Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 23 de maio de 2012

ABRIL E GLOBO AGEM NA CPI DO CACHOEIRA?

*altos executivos dessas empresas teriam ameçado retaliar políticos, caso jornalistas envolvidos com a quadrilha fossem convocados a depor (leia o artigo de Venício Lima, nesta pág)**Crime e direita política: resguardada da opinião pública desde a ditadura a simbiose entre bandidos e direita se reciclou no ambiente democrático para perseguir o mesmo objetivo: eliminar o adversário e suas idéias. A mídia passou a exercer um papel central na nova arquitetura.(Leia mais aqui)  


Cachoeira na CPI: laços entre o crime e a direita política



A lista de sordidez e atrocidades incluída no livro 'Memórias de uma guerra suja', do ex-delegado do DOPS, Claudio Guerra, converge para um denominador normalmente pouco pesquisado e menos ainda divulgado pela mídia conservadora: a absoluta ausência de escrúpulos da direita nativa em recorrer à expertise do crime comum para perseguir, atacar e, se possível, eliminar fisicamente, sem pistas, a militância de esquerda que resistiu à ditadura militar.

Em entrevista a Carta Maior, nesta pág., o escritor e jornalista Bernardo Kucinski chama a atenção para esse matrimônio macabro, na sua opinião um dos elementos relevantes do livro a explicar uma dimensão da engrenagem repressiva e sua inaudita violência. A irmã e o cunhado de Kucinski, Ana Rosa e Wilson Silva, presos e desaparecidos desde 1974, foram, segundo a versão do próprio ex-delegado Guerra, vítimas desse moedor de carne, tendo seus corpos incinerados.

O casamento da direita com o submundo do crime trouxe a violência e os métodos dos meliantes para dentro das Forças Armadas, que se apropriaram assim das habilidades de matadores de aluguel, esquadrões da morte, narcotraficantes e bicheiros para fazer o serviço sujo, lembra Kucinski, do qual - acreditavam - não dariam conta pelos métodos convencionais.

Ao permanecer resguardada da opinião pública, essa simbiose criou raízes e se reciclou no ambiente democrático. A truculência assumiu novas formas para persistir no mesmo objetivo de eliminar adversários e suas idéias. A principal revista semanal brasileira, por exemplo, cuja especialidade editorial é articular campanhas difamatórias contra movimentos sociais, partidos e lideranças populares, ademais de ter sido o auto-falante da tentativa de transformar o obscuro episódio denominado de 'mensalão' em clamor pelo impeachment do Presidente Lula, agora se sabe, arrendou uma quadrilha criminosa para 'apurar' pautas de seu interesse político.

Conforme revelou o repórter de Carta Maior, em Brasília, Vinicius Mansur, Veja, através de seu editor, Policarpo Jr, pautava meliantes da quadrilha de Cachoeira e Demósteres Torres para obter ou produzir 'flagrantes' que sustentassem capas e matérias pré-prontas. A reportagem de Carta Maior constatou o método no apenso 1 do inquérito contra o senador Demóstenes.

Estão lá diálogos reveladores da forja por trás do denuncismo que envenena o discernimento da sociedade brasileira contra as agendas progressistas há anos. Num dos episódios - existem outros apensos e milhares de escutas ainda não degravadas - o editor de Veja encomenda a bandidos da escuderia de Cachoeira e Demóstenes um 'flagrante' que sustentasse a 'denúncia' de envolvimento do ex-ministro José Dirceu com a construtora Delta. Frustrado, reclama.

Depreende-se das interceptações da PF que o editor de Veja sabia dos crimes da Delta, conhecia o vínculo umbilical entre a empresa e a quadrilha. Mas nada disso importava: não era o crime o seu foco. Tanto assim que em troca dos serviços, a revista incorporava ao seu menu matérias do interesse do esquema criminoso associado.

