Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
domingo, 24 de outubro de 2010
O que quer a direita e porque conspira
Contraponto 3729 - O que quer a direita e porque conspira
..
24/10/2010
Blog do Miro - 24/10/2010
Reproduzo artigo de Paulo Vinícius, secretário da Juventude Trabalhadora da CTB, publicado no blog Coletivizando:
A capacidade de ter a ofensiva na construção da agenda política é fundamental para o êxito ou o fracasso de qualquer disputa, e mesmo de uma discussão qualquer. Os acontecimentos da última quinzena do segundo turno da eleição de 2010 deixam clara a capacidade e os objetivos da direita em manipular a agenda política. Eleitoras e eleitores de Dilma precisam entender o que está em jogo para assumirem seu papel de liderança nessa vitória do povo.
A elevação do tom da campanha no sentido da agressividade artificial é um factóide do PIG - Partido da Imprensa Golpista, em estreita colaboração com a campanha tucana. É assustadora a sua inconformidade com a maioria da opinião dos brasileiros e sua determinação em contrariar a vontade do povo.
Seus objetivos são: (Todos os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)
- Ocultar o debate programático e de projeto: A filósofa Marilena Chaui , em brilhante análise, desmascara Serra, que recusa debater o seu projeto neoliberal para o país. É disso, e não das bolinhas de papel, que Serra foge como da cruz. Por que? Porque os tucanos e os demos representam o interesse antinacional, ora!
Por isso a baixaria a eles interessa, tanto quanto nos interessa a mobilização. Como corretamente pontuou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo: "A luta deve ser decidida no terreno político, com explicação nítida e comparativa de projetos e denúncias perante o povo do jogo sujo perpetrado pela oposição e a elite conservadora desesperada. Portanto, é na luta política";
- Criminalizar a ida às ruas da militância no momento decisivo da eleição. Eles sabem que se o povo vai às ruas, o jogo muda de qualidade. Percebam como a mídia pró-Serra teme e vocifera contra a mobilização popular. Exatamente quando o povo vai à defesa de Dilma, essa farsa surge para tentar iludir e constranger a legítima mobilização democrática e cidadã. Assim, um dado claro e normal da democracia, a povo na rua, para as elites é a mais grave ameaça à democracia deles.
- Amedrontar Dilma, inclusive fisicamente, manobra claramente machista. A encenação montada e a atitude temerária e ingênua dos que aceitaram as provocações tucanas, tudo visou a criar um clima que justifique atitudes hostis a Dilma. Observem claramente as sucessivas provocações e os factóides plantados no caminho de Dilma nas atividades públicas. Assim, criam-se preventivamente justificativas para quaisquer provocações e intimidações a Dilma, talvez ainda com ilusões quanto a uma suposta fragilidade. Não sabem quem é a destemida Dilma.
E, de sobra, tentam criar ambiente negativo às verdadeiras celebrações que tem mostrado um reencontro da esquerda brasileira com setores chave da opinião pública e da classe média. É preciso entender isso: vivemos um momento de reunificação de amplos setores de esquerda e progressistas que estavam dispersos mas que se reencontram embandeirados do que significa a candidatura de Dilma Roussef e a frente que a apoia. Vivemos esse reencontro importante, de unir a esquerda, os verdadeiros(as) democratas e patriotas para sepultar o neoliberalismo e fazer dar certo o Brasil!
Uma saída para a desmoralização do PIG, de Serra e da Globo: A bolinha de papel abateu o tucano em pleno vôo de galinha, mas não apenas a ele. Quando ocorre a queda constante da audiência da Globo e da venda de grandes e tradicionais jornais; nessa hora em que o PIG se desmoraliza por sua parcialidade e falta de qualidade jornalística; no alvissareiro momento em que imprensa alternativa se une e avança; é nesses dias em que a Globo pisou na jaca mole - e abriu os dedos, diga-se de passagem.
Ridicularizada pelo SBT, deseperada, a vênus platinada tira o controverso Molina da cartola para validar a tese da bolinha de papel de meio quilo, mas não convence... Pior, perde a condição de atuar na reta finalíssima da campanha. Desmoralizando-se tão cedo, como poderá criar mais factóides que interfiram na cena eleitoral?
