agora, peço que se controle – e que, se for o caso, vá tomar um banho frio para amainar essa ereção que se alevantou em seu colo ao ver pessoas sofrendo. Depois volte aqui para terminarmos essa conversa.
Enquanto os tarados de ultradireita se acalmam, vamos refletir.
Quando vi as cenas patéticas de Garotinho e Cabral presos, o primeiro pensamento que me ocorreu foi o de que eles devem ser culpados, sim. Mas o segundo pensamento foi:
— E daí se eles forem mesmo culpados? Isso dá direito aos que tentam lhes provar a culpa de seviciarem-nos física, moral e psicologicamente?
Ora, deveria estar fora de discussão que Garotinho tem razão quando diz que, por ser ex-secretário de Segurança, a possibilidade de ser morto em um lugar como Bangu é imensa.
Eis que surge a pergunta: mas por que, diabos, não levam esse homem para Curitiba? Lá ele estaria a salvo da vingança de gente que prendeu. Aliás, nenhum país sério coloca alguém que prendeu bandidos junto com quem essa pessoa prendeu. Isso é assassinato.
Está claro, evidente, cristalino como água que Garotinho foi vítima de vingança. É um péssimo político, um homem público de vida turva e que quando teve poder nas mãos não foi clemente com os mais fracos como pede que sejam consigo.
O problema, porém, é que eu não sou igual a Garotinho. Não é porque ele era injusto que eu serei também.
O homem nem foi julgado e já está cumprindo pena…
E o que a Globo fez com a imagem dele fez mal a muita gente que o despreza como homem público, mas que não pode desprezá-lo como pessoa, como ser humano, como membro da mesma espécie.
E Cabral? Esse foi até pior que Garotinho. Foi inclemente com muitos e, mais do que previsivelmente, roubou muito. Só que ainda tem direito a ser julgado antes da punição. Mas a divulgação para a imprensa daquela foto dele de frente e de perfil foi um abuso, uma pena antecipada.
Se para prenderem ex-governadores cometem abusos como esses, o que não farão com você se algum dia for alvo de uma injustiça?
Ah, você nunca irá preso porque nunca fez nada errado? E de onde você tirou a ideia de que a Justiça não comete injustiças? Inventou isso agora ou alguém incutiu essa merda na sua cabeça?
Desde que o mundo é mundo que até os melhores sistemas de justiça cometem erros. Que dizer de um sistema viciado, corrompido e que obedece a critérios políticos e não à lei?
Quando vejo Moro, Dallagnol e cia. com aquele ar de superioridade sobre o resto da espécie e achando que estão fazendo alguma coisa de bom pelo Brasil, sinto asco. Só o que a Lava Jato está fazendo é comprovando o que sempre se soube neste país, que a lei não é igual para todos.
A montagem fotográfica no alto da página já diz tudo. Ao lado do suplício de Garotinho e Cabral, o sorridente Eduardo Azeredo, contra quem há uma imensidão de provas documentais e materiais de crimes sórdidos. Há quase vinte anos espera julgamento e a Justiça finge que ele não existe.
Mas se fosse só ele, não seria nada. O PSDB inteiro está nessa situação. Porque só petistas e quem a eles se aliou oferecem riscos à investigação da Lava Jato?  Tantos outros tucanos foram citados e nada acontece. É óbvio que estão acima da lei. E regimes em que há pessoas acima da lei são conhecidos como ditaduras.
Só pode discordar da premissa acima quem acha que a Justiça não deve ser igual para todos. E quem pensa assim não merece nem atenção, quanto mais resposta.