A lógica que fundiu a repressão militar ao crime comum em 1964 e a simbiose atual entre as operações de Veja e bandidos liderados por bicheiros e políticos graúdos da direita precisa ser passada a limpo. A oportunidade para isso está nas mãos dos integrantes da CPI do Cachoeira e daqueles da recém-criada Comissão da Verdade. Sem concessões a novos e velhos protagonistas da mesma cepa, cabe à Comissão da Verdade ir a fundo, por exemplo, na investigação de empresas privadas que azeitaram o intercurso entre o crime comum e a repressão política, abastecendo regiamente o caixa destinado a algozes não pagos pelo Estado.

À base do governo na CPI do Cachoeira cabe indagar: quando, senhores, finalmente, a Polícia Federal será acionada para enviar à comissão todas - repita-se, todas - as interceptações que envolvem a participação do editor de Veja em Brasília, Policarpo Jr, ou fazem menção a ele nos negócios do bando Cachoeira?

 

Se vão igualar Agnelo e Cabral a Perillo, faltam Serra e Kassab


A mídia demo-tucana é viva, há que reconhecer. Está tendo algum sucesso em confundir o público para livrar a cara dos dois principais envolvidos no esquema de Carlinhos Cachoeira: a revista Veja e o governador Marconi Perillo. Globo, Folha, Estadão, Veja e certa “esquerda” vão minando a credibilidade da CPI do Cachoeira com bobagens:
1)      Dizem que estaria sendo “a mais demorada da história” – a investigação começou não faz nem um mês –, como se rapidez fosse sinônimo de apuração séria e apesar de a Comissão ter prazo de 180 dias para funcionar, os quais podem ser prorrogados por mais 180.
2)      Dizem que a CPI está virando “pizza” porque não vai – ou não ia – igualar os governadores Agnelo Queiroz e Sergio Cabral a Marconi Perillo, como se houvesse contra estes um milésimo do que há contra o governador goiano.
3)      Estão popularizando como bordão a frase estúpida do SMS do petista Cândido Vaccarezza de tal forma que até petistas desandaram a repeti-la a cada 30 segundos, ajudando a nivelar Perillo a Agnelo e Cabral.  Veremos essa frase na mídia durante anos, por conta disso.
4)      Agora, a Folha de São Paulo pegou pra Cristo uma assessora de gabinete do presidente da CPI, Vital do Rego, para estigmatizar ainda mais a CPI, o que mostra que a mídia está em busca de elementos contra os investigadores em vez de se interessar pelos verdadeiros investigados.
Tudo isso é pressão, é para não haver convocação da Veja e para deixarem Marconi Perillo em paz. Sem a revista e o governador tucano, a CPI desaba e a mídia sai do processo revigorada, discursando contra quem dirá que quis “ameaçar a imprensa livre”.
Com seu principal governador e o presidente da CPI no olho do furacão, espanta que o PMDB não reaja. Claro que parcela relevante do partido é tucana, mas a maioria não é, tanto que aprovou a aliança com o PT. A mídia, no entanto, está triturando o PMDB e este reluta em reagir.
Vai aqui, então, uma ajudinha à CPI para não se deixar trucidar pela mídia e pela ingenuidade de certa militância dita “de esquerda”.
Se querem igualar Agnelo e Cabral a Perillo apesar de só haver uma ou duas menções inconclusivas contra o primeiro nas escutas da Polícia Federal e de não haver uma mísera menção a Cabral, por que o ex-governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab estão de fora do rol de convocações de aliados do governo federal que a mídia e a oposição exigem?
Vamos refrescar algumas memórias.  A CPI do Cachoeira já teve  acesso a conversas telefônicas gravadas com autorização judicial entre junho do ano passado e janeiro deste ano. As escutas mostram que a construtora Delta foi favorecida por José Serra durante seu mandato de governador e pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Por exemplo: em janeiro último, Carlinhos Cachoeira telefona para o diretor da Delta Cláudio Abreu e pergunta se ele teria conversado com o então dono da empreiteira, Fernando Cavendish, sobre “O negócio do Kassab”. Em seguida, diz que o prefeito de São Paulo “triplicou o contrato”. Esse fato é de amplo conhecimento dos membros da CPI e do Ministério Público de São Paulo.
Veja, leitor, os diálogos que fizeram o Ministério Público paulista abrir inquérito e que estão sob escrutínio da CPI


