Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

domingo, 23 de janeiro de 2011

Vice do Cerra apresentou recibo com data de novembro de 2011


 Conversa Afiada reproduz informação enviada por Stanley Burburinho, o reparador de iniquidades (quem será Stanley Burburinho ?):


APOSENTADOS

Paraná gasta R$ 4,5 mi em aposentadorias para governadores

Entre eles está o senador Álvaro Dias, que apresentou recibo de doação do dinheiro com data futura de novembro de 2011

Dez ex-governadores do Paraná recebem aposentadoria dos cofres públicos e, somados a duas viúvas, e o ex-governador Orlando Pessuti, que administrou o estado por menos de um ano, os valores chegam a R$ 4,5 milhão por ano.

Entre os casos, um dos que mais chamou a atenção foi de ex-governador e atual senador, Álvaro Dias (PSDB), que disse que vai receber o valor retroativo e doar para entidades beneficentes. Ele já teria feito isso e apresentou um recibo, mas que possui data de 30 de novembro de 2011, daqui a 10 meses.

A OAB já pediu o levantamento de todos os pagamentos deve entrar com uma ação de nulidade do benefício na Justiça. O principal questionamento é que os governadores não contribuem para um fundo para receber a aposentadoria, como todos os outros trabalhadores.


http://www.rpctv.com.br/parana-tv/2011/01/parana-gasta-r-45-milhoes-em-aposentadorias-para-governadores/



Clique aqui para ler “Até o PSDB pensa em expulsar o vice do Cerra”.
Em tempo: com o título “curiosidades”, Stanley Burburinho enviou esta informação complementar:

A partir de dica do @biruel:


Segundo a declaração de bens do candidato dos Democratas a deputado federal pelo Paraná , Luiz Carlos Setim, ele é um dos donos do Frigorífico Argus com quotas de R$ 1.561.121,34 e R$ 58.128,20.

Consta, na mesma declaração de bens do candidato Setim, que ele fez um empréstimo de R$ 20.000,00 à Sra. Raquel Maria Athayde.

http://noticias.uol.com.br/politica/politicos-brasil/2010/deputado-federal/02051944-setim.jhtm

A Sra. Raquel Maria Athayde, se for a mesma pessoa, é a presidente da Assistência Social Santa Bertilla Boscardin, do Paraná, e a pessoa que assina um documento datado de 30/11/2011, daqui a 10 meses, acusando o recebimento de doação do senador Álvaro Dias no valor de R$ 18. 673,21.

Abaixo, a foto do recibo, com a doação do senador, disponibilizada pelo Dr. Rosinha (@DrRosinha):


Será que o presidente da OAB vai ficar indignado ?

Conversa Afiada!

O PIG e as verdadeiras razões de sua cruzada contra o ministro Haddad


Não é novidade para ninguém que a grande imprensa vem promovendo desde o final de 2009 uma verdadeira cruzada contra o ministro da Educação, Fernando Haddad (PT-SP). Ao final daquele ano, um problema grave – mas que não passa nem perto de ser crônico – foi exponencializado pela grande mídia, como é de seu costume quando lhe convém, e tratado como “crise”. Tentaram a todo custo vender a idéia de que o vazamento das provas evidenciava uma crise sem precedentes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e já construíram em torno disso um discurso mais que malicioso com vistas às eleições do ano passado.