Não foram gratuitos os elogios do Jornal da Globo de 22/10/2010 ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, que corretamente afirmou orientação à militância do PT para não cair em provocações. Querem uma saída honrosa dessa bola dividida que lhes permita seguir conspirando com poder de fogo.
- Em última instância, melar o processo eleitoral. Sentindo a possibilidade de derrota, não nos iludamos, as forças de direita no Brasil apelarão para melar o processo eleitoral a qualquer preço. Daí a sua ênfase e a do PIG no tema democracia, única e desmoralizada justificativa que ensaiam há tempos. Querem a qualquer custo criar um ambiente de medo e vender a tese em que estaria ameaçada a democracia brasileira. Não é à toa que FHC, que há muito ultrapassou o rubicão de qualquer prurido ético, tem a pachorra de protagonizar, 42 anos depois, uma pálida imitação da miasmática "Marcha de Deus com a Família e pela Liberdade".
Para quem já esqueceu, os tucanos tem tanto apreço pela vontade popular que em setembro já apresentaram pedido de cassação do registro da candidatura de Dilma Rousseff e Michel Temer, alegando como motivo a quebra do sigilo fiscal da filha do candidato do PSDB, José Serra, que agora sabemos ter sido urdida no interior do próprio PSDB!
Por outro lado, os grandes veículos a que nos referimos com especial carinho (Folha, Estadão, O Globo, a Globo, entre outros), assim como algumas de suas figuras célebres (Alexandre Gracinha, porta-voz do general Figueiredo) têm uma bela folha corrida no que se refere aos valores democráticos. Isso não deixa dúvidas sobre quem verdadeiramente ameaça a democracia. É impressionante a coerência do seu discurso em 1964 e em 2010, vejam.
Isso não é um fato extemporâneo da cena política latinoamericana. É o trajeto natural das oligarquias quando se veem perdendo os seus espaços tradicionais de poder, é sua principal reação à emergências de novos atores sociais e políticos a definir uma cena que era exclusiva sua. Daí o seu crescente desconforto com a amplitude do voto popular no Brasil, a demagógica campanha pelo voto facultativo, a repetição à exaustão de análises que abordam o ideológico conceito de "populismo", tudo para legitimar a tese de que a democracia deve se restringir às amarras clássicas do poder econômico, dos monopólios da mídia, do acordo das elites de sempre. Como lhes dói que suas empregadas domésticas tenham, votando, o mesmo poder deles...
Digo mais: os tucanos e os demos, a direita, não podem perder essa eleição estratégica sem esgrimir para seus apoiadores forâneos que no Brasil haveria riscos à democracia. Na verdade, há a ampliação da democracia, um problema de tal gravidade para os condôminos dos golpes e das ditaduras, caixeiros viajantes das riquezas do Brasil, que eles tem de fazer algo agora, urgente! Não nos iludamos com as manipulações dos imperialistas nessa hora em que está em jogo o futuro do Brasil. Estão em jogo interesses gigantescos que afetam todo o mundo: está em jogo o Pré-Sal, a Amazônia, o novo mapa geopolítico. Eles não podem perder, e a chance é essa.
Por isso, ao tempo em que avancemos como uma onda que a todos abrace, com a militância livre e voluntária, que assume para si a tarefa central de mudar o Brasil elegendo Dilma; na medida em que as iniciativas espontâneas se multiplicam para ganhar a maioria do povo para Dilma; nessa hora em que os projetos se delineiam, precisamos de cabeça fria e coração quente, foco no objetivo.
E isso exige demarcar os projetos para que o povo reconheça sob as mil máscaras de Serra o odor inescapável da decomposição do neoliberalismo, cuja putrefação só poderia ocorrer em abjeta promiscuidade com as forças fascistas.
Como remédio, só mais povo na rua, mais alegria, sem perder o foco, sem aceitar as provocações. Não podemos aceitar as armadilhas da direita que quer melar o jogo democrático. E para o avanço da democracia, como é importante para o Brasil e a América Latina a eleição de Dilma!
