Uma das “indecisas” do debate da Globo (enviado por Lucia Barbi, no Facebook)
Golpe midiático em marcha: Globo entra no “escândalo” da Veja
A Justiça reconheceu o caráter eleitoreiro da última edição de Veja – e proibiu que seja feita publicidade da revista.
Reparem: não se impede a circulação da revista, mas se proíbe que a edição cumpra seu papel nefasto de propaganda mentirosa a serviço do PSDB – às vésperas da eleição.
A decisão judicial traz alento. Mas não interrompe o golpe midiático.
Reparem também que a Globo, na sexta-feira, não deu qualquer repercussão à “denúncia” desesperada deVeja.
O JN fugiu desse terreno pantanoso. Por um motivo muito claro: Dilma, com seu duro pronunciamento contra o
golpismo da Editora Abril, mandou um recado para Ali Kamel.
A presidenta avisou que, se a Globo entrasse na aventura, teria resposta no mesmo tom.
Imaginem a seguinte situação: o JN embarca na aventura golpista de Veja, promovendo a leitura da edição impressa em rede nacional, por volta de 20h de sexta-feira.
Menos de duas horas depois, Dilma abre o debate da Globo denunciando a própria Globo por golpismo.
Por isso, o JN fugiu do pau.
E, também, porque a revista da marginal não traz qualquer prova, nada. O texto da revista mesmo diz que os “fatos” narrados pelo doleiro não servem para comprometer Lula e Dilma (isso está lá no texto da revista – que me recuso a linkar).
Ou seja, o texto faz a ressalva, mas a capa da revista da marginal serve como panfleto tucano.
Pois bem, esse era o quadro na sexta-feira…
Acontece que, neste sábado, Dilma já não terá voz para responder. Não há propaganda eleitoral. Não há debate. Os candidatos estão proibidos de falar. Mas a Globo de Ali Kamel está livre para agir – no limite da irresponsabilidade.
Do que estou falando?
A Folha, na edição deste sábado, deu manchete principal para a “criminosa” (nas palavras de Dilma) edição de Veja. A Folha endossou a denúncia de um bandido, feita sem provas, a 3 ou 4 dias da eleição.
Qual o objetivo dessa manchete da Folha? Oferecer uma saída plausível para que Ali Kamel e a família Marinho levem o golpismo midiático para o JN de sábado.
É assim que eles trabalham: operações casadas – como se pode ler aqui, num texto didático de Luiz Carlos Azenha.
Em 2006, eu estava na Globo. Azenha, eu e outros colegas acompanhamos de perto a cobertura enviesada promovida pela Globo no chamado escândalo dos “aloprados”.
A Globo colocou Lula na defensiva: o aparato jornalístico global – durante 1o dias – abria espaço para que os candidatos Alckmin (PSDB), Cristovam (PDT) e Heloisa Helena (PSOL) perguntassem no JN “de onde veio o dinheiro para a compra do dossiê dos aloprados?”.
Era um massacre com ares jornalísticos. E era a preparação para o grande final… que viria logo depois.
Faltando 3 dias para a eleição de 2006 (primeiro turno), as fotos do dinheiro apareceram.
Na verdade, o delegado Bruno (da PF) entregou as fotos para Cesar Tralli, da Globo. Um produtor da Globo me contou que, quando Tralli mostrou o material bombástico, a direção da Globo (Ali Kamel) teria dito: “não podemos dar essas fotos sozinhos; seremos acusados de um golpe; só podemos dar se o delegado vazar também para outros jornais”.
E assim se fez: no dia seguinte, o delegado Bruno chamou meia dúzia de jornalistas e entregou as fotos.
A página do Estadão na internet logo publicou. Assim, o JN sentiu-se liberado para também noticiar o “fato” em sua edição, a 3 dias do primeiro turno.
O mesmo roteiro desenha-se agora.
Na sexta, a Globo fugiu do assunto: por cautela. Não seria bonito ver Dilma denunciando a Globo por golpismo
dentro dos estúdios da Globo no Rio.
Mas nada como um dia depois do outro. O sábado chega, a “Folha” endossa a “Veja”, e assim Ali Kamel ganha o álibi perfeito: “poxa, virou um fato jornalístico, todo mundo está divulgando”.
Nessa tarde de sábado, essa decisão será amadurecida. Se houver chance de empurrar Aécio para a vitória, o JN levará a “denúncia” para o JN.
Um amigo jornalista – com mais de 30 anos de experiência – foi quem deu o alerta: “eles estão com o roteiro pronto – da Veja para a Globo, com endosso da Folha”.
Segundo esse colega jornalista, a operação se confirmada – “seria um fato ainda mais grave do que a manipulação do debate Collor x Lula em 89″.
Se Dilma mantiver uma dianteira folgada nas pesquisas (Ibope e DataFolha) que serão concluídas nas próximas horas, aí o JN provavelmente será comedido: pode simplesmente ignorar a Veja, ou então pode tratar a revista da marginal de forma mais discreta…
Mas se houver qualquer sinal de que Aécio pode reagir, a Globo entrará pesado. Não tenham dúvidas.
A Democracia brasileira segue sequestrada por meia dúzia de famílias que controlam as comunicações.
Dilma mostrou, na sexta, que carrega com ela a coragem brizolista para enfrentar os barões midiáticos.
Se conseguir a vitória, o confronto será mais do que necessário, será inevitável daqui pra frente.
Os golpistas tentam empurrar Aécio pra vitória, na marra. E se não conseguirem, já sinalizam que o caminho da oposição será o golpe jurídico-midiático.
O confronto está claro, cristalino. Não adianta mais fugir dele.
O golpe pode não vir no JN de hoje, se Dilma mantiver a sólida vantagem de 8 ou 10 pontos que aparece nos trackings internos deste sábado.
Mas o golpismo voltará a cada semana, a cada manchete.
É hora de tratar os barões da mídia como de fato são: inimigos!
Não do PT e da esquerda; inimigos de um projeto social generoso, inimigos da Democracia.
Os barões da mídia representam o atraso, o preconceito, são o partido de direita no Brasil.
Um partido extremista, que precisa ser enfrentado, e derrotado. Nas urnas e nas ruas.
PS do Viomundo: A Globo já deu o primeiro tiro, reproduzindo as denúncias da revista Veja no Jornal Hoje, em reportagem de 5 minutos e 21 segundos. Aproveitou-se de uma manifestação da UJS diante do prédio da Abril, em São Paulo. A reportagem de Ali Kamel não diz que a revista Veja antecipou sua edição em dois dias, nem que a Globo faz jogo casado com a Veja em campanhas eleitorais, nem que o esquema midiático funcionou em 2002, 2006 e 2010. Em resumo, a denúncia da “barbárie” dos jovens socialistas é feita de forma descontextualizada.