Em 2010, já passado o furor da campanha eleitoral, um erro de impressão em uma versão das provas do Enem fez a imprensa reacender suas críticas ferozes contra a gestão da educação no Brasil e, sobretudo, contra o ministro Haddad. Especulava-se, na época, que diante daquela “sistemática crise” o nome de Haddad já era praticamente descartado do novo ministério da então Presidenta eleita Dilma Rousseff. Contudo, como diz o velho jargão popular, mais uma vez a grande imprensa “deu com os burros n’água” e teve que engolir a decisão de Dilma de manter Haddad à frente do Ministério da Educação.
Agora, logo no começo de 2011, problemas pontuais no Sisu (sistema de distribuição de vagas em universidades públicas) trazem Haddad de volta à berlinda e a imprensa, como sempre, não economiza críticas ao ministro, já entoando até uma cantilena de que Haddad deverá ser a primeira baixa no 1º escalão do governo Dilma. Sim, caro leitor, a grande mídia já chegou a esse ponto. Na noite de sábado, 22, o jornalista Guilherme Barros postou o seguinte “furo”, que transcrevemos abaixo, em sua coluna no portal IG:
“Dilma Rousseff já não esconde mais sua insatisfação com o ministro da educação Fernando Haddad. A pasta dele já tinha apresentado sérios problemas com o Enem, e nesta semana houve falhas no Sisu, sistema de distribuição de vagas em universidades públicas. Ainda assim, o ministro queria sair em férias, o que deixou Dilma extremamente aborrecida. Fernando Haddad continua no ministério por um pedido de Lula. Ele nunca foi o preferido de Dilma para o cargo. Se Lula liberar Dilma, Fernando Haddad pode cair nos próximos dias. Já se dá praticamente como certo que ele não estará mais no governo quando o carnaval chegar”.
A grande imprensa e seu objetivo de desgastar Haddad
Vamos aos fatos. Fernando Haddad chegou ao Ministério da Educação em 2005, ainda no primeiro mandato do ex-Presidente Lula, substituindo o ex-ministro Tarso Genro. De uma forma gradual, Haddad foi implantando projetos no MEC (como o Novo Enem, o PNE, o Ideb etc) que aos poucos estão revolucionando a educação brasileira e que são elogiados até por organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas). É bem verdade que algumas falhas têm ocorrido tanto no Enem quanto no Sisu. Contudo, é mais verdade ainda que essas falhas, que devem sem dúvida ser corrigidas pelo ministro Haddad, estão sendo exponencializadas de uma forma descarada pela grande imprensa. Mas qual a intenção da imprensa com essa cruzada contra Haddad?
Em primeiro lugar, a razão mais óbvia é a de querer imprimir uma marca negativa logo no começo do governo Dilma em uma das áreas mais importantes, como a educação. Ao longo da campanha eleitoral, no ano passado, Dilma foi enfática ao destacar a importância que daria à educação no Brasil: não havia um discurso em que a então candidata não falasse do tema. Neste sentido, não há dúvidas de que estes setores da grande imprensa seriam levados ao deleite com a queda do ministro responsável por esta pasta antes dos primeiros 100 dias de governo. Seria uma forma dessa grande imprensa dizer à população: “olha, a educação não está indo bem”.
Mas para além dessa razão óbvia que justifica a cruzada da imprensa contra Haddad existe outra, não menos importante, porém não tão óbvia para quem acompanha o jogo político à distância. Haddad é um quadro do PT paulista, que iniciou sua trajetória política no movimento estudantil, quando chegou a ser, inclusive, presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP. Embora nunca tenha disputado um cargo eletivo, o nome do Ministro já aparece nas cotações do partido como uma das opções para a disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2012.
O bom trabalho que vem fazendo no Ministério da Educação e também o fato de ser um nome novo, que pode representar um avanço no diálogo com a classe média (tão importante para se ganhar uma eleição na capital paulista), são os principais motivos que fazem de Haddad um nome forte no páreo para o Executivo Municipal paulistano, ao lado da Senadora eleita Marta Suplicy e do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante. Embora o nome de Haddad tenha crescido com força apenas dentro de sua corrente – a Mensagem ao Partido -, lideranças de outras correntes começavam a avaliar que a aposta em Haddad poderia ser uma boa solução para recuperar a Prefeitura da maior cidade do país.
Afinal de contas, embora Marta seja um nome muito forte e tenha feito um excelente governo na cidade de São Paulo entre 2001 e 2004, seu nome ainda encontra forte rejeição entre a classe média, sobretudo devido à incompreensão de muitos paulistanos sobre a importância de taxas que Marta criou no seu governo, como a taxa do lixo e a taxa de iluminação pública. Por incrível que pareça, esses setores da sociedade paulistana fecham os olhos a todos os avanços feitos por Marta (como os CEUs, Bilhete Único, corredores de ônibus, renovação da frota de ônibus urbano etc) e preferem lembrar da ex-prefeita e atual senadora apenas como “Martaxa”. Ou seja, repetir o nome de Marta, após duas derrotas para a Prefeitura (em 2004 e 2008) pode ser muito arriscado.
Sem contar, que talvez a própria Marta, sabendo dos riscos, não queira queimar seu capital político no caso de uma nova derrota na disputa pela Prefeitura e prefira, então, seguir no Senado. O caso de Mercadante é bastante semelhante ao de Marta. Embora Mercadante tenha sido eleito ao Senado em 2002 com expressiva votação, isso por si só não garante uma eleição à Prefeitura. Afinal de contas, Mercadante foi derrotado em duas eleições seguidas para Governador do Estado (em 2006 e 2010), inclusive na própria capital. No ano passado, por exemplo, Mercadante teve apenas 36% dos votos na capital paulista, o que representa pouco mais de 2,3 milhões. Assim, Mercadante também poderia preferir continuar à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia, especialmente se estiver tendo bons frutos do seu trabalho na pasta.
Assim, o nome de Haddad passa a ser cada vez mais uma possibilidade real para a disputa pela Prefeitura de São Paulo, já que apresenta diferenciais em relação aos demais pré-candidatos petistas: é um nome novo, tem boa interlocução com a classe média e tem um trabalho bem avaliado. Sabendo disso, a grande imprensa tem colocado mais força na campanha anti-Haddad, pois sabem que o ministro da Educação seria de fato um nome muito forte na corrida para a sucessão do atual Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). E naturalmente ver o PT novamente administrando o terceiro maior Orçamento do país (atrás apenas do Orçamento da União e do Estado de São Paulo) não é do interesse desses setores da grande imprensa.
Pela importância econômica da cidade de São Paulo e por tudo que esse município representa no Brasil, a disputa pela sua Prefeitura vai além do limite local: é, sem dúvida, uma eleição nacionalizada. Tem sido assim nos últimos anos. Ganhar em São Paulo é, sem dúvida, uma das grandes metas do PT em 2012; permanecer no comando de São Paulo é também a meta da oposição, que como sempre conta com a ajuda da imprensa, especialmente da ala paulista (Folha, Estadão, Veja). Isto é razão mais que suficiente para esses mesmos setores da imprensa promoverem essa verdadeira cruzada contra Fernando Haddad, procurando desgastar sua imagem e “enterrar” a possibilidade de sua candidatura à Prefeitura de São Paulo. Acompanhemos os próximos capítulos dessa trama!
No acima exposto , dou-me o direito de incluir o fato que, o grande perdedor , no caso de avanços do ensino público , são os empresários do setor , que mantém escolas e cursos , para ingressos nas universidades , principalmente federais . E , se as escolas estaduais e municipais forem apoiadas como eram há décadas atrás , perderam mais ainda ,e deixaram de ter o monopólio na formação de uma suposta elite que , pensa de acordo com a extrema direita neo-liberal e pró-colonialista, que infesta este país. Onde mais discute-se idéias , buscam-se visões mais humanas e com a participação de todos  àqueles que originam das várias classes sociais, sem falar em pesquisas em diversas áreas , do interesse público, com um enfoque dos interesses nacionais?  nas universidades federais , Que ultimamente , só os bem nascidos podem frequentar, por terem maiores chances e um melhor preparo, oriundos desses cursos , onde paga-se valores bem altos para frequenta-los, a maioria vinda de uma elite com visão avessa aos interesses , e cultura nacionais .
Com a eleiçaõ de um governo progressista , isto começou a mudar , com o advento do ENEM ,  E há de mudar muito mais !!!! 
O apedeuta.