Blog do Miro - 24/10/2010
Reproduzo artigo de Paulo Vinícius, secretário da Juventude Trabalhadora da CTB, publicado no blog Coletivizando:
A capacidade de ter a ofensiva na construção da agenda política é fundamental para o êxito ou o fracasso de qualquer disputa, e mesmo de uma discussão qualquer. Os acontecimentos da última quinzena do segundo turno da eleição de 2010 deixam clara a capacidade e os objetivos da direita em manipular a agenda política. Eleitoras e eleitores de Dilma precisam entender o que está em jogo para assumirem seu papel de liderança nessa vitória do povo.
A elevação do tom da campanha no sentido da agressividade artificial é um factóide do PIG - Partido da Imprensa Golpista, em estreita colaboração com a campanha tucana. É assustadora a sua inconformidade com a maioria da opinião dos brasileiros e sua determinação em contrariar a vontade do povo.
Seus objetivos são: (Todos os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)
- Ocultar o debate programático e de projeto: A filósofa Marilena Chaui , em brilhante análise, desmascara Serra, que recusa debater o seu projeto neoliberal para o país. É disso, e não das bolinhas de papel, que Serra foge como da cruz. Por que? Porque os tucanos e os demos representam o interesse antinacional, ora!
Por isso a baixaria a eles interessa, tanto quanto nos interessa a mobilização. Como corretamente pontuou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo: "A luta deve ser decidida no terreno político, com explicação nítida e comparativa de projetos e denúncias perante o povo do jogo sujo perpetrado pela oposição e a elite conservadora desesperada. Portanto, é na luta política";
- Criminalizar a ida às ruas da militância no momento decisivo da eleição. Eles sabem que se o povo vai às ruas, o jogo muda de qualidade. Percebam como a mídia pró-Serra teme e vocifera contra a mobilização popular. Exatamente quando o povo vai à defesa de Dilma, essa farsa surge para tentar iludir e constranger a legítima mobilização democrática e cidadã. Assim, um dado claro e normal da democracia, a povo na rua, para as elites é a mais grave ameaça à democracia deles.
- Amedrontar Dilma, inclusive fisicamente, manobra claramente machista. A encenação montada e a atitude temerária e ingênua dos que aceitaram as provocações tucanas, tudo visou a criar um clima que justifique atitudes hostis a Dilma. Observem claramente as sucessivas provocações e os factóides plantados no caminho de Dilma nas atividades públicas. Assim, criam-se preventivamente justificativas para quaisquer provocações e intimidações a Dilma, talvez ainda com ilusões quanto a uma suposta fragilidade. Não sabem quem é a destemida Dilma.
E, de sobra, tentam criar ambiente negativo às verdadeiras celebrações que tem mostrado um reencontro da esquerda brasileira com setores chave da opinião pública e da classe média. É preciso entender isso: vivemos um momento de reunificação de amplos setores de esquerda e progressistas que estavam dispersos mas que se reencontram embandeirados do que significa a candidatura de Dilma Roussef e a frente que a apoia. Vivemos esse reencontro importante, de unir a esquerda, os verdadeiros(as) democratas e patriotas para sepultar o neoliberalismo e fazer dar certo o Brasil!
Uma saída para a desmoralização do PIG, de Serra e da Globo: A bolinha de papel abateu o tucano em pleno vôo de galinha, mas não apenas a ele. Quando ocorre a queda constante da audiência da Globo e da venda de grandes e tradicionais jornais; nessa hora em que o PIG se desmoraliza por sua parcialidade e falta de qualidade jornalística; no alvissareiro momento em que imprensa alternativa se une e avança; é nesses dias em que a Globo pisou na jaca mole - e abriu os dedos, diga-se de passagem.
Ridicularizada pelo SBT, deseperada, a vênus platinada tira o controverso Molina da cartola para validar a tese da bolinha de papel de meio quilo, mas não convence... Pior, perde a condição de atuar na reta finalíssima da campanha. Desmoralizando-se tão cedo, como poderá criar mais factóides que interfiram na cena eleitoral?
