Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Como funciona a operação de limpeza de imagem de Roberto Carlos na TV Globo












 
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O primeiro episódio da adaptação manca para a TV do filme sobre Tim Maia foi retirado do site oficial na Globo na sexta passada. O segundo episódio não foi ao ar ali. É a primeira vez em que isso acontece com esse tipo de atração.

Como você já sabe a essa altura, o longa tem várias sequencias sobre as dificuldades de Tim em encontrar o amigo tijucano Roberto Carlos, ex-parceiro do conjunto Sputniks. Roberto, em 1966, havia se tornado o rei da Jovem Guarda e Tim voltara quebrado dos EUA, pedindo uma força.

Na versão para a televisão, Roberto saiu bonito. Testemunhas da história foram chamadas para falar, dando o tom de um “docudrama”. RC mesmo dá um depoimento livrando a própria cara, explicando que ajudou, sim, Tim Maia.

O pacote cinema e tv provocou uma enorme confusão por causa do conjunto de patacoadas malandras. O diretor Mauro Lima reclamou, no Instagram, do que chamou de “subproduto”. Deu para trás em seguida na Folha, muito agradecido à mutilação (a mulher dele, Alinne Moraes, é a atriz principal do longa). Não faz sentido ele reclamar. A produtora é a Globofilmes. Sem sutileza alguma, as cenas de noticiário da internação de Tim após um show em Niteroi — ele morreria uma semana mais tarde — levam, todas, a marca d’água da Globo.

Nos créditos, a obra aparece como baseada em “Vale Tudo”, de Nelson Motta. Há cenas, porém, tiradas de “Roberto Carlos em Detalhes”, a biografia censurada de Paulo César de Araújo. Uma delas é a do dinheiro amassado e atirado ao chão para Tim pelo empresário de RC.

Mas o que ficou explicitada é a relação incestuosa entre a Globo e seu contratado Roberto Carlos. RC tem na emissora um general fiel na tentativa — inútil, de resto — de higienizar sua trajetória.
Como funciona essa “parceria”?

Paulo César de Araújo dá uma boa amostra desse modus operandi em “O Réu e o Rei”, livro sobre os bastidores de sua batalha judicial com seu ídolo transformado em inimigo.

Em 1974, Roberto assinou um contrato de exclusividade com a TV Globo para um programa anual que existe até hoje e é tão certo, na vida, quanto a morte. Foi o início de uma bela amizade.

Era duplamente vantajoso, escreve Paulo César: “Se, no tempo da Record, ele ganhava relativamente pouco para aparecer muito, a partir de seu contrato com a Globo ele ganharia muito para aparecer pouco, evitando o desgaste da superexposição depois de uma década de absoluto sucesso”.

RC teve na Globo o seu Pravda, só com notícias a favor. Já havia sido assim com a Bloch Editores. Ele passava notas oficiais às publicações da casa e tinha um tratamento privilegiado. Quando a Polícia Federal apreendeu seu iate Lady Laura III, por exemplo, a revista Manchete veio com a chamada: “Maré mansa para o rei Roberto Carlos: ‘Quem não deve não teme’”. No divórcio de Nice, em 1978, a capa era: “Roberto Carlos e Nice: Nossa separação é um ato de amor” (!??).

Em 2006, RC entrou com uma ação para tirar a biografia de circulação. “A Globo não o decepcionou. Foi realmente seu porto seguro, o seu para-raios. No limite da irresponsabilidade jornalística, a emissora calou o réu e deu voz apenas para o rei”, diz Araújo.

Dois programas marcaram entrevista com o escritor: o Fantástico e o Altas Horas. Maurício Kubrusly representaria o dominical. “Na manhã do dia combinado, a produção do Fantástico me ligou adiando a entrevista. A justificativa foi que a crise nos aeroportos do país teria impedido Maurício Kubrusly de se deslocar de São Paulo para o Rio.”

Houve outro adiamento até o não definitivo, com a desculpa de que o assunto tinha saído da pauta. Mesma coisa no Altas Horas.

“Quando em janeiro do ano seguinte Roberto Carlos confirmou a ameaça, entrando na Justiça contra mim e a editora Planeta, isso foi assunto de toda a mídia nacional — menos da TV Globo, que insistia em negar outro item dos seus ‘princípios editoriais’: o de que ‘não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido’. (…) Somente quando a proibição parecia definitiva a capa da biografia foi finalmente mostrada na tela da Globo. A fatura parecia liquidada”.

Até que veio o artigo de Paulo Coelho na Folha, “muito chocado” com a “atitude infantil” de RC. O Fantástico ligou novamente, escalando Patrícia Poeta para uma conversa na casa de Araújo. Na manhã do dia combinado, telefonaram suspendendo o papo.

“Roberto Carlos foi aconselhado por seus assessores a dar uma entrevista para o Fantástico e se explicar de uma vez por todas. A condição foi a de que o artista não podia ser contraditado. Ou seja, a palavra dele e de mais ninguém”, relata. Cid Moreira, irônico, apresentou o biógrafo como alguém que “se diz fã do rei desde criancinha”.

“Por tudo isso, ao fim de seu show comemorativo de cinquenta anos de careira, no Maracanã, Roberto agradeceu não apenas ao público e aos patrocinadores Itaú e Nestlé, mas também à Rede Globo de Televisão ‘pelo apoio e parceria ao longo de todos esses anos’”, diz.