Franklin Martins, Ministro Chefe da SECOM: Eles Mentem e Saem de "Fininho".


Em 30 de setembro de 2010 o periódico francês Courrier International publicou uma matéria sob o título "Une presse très remontée contre Lula", em que opina que o presidente Lula enfrentaria uma oposição por parte da imprensa liderada por quatro grupos: Folha de S. Paulo, Grupo Abril, O Globo e O Estado de S. Paulo. No artigo, o autor Paul Jürgens chega a acusar o tom da oposição de caricatural.

Na entrevista abaixo (22/12/2010), o jornalista fala da partidarização da "grande" mídia brasileira, seus métodos, seu "jornalismo apressado e mal feito" e sua influência na formação da opinião pública.


Clique aquiaquiaquiaqui e aqui, para ver alguns exemplos de contestações da "má vontade" da mídia, e "desmontando" uma farsa, aqui e aqui.
Engolido do Blog do Itárcio 
Via O Cachete

Você conhece São Paulo?


Eduardo Guimarães - Blog Cidadania
Como definir a cidade e o povo de São Paulo? Aliás, como definir o que é a cidade de São Paulo, se a dita “grande São Paulo” interconecta-se com o município que sedia a capital do Estado que leva o mesmo nome que o seu?  E por último: existe uma única cidade de São Paulo, do ponto de vista da organização social, política e econômica?
Ao se aproximar o 457º aniversário da capital paulista, é obrigatório escrever sobre essa cidade que concentra amores e ódios de todo o país. Uma cidade que sustenta, como nenhuma outra, os políticos de direita que se tornaram a cabeça de um dos dois pólos do grande embate político nacional, mas que também abriga a resistência mais aguerrida a eles.
São Paulo abriga e privilegia a direita demo-tucana de prominência nacional. Foi e continua sendo o “quartel-general” de Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e José Serra. E como a maioria da população autóctone apóia esses políticos, a cidade atrai uma antipatia política imensa.
Sobre o conceito que o resto do país tem dos paulistanos, apesar do discurso de que São Paulo seria amistosa, abrigaria imigrantes de todas as partes do Brasil e do mundo etc., etc., o fato é que esse povo é considerado frio, inamistoso, arrogante e preconceituoso, apesar de ser o mais mesclado do país, tanto do ponto de vista étnico quanto de origem geográfica.
É injusta a má fama política de São Paulo? É verdadeiro o discurso da grande imprensa e da elite étnico-financeira-empresarial de que é “acolhedora” e “plural? É possível extrair uma única conclusão sobre a cidade e seu povo?
Em primeiro lugar, há que entender que São Paulo é muitas. A cidade é marcada, talvez como nenhuma outra, pela desigualdade, que se torna mais visível devido a não haver a separação entre pobres e ricos que se vê, por exemplo, no Rio de Janeiro, onde rico fica perto da praia e pobre, longe.
Nesse aspecto, apesar de ter bairros miseráveis e abandonados nas franjas da cidade, em um nível de carestia e precariedade que muitas vezes lembra o de países intermediariamente pobres da África – há bairros da capital paulista que lembram os bairros pobres de Luanda, em Angola, por exemplo –, não separa ricos de pobres, ao menos geograficamente.
A convivência entre mansões, condomínios de luxo, shoppings e centros empresariais com favelas em que o esgoto corre a céu aberto ou com famílias entrincheiradas sob viadutos em habitações precárias, é chocante e comum por toda a região metropolitana da capital paulista.
Nesse aspecto, portanto, São Paulo é uma só. E não termina nos limites oficiais do município, pois as cidades limítrofes padecem dos  mesmos males, todas oferecendo péssimos serviços públicos e baixas condições de vida para os mais humildes. Tanto é assim que se passa de São Paulo a Osasco, por exemplo, e não se  nota diferença alguma.
Também não se pode dizer que São Paulo é amistosa e acolhedora. Você não hospeda uma visita debaixo da escada. Pelo contrário: São Paulo é hostil com os imigrantes. A população mais antiga da cidade tem ódio deles, principalmente quando vêm do Norte e do Nordeste.
Felizmente, porém, a necessidade de atrair mão-de-obra de outras partes do país para fazer os serviços pesados e insalubres que a população mais antiga da cidade não queria e não quer fazer, tornou esses paulistanos “da gema” uma inexpressiva minoria, encastelada nos bairros ditos “nobres”, onde as administrações municipais – com raras exceções –, ao longo da história, sempre gastaram a maioria dos impostos de todos.
Há, porém, uma dissidência de natureza político-sindical-acadêmica, em São Paulo, que faz barulho, que luta com unhas e dentes e que grita, desesperada, para que a maioria prejudicada por falta de instrução formal e política perceba que é usada para manter os privilégios das classes mais abastadas, sendo convencida pela mídia local a votar em seus candidatos.
Paradoxalmente, uma população que, em ampla maioria, não lê, não quer saber de política,  nada entende de política, sofre imensa influência da grande imprensa escrita local, que vende suas teses conservadoras a uma elite que a massa empobrecida acha que deve seguir na esperança de que algum dia poderá emular se adotar as suas convicções políticas e ideológicas.
Um dos aspectos mais impressionantes da falta de cultura política e cidadã dos paulistanos reside no discurso que entoam diante das tragédias que as chuvas provocam todos os anos. Do mais rico ao mais pobre, do doutor ao faxineiro, todos acusam “esse povo” de ser o responsável pelas enchentes por “atirar lixo na rua”.
Acredite quem quiser: os nomes dos governadores e prefeitos que, nos últimos anos, permitiram que as enchentes aumentassem tanto, não apareceram na imprensa local ao longo das últimas semanas. Em vez disso, a grande maioria dos paulistanos execra a si mesma e a Lula pelo problema que enfrenta ano após ano.
A vida em São Paulo se tornou insuportável. Sair de automóvel, por exemplo, virou risco de enorme prejuízo material e até à própria vida. Em um fim de semana, quem mora longe das regiões que abrigam shoppings, restaurantes ou casas noturnas, para desfrutar dessa ampla gama de prazeres consumistas tem que se meter em congestionamentos intermináveis.
Com uma imprensa chapa-branca, que trata os governantes locais a pão-de-ló – menos quando são do PT –, o paulistano não sabe de quem cobrar melhora na qualidade de vida. E, mais do que isso, não acha possível que melhoras ocorram, conformando-se com tudo de ruim que a cidade vai colocando em seu caminho de forma progressiva, ano após ano.
São Paulo é a cidade de um povo absolutamente domesticado, em sua imensa maioria. Não sendo capaz de cobrar melhoras dos governos municipal e estadual, não tem muita chance de se tornar uma cidade com melhor qualidade de vida, até porque cobra do governo federal aquilo que ele não tem competência legal para fazer.
E o que é pior: quando o governo federal foi ocupado pelo PSDB, o povo cobrava da oposição petista os problemas municipais e estaduais, o que induz à crença de que mesmo no dia em que os coronéis políticos locais governarem tudo – cidade, Estado e país –, continuará sem saber cobrar quem tem que ser cobrado.
Apesar da pujança econômica, auferida através dessa escravização de corações, mentes e corpos da população, São Paulo é isso: o cemitério da cidadania, o Olimpo da arrogância racial e de classe; uma terra de injustiça, violência, sujeira, egocentrismo, superficialidade, xenofobia e ignorância.
Todavia, por ser filho, neto, bisneto e tetraneto de paulistanos, este blogueiro não saberia viver em outro lugar. Talvez porque, lá no fundo, acalente a esperança de que um dia será possível despertar a sua comunidade desse transe profundo em que foi atirada pela pior imprensa e pelos políticos mais calhordas do país.