Não foram gratuitos os elogios do Jornal da Globo de 22/10/2010 ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, que corretamente afirmou orientação à militância do PT para não cair em provocações. Querem uma saída honrosa dessa bola dividida que lhes permita seguir conspirando com poder de fogo.
- Em última instância, melar o processo eleitoral. Sentindo a possibilidade de derrota, não nos iludamos, as forças de direita no Brasil apelarão para melar o processo eleitoral a qualquer preço. Daí a sua ênfase e a do PIG no tema democracia, única e desmoralizada justificativa que ensaiam há tempos. Querem a qualquer custo criar um ambiente de medo e vender a tese em que estaria ameaçada a democracia brasileira. Não é à toa que FHC, que há muito ultrapassou o rubicão de qualquer prurido ético, tem a pachorra de protagonizar, 42 anos depois, uma pálida imitação da miasmática "Marcha de Deus com a Família e pela Liberdade".
Para quem já esqueceu, os tucanos tem tanto apreço pela vontade popular que em setembro já apresentaram pedido de cassação do registro da candidatura de Dilma Rousseff e Michel Temer, alegando como motivo a quebra do sigilo fiscal da filha do candidato do PSDB, José Serra, que agora sabemos ter sido urdida no interior do próprio PSDB!
Por outro lado, os grandes veículos a que nos referimos com especial carinho (Folha, Estadão, O Globo, a Globo, entre outros), assim como algumas de suas figuras célebres (Alexandre Gracinha, porta-voz do general Figueiredo) têm uma bela folha corrida no que se refere aos valores democráticos. Isso não deixa dúvidas sobre quem verdadeiramente ameaça a democracia. É impressionante a coerência do seu discurso em 1964 e em 2010, vejam.
Isso não é um fato extemporâneo da cena política latinoamericana. É o trajeto natural das oligarquias quando se veem perdendo os seus espaços tradicionais de poder, é sua principal reação à emergências de novos atores sociais e políticos a definir uma cena que era exclusiva sua. Daí o seu crescente desconforto com a amplitude do voto popular no Brasil, a demagógica campanha pelo voto facultativo, a repetição à exaustão de análises que abordam o ideológico conceito de "populismo", tudo para legitimar a tese de que a democracia deve se restringir às amarras clássicas do poder econômico, dos monopólios da mídia, do acordo das elites de sempre. Como lhes dói que suas empregadas domésticas tenham, votando, o mesmo poder deles...
Digo mais: os tucanos e os demos, a direita, não podem perder essa eleição estratégica sem esgrimir para seus apoiadores forâneos que no Brasil haveria riscos à democracia. Na verdade, há a ampliação da democracia, um problema de tal gravidade para os condôminos dos golpes e das ditaduras, caixeiros viajantes das riquezas do Brasil, que eles tem de fazer algo agora, urgente! Não nos iludamos com as manipulações dos imperialistas nessa hora em que está em jogo o futuro do Brasil. Estão em jogo interesses gigantescos que afetam todo o mundo: está em jogo o Pré-Sal, a Amazônia, o novo mapa geopolítico. Eles não podem perder, e a chance é essa.
Por isso, ao tempo em que avancemos como uma onda que a todos abrace, com a militância livre e voluntária, que assume para si a tarefa central de mudar o Brasil elegendo Dilma; na medida em que as iniciativas espontâneas se multiplicam para ganhar a maioria do povo para Dilma; nessa hora em que os projetos se delineiam, precisamos de cabeça fria e coração quente, foco no objetivo.
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Jornal Estado de Minas pagou passagens do jornalista do dossiê
O Jornal Estado de Minas pagou as passagens aéreas do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que encomendou a violação dos sigilos fiscais dos tucanos. Em depoimento à Polícia Federal, Amaury afirmou que deixou oficialmente o jornal em 16 de outubro, tendo gozado férias de 30 dias antes disso. A quebra dos sigilos fiscais dos tucanos ocorreu entre 29 de setembro e 8 de outubro. As passagens foram faturadas pela agência de viagens Primus, que presta serviços ao jornal.