A Delta começou a atuar em São Paulo em 2005, quando Serra assumiu o comando do município. Naquele momento, os contratos com o governo paulistano somavam R$ 11 milhões. Em 2006, quando Serra deixou a prefeitura e se elegeu governador, os negócios se multiplicaram sem licitação. Em 2010, os R$ 11 milhões já tinham virado R$ 36,4 milhões. Entre 2008 e 2011, a Delta abocanhou R$ 167 milhões em São Paulo.
A CPI e o Ministério Público de São Paulo, porém, estão atentando muito mais para o fato de a Delta ter vencido, ano passado, uma concorrência para limpeza urbana em São Paulo no valor de R$ 1,1 bilhão. O MP abriu inquérito, inclusive, devido à existência de documentos falsos e de um edital aparentemente dirigido.
Se a Delta cometeu essas irregularidades em outros Estados e municípios, precisamos apurar se isso ocorreu também em São Paulo”, diz o promotor Silvio Marques, do Patrimônio Público.
Há muito mais contra Serra e Kassab do que contra Agnelo e Cabral. Por exemplo: em conversa gravada com autorização judicial em agosto do ano passado, um homem identificado como “Jorge” pergunta a Gleyb Ferreira, membro da quadrilha de Cachoeira, se o edital de uma licitação em São Paulo “evoluiu”.
A quadrilha disse que aguardava “Estar com o edital” naquele dia “à tarde” e que Cachoeira queria que os comparsas conversassem com o Heraldo Puccini Neto, representante da Delta na região Sudeste, pois estava conseguindo “Uma prorrogação com o secretário”.
A Polícia Federal garante que o diálogo se refere a uma concorrência de R$ 1,1 bilhão com o governo de São Paulo e que foi vencida pela empresa ligada ao bicheiro.
A Delta também conseguiu negócios suspeitos com o governo do Estado de São Paulo, então sob administração de Serra. Durante o mandato do tucano, a construtora recebeu R$ 664 milhões do governo paulista. O valor corresponde a 83% de todos os 27 convênios firmados pela Delta com o Estado de São Paulo na última década.
A obra sobre a qual se concentram as suspeitas é a de ampliação da Marginal Tietê. Além de  atrasos e falta de compensação ambiental na obra, o valor pago à Delta aumentou 75% após ela ter vencido a licitação. Ou seja: a empreiteira venceu a licitação com preço mais baixo e depois fez um acerto com o governo do Estado para aumentá-lo.
O Ministério Público de São Paulo instaurou Inquérito para apurar a existência de irregularidades na licitação, superfaturamento e conluio entre agentes públicos do governo de São Paulo, mais especificamente por Delson José Amador e Paulo Vieira de Souza, este conhecido como Paulo Preto, que, durante a eleição de 2010, notabilizou-se como um dos arrecadadores de doações eleitorais a Serra.
Paulo Preto e Amador foram alvos da Operação Castelo da Areia, da Polícia Federal, por envolvimento com empreiteiras. Entre os envolvidos da Delta com a aparente negociata com o governo de São Paulo está o diretor da empreiteira para a região Sudeste, Heraldo Puccini Neto, que está foragido após ter a prisão preventiva decretada.
Na disso, porém, saiu em qualquer outro veículo da grande imprensa. Não passa um dia sem que Globo, Folha de São Paulo, Estadão ou Veja equiparem supostas evidências contra Agnelo Queiroz e Sergio Cabral à montanha de evidências que pesa contra Marconi Perillo, mas Serra e Kassab jamais são mencionados.
Aliás, para não ser injusto, há que reconhecer que nem os militantes ditos “de esquerda” que se dizem preocupados com a “blindagem” de Cabral e com o SMS do Vaccarezza têm cobrado que Serra e Kassab sejam nivelados a Perillo como está ocorrendo com os governadores de Brasília e do Rio de Janeiro.
Não ponho a mão no fogo por nenhum desses aí. A Delta celebrou contratos com 21 Estados, com uma imensidão de municípios e até com o governo federal. Apoiarei, portanto, uma CPI da Delta. Acho até necessária. Agora, transformar a CPI do Cachoeira em CPI da Delta ou do SMS do Vaccarezza, é inaceitável. Mas se querem mesmo fazer isso, então vamos chamar todo mundo para depor, desde que esse “todo mundo” envolva Serra e Kassab.
Todavia, essa será a melhor forma de ajudar Veja e Perillo, contra os quais pesam elementos muito mais graves no âmbito das Operações Vegas e Monte Carlo. Para investigar seriamente o esquema Cachoeira, o correto seria focar nos principais envolvidos e deixar os contratos da Delta com todas essas administrações municipais, estaduais e federal para outra investigação.
A recomendação deste blog à parcela da CPMI do Cachoeira que quer apurar alguma coisa, portanto, é a de que comece a cobrar que Serra e Kassab figurem nas cobranças midiáticas que são feitas pelo nivelamento de Cabral e Agnelo a Perillo. É uma afronta a mídia e a oposição esconderem os envolvimentos desses dois com Cachoeira.