“O Réu e o Rei” tem um trecho premonitório. Em 1992, Tim Maia recebeu Paulo César de Araújo para uma entrevista. A certa altura, lembrou do velho camarada. “Roberto Carlos não vai se ver nunca livre de mim. Quando a gente morrer, lá em cima eu vou dizer: ‘Como é que é, Roberto!’”

Lava Jato deve limpar partidos aliados e de oposição ao governo federal

Eduardo Cunha

A se confirmar reportagem da Folha de São Paulo que afirma que o deputado pelo PMDB fluminense Eduardo Cunha, supostamente “favorito” para presidir a Câmara dos Deputados no início da próxima Legislatura, está entre os citados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, poder-se-á concluir que, antes arma política anti-PT, essa Operação pode melhorar o Brasil.

A Folha diz que “De acordo com os investigadores que atuam no caso, ele [Cunha] é suspeito de ter recebido dinheiro do esquema [de corrupção] por meio do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o ‘Careca’, que atuaria como um dos funcionários do doleiro Alberto Yousseff”.

Não se sabe, ainda, a quantidade exata de políticos citados nas investigações, mas já se sabe que há nomes ligados ao governo e à oposição. Fala-se em até uma centena de parlamentares de TODOS os partidos, talvez com exceção do PSOL, que não governa nada e não tem qualquer peso político.

No caso de Cunha, a se confirmar essa denúncia ela atingirá muito mais a oposição do que o governo, já que o parlamentar de um dos partidos da base aliada atua em consonância com a oposição e é sua grande esperança para impedir Dilma de governar, caso se eleja presidente da Câmara.

Mas já se sabe que nomes graúdos da oposição devem aparecer na lista que o Procurador Geral da República deve divulgar no mês que vem, no reinício dos trabalhos legislativos e com o retorno do Supremo às atividades.

Cunha, por exemplo, se for denunciado e eventualmente cassado contribuirá para grande melhora do

Legislativo. É o grande despachante, na Câmara, dos lobistas de grandes conglomerados econômicos.

Tentou acabar com a internet no Brasil durante a votação do Marco Civil na internet, em prol dos interesses econômicos das empresas provedoras de serviços.

Apesar dos problemas para a economia que a Lava Jato pode gerar, pois as empresas envolvidas têm muito peso econômico e a forte redução ou paralisação de suas atividades por certo contribuirá para esfriar ainda mais a economia em um momento em que ela precisa crescer, se não fosse essa investigação picaretas envolvidos com Yousseff e companhia continuariam roubando o país e chantageando o governo, como faz

Cunha.

Além disso, a revelação dos nomes dos envolvidos servirá para desmascarar a oposição ao governo Dilma, que tenta vender ao país a teoria absurda de que só existe corrupção entre os governistas federais, apesar de que os oposicionistas federais são governo nos Estados e municípios, onde vicejam tantos casos de corrupção quanto na esfera federal.

Ironicamente, portanto, a aposta da mídia e da oposição em que a Operação Lava Jato seria ruim para o PT e o governo federal pode – e deve – sair pela culatra, pois essa operação deve atingir gente como Cunha, que atrapalha muito a governabilidade do país apesar de se abrigar em uma sigla governista.

Eis por que tanto Dilma quanto Lula, à diferença de seus antecessores, nunca impediram investigações de corrupção, mesmo quando atingem seus aliados e até correligionários de partido. Quando se limpa uma casa a fundo, há que bagunçá-la, tirar os móveis do lugar, mas, após a limpeza, os que nela residem passam a viver melhor.

A vocação de mosca de O Globo

A vocação de mosca de O Globo

 Fernando Brito
O mundo vive a maior tensão econômica desde 2008, com a queda de braço entre os produtores de petróleo convencional e o “fracking” do xisto que ameaça romper o equilíbrio energético do planeta.
O que está acontecendo com esta indústria, que só não quebrou porque seus contratos de hedge aliviam sua situação por algum tempo, tem as proporções de hecatombe, não só na economia mas no meio ambiente, porque torna inviável financeiramente a produção de energia limpa, que é cara.

Em três meses, o preço mundial do petróleo caiu mais de 50%.

Ontem, queda de 6%. Hoje, mais queda, quase igual.

E o que faz O Globo?

Zumbe como uma mosca em volta da Petrobras.

“Barril do petróleo a US$ 50 traz dúvidas sobre viabilidade do pré-sal”.

Poderia ser traduzida como “Vendam, entreguem, façam algo para se livrar deste mico”, não é?
E se não é viável para a empresa que já detém quase toda a outorga para explorar as jazidas conhecidas (ou semiconhecidas) da área, também não seria para as outras petroleiras?

A leitura da matéria mostra que nenhum dos especialistas consultados acha que é inviável a exploração do pré-sal, obvio.

Porque não é.

E não é desastroso para a Petrobras, mais que para outras petroleiras, a queda no preço do petróleo, porque a curva de produção está apenas no início de elevação, com pico a daqui a mais de  cinco anos.

A queda do preço permite conjugar, sem traumas, a elevação do dólar com a não-elevação do preço ao consumidor, internamente, aliviando suas pressões de caixa.

E, muito ao contrário, leiloar áreas do pré-sal, agora, seria entregar a preço de banana o que, ninguém tem dúvidas, vai coltar aos altos patamares de preço que tinha antes.

É tudo o que o Globo quer.

O Globo é a mais perfeita tradução da raposa que não alcançou as uvas.

Estavam verdes, aquelas porcarias, não é?