De acordo com o inquérito da Polícia Federal, uma declaração da agência de turismo confirma que o Estado de Minas só pagou, em nome da empresa, viagens para Amaury até julho do ano passado. A partir de setembro, os bilhetes, inclusive os adquiridos no período da quebra do sigilo fiscal, foram faturados em nome de Marcelo Augusto de Oliveira, funcionário do jornal até hoje. Dezoito passagens emitidas em favor de Amaury, a última delas datada de 22 de dezembro de 2009, foram pagas em dinheiro ou faturada em nome do funcionário.A direção do jornal negou, em nota divulgada nesta quinta-feira (21), que tenha pago viagens de Amaury durante as férias. “Amaury Ribeiro Júnior trabalhou como repórter do Estado de Minas de 25 de setembro de 2006 a 15 de outubro de 2009. No dia 25 de setembro de 2009, o jornalista entrou em férias e as gozou até o dia 14 de outubro do mesmo ano. No dia 15 de outubro, o repórter pediu demissão. Nenhuma viagem do jornalista no período em questão foi custeada pelo jornal”, diz a nota.
Em depoimento à PF, o despachante paulista Dirceu Garcia admitiu que recebeu R$ 12 mil em dinheiro de Amaury para comprar as declarações de renda das pessoas próximas a Serra. Por sua vez, o jornalista confirmou que conhecia o despachante e que encomendou buscas em juntas comerciais, mas negou a compra de documentos sigilosos e desconversou sobre a forma de pagamento. Ele afirmou que levantou informações do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros tucanos e familiares de Serra, entre eles a filha Verônica, como parte de uma investigação de “mais de dez anos”, que foi concluída antes de ele pedir demissão do jornal “Estado de Minas”, em 15 de outubro de 2009.
A PF informou que Amaury Ribeiro Jr. disse que estava levantando as informações contra José Serra porque havia indícios de que um grupo de arapongagem ligado ao ex-governador de São Paulo estaria investigando Aécio Neves, à época cotado para ser o candidato tucano à Presidência. No entanto, no depoimento prestado à PF em 15 de outubro, Amaury diz que existe um grupo de inteligência tucano, comandado pelo deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-SP), mas não cita o nome nem faz menção ao ex-governador de Minas Gerais. Afirma que ouviu relatos de que o grupo tucano “estaria adiantado” em relação aos petistas e que, por isso, seria importante que a campanha de Dilma também tivesse seu próprio núcleo de inteligência.
Fonte: Carta Capital. Matéria publicada originalmente no jornal Hoje em Dia
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Quebra de sigilo dos tucanos: Às favas a verdade factual
Nunca na história eleitoral brasileira a mídia nativa mostrou tamanho pendor para a ficção
- por Mino Carta, na CartaCapital
Há quatro meses CartaCapital publicou a verdade factual a respeito do caso da quebra do sigilo fiscal de personalidades tucanas. Está claro que a chamada grande imprensa não quer a verdade factual, prefere a ficcional, sem contar que em hipótese alguma repercutiria informações veiculadas por esta publicação. Nem mesmo se revelássemos, e provássemos, que o papa saiu com Gisele Bündchen.
Furtei a expressão verdade factual de um ensaio de Hannah Arendt, lido nos tempos da censura brava na Veja que eu dirigia. Ela é o que não se discute. Diferencia-se, portanto, das verdades carregadas aos magotes por cada qual. Correspondem às visões que temos da vida e do mundo, às convicções e às crenças. Às vezes, às esperanças, às emoções, ao bom e ao mau humor.
Por exemplo: eu me chamo Mino e neste momento batuco na minha Olivetti. Esta é a verdade factual. Quatro meses depois da reportagem de CartaCapital sobre o célebre caso, a Polícia Federal desvenda o fruto das suas investigações. Coincide com as nossas informações. O sigilo não foi quebrado pela turma da Dilma, e sim por um repórter de O Estado de Minas, acionado porque o deputado Marcelo Itagiba estaria levantando informações contra Aécio Neves.