Caos do trânsito na Chuíça (*). Como Haddad bate o Cerra

A Chuíça (*) amanheceu parecida com Buenos Aires.

Os cidadãos que há 18 anos elegem tucanos e seus discípulos -  como o Kassab, o pior prefeito da história da cidade – foram para a rua e impediram ônibus de circular.

Foi uma forma de protestar contra o caos no trânsito da cidade tucana.

Funcionários do metrô e dos trens estão em greve.

Os metroviários pedem 15% de aumento real.

O governo tucano ofereceu 1,5%.

Os ferroviários pedem aumento de 10%.

Os tucanos governantes oferecem 6%.

Os grevistas usam camisetas com a frase “chega de sufoco”.

A polícia, sempre eficaz, pôs os passageiros para correr a bombas de gás.

Como se sabe, os funcionários em transporte, os professores públicos, os servidores da saúde, os policiais – todos os trabalhadores no governo tucano recebem o salário conhecido como “PSDB”: Pior Salário Do Brasil.

Outra faixa diz “mais metrô, menos tarifa”.

O metrô cerrista e alckimista, como se sabe, é um festival de suspeita de corrupção.

O resultado das licitações é conhecido antes – pela imprensa.

Os diretores administram com um olho nos trilhos e outro no oficial de Justiça.

“Caos no trânsito” – é o tema central da campanha de Fernando Haddad a prefeito.

Cerra é o “velho”- o símbolo do partido que governa São Paulo há 18 anos e constrói menos de dois quilômetros de metrô por ano.

Que paga o salário PSDB.

E deixou a Delta entrar em São Paulo com a mesma eficácia com que operou em Goiás.

Cerra é o engarrafamento do trânsito, que obriga o trabalhador a gastar três horas por dia para ir e voltar do trabalho, em São Paulo.

Um trânsito que custa à cidade e a seus moradores uma bagatela de bilhões de reais.

O “novo” vai ganhar.

Ainda mais que a CPI vai desembarcar com a Delta em São Paulo, em pleno regime eleitoral.

Por ordem da Justiça.

E por decisão da própria CPI.

Este Conversa Afiada concorda com o Catão dos Pinhais, o Álvaro Dias: tem que focar na Delta.

Foco !

O malabarista Padim Pade Cerra vive “uma situação tensa”, como dizem os repórteres da Globo que cobrem a greve.

Muito tensa.

Vai ser difícil manter tantas garrafinhas no ar.

Segundo a Folha:

Serra é condenado por propaganda antecipada


Pré-candidato do PSDB a prefeitura foi multado com o partido em R$ 5.000 e vai recorrer


O juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Manoel Luiz Ribeiro, condenou o diretório estadual do PSDB e o pré-candidato a prefeito José Serra a multa de R$ 5.000 cada por propaganda antecipada.