Todos em Friburgo repudiam mentira da Veja



Conversa Afiada reproduz nota contra este detrito de maré baixa, a Veja, enviada por Stanley Burburinho, o reparador de iniquidades:

Transparência Nova Friburgo

Este Blog traz o espaço próprio para questões de interesse mútuo dos bons cidadãos de Nova Friburgo. Não se trata de um Blog de cunho político partidário,nem de tendências. É imparcial. Sejam todos bem-vindos!

sábado, 22 de janeiro de 2011

NOTA CONJUNTA DE REPÚDIO

O PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, A OAB/RJ, POR SUA 9ª SUBSEÇÃO, O MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO, O DIRETOR DO IML-AP/RJ E O DELEGADO DE POLÍCIA TITULAR DE NOVA FRIBURGO, vem apresentar nota conjunta repudiando a matéria publicada na Revista Veja, edição 2200, ano 44, nº 03, de 19 de janeiro de 2011, em especial, o conteúdo do último parágrafo de fls. 54 até o primeiro parágrafo de fls. 56, em razão de seu conteúdo totalmente inverídico, conforme será esclarecido a seguir:

1) Inicialmente, cumpre esclarecer que em momento algum os corpos da vítimas fatais ficaram sobrepostos uns sobre os outros no Instituto de Educação de Nova Friburgo, local em que foi montado um posto provisório do IML, em razão da catástrofe que assolou toda esta região, mas sim acomodados separadamente lado a lado no ginásio do Instituto;

2) O acesso ao referido Instituto foi limitado às autoridades públicas e aos integrantes das Instituições inicialmente referidas, sendo certo que o ingresso dos familiares no local para a realização de reconhecimento somente foi permitido após autorização de um dos integrantes das mencionadas instituições e na companhia permanente do mesmo;

3) A liberação dos corpos para sepultamento somente foi autorizada após o devido reconhecimento efetuado por um familiar, sendo totalmente falsa a afirmação de que “ao identificar um conhecido, bastava levá-lo embora, sem a necessidade de comprovar o parentesco”. Frise-se, que mesmo com o reconhecimento, foi realizado posteriormente procedimento de identificação pelos peritos da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro, bem como de outros cedidos pela Polícia Civil de São Paulo, pela Polícia Federal e pelo Exercito Brasileiro, estes por intermédio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, com a análise da impressão digital, do exame de arcada dentária e exame de DNA;

4) Ademais, cada um dos falecidos foi colocado em uma urna e sepultado individualmente, não existindo qualquer tipo de sepultamento coletivo, mas sim vários sepultamentos individuas e simultâneos no mesmo cemitério;

5) Em meio a infeliz perda de 371 vidas, somente neste Município de Nova Friburgo (até presente momento) é importante registrar que houve apenas 03 (três) casos de divergência dos reconhecimentos feitos pelos parentes, os quais estão sendo devidamente esclarecidos pelos peritos do IML/Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, através do exame das impressões digitais, das arcadas dentárias e do exame de DNA.