Nesta edição, voltamos a expor, com maiores detalhes, a verdade factual. E a mídia nativa? Desfralda impavidamente a verdade ficcional. Conta aquilo que gostaria que fosse e não é. Descreve, entre o ridículo e o delírio, uma realidade inexistente, porque nela Dilma leva a pior, como se a própria candidata petista fosse personagem de ficção. Estamos diante de um faz de conta romanesco, capaz talvez de enganar prezados leitores bem-postos na vida, tomados por medos grotescos e frequentemente movidos a ódio de classe.
Ao sabor do entrecho literário, pretende-se a todo custo que o repórter Amaury Ribeiro Jr. tenha trabalhado a mando de Dilma. Desde a quarta 20, a Folha de S.Paulo partiu para a denúncia com uma manchete de primeira página digna do anúncio da guerra atômica. Ao longo do dia, via UOL, teve de retocá-la até engatar a marcha à ré.
Deu-se que a Polícia Federal entrasse em cena para confirmar com absoluta precisão os dados do inquérito e para excluir a ligação entre o repórter e a campanha petista.
O recorde em matéria de brutal entrega à veia ficcional cabe, de todo modo, à manchete de primeira página de O Globo de quinta 21, obra-prima de fantasia ou de hipocrisia, de imaginação desvairada ou de desfaçatez. Não custa muito esforço constatar que o jornal da família Marinho acusa a PF de trabalhar a favor de Dilma, com o pronto, inescapável endosso do Estadão. Texto da primeira página soletra que, segundo “investigação da PF, partiu da campanha de Dilma Rousseff a iniciativa de contratar o jornalista”. Aqui a acusação se agrava: de acordo com o jornalão, o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, a quem coube apresentar à mídia os resultados do inquérito, é mentiroso.
Seria este jornalismo? Não hesito em afirmar que nunca, na história das eleições brasileiras pós-guerra, a mídia nativa permitiu-se trair a verdade factual de forma tão clamorosa. Tão tragicômica. Com destaque, na área da comicidade, para a bolinha de papel que atingiu a calva de José Serra.
A fidelidade canina à verdade factual é, a meu ver, o primeiro requisito da prática do jornalismo honesto. Escrevia Hannah Arendt: “Não há esperança de sobrevivência humana sem homens dispostos a dizer o que acontece, e que acontece porque é”. Este final, “porque é”, há de ser entendido como o registro indelével, gravado para sempre na teia misteriosa do tempo. A verdade factual é.
Dulcis in fundo: na festa da premiação das Empresas Mais Admiradas no Brasil, noite de segunda 18, o presidente Lula contou os dias que o separam da hora de abandonar o cargo e deixou a plateia de prontidão para as palavras e o tom do seu tempo livre pós-Presidência. Não mais “comedido”, como convém ao primeiro mandatário. E palavras e tom vai usá-los em CartaCapital. Apresento o novo, futuro colunista: Luiz Inácio Lula da Silva.
Por enquanto, ao presidente e à sua candidata não faltou na festa o apoio de dois qualificadíssimos representantes do empresariado. Roberto Setubal falou em nome dos seus pares. Abilio Diniz, de certa forma a representar também os consumidores, em levas crescentes na qualidade de novos incluídos.
A mídia nativa não deu eco, obviamente, a estes pronunciamentos muito significativos.
Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde.redacao@cartacapital.com.br
- por Mino Carta, na CartaCapital
Há quatro meses CartaCapital publicou a verdade factual a respeito do caso da quebra do sigilo fiscal de personalidades tucanas. Está claro que a chamada grande imprensa não quer a verdade factual, prefere a ficcional, sem contar que em hipótese alguma repercutiria informações veiculadas por esta publicação. Nem mesmo se revelássemos, e provássemos, que o papa saiu com Gisele Bündchen.
Furtei a expressão verdade factual de um ensaio de Hannah Arendt, lido nos tempos da censura brava na Veja que eu dirigia. Ela é o que não se discute. Diferencia-se, portanto, das verdades carregadas aos magotes por cada qual. Correspondem às visões que temos da vida e do mundo, às convicções e às crenças. Às vezes, às esperanças, às emoções, ao bom e ao mau humor.
Por exemplo: eu me chamo Mino e neste momento batuco na minha Olivetti. Esta é a verdade factual. Quatro meses depois da reportagem de CartaCapital sobre o célebre caso, a Polícia Federal desvenda o fruto das suas investigações. Coincide com as nossas informações. O sigilo não foi quebrado pela turma da Dilma, e sim por um repórter de O Estado de Minas, acionado porque o deputado Marcelo Itagiba estaria levantando informações contra Aécio Neves.
Nesta edição, voltamos a expor, com maiores detalhes, a verdade factual. E a mídia nativa? Desfralda impavidamente a verdade ficcional. Conta aquilo que gostaria que fosse e não é. Descreve, entre o ridículo e o delírio, uma realidade inexistente, porque nela Dilma leva a pior, como se a própria candidata petista fosse personagem de ficção. Estamos diante de um faz de conta romanesco, capaz talvez de enganar prezados leitores bem-postos na vida, tomados por medos grotescos e frequentemente movidos a ódio de classe.
Ao sabor do entrecho literário, pretende-se a todo custo que o repórter Amaury Ribeiro Jr. tenha trabalhado a mando de Dilma. Desde a quarta 20, a Folha de S.Paulo partiu para a denúncia com uma manchete de primeira página digna do anúncio da guerra atômica. Ao longo do dia, via UOL, teve de retocá-la até engatar a marcha à ré.
Deu-se que a Polícia Federal entrasse em cena para confirmar com absoluta precisão os dados do inquérito e para excluir a ligação entre o repórter e a campanha petista.
O recorde em matéria de brutal entrega à veia ficcional cabe, de todo modo, à manchete de primeira página de O Globo de quinta 21, obra-prima de fantasia ou de hipocrisia, de imaginação desvairada ou de desfaçatez. Não custa muito esforço constatar que o jornal da família Marinho acusa a PF de trabalhar a favor de Dilma, com o pronto, inescapável endosso do Estadão. Texto da primeira página soletra que, segundo “investigação da PF, partiu da campanha de Dilma Rousseff a iniciativa de contratar o jornalista”. Aqui a acusação se agrava: de acordo com o jornalão, o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, a quem coube apresentar à mídia os resultados do inquérito, é mentiroso.
Seria este jornalismo? Não hesito em afirmar que nunca, na história das eleições brasileiras pós-guerra, a mídia nativa permitiu-se trair a verdade factual de forma tão clamorosa. Tão tragicômica. Com destaque, na área da comicidade, para a bolinha de papel que atingiu a calva de José Serra.
A fidelidade canina à verdade factual é, a meu ver, o primeiro requisito da prática do jornalismo honesto. Escrevia Hannah Arendt: “Não há esperança de sobrevivência humana sem homens dispostos a dizer o que acontece, e que acontece porque é”. Este final, “porque é”, há de ser entendido como o registro indelével, gravado para sempre na teia misteriosa do tempo. A verdade factual é.
Dulcis in fundo: na festa da premiação das Empresas Mais Admiradas no Brasil, noite de segunda 18, o presidente Lula contou os dias que o separam da hora de abandonar o cargo e deixou a plateia de prontidão para as palavras e o tom do seu tempo livre pós-Presidência. Não mais “comedido”, como convém ao primeiro mandatário. E palavras e tom vai usá-los em CartaCapital. Apresento o novo, futuro colunista: Luiz Inácio Lula da Silva.
Por enquanto, ao presidente e à sua candidata não faltou na festa o apoio de dois qualificadíssimos representantes do empresariado. Roberto Setubal falou em nome dos seus pares. Abilio Diniz, de certa forma a representar também os consumidores, em levas crescentes na qualidade de novos incluídos.
A mídia nativa não deu eco, obviamente, a estes pronunciamentos muito significativos.
Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde.redacao@cartacapital.com.br
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serrojas e Preto entregaram o ouro às empreiteiras do Robanel
A mudança nos contratos do Rodoanel
Enviado por luisnassif, dom, 24/10/2010
Há um vídeo que circulou meses atrás, em que Serra fala em uma fala, para um grupo fechado se empresários, dizendo que jamais as obras do Rodoanel sofreram qualquer restrição do TCE. Justo no período em que foi acertado um Termo de Ajustamento de Conduta.
Folha de S.Paulo – Paulo Preto deixou empreiteira mudar obra – 24/10/2010
Um dia após assumir Rodoanel, ex-diretor da Dersa alterou contrato e liberou mudanças em projeto original
Nova regra previa “preço fechado” para acelerar a obra, mas acabou permitindo até materiais mais baratos
ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
Um dia após assumir a diretoria da Dersa responsável pelo Rodoanel, Paulo Vieira de Souza assinou uma alteração contratual na obra que deu liberdade para empreiteiras fazerem mudanças no projeto e, na prática, até usarem materiais mais baratos.
A medida, em acordo da estatal com as construtoras, foi definida em 2007 em troca da garantia de “acelerar” a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar à Presidência.
Com a mudança no contrato do Rodoanel, ficou “inviável” calcular se os pagamentos da obra correspondiam ao que havia sido planejado e executado, conforme a avaliação do Ministério Público Federal dois anos depois.
O nome de Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ganhou projeção na campanha eleitoral após ser citado por Dilma Rousseff (PT) em um debate na Band.
Baseada em reportagem da revista “IstoÉ”, a petista disse que ele teria desviado R$ 4 milhões destinados à campanha tucana. Ele nega.
A negociação com as empreiteiras -exigindo que elas não atrasassem a vitrine política de Serra- foi a principal tarefa de Paulo Preto.
O acordo assinado em 2007 mudou de forma radical as regras de pagamento das construtoras fixadas na gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
Ficou acertado que, em vez de receberem conforme quantidade e tipo de cada serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um “preço fechado” -no valor de R$ 2,5 bilhões.
Com isso, poderiam fazer alterações no projeto original, permitindo que economizassem. Mas havia, segundo a Dersa, a condição de manter a qualidade final.
Durante a obra, auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) viu “alterações significativas”, “inclusive com adoção de alternativas de menor custo em relação ao originalmente licitado”.
Citou a troca de concreto moldado no local da obra por pré-moldado, “muito mais barato”. Para a Dersa, a diferença era apenas estética.
A estatal argumenta que, com a mudança contratual de 2007, conseguiu um desconto de 4% (R$ 100 milhões) sobre o valor original.
No entanto, as empreiteiras conseguiram um extra de R$ 264 milhões em setembro de 2009, apesar do acordo que previa “preço fechado”. A diferença negociada entre a Dersa e as construtoras superava R$ 500 milhões.
O Ministério Público Federal, então, entrou no caso para impor um limite. Decidiu intermediar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para resolver os problemas do aditivo de 2007 e “impedir pagamentos indevidos”.
DEMISSÃO
A alteração nos contratos do Rodoanel foi assinada por Paulo Preto e pelo ex-presidente da Dersa Thomaz de Aquino Nogueira Neto no dia 25 de maio de 2007.
Ligado ao tucano Aloysio Nunes -secretário da Casa Civil na época-, Paulo Preto havia sido nomeado para essa missão um dia antes.
Ele assumiu a diretoria de engenharia da Dersa em 24 de maio, no lugar de José Carlos Karabolad, que estava no cargo havia só cinco meses e pediu demissão dois dias antes da assinatura do aditivo.
A mudança contratual enfrentava resistência na estatal, tanto pelo aspecto jurídico como pela avaliação de que não evitaria mais gastos.
Paulo Preto, até então, era diretor de relações institucionais da Dersa, sem vínculo direto com a construção do trecho sul do Rodoanel.
Em 2009, a Folha revelou que uma filha dele era advogada das empreiteiras contratadas para fazer a obra.
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