A representação contra o ex-governador foi movida pelo PT. Ao ser comunicado da multa, Serra disse que “decisão a gente não tem de concordar ou discordar. Se achar injusto, recorre”. A equipe dele informou que vai tentar anular a decisão no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).


De acordo com Ribeiro, Serra fez propaganda “dissimulada” em programas que foram ao ar na TV em abril.


Em tempo: no Bom (?) Dia Brasil, em que a Urubóloga voltou a atacar o espectador com um mortífero gráfico, foi grande o esforço para “nacionalizar” a greve de São Paulo. Ou seja, salvar o pescoço dos tucanos de São Paulo, sempre ! A Globo tem, no momento, duas causas inglórias: salvar o Cerra e o Robert(o) Civita, num acordo celebrado com o Temer e o Henrique Alves.


Paulo Henrique Amorim


(*) Chuíça é o que o PiG de São Paulo quer que o resto do Brasil ache que São Paulo é: dinâmico  como a economia Chinesa e com um IDH da Suíça.

Globo marcou a data errada para o mensalão

O amigo navegante se lembra que o Globo convocou o Supremo para julgar o mensalão – que ainda está por provar-se – no dia 4 de junho.

Isso atenderia aos anseios dos mervais globais, que exigem a presença do Ministro Peluso na Corte, e ter certeza de que José Dirceu será condenado.

Na suposição de que Peluso queira se aposentar com um voto que condene alguém sem provas.

Mas, sabe como é, amigo navagente, quando a Globo quer …

Nem o Temer e o Henrique Alves resistem.

Agora, lamentavelmente, o presidente do Supremo, Ayres Britto, no próprio Globo, se vê obrigado a desmentir o Globo.

Na pág. 12 da edição de hoje, Britto diz que a data impressa foi apenas “fictícia”:

- Eu fiz apenas uma simulação. Botei 4 de junho como poderia ter sido 4 de agosto ou quatro de setembro. Eu não posso dizer minha preferência por data, porque o revisor (Lewandowski) não disponibilizou o voto e ele tem que ser respeitado em seu planejamento. Foi só um exemplo.


É, Presidente Ayres Britto, mas não adianta.

A Globo tem o seu próprio “planejamento”.

Tanto assim que ainda hoje, no subtítulo, apesar de sua declaração inequívoca, o Globo diz:

“Ministro Ayres Britto propõe analisar a partir de 4 e junho, mas voto de revisor não deve estar pronto até lá”.

Não adianta.

A Globo preside o Supremo, a CPI e o PiG (*), acima de tudo.

Para a Globo, Dirceu já foi condenado.

E, com ele, a Dilma, o Lula, o Brizola, o Jango, o Vargas e Julio de Castilhos.

A Globo aproveita e reescreve a História do Brasil num dia só: 4 de junho.

A data que ela fixar.

Este Conversa Afiada concorda com o Vander e acha que o Supremo deve julgar o mensalão logo.

Antes, é verdade, preferia que o Supremo legitimasse, de vez, a Operação Satiagraha.

Mas, quer ver o Supremo condenar o Dirceu.

É porque o Conversa Afiada não consegue conter certa admiração pelo “castilhismo”.

Só por isso.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Serra inventa o “acidente político” e culpa Marta por corrupção demotucana

Serra culpa plano diretor de Marta por corrupção na aprovação de obras em SP

Tucano afirmou que plano deu ‘nó’ na cidade e ressaltou que setor privado não tolera a demora