Assim, ao contrário do que a narrativa contida na matéria publicada leva o leitor a concluir, não houve uma feira livre na busca e no sepultamento de corpos, mas ao contrário, um trabalho sério realizado por profissionais exemplares, dedicados e comprometidos em minimizar, naquilo em que era possível, o sofrimento da população local, e ainda preservar, dentro das possibilidades existentes, a ordem e a saúde pública.

Aliás, o respeito pelas famílias e pelos corpos dos cidadãos falecidos não permitiria que os mesmos fossem tratados pelas autoridades da maneira descrita pelas jornalistas.

Assim, é com extremo pesar, que em meio a um evento trágico e que entristeceu a todos, tenhamos que vir a público repudiar as inverdades publicadas, de cunho meramente sensacionalista, a fim de evitar que o desserviço gerado pela matéria venha a causar mais prejuízo, sofrimento e comoção aos familiares das vítimas e a toda nossa comunidade.

Nova Friburgo, 21 de janeiro de 2011.

Paulo Vagner Guimarães Pena
Juiz de Direito
Dirigente do Fórum e do 9º NUR-N. Friburgo
Matrícula 21.121

Fernando Luis G. de Moraes
Juiz de Direito
Matrícula 29.813

Gustavo Henrique Nascimento Silva
Juiz de Direito
Matrícula 27.318

Hédel Nara Ramos Jr.
Promotor de Justiça
Coordenador Regional do Ministério Público
Matrícula 1.287/MPRJ

Dermeval Barboza Moreira Neto
Prefeito do Município de Nova Friburgo

Marcelo Barucke
Defensor Público
Coordenador Regional da Defensoria Pública
Matrícula nº 817.882-4

Carlos André Rodrigues Pedrazzi
Advogado – OAB/RJ nº 59820
Presidente da 9ª Subseção da OAB/RJ

Rômulo Luiz de Aquino Colly
Advogado – OAB/RJ nº 110.995
Vice-Presidente da 9ª Subseção da OAB/RJ

Sérgio Simonsen
Perito Legista
Diretor do IML-AP/RJ
Matrícula 872.246-4

José Pedro Costa da Silva
Delegado de Polícia de Nova Friburgo
Matrícula 823.230-8

Alô, alô Padilha: PM do Rio dá emprego a ex- traficante


Padilha, o de boné, é o “demagogo de filme de ação”
Saiu no Globo, pág. 14:

“Das fileiras do tráfico à fila do emprego.”

“Ex-traficantes pedem ajuda a PMS da UPPs para conseguir trabalho.”

Dezenas de ex-soldados do tráfico diariamente pedem aos policiais uma oportunidade de trabalho.

A Unidade Policial Pacificadora do Andaraí e a do Batam, em Realengo,  são duas que arrumam emprego em estacionamento, como motoboy, como pedreiros.

A maioria não tem instrução primária completa.

“Segundo os PMS, a queda da fortaleza do tráfico nos complexos do Alemão e da Penha – que o PiG (*), especialmente o de São Paulo, e a Globo consideraram um ‘desastre’ (PHA) – fez crescer o numero de ex-integrantes de quadrilhas em busca de outra ocupação … só são ajudados os que não têm qualquer registro policial … os que têm contas a ajustar são encaminhados à delegacia.”


Navalha
E o Padilha, o especialista em descrever um Rio que não existe, o demagogo do “filme de ação”, e o Padilha, ele vai fazer um filme sobre a ocupação do Alemão ?

Vai levar o maluco do Capitão Nascimento lá pra cima do teleférico e fazer ele se jogar de lá ?

Ou ele vai descobrir um ex-endolador de cocaína que vira benemérito e vem catequisar o pessoal do PCC de São Paulo ?

O que fará o Padilha com a derrota da “ideologia de uma elite da tropa” ?

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Os prostíbulos do capitalismo



Os chamados “paraísos fiscais” são verdadeiros prostíbulos do capitalismo. Nesses territórios se praticam todos os tipos de atividade econômica que seriam ilegais em outros países, captando e limpando somas milionárias de negócios como o comércio de armamentos, do narcotráfico e de outras atividades similares.

Os paraísos fiscais, que devem somar um total entre 60 e 90 no mundo, são micro-territórios ou Estados com legislações fiscais frouxas ou mesmo inexistentes. Uma das suas características comuns é a prática do recebimento ilimitado e anônimo de capitais. São países que comercializam sua soberania oferecendo um regime legislativo e fiscal favorável aos detentores de capitais, qualquer que seja sua origem. Seu funcionamento é simples: vários bancos recebem dinheiro do mundo inteiro e de qualquer pessoa que, com custos bancários baixos, comparados com as médias praticadas por outros bancos em outros lugares.

Eles têm um papel central no universo das finanças negras, isto é, dos capitais originados de atividades ilícitas e criminosas. Máfias e políticos corruptos são frequentadores assíduos desses territórios. Segundo o FMI, a limpeza de dinheiro representa entre 2 e 5% doi PIB mundial e a metade dos fluxos de capitais internacionais transita ou reside nesses Estados, entre 600 bilhões e 1 trilhão e 500 bilhões de dólares sujos circulam por aí.

O numero de paraísos fiscais explodiu com a desregulamentação financeira promovida pelo neoliberalismo. As inovações tecnológicas e a constante invenção de novos produtos financeiros que escapam a qualquer regulamentação aceleraram esse fenômeno.

Trafico de armas, empresas de mercenários, droga, prostituição, corrupção, assaltos, sequestros, contrabando, etc., são as fontes que alimentam esses Estados e a mecanismo de limpeza de dinheiro.

Um ministro da economia da Suíça – dos maiores e mais conhecidos paraísos – declarou em uma visita a Paris, defendendo o segredo bancário, chave para esses fenômenos: “Para nós, este reflete uma concepção filosófica da relação entre o Estado e o indivíduo.” E acrescentou que as contas secretas representam 11% do valor agregado bruto criado na Suíça.
Em um país como Liechtenstein, a taxa máxima de imposto sobre a renda é de 18% e o sobre a fortuna inferior a 0,1%. Ele se especializa em abrigar sociedades holdings e as transferências financeiras ou depósitos bancários.

Uma sociedade sem segredo bancário, em que todos soubessem o que cada um ganha – poderia ser chamado de paraíso. Mas é o contrário, porque se trata de paraísos para os capitais ilegais, originários do narcotráfico, do comercio de armamento, da corrupção.

Existem, são conhecidos, quase ninguém tem coragem de defendê-los, mas eles sobrevivem e se expandem, porque são como os prostíbulos – ilegais, mas indispensáveis para a sobrevivência de instituições falidas, que tem nesses espaços os complementos indispensáveis à sua existência.
Postado por Emir Sader às 14:20

Dilma oficializa nome de Graziano para disputar a FAO.



Governo brasileiro comunica oficialmente o lançamento do nome do ex-ministro José Graziano da Silva à sucessão de Jacques Diouf, na direção-geral da FAO. Um dos arquitetos das políticas sociais que marcaram o governo Lula, entre elas a prioridade à segurança alimentar, batizada de Fome Zero, Graziano terá como principal adversário o ex-chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, afastado há três meses por uma reforma ministerial, mas que desfruta de apoios dentro do governo Zapatero. O lançamento de uma candidatura européia à direção da FAO, principal órgão formulador de políticas contra a fome no mundo, transforma a sucessão num confronto entre a tradicional hegemonia dos interesses europeus/norte-americanos nas instituições internacionais e a aspiração dos países pobres e em desenvolvimento por maior representação e poder. Governos do Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) e integrantes da Unasul apoiam o  nome de Graziano. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP, que inclui Angola, Cabo Verde, Timor Leste, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, além do Brasil) também deverá endossar a indicação brasileira. A eleição, na qual votam 192 países, ocorrerá entre junho e julho.

O que está em jogo no Fórum Social Mundial 2011



As questões do Fórum Social Mundial de Dakar estão organizadas em três grandes temas: a conjuntura global e a crise, a situação dos movimentos sociais e cívicos e o processo do Fórum Social Mundial. O FSM Dakar também será o momento para o debate sobre o caráter incompleto da descolonização e devir de uma nova fase descolonização. No Fórum de Dakar uma outra questão fundamental será a do seu alcance político nas mobilizações sociais e da cidadania. Isso conduz ao problema da expressão política dos movimentos sociais e de sua relação com os governos.
A conjuntura global e a crise

A situação global está marcada pelo aprofundamento da crise estrutural da globalização capitalista. As quatro dimensões da crise (social, geopolítica, ambiental e ideológica) serão abordadas em Dakar. A crise social será enfrentada em particular sob os pontos de vista da desigualdade, da pobreza e da discriminação, enquanto a crise geopolítica será discutida em particular da perspectiva da guerra e do conflito, do acesso às matérias primas e da emergência de novas potências. A crise ambiental será debatida, em particular, sob a perspectiva da mudança climática, enquanto a crise ideológica será discutida da perspectiva de ideologias seguras, da questão das liberdades e da democracia e da cultura, presentes desde o Fórum Social de Belém, que serão analisadas em profundidade. 

A evolução da crise lança luz sobre uma situação contraditória. Análises do movimento altermundista estão sendo aceitas, reconhecidas e contribuem para a crise do neoliberalismo. As propostas produzidas pelos movimentos são aceitas como base, por exemplo, para o monitoramento dos setores financeiro e bancário, para a eliminação dos paraísos fiscais, de tributos internacionais, o conceito de segurança alimentar, até então considerados heresias, estão nas agendas do G8 e do G20. E mesmo assim ainda não foram traduzidos em políticas viáveis. Essas propostas tem sido acolhidas, mas não se efetivam por causa da arrogância das classes dominantes confiantes no seu poder. 

A validação das agendas resulta na transformação das palavras de ordem dos movimentos em lugares comuns. É preciso refinar as perspectivas e conceder mais relevância ao debate estratégico, à articulação entre a resistência de curto prazo e a de médio prazo e à mudança em curso sob a superfície dos acontecimentos. A situação lança uma luz sobre a natureza dual da crise, tensionada entre a crise do neoliberalismo, que é a fase da globalização capitalista e a crise da própria globalização capitalista; uma crise do sistema que pode ser analisada como uma crise de civilização, a crise da civilização ocidental, estabelecida desde princípios do século XV. 

Nesse contexto, alianças estratégicas devem obedecer a duas exigências. A primeira está vinculada à luta contra a pobreza, a miséria e a desigualdade, o uso do trabalho precário e a violação das liberdades no mundo, para melhorar as condições de vida e a expressão da classe trabalhadora diretamente afetada pela economia dominante e pelas políticas públicas. A segunda exigência prioriza o fato de que outro mundo é possível; um mundo necessário envolve um rompimento definitivo com os modos de produção e consumo da economia e da sociedade, bem como a redistribuição ambiental, com o equilíbrio geopolítico do poder estabelecido nas décadas recentes nos modelos democráticos proeminentes do ocidente. 

Três propostas emergem como respostas à crise: o neoconservadorismo, que propõe a continuação do atual padrão dominante e dos privilégios que os acompanham às custas das liberdades, da continuidade das desigualdades e da extensão dos conflitos e das guerras; uma reestruturação profunda do capitalismo defendido pelos militantes do “New Deal Verde”, que propõe regulação global, redistribuição relativa e uma promoção voluntarista das “economias verdes”; e uma alternativa ambiental e social radical, que corresponde a uma superação do atual sistema dominante. O Fórum Social Mundial reúne todos os que rejeitam a opção neoconservadora e a continuação do neoliberalismo, constituindo um fórum pela mudança vigorosa da discussão entre os movimentos que fazem parte de uma perspectiva de avanço de um “New Deal Verde” e os que defendem a necessidade de alternativas radicais.

A referência ao contexto africano 

O Fórum Social Mundial de Dakar vai enfatizar questões essenciais que aparecem com mais nitidez com as referências ao contexto africano. A ênfase estará no lugar da África no mundo e na crise. A África é objeto privilegiado de análise, ao tempo em que exemplifica a situação global. Não é pobre; é empobrecida. A África não é marginalizada; é explorada. Com suas matérias primas e recursos humanos cobiçados pelos países do Norte e pelas potências emergentes, e com a cumplicidade ativa dos líderes de alguns estados africanos, a África é indispensável para a economia global e para o equilíbrio ambiental do planeta. 

A ênfase também estará na descolonização como um processo histórico incompleto. A crise do neoliberalismo e a crise de hegemonia dos Estados Unidos são indicativos da possibilidade de uma nova fase de descolonização, e do enfraquecimento das potências coloniais europeias. A representação Norte-Sul está mudando, uma situação que não elimina a realidade geopolítica e as contradições entre o Norte e o Sul. 

O Fórum priorizará as diásporas e as migrações como uma das questões centrais da globalização. A questão será enfrentada com base na situação atual dos imigrantes e seus direitos, numa análise de longo termo, com o comércio de escravos posto sob a perspectiva do crescimento do papel das diásporas culturais e econômicas. 

O Fórum debaterá as mudanças no sistema internacional, nas instituições multilaterais e nas negociações internacionais. Em particular, vai focar nas questões que tornam clara a necessidade de regulação global: equilíbrio ambiental, migração e diásporas, conflitos e guerras. 

A situação dos movimentos sociais e comunitários

A convergência dos movimentos de que o Fórum Social Mundial se constitui está comprometida com a resistência ambiental e democrática. Com as lutas sociais presentes nos combates cívicos pelas liberdades e contra a discriminação. A resistência é inseparável das práticas emancipatórias específicas levadas a cabo pelos movimentos.

A direção estratégica dos movimentos está voltada para a acessibilidade universal ao direito, pela igualdade de direitos e pelo imperativo democrático. Os movimentos trazem consigo um movimento histórico de emancipação que são extensão e renovação de movimentos anteriores. Será em torno da definição, da implementação e da garantia de direitos que um novo período de emancipação possível será definido. Essa definição exige que essas concepções de diferentes gerações de direitos sejam revisitadas: direitos políticos e civis formalizados pelas revoluções do século XVIII, reafirmados pela Declaração Universal de Direitos Humanos, complementadas pelos desafios do totalitarismo dos anos 60; os direitos dos povos que o movimento de descolonização promoveu, com base no direito da autodeterminação, o controle dos recursos naturais, o direito ao desenvolvimento e à democracia; direitos sociais, econômicos e culturais especificados pela Declaração Universal e estipulados pelo Protocolo Adicional adotado pelas Nações Unidas na Assembleia Geral em 2000.

Uma nova geração de direitos está em gestação. Direitos que correspondem à expressão da dimensão global e dos direitos definidos com vistas a um mundo diferente da globalização dominante. A partir desse ponto de vista, duas questões serão as mais proeminentes em Dakar: direitos ambientais para a preservação do planeta e os direitos dos migrantes e da migração que questione o papel das fronteiras, bem como a organização do mundo. O Fórum Social Mundial de Belém enfatizou os benefícios para os movimentos de abarcarem a agenda ambiental em todas as suas dimensões, do clima à destruição dos recursos naturais e da biodiversidade, e da preservação da água, da terra e das suas matérias primas. O FSM de Dakar priorizará um novo tratamento da questão da migração, com a ligação entre migrações e diásporas e a Carta Mundial dos Migrantes. 

O FSM Dakar também será o momento para o debate sobre o caráter incompleto da descolonização e devir de uma nova fase descolonização. É nesse contexto que a relação entre o Norte e o Sul está mudando. Considerando que a representação Norte/Sul está mudando na perspectiva da estrutura social, há um Norte no Sul e um Sul no Norte. A emergência do poder de grandes estados está mudando a economia global e o equilíbrio de forças geopolíticas, e é reforçado pelo crescimento de mais de trinta estados que podem ser chamados de economias emergentes. Para tudo isso, contudo, as formas de dominação continuam a ser cruciais na ordem global. O conceito de Sul continua a ser altamente relevante. O Fórum Social Mundial enfatiza uma nova questão: o papel histórico e estratégico dos movimentos sociais nos países emergentes como um todo em relação ao seu Estado e o papel futuro desses estados no mundo. Essa questão, que já marcou os fóruns com o debate sobre o papel jogado pelos movimentos no Brasil e na Índia assume uma importância particular estratégica com a mudança geopolítica associada à crise. 

O Fórum Social Mundial é o ponto de encontro para movimentos de vários tipos e de diferentes partes do mundo. Esses movimentos já começaram a se encontrar em redes que reúnem diferentes movimentos nacionais. O processo dos fóruns revela duas mudanças. A primeira delas é as conexões entre movimentos de acordo com suas regiões, características e contextos específicos unificam os movimentos da América Latina, América do Norte e Sul da Ásia (e em particular, a Índia), o sudoeste da Ásia, Japão, Europa e Rússia. O Fórum Social Mundial de Dakar terá dois impactos maiores. O ano de 2010 e os preparativos para Dakar foram marcados pela nova importância conquistada pelos movimentos da região do Magreb-Machrek. 

O vigor dos movimentos sociais africanos será visível em Dakar, na forma de movimentos de campesinos, sindicatos, grupos feministas, de juventude, habitantes locais, grupos de imigrantes reprimidos, grupos indígenas e culturais, comitês contra a pobreza e contra a dívida, a economia informal e a economia solidária, etc. Esses movimentos são visíveis, com sua convergência diversidade em sub-regiões da África: no Norte da África e em particular no Magreb, no Oeste e na África Central, na África do Leste e na do Sul. 

No Fórum Social Mundial de Dakar uma questão fundamental será a do seu alcance político nas mobilizações sociais e da cidadania. Isso conduz ao problema da expressão política dos movimentos e das extensões dos movimentos em relação às instituições, ao cenário político e aos governos dos estados. Com respeito aos movimentos como um todo, a análise avança sobre a importância da especificidade, via invenção de uma nova cultura política, da relação entre poder e política. O processo do FSM pôs em cena as bases para essa nova cultura política (horizontalidade, diversidade, convergência das redes de cidadãos e dos movimentos sociais, atividades autogestionadas, etc.) mas ainda deve inovar mais em muitas dificuldades relativas à política e ao poder, para conseguir superar a cultura política caduca, que para a imensa maioria persevera dominante. Além disso, a tradução política dos avanços e das mobilizações dependem das instituições e das representações: num nível local, com a possibilidade de influenciar as decisões das autoridades locais; em nível nacional e internacional, com os governos dos estados, os regimes políticos e as instituições multilaterais; em nível regional e global, com alianças geoeconômicas e geoculturais e com a construção de uma opinião pública global e uma consciência universal. 

O processo dos Fóruns Sociais Mundiais 

Depois de o Fórum Social Mundial de Belém ter tomado o ano de 2010 como o ano da ação global, mais de quarenta eventos demonstraram o vigor do seu processo. Isso incluiu as atividades dos 10 anos do FSM em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial dos Estados Unidos, o Fórum Social Mundial do México e o Fórum das Américas, vários fóruns na Ásia, o Fórum Mundial de Educação na Palestina, mais de oito fóruns do Magreb e Machrek, etc. Cada evento associado foi iniciativa do comitê local. Esse comitê se refere na Carta de Princípios do Fórum Social Mundial, que adota uma metodologia privilegiando as atividades autogestionadas e declara sua iniciativa no Conselho Internacional do FSM. Essa multiplicação de eventos abre espaço para projeções relativos à extensão do processo dos fóruns. Ele assumiu uma nova forma, “um fórum estendido”, que consiste no uso da Internet para ligar iniciativas locais em diferentes países, com um Fórum em cada. Assim, enquanto ocorria o Fórum Mundial da Educação na Palestina, mais de 40 iniciativas estavam em curso em Ramallah. As iniciativas associadas com “Dakar estendida” inovarão o processo dos fóruns. 

A preparação para o FSM Dakar baseou-se nos eventos do ano da ação global, 2010, bem como numa série de iniciativas que asseguraram a convergência de ações e permitiram novos caminhos a serem explorados em termos de organização e metodologia dos fóruns. Assim, já se pode usar as caravanas convergindo para Dakar, dos fóruns de mulheres em Kaolack, das migrações e diásporas, dos encontros para convergência de ações, dos fóruns associados (Assembleia Mundial dos Povos, fóruns pela ciência e pela democracia, sindicatos, autoridades locais e da periferia, parlamentares, teologia e libertação, etc.).

Depois de Dakar, um novo ciclo no processo dos fóruns irá começar. O fortalecimento do processo dos fóruns sociais mundiais poderia ocorrer com a reunião com grandes eventos, como o Rio+20, G8, G20, cúpulas e outras poderiam acordar com sua perspectiva. Seriam reconhecidos como eventos associados ao processo do fórum, estabelecendo assim uma proximidade com os acontecimentos de Seattle, em 1999, que contribuíram para a criação do FSM.

- Gustave Massiah e Nathalie Péré-Marzano, representantes da Research and Information Centre for Development (CRID – France) no Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.

Tradução: Katarina Peixoto