Guilherme Waltenberg, da Agência Estado
SÃO PAULO – O pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, culpou o plano diretor proposto pela administração da ex-prefeita do PT Marta Suplicy pelo surgimento de figuras como o ex-diretor do Aprov, Hussein Aref Saab. “O plano deixou terrenos que não podiam ser regulamentados. Acabaram dando um nó na cidade tão grande que boa parte do escândalo desse cara vendendo facilidades em grande medida é pelo grau de arbitrariedade e complexidade para construir”, disse nesta terça-feira, 22.
Serra afirmou que no setor privado a demora não é tolerada. “No setor privado tempo é dinheiro. Se investiu e não teve retorno o cara quebra.” Segundo o tucano, a Prefeitura “pode ser dura, mas tem que ser rápida”.  O pré-candidato afirmou que caso eleito irá rever essas estruturas na cidade de São Paulo. “A ideia é que você possa fazer a aprovação da planta ou modificações de maneira informatizada, incluindo até a responsabilidade que vai recair no engenheiro. A Prefeitura já está trabalhando nisso, mas é um sistema muito complexo”.
Em encontro realizado na Associação Comercial de São Paulo na distrital Jabaquara, o ex-governador rebateu críticas feitas à redução de investimento na construção e manutenção de metrô no ano de 2011. “Por que caiu? Esse tipo de obras tem ciclos. Chegou a hora de obter licenças ambientais e isso demora. A descontinuidade dessa natureza aconteceu na linha 5 e também no monotrilho que sai de Congonhas.”
Questionado sobre a greve dos metroviários a ser iniciada na quarta-feira, 23, Serra afirmou que “o Metrô e a CPTM têm uma coisa em comum: as greves e acidentes se intensificam muito em anos eleitorais”.
Serra também mostrou-se crítico com relação a ideia de alguns pré-candidatos que propõe a formação de uma terceira via na campanha para a Prefeitura de São Paulo. Para ele, há apenas “dois lados”. “Quem não quiser ficar de um lado, fica do outro”, disse.

A tensão paira sobre o baronato da mídia

A esmagadora maioria da mídia foi a favor do golpe de 1964,
a mesma mídia que agora age em bloco para defender Roberto Civita.
Roberto Amaral 

O baronato  das comunicações anda tenso, preocupado. É fácil de perceber um certo nervosismo apenas folheando as revistas e os jornalões, pelo que dizem e pelos grandes espaços de silêncio. Assusta-os a CPI do Cachoeira, porque já revelou as relações pelo menos perigosas entre a grande imprensa e o crime organizado – a ponto de interferir (ditando linhas de  ‘investigação’) na pauta de uma grande revista semanal. Ou, dito de outra forma, sem amenizar a gravidade dos fatos, sabe-se que muitas reportagens “investigativas” foram levadas a cabo para atender a interesses nada republicanos de um criminoso hoje na cadeia e à espera de processo e julgamento. Na bacia das almas, empresas e meliante (também ele empresário…) já entregaram aos leões o Catão do Serrado, do qual se serviram para defender interesses indefensáveis, e atacar os adversários de sempre. O grande paladino da moral e dos bons costumes enquanto no Senado e nas folhas brandia a espada na luta cívica contra a corrupção, nos desvãos da Esplanada (nela incluídos tribunais superiores), advogava os negócios do crime, em uma malha tão profunda que talvez jamais venha a ser de todo destrinchada.

Seja por isso, seja por aquilo, as grandes empresas de comunicação olham de lado, desconfiadas, para a CPMI. Contestam como insinceros os motivos de sua convocação e anunciam todo santo dia, como se estivessem fazendo uma denúncia, mas na verdade exprimindo um desejo, o inevitável fracasso dela. Acham normalíssimo o procurador geral da República, beneficiando criminosos, quedar-se três anos com um inquérito em sua gaveta, e o aplaudem por se negar a comparecer à comissão para prestar os esclarecimentos que deve ao país. Mas seus donos ficam eriçados, orelhas em pé, pelo arrepiado, garras expostas, quando deputados “insolentes” (e logo acusados de estar a serviço dos “mensaleiros”) pretendem ouvir, não o poderoso Cidadão Kane, mas o simples preposto que fazia a intermediação entre o crime e a revistona.

Por práticas similares, o grande Ruppert Murdoch teve de prestar satisfações ao parlamento britânico, e ninguém, nenhum jornal, nem lá nem aqui, arguiu ofensa à liberdade de imprensa. Aqui é tamanho o incômodo que Roberto Civita foi brindado com editorial de um grande matutino de empresa “concorrente”, no qual se afirma que ele não é Murdoch. E não é mesmo! Jornalista estrangeiro especialista em “ligações perigosas” é chamado para falar em seminário e explica que não há nada de mais repórter e fonte criminosa andarem conluiados.

A inquietação também ocorre relativamente à Comissão da Verdade, finalmente instalada. No dia mesmo da solenidade no Palácio do Planalto os editoriais clamavam contra os “riscos de revanchismo”, e os mais audaciosos já defendiam a “bilateralidade da apuração”, ou seja, “a investigação de atos praticados por grupos de esquerda que se opuseram ao regime militar”. Outros, estão preocupadíssimos em assegurar-se de  que não haverá punições. Quer saber a grande imprensa se o Ministério Público pode utilizar os resultados das investigações para tentar condenar militares (absoluta indiferença relativamente aos criminosos civis) “que cometeram violações”. No Globo do dia 17, o coronel da reserva João Batista Fagundes, representante das Forças Armadas na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, é chamado a falar:

“A Comissão da Verdade é oportuna mas não pode se enveredar pela questão criminal dos agentes do passado. A Lei da Anistia está em vigência e a própria lei que criou a comissão não prevê condenações. No meio das Forças Armadas, o receio é que se abram processos já albergados sob o pálio refletor da anistia.”

Em editorial do dia 12, o mesmo jornal afirma que “a escolha de nomes acima de qualquer suspeita para a Comissão da verdade”(…) ‘…serve de garantia de que a Comissão não extrapolará os limites da Lei da Anistia, já referendada pelo Supremo”.

Esses temores e esses condicionantes  talvez expliquem tanto a demora na aprovação da lei (ora, já lá se vão 27 anos desde quando o último general presidente deixou o Palácio do Planalto pela porta dos fundos!), quanto a demora na escolha (elogiada por gregos e troianos) de seus integrantes. Não podendo impedir a apuração (mas tendo podido nesse longo período destruir documentação e provas) busca-se limitar ao máximo o alcance da Comissão. O intuito declarado de impedir o eficaz funcionamento da Comissão já ficara claro quando o legislador estipulou o período de apurações começando em 1946, misturando democracia com ditadura, e alargando o objeto propositalmente, na expectativa de que assim tão amplo ele se tornasse inalcançável, donde, apuração nenhuma.

O que a nação deseja e quer é conhecer os crimes praticados pelo regime militar, e esses crimes começam com a própria ruptura democrática de primeiro de abril de 1964. Naquele momento as Forças Armadas, que como instituição existem para garantir a integridade territorial, a soberania nacional e a segurança de nosso povo, aquele que paga seus salários, soldos e tudo o mais, traíram seu chefe supremo, rasgaram a Constituição e deram início a uma escalada de arbítrios que surrupiou pela violência centenas de mandatos eletivos, milhares de empregos, cortou carreiras profissionais, sepultou esperanças, exilou e desterrou brasileiros, suprimiu a liberdade física de milhares de cidadãos e transformou em letra morta direitos e garantias individuais, a começar pelo direito à expressão livre, e impôs a indignidade da censura prévia, até de livros científicos. Tudo o mais que a história contará é mera consequência. Devem elas, sim, pelo que fizeram, um pedido público de desculpas à Nação, para voltarem a desfrutar do respeito que merecem pelo exercício das suas nobres funções. Estará assim, aberto o caminho para a superação de desconfianças mútuas que ainda estão a toldar, pelo silêncio-tabu, o congraçamento entre civis e militares.

Tudo será possível, menos censurar a História, menos reescrevê-la, menos adulterá-la, pois o tempo, sempre, trará a lume a verdade. Assim, também se contará a História, a aliança entre empresários da comunicação, políticos e militares na preparação do golpe. A história também contará o papel de uma imprensa que, com raríssimas exceções, participou da conspiração, defendeu o golpe e os atos tenebrosos que  ele desencadeou, até se ver diante da inevitabilidade de aderir ao irresistível movimento de massas pela democracia que tomou impulso a partir de 1974. Mas isso foi opção ideológica e não passará pela peneira da Comissão.

A palavra final, porém,  não será dada nem pelo governo, nem pela imprensa, nem pelos militares, mas pela sociedade, apesar da imprensa. Se a sociedade cruzar os braços, der-se por satisfeita com a simples constituição da Comissão, pouca esperança teremos de resultados satisfatórios. Esta é a hora de as organizações civis voltarem à liça, reaglutinarem-se os perseguidos, os torturados e as famílias dos assassinados. Da força de sua demanda dependerá a profundidade do que será esclarecido.

Câmara pune trabalho escravo. Alô, alô, Ali Kamel !



A deputada Jandira Feghalli (PC do B – RJ) telefona ao Miro para comemorar uma vitoria também dela, de dez anos de luta:

Saiu na Agencia Brasil:

Câmara aprova PEC do Trabalho Escravo

Iolando Lourenço

Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Câmara dos Deputados acaba de aprovar, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo por 360 votos favoráveis, 29 contrários e 25 abstenções. A matéria volta, agora, ao Senado Federal, para nova rodada de votações em dois turnos.

A PEC foi à votação depois de dez anos tramitando no Congresso. A votação em primeiro turno ocorreu em agosto de 2004. A pressão em favor do texto é grande e conta com a participação de organizações não governamentais ligadas à defesa dos direitos humanos, de centrais sindicais e do próprio governo, que estão se mobilizando desde o ano passado para garantir a aprovação.

Edição: Fábio Massalli


Essa votação na Câmara é uma singela homenagem ao Gilberto Freire com ï”, (*), o Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da Globo, que escreveu um livro – “Não somos racistas”, um retumbante best-seller – em que assegura: com o fim da Escravidão, em 1888 – em 1888 ! – , não havia mais obstáculo para o negro brasileiro vencer na vida.
Um jenio !
Convém recordar também que o primeiro entrevero entre o Ministro Joaquim Barbosa e o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo – aquele do Demóstenes ao Cachoeira, “o Gilmar mandou buscar !” – se deu por conta da aplicação da Lei contra quem empregava trabalha o escravo.
Não é difícil, amigo navegante, imaginar quem estava do lado do cabo do chicote e quem estava na ponta do chicote, para usar imagem de Machado de Assis, que entendia de Escravidão e fazia de conta que não entendia.
Clique aqui para ler “Gilmar, Kamel e Heraldo, como o PHA se defendeu”.
(*) Conta-se que D. Madalena, um dia, em Apipucos, virou-se para o marido e disse: Gilberto, essa carta está em cima da tua mesa há mais de um mês e você não abre. Não posso abrir, disse o Mestre. Não é para mim, é para um Gilberto Freire, com “ï”.
Paulo Henrique Amorim

Filho da Kátia Abreu e mais 54 votam contra PEC do Trabalho Escravo, mas perdem

A Câmara dos deputados aprovou na terça-feira (22), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 438/01, que permite a expropriação de imóveis rurais e urbanos onde a houver exploração de trabalho escravo.

Esses imóveis serão destinados à reforma agrária ou a programas de habitação popular.

A proposta é oriunda do Senado e, como foi modificada na Câmara, volta para exame dos senadores.

Foram 360 votos a favor. Para aprovar eram necessários 308 votos.

Votaram contra 55 deputados (soma de Não + abstenção + obstrução), entre eles o deputado Irajá Abreu (PSD-TO), filho da senadora Kátia Abreu (PSD-TO).

Dois tucanos e dois pedetistas votaram contra.

Total de parlamentares por partido que votaram contrários a acabar com o trabalho escravo:

PSD: 15
PMDB: 15
DEM: 6
PP: 5
PR: 4
PTB: 3
PSDB: 2
PDT: 2
PSC: 2
PHS: 1

Nome aos bois:

Eis a lista de quem votou contra acabar com o trabalho escravo: