6 de agosto de 2010 às 13:03
Será que Serra deseja realmente que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos?
MARK WEISBROT*, na Folha de S. Paulo
O que José Serra está tentando fazer? Em sua campanha pela Presidência do Brasil, ele acusou a Bolívia de cumplicidade no tráfico de drogas e criticou Lula por tentar mediar a disputa entre Washington e o Irã, e por recusar (em companhia da maioria dos demais países sul-americanos) reconhecimento ao governo de Honduras, “eleito” sob uma ditadura.
Por algum tempo ele optou por não aderir à campanha internacional de Washington contra a Venezuela, mas agora Serra e seu candidato a vice, Indio da Costa, também adentraram aquele pútrido pântano, alegando que a Venezuela “abriga” as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), o principal grupo guerrilheiro que combate o governo da Colômbia.
Que conste: a despeito de uma década de alegações, Washington ainda não conseguiu apresentar publicamente um traço de prova de que o governo de Chávez de fato apoie as Farc.
A única “prova” de que existe em domínio público vem de laptops e outros equipamentos de computação supostamente capturados pelas Forças Armadas colombianas em sua incursão ao território do Equador em março de 2008.
Blogueiros de direita como Reinaldo Azevedo repetem o mito de mídia de que a Interpol teria confirmado a autenticidade desses arquivos supostamente capturados, mas um relatório da Interpol nega enfaticamente essa possibilidade. Tudo que temos é a palavra das Forças Armadas colombianas -organização que sabidamente assassinou centenas de adolescentes inocentes e os vestiu como guerrilheiros.
Será que Serra realmente deseja que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos a fim de se colocar desafiadoramente do lado errado da história? E isso apenas para se tornar o maior aliado direitista de Washington? Sim, caso Serra não tenha percebido, os Estados Unidos, sob o governo Obama como sob o governo Bush, só têm governos de direita como aliados no hemisfério: Canadá, Panamá, Colômbia, Chile, México. Existe um motivo para isso: a política norte-americana com relação à América Latina não mudou sob Obama.
Mesmo de um ponto de vista puramente maquiavélico -deixando de lado qualquer ideia de fazer da região ou do mundo um lugar melhor-, a estratégia “Serra Palin” faz pouco sentido. O Brasil tinha boas relações com Bush e pode ter boas relações com Obama sem incorrer nessa espécie desonrosa de servidão.
O Brasil não é El Salvador, país cujo governo vive sob chantagem por ameaças de enviar de volta ao seu território os milhares de emigrantes salvadorenhos que vivem nos Estados Unidos. E nem El Salvador tomou a estrada que Serra está percorrendo.
Não é apenas na Venezuela e na Bolívia que os Estados Unidos investem dezenas de milhões de dólares para adquirir influência política. Em 2005, como reportou este jornal, os Estados Unidos bancaram um esforço para mudar a lei brasileira de maneira a reforçar a oposição ao Partido dos Trabalhadores.
Washington tem grande interesse no resultado da eleição deste ano porque procura reverter as mudanças que tornaram a América Latina, no passado o “quintal” dos Estados Unidos, mais independente que nunca em sua história. José Serra está fazendo com que esse interesse cresça a cada dia.
tradução de Paulo Migliacci
*Weisbrot é co-diretor do Centro para Pesquisa Política e Econômica, um think-tank progressista de Washington, colunista do jornal britânico Guardian e da Folha.
Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Terrorismo Ianque em Alcântara
Ronaldo Schlichting
“Eles queriam que desistíssemos do VLS. Respondi que não havia ido lá para negociar o VLS, mas para começar a negociar lançamentos a partir de Alcântara com uso de tecnologia americana protegida”
Em julho de 2000, sugeri pela Internet — e foi publicado pelo jornal eletrônico da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) — uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar e relatar as sabotagens diretas e indiretas que vinha e vem enfrentando o Programa Espacial Brasileiro, com o claro propósito de sepultá-lo definitivamente, para facilitar e justificar a entrega da base aeroespacial de Alcântara-MA ao controle internacional.
A sabotagem direta, praticada pelo Pentágono e seus soldados “brasileiros” da 5ª coluna…, hoje não passa de um “Segredo de Polichinelo”.
Mera coincidência, o embaixador do Brasil nos EUA, grande articulador e um dos ferrenhos defensores do “Acordo Sardenberg-USA”, no dia 11 de setembro de 2001 tinha um almoço agendado no Pentágono. Só não compareceu ao encontro por que um “avião” havia explodido por lá pela manhã (Fonte: Folha de São Paulo).
Porém, a sabotagem indireta é o ataque silencioso e perverso que o Brasil e o seu Programa Espacial vêm sofrendo, sem tréguas, nos últimos 20 anos.
Este é o pior tipo de agressão que uma nação pode sofrer, porque se trata da agressão generalizada e institucionalizada através da lei orçamentária, de medidas provisórias, de portarias ministeriais, de emendas à Constituição, de tratados e “acordos” internacionais espúrios, etc.
A princípio, não existem forças armadas no mundo que possam defender seus territórios contra este tipo de ataque, porque ele vem de dentro, através da quinta coluna cooptada pelo agressor nas fileiras do próprio Estado.”
“Face ao covarde e criminoso ataque terrorista perpetrado contra o Brasil às suas Forças Armadas e a 21 cidadãos civis no dia 22 de agosto de 2003 na base aeroespacial de Alcântara, urge a instalação de uma comissão de investigação séria, patriótica e com seus constituintes escolhidos a dedo — excluindo dela os já conhecidos “internacionalistas” que fazem parte da “escola do Sr. Ronaldo Sardenberg” — para que, ao menos desta vez, em nome das vítimas, a verdade prevaleça.
Para isso, o trabalho tem que ser iniciado pelo “ponto zero”, ou no mínimo o mais próximo dele possível.
Assim, forneceremos aqui algumas pistas que deveriam ser investigadas, não só por alguma comissão ou comissões que venham a ser estabelecidas, mas também pelo Ministério Público Federal.
1985 — O governo brasileiro pede a presença norte-americana em toda a Amazônia por intermédio da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço Aéreo dos EUA (Nasa), através do LBA (The Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia), inclusive com a instalação de uma estação transmissora e receptora em Alcântara.
1986 — Correu a notícia de que em fevereiro, um grupo armado invadiu as instalações do CTA (Centro Tecnológico de Aeronáutica), de onde subtraiu informações sobre o VLS. Após este ato, ao ser surpreendido, o grupo fugiu trocando tiros com a segurança do Centro.
1989 — O brigadeiro Paulo Roberto Camarinha declarou para a Folha de São Paulo: “Nem em 2089 o satélite sai”.
Nesta época, já vinham à tona os primeiros nomes dos inimigos declarados da Missão Completa Espacial Brasileira, que tramavam nos bastidores a contratação para lançamento do primeiro satélite brasileiro, o SSR 1, em um vôo experimental de um foguete norte-americano, o Pegasus, da Orbiter, em detrimento do VLS, cujo desenvolvimento já estava atrasado por falta de verbas e pelo boicote internacional ao programa.
1991 — Por “pressão” do governo norte-americano, Fernando Collor rejeita excelente oferta russa de transferência total de tecnologia espacial para o Brasil, através da Elebra, e fecha negócio com a Orbiter americana, desviando assim US$ 18 milhões do programa para o desenvolvimento do VLS (fonte: revista Veja e Folha de São Paulo)
1993 — Lançado o primeiro satélite brasileiro por um foguete Pegasus norte-americano.
1995 — O governo de FHC submete o Brasil ao MTCR (Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis) por imposição de Washington.
1994 — O governo dos Estados Unidos da América confisca os primeiros vasos dos motores do VLS que tinham sido enviados para lá, a fim de se submeterem a um tratamento térmico em uma siderúrgica ianque. Neste caso o “tiro saiu pela culatra” porque, em função da arbitrariedade do Tio Sam, o CTA descobriu que a Villares S/A poderia fazer aqui o mesmo serviço e assim é feito até hoje (esta informação foi confirmada por Gylvan Meira Filho, o primeiro Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), por e-mail).
1994 — Durante os primeiros testes dos motores S-43 do VLS em São José dos Campos houve uma explosão, investigada pelo Serviço de Inteligência da Aeronáutica, foi classificada como sabotagem (fonte: Internet).
1995 — Fernando Henrique Cardoso cria a AEB por determinação de Washington (fonte: Folha de São Paulo) e nomeia como seu presidente Gylvan Meira Filho, homem com fortes ligações com a Nasa (fonte: Spacenews).
1997 — Através da AEB, o Brasil assina contrato com a Nasa para participar da construção da Estação Espacial Internacional Americana, por intermédio do qual administração Cardoso desviou mais US$ 150 milhões do seu programa espacial próprio.
1997 — O primeiro protótipo do Veículo Lançador de Satélites brasileiro foi lançado pela Força Aérea da Base Aeroespacial de Alcântara, as 09:25 horas do dia 2 de novembro de 1997, para colocar em órbita o satélite de sensoriamento remoto do INPE com (N) dias de atraso, sem a presença do presidente da República, Cardoso, ou alguns de seus ministros.
O primeiro estágio, composto por quatro motores-foguete S-43 da FAB, de combustível sólido, acoplados simetricamente ao redor do motor do segundo estágio, idêntico aos quatro primeiros, foi acionado com parcial sucesso, porque o motor-foguete D inexplicavelmente não acendeu. Por isso, 29 segundos após decolar da mesa de lançamento, e não suportando a crescente carga dinâmica provocada pelo grande ângulo de ataque se auto-destruiu a uma altitude de 3.250 metros, a uma velocidade de (X) quilômetros por hora 7 , voando no rumo (X) e a uma distância de (X) quilômetros da rampa de lançamento. A parte superior do veículo foi tele-destruída 65 segundos após a decolagem e caiu no mar a uma distância de 1.920 metros da mesa de lançamento.
João Stainer, astrofísico e funcionário do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que foi o indicado pelo governo como especialista oficial para descrever e dar detalhes sobre o lançamento para a TV Clora, que transmitia ao vivo para todo o Brasil (quando na verdade deveria ter sido designado um oficial da Aeronáutica, destacado no IAE ou CTA), já demonstrava cabalmente em suas palavras quais eram as verdadeiras intenções de Cardoso para com o futuro da Base de Alcântara e do Programa Espacial Brasileiro ao dizer, sorrindo, minutos apos a explosão do VLS: “(…) o problema não foi com a Base, foi com o foguete. Foi com um motor do primeiro estágio do foguete e não com a Base. E a Base tem uma perspectiva muito grande para se tornar uma Base, um Espaçoporto Internacional, onde muitos países poderiam se beneficiar lançando os foguetes…”
O diretor-Geral do DEPED (Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Aeronáutica), tenente-Brigadeiro-do-Ar José Marconi de Almeida Santos, constituiu uma Comissão de Investigação para, no prazo de trinta dias, realizar uma análise das causas do acidente.
Conclusão: “Dos dados levantados e dos ensaios realizados com componentes similares aos utilizados na rede pirotécnica de ignição do VLS1-PT01, pode-se afirmar que o motivo do não acendimento do motor-foguete D foi a dupla falha na transmissão da ordem pirotécnica, entre os detonadores e os reforçadores do Dispositivo Mecânico de Segurança (DMS).”
Como podemos constatar, o documento em questão só demonstra o óbvio, sem apresentar suas causas e os seus responsáveis. O relatório contempla muito pouco a atuação e a responsabilidade do fator humano pela causa da “falha”.
Análise da Falha do DMS: “Os aspectos essenciais do DMS são o alinhamento e o espaçamento induzidos nas duas interfaces pirotécnicas em seu interior. No rotor do DMS se alojam duas cargas pirotécnicas denominadas reforçadores que, na posição ‘armado’, devem ficar alinhados com os detonadores de um lado e com os Estopins Detonantes Confinados (EDC) do outro. A verificação do alinhamento é feita por pessoal experiente e conferida por inspetor também experiente.” (Fonte: IAE/CTA). Face a tantas contradições quem realmente pode nos garantir que o rotor do DMS do motor D foi corretamente alinhado ou, se, até, na última hora, desalinhado intencionalmente? Outra informação intrigante e a de que o perfeito funcionamento do ejetor não garante o acendimento do combustível do motor.
1999 — A Gazeta Mercantil de setembro e a Galileu de outubro trazem graves denúncias contra o governo Cardoso e seu ministro da C&T (Ciência e Tecnologia), hoje embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Ronaldo Sardenberg, por suas ações contra o Programa Espacial Brasileiro. O primeiro demonstra cabalmente os artifícios usados para a demolição das equipes tecno-científicas do IAE/CTA e o segundo afirma: “As potências do Primeiro Mundo boicotam, o governo desdenha e corta verbas, mas eles não desistem. Esperamos que vençam pela teimosia.”
1999 — O segundo protótipo do VLS 01 foi lançado pela Forca Aérea Brasileira da Base Aeroespacial de Alcântara sem a presença do presidente da República ou alguns de seus ministros, às 16:39 horas do dia 11 de dezembro de 1999, para colocar em órbita o satélite de aplicações cientificas, SACI 2 do INPE, com (N) dias de atraso. O primeiro estágio, composto por quatro motores-foguete S-43 da FAB, de combustível sólido, acoplados simetricamente ao redor do motor do segundo estágio, idêntico aos quatro primeiros, foi acionado com sucesso e funcionou perfeitamente por 55,4 segundos, quando o motor do segundo estágio foi aceso por ordem do computador de bordo. Porém, 5 décimos de segundo após a sua ignição, explodiu a uma altitude de (X) mil metros, a uma velocidade de (X) quilômetros por hora, voando no rumo (X), e a uma distância de (X) quilômetros da rampa de lançamento.
A explosão de 7 toneladas de combustível sólido desacoplou intempestivamente o conjunto formado pelo motor do terceiro estágio da baia de equipamentos, do quarto estágio e da coifa com o satélite do resto do foguete. Entretanto, a forte explosão não causou danos ao conjunto superior, que continuou voando sem propulsão e controle em uma trajetória balística até aos 119 segundos, quando o computador de bordo comandou a ignição do motor do terceiro estágio, a uma altitude de (Y) mil metros, a uma velocidade de (Y) quilômetros por hora, voando no rumo (Y), numa atitude ligeiramente picada de (Y) graus, e a uma distância de (Y) quilômetros da rampa de lançamento.
O terceiro estágio funcionou em condições normais pelo tempo previsto, seguindo uma trajetória anômala, mas dentro de uma área que não infringia a segurança, até aos 189 segundos, conforme o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), e até aos 200 segundos, de acordo com a Agência Espacial Brasileira, a uma altitude de (Z) mil metros, a uma velocidade de (Z) quilômetros por hora, voando no rumo (Z), numa atitude de (Z) graus, e a uma distância de (Z) quilômetros da rampa de lançamento. A equipe de segurança de vôo comandou a teledestruição do quarto estágio ao notar que a trajetória seguida pelo conjunto estava se deslocando para fora da área de segurança. O ponto de impacto dos destroços do satélite, assim como os restos do conjunto, se deram a (H) quilômetros da rampa de lançamento no Oceano Atlântico, a (H) graus de latitude, e a (H) graus de longitude, (H) segundos após o lançamento. São 19 incógnitas que o governo, através da AEB, se recusa a responder.
Após a explosão do segundo VLS em 11/12/99, que colocaria em órbita o satélite SACI 2, passei a acompanhar pela Internet e pela imprensa os seus desdobramentos. A partir daí, percebi que as notícias divulgadas eram contraditórias com os fatos e com as declarações dos responsáveis pelo lançamento. Por isso, passei a investigar o assunto, questionando os diversos órgãos envolvidos, até que recebi um e-mail de um integrante de um dos órgãos envolvidos na questão que diz: “(…) infelizmente, não posso divulgar outras informações além das que estão disponíveis na Internet, as quais foram cuidadosamente elaboradas e abalizadas antes de serem postas no ar. (…) se nós expormos as verdadeiras razões acabamos por ir frontalmente contra o governo (…)”
Em princípio, quais eram essas contradições? No dia do lançamento, o Brigadeiro Tiago da Silva Ribeiro, então diretor do CTA, disse para todos os canais de TV que cobriam o evento: “o VLS foi tele-destruído aos 3 minutos e 20 segundos de vôo porque o motor do segundo estágio não acendeu.” A AEB, pela Internet, (www.agespacial.gov.br) confirmou essa informação. Em seguida, a própria AEB, ainda mantendo a primeira versão do fato, divulgava que o segundo estágio do VLS explodiu aos 56 segundos de vôo, mas o foguete continuou voando normalmente até ser tele-destruído aos 200 segundos.
Sete toneladas de combustível sólido explodem e o foguete continua voando normalmente? Como? As imagens apresentadas na época pela TV como a da tele-destruição do terceiro estágio, eram, na verdade, a da suposta explosão do segundo estágio e não mostram o característico “chuveiro” (formado por milhares de pequenos pedaços de propelente queimando) quando da detonação de motores que queimam combustível sólido.
Entre o fato de o motor não acender e explodir, existe uma grande diferença, mesmo para um leigo. Passei essas indagações para a SBPC, que as publicou no seu jornal eletrônico em 4 de julho de 2000, com o título: Agência Espacial Brasileira divulga falso relatório sobre a falha do VLS. Após essa publicação, o brigadeiro Tiago e o Coronel Aviador Mozart M. Louzada Jr., até então Diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço, alertados pela empresa Brazsat Commercial Space Services (www.brazsat.com) sobre a denúncia, convidam-me para uma visita ao CTA e ao IAE, onde dariam todas explicações necessárias. O coronel Louzada, por sua vez, ainda prometeu me enviar um e-mail respondendo item por item todos os meus justos questionamentos.
O que provocou toda essa reação? Por que um cidadão leigo no assunto e totalmente desconhecido recebeu tanta atenção? A Braz-sat, por sua vez, através de seu presidente João Vaz, (jvaz@airwaysintl.com) convidou-me para assistir em 08/09/00, como convidado VIP, o lançamento da nave Atlantis em Cabo Canaveral. Por quê? O coronel Louzada cumpriu o que prometeu. Enviou as respostas às minhas perguntas, mas as contradições só aumentaram, o que chamou ainda mais a minha atenção. Segundo o coronel, “o vôo não pôde prosseguir, pois o motor do segundo estágio não acendeu (ele teve o início de acendimento, mas apagou-se em seguida, quase que imediatamente)”. Neste ponto a explicação virou num mar de contradições. O coronel disse também que os técnicos do CLA recuperaram parte do envelope do motor do terceiro estágio. Como? Pois se os fatos aconteceram conforme descrevem os relatórios, os seus destroços devem ter caído entre 60 a 130 km da costa. O coronel ainda informou que as fitas de vídeo, sem cortes, com a sequência do vôo que solicitei ao IAE não precisariam ser fornecidas, já que as imagens divulgadas pelas TVs comerciais eram semelhantes às gravadas pelo CLA, porque eles também não dispunham de câmaras de altíssima resolução como as da NASA para registrar o vôo. Entretanto, no relatório elaborado pela Comissão que investigou a falha, está escrito que foram feitas imagens com câmeras de altíssima velocidade. Se foram investidos R$ 1,6 bilhões no programa, iriam deixar de comprar pelo menos uma câmera especial para registrar opticamente os vôos?
A descrição oficial da causa da falha apresentada pela Comissão de Investigação não é conclusiva. A hipótese da sub-câmara confederada, a mais provável, tal como está descrita no Relatório, não é lógica, e chega a ser infantil. Considera a possibilidade de ter existido dentro da câmara de combustão do motor do segundo estágio uma pequena zona com pressão muito superior à prevista para todo o resto do mesmo vaso, provocando a sua ruptura naquele ponto. A hipótese, que também consta do relatório oficial diz: “Os sistemas de destruição do veículo (teledestruição ou autodestruição) foram acionados intencional ou intempestivamente.”
Tendo em vista todas essas absurdas contradições, podemos formular outra hipótese: os sistemas de destruição foram acionados intencionalmente por um sinal transmitido aos 55,9 segundos de vôo por alguém fora do centro de lançamento de Alcântara.
Em 24 de fevereiro de 2002, o Deputado Helio Costa (PMDB-MG) deu uma entrevista à rádio CBN, onde falou sobre a presença de um navio norte-americano, tipo Pueblo, navegando na costa do Maranhão em 11 de dezembro de 1999, que também estava rastreando o lançamento do VLS. O segundo estágio do VLS pode ter sido teledestruido por um sinal enviado por esse navio.
Prova disso:
1. Palavras do Ministro Ronaldo Sardenberg para a revista Veja na sua edição de 12 de setembro de 2001: “Sabe qual era a posição inicial dos EUA? Eles queriam que desistíssemos do VLS. Respondi que não havia ido lá para negociar o VLS, mas para começar a negociar lançamentos a partir de Alcântara com uso de tecnologia americana protegida. E conseguimos.”
2. Palestra do brigadeiro Reginaldo dos Santos para o Grupo Guararapes e seus convidados em 23 de Janeiro de 2002, na cidade de Fortaleza: “Os americanos queriam que nós desistíssemos do VLS para eles assinarem o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas.”
3. Palavras de Jose Monserrat Filho, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Direito Espacial, na página da AEB: “Washington nunca engoliu a idéia de que o Brasil pudesse desenvolver o foguete VLS.”
4. Havia também uma câmara de TV acoplada na parte externa superior do VLS apontada para baixo, filmando e transmitindo em tempo real o funcionamento dos motores do primeiro estágio e, portanto, deve ter registrado a explosão do segundo estágio assim que ela ocorreu. Então, porque afirmar, intempestivamente, num primeiro momento que o motor não acendeu?
5. O terceiro estágio foi teledestruido aos 200 segundos de vôo, de acordo com a AEB, e aos 189 segundos, conforme o IAE. Porque esta diferença de 11 segundos entre um e outro informante?
6. O relatório do coronel Louzada comenta: “Vale ressaltar que recebemos vários comentários de outras agências externas ao Brasil, confirmando os resultados apresentados.” Que outras agências são essas? Como tiveram acesso às informações do CLA para análise da falha? Através da AEB? Quem são estes estrangeiros bonzinhos?
A revista Galileu nº 99 (outubro de 1999) já publicava: Suzel Tunes relata as dificuldades e a abnegação dos cientistas de nosso programa espacial em sua luta para colocar nos ares o foguete brasileiro.
“As potências do Primeiro Mundo boicotam, o governo desdenha e corta verbas, mas eles não desistem. Esperamos que vençam pela teimosia”, disse Ronaldo Sardenberg. Se as potências do Primeiro Mundo boicotam o programa, como elas aparecem agora interessadas em salvá-lo?
Não é preciso ser um especialista para concluir que alguma coisa está errada. O Diretor-Geral do DEPED, Tenente-Brigadeiro-do-Ar José Marconi de Almeida Santos, constituiu uma Comissão para, no prazo de trinta dias, proceder à investigação do insucesso no vôo do VLS-1 V02.
Conclusão Oficial: “A ocorrência de penetração de chama na interface do propelente com a proteção térmica, na região do domo dianteiro do motor-foguete, foi, mais provavelmente, a causa de sua explosão e insucesso da missão de colocação em órbita do Satélite Saci 2 do INPE” (Fonte: IAE/CTA).
Mais uma vez, foi apresentada uma “conclusão inconclusiva” sem indicar responsabilidade. Os membro indicados para compor essa última são praticamente os mesmos que integraram a “Comissão” que investigou a primeira falha.
Curiosidades: O Dr. Múcio Dias, ex-presidente da AEB, fez parte das duas Comissões citadas anteriormente e o Dr. Jorge Bevilaqua, atual presidente da AEB, compôs a última. Será que também vão fazer parte da terceira?
2000 – Brasília, 18 de abril. Na calada da noite, quatro meses após a explosão do segundo VLS, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenbeg, assina o “Acordo de Salvaguardas Tecnológicas”, que passa o controle da base aeroespacial de Alcântara aos ianques.
2002 – Dezembro: Gylvan Meira Filho, logo após ser exonerado da presidência da Agência Espacial Brasileira, foi condecorado pela Nasa pelos bons serviços prestados para aquela agência estrangeira (Folha on-line).
2002 – A nova guerra total (Correio Braziliense, em 22 de julho): “(…) general Charles E. Wilhelm, do Comando de Forças Conjuntas dos EUA, disse no Centro de Informações para Defesa, que a estratégia de guerra de seu país autoriza ‘a realização de Operações Decisivas Rápidas (RDO), na área psicológica, econômica e cibernética’. Nessa, admite ‘invadir computadores inimigos para impedir lançamento de mísseis e proteger interesses americanos’.”
2003 – Janeiro: o governo dos Estados Unidos apresenta uma nova arma ao mundo: “a bomba de microondas”. Trata-se de um artefato, a ser operado de aviões, mísseis cruzeiro, navios, satélites, etc., que emite um potente pulso eletromagnético orientado que, em princípio, interfere e destrói todo tipo de equipamento eletrônico em foguetes, radares, aviões, navios, satélites, etc. para o qual é apontado.
2003 – 22 de agosto: o terceiro protótipo do VLS 01 não foi lançado pela Forca Aérea Brasileira da Base Aeroespacial de Alcântara, porque às 13:30 horas o motor S-43-A do primeiro estágio, de combustível sólido, foi acionado intempestivamente com o VLS ainda dentro do hangar de integração sendo preparado para a decolagem, que deveria acontecer no dia 25. Trágica e covarde sabotagem: 21 brasileiros assassinados.”
“Eles queriam que desistíssemos do VLS. Respondi que não havia ido lá para negociar o VLS, mas para começar a negociar lançamentos a partir de Alcântara com uso de tecnologia americana protegida”
Em julho de 2000, sugeri pela Internet — e foi publicado pelo jornal eletrônico da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) — uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar e relatar as sabotagens diretas e indiretas que vinha e vem enfrentando o Programa Espacial Brasileiro, com o claro propósito de sepultá-lo definitivamente, para facilitar e justificar a entrega da base aeroespacial de Alcântara-MA ao controle internacional.
A sabotagem direta, praticada pelo Pentágono e seus soldados “brasileiros” da 5ª coluna…, hoje não passa de um “Segredo de Polichinelo”.
Mera coincidência, o embaixador do Brasil nos EUA, grande articulador e um dos ferrenhos defensores do “Acordo Sardenberg-USA”, no dia 11 de setembro de 2001 tinha um almoço agendado no Pentágono. Só não compareceu ao encontro por que um “avião” havia explodido por lá pela manhã (Fonte: Folha de São Paulo).
Porém, a sabotagem indireta é o ataque silencioso e perverso que o Brasil e o seu Programa Espacial vêm sofrendo, sem tréguas, nos últimos 20 anos.
Este é o pior tipo de agressão que uma nação pode sofrer, porque se trata da agressão generalizada e institucionalizada através da lei orçamentária, de medidas provisórias, de portarias ministeriais, de emendas à Constituição, de tratados e “acordos” internacionais espúrios, etc.
A princípio, não existem forças armadas no mundo que possam defender seus territórios contra este tipo de ataque, porque ele vem de dentro, através da quinta coluna cooptada pelo agressor nas fileiras do próprio Estado.”
“Face ao covarde e criminoso ataque terrorista perpetrado contra o Brasil às suas Forças Armadas e a 21 cidadãos civis no dia 22 de agosto de 2003 na base aeroespacial de Alcântara, urge a instalação de uma comissão de investigação séria, patriótica e com seus constituintes escolhidos a dedo — excluindo dela os já conhecidos “internacionalistas” que fazem parte da “escola do Sr. Ronaldo Sardenberg” — para que, ao menos desta vez, em nome das vítimas, a verdade prevaleça.
Para isso, o trabalho tem que ser iniciado pelo “ponto zero”, ou no mínimo o mais próximo dele possível.
Assim, forneceremos aqui algumas pistas que deveriam ser investigadas, não só por alguma comissão ou comissões que venham a ser estabelecidas, mas também pelo Ministério Público Federal.
1985 — O governo brasileiro pede a presença norte-americana em toda a Amazônia por intermédio da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço Aéreo dos EUA (Nasa), através do LBA (The Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia), inclusive com a instalação de uma estação transmissora e receptora em Alcântara.
1986 — Correu a notícia de que em fevereiro, um grupo armado invadiu as instalações do CTA (Centro Tecnológico de Aeronáutica), de onde subtraiu informações sobre o VLS. Após este ato, ao ser surpreendido, o grupo fugiu trocando tiros com a segurança do Centro.
1989 — O brigadeiro Paulo Roberto Camarinha declarou para a Folha de São Paulo: “Nem em 2089 o satélite sai”.
Nesta época, já vinham à tona os primeiros nomes dos inimigos declarados da Missão Completa Espacial Brasileira, que tramavam nos bastidores a contratação para lançamento do primeiro satélite brasileiro, o SSR 1, em um vôo experimental de um foguete norte-americano, o Pegasus, da Orbiter, em detrimento do VLS, cujo desenvolvimento já estava atrasado por falta de verbas e pelo boicote internacional ao programa.
1991 — Por “pressão” do governo norte-americano, Fernando Collor rejeita excelente oferta russa de transferência total de tecnologia espacial para o Brasil, através da Elebra, e fecha negócio com a Orbiter americana, desviando assim US$ 18 milhões do programa para o desenvolvimento do VLS (fonte: revista Veja e Folha de São Paulo)
1993 — Lançado o primeiro satélite brasileiro por um foguete Pegasus norte-americano.
1995 — O governo de FHC submete o Brasil ao MTCR (Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis) por imposição de Washington.
1994 — O governo dos Estados Unidos da América confisca os primeiros vasos dos motores do VLS que tinham sido enviados para lá, a fim de se submeterem a um tratamento térmico em uma siderúrgica ianque. Neste caso o “tiro saiu pela culatra” porque, em função da arbitrariedade do Tio Sam, o CTA descobriu que a Villares S/A poderia fazer aqui o mesmo serviço e assim é feito até hoje (esta informação foi confirmada por Gylvan Meira Filho, o primeiro Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), por e-mail).
1994 — Durante os primeiros testes dos motores S-43 do VLS em São José dos Campos houve uma explosão, investigada pelo Serviço de Inteligência da Aeronáutica, foi classificada como sabotagem (fonte: Internet).
1995 — Fernando Henrique Cardoso cria a AEB por determinação de Washington (fonte: Folha de São Paulo) e nomeia como seu presidente Gylvan Meira Filho, homem com fortes ligações com a Nasa (fonte: Spacenews).
1997 — Através da AEB, o Brasil assina contrato com a Nasa para participar da construção da Estação Espacial Internacional Americana, por intermédio do qual administração Cardoso desviou mais US$ 150 milhões do seu programa espacial próprio.
1997 — O primeiro protótipo do Veículo Lançador de Satélites brasileiro foi lançado pela Força Aérea da Base Aeroespacial de Alcântara, as 09:25 horas do dia 2 de novembro de 1997, para colocar em órbita o satélite de sensoriamento remoto do INPE com (N) dias de atraso, sem a presença do presidente da República, Cardoso, ou alguns de seus ministros.
O primeiro estágio, composto por quatro motores-foguete S-43 da FAB, de combustível sólido, acoplados simetricamente ao redor do motor do segundo estágio, idêntico aos quatro primeiros, foi acionado com parcial sucesso, porque o motor-foguete D inexplicavelmente não acendeu. Por isso, 29 segundos após decolar da mesa de lançamento, e não suportando a crescente carga dinâmica provocada pelo grande ângulo de ataque se auto-destruiu a uma altitude de 3.250 metros, a uma velocidade de (X) quilômetros por hora 7 , voando no rumo (X) e a uma distância de (X) quilômetros da rampa de lançamento. A parte superior do veículo foi tele-destruída 65 segundos após a decolagem e caiu no mar a uma distância de 1.920 metros da mesa de lançamento.
João Stainer, astrofísico e funcionário do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que foi o indicado pelo governo como especialista oficial para descrever e dar detalhes sobre o lançamento para a TV Clora, que transmitia ao vivo para todo o Brasil (quando na verdade deveria ter sido designado um oficial da Aeronáutica, destacado no IAE ou CTA), já demonstrava cabalmente em suas palavras quais eram as verdadeiras intenções de Cardoso para com o futuro da Base de Alcântara e do Programa Espacial Brasileiro ao dizer, sorrindo, minutos apos a explosão do VLS: “(…) o problema não foi com a Base, foi com o foguete. Foi com um motor do primeiro estágio do foguete e não com a Base. E a Base tem uma perspectiva muito grande para se tornar uma Base, um Espaçoporto Internacional, onde muitos países poderiam se beneficiar lançando os foguetes…”
O diretor-Geral do DEPED (Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Aeronáutica), tenente-Brigadeiro-do-Ar José Marconi de Almeida Santos, constituiu uma Comissão de Investigação para, no prazo de trinta dias, realizar uma análise das causas do acidente.
Conclusão: “Dos dados levantados e dos ensaios realizados com componentes similares aos utilizados na rede pirotécnica de ignição do VLS1-PT01, pode-se afirmar que o motivo do não acendimento do motor-foguete D foi a dupla falha na transmissão da ordem pirotécnica, entre os detonadores e os reforçadores do Dispositivo Mecânico de Segurança (DMS).”
Como podemos constatar, o documento em questão só demonstra o óbvio, sem apresentar suas causas e os seus responsáveis. O relatório contempla muito pouco a atuação e a responsabilidade do fator humano pela causa da “falha”.
Análise da Falha do DMS: “Os aspectos essenciais do DMS são o alinhamento e o espaçamento induzidos nas duas interfaces pirotécnicas em seu interior. No rotor do DMS se alojam duas cargas pirotécnicas denominadas reforçadores que, na posição ‘armado’, devem ficar alinhados com os detonadores de um lado e com os Estopins Detonantes Confinados (EDC) do outro. A verificação do alinhamento é feita por pessoal experiente e conferida por inspetor também experiente.” (Fonte: IAE/CTA). Face a tantas contradições quem realmente pode nos garantir que o rotor do DMS do motor D foi corretamente alinhado ou, se, até, na última hora, desalinhado intencionalmente? Outra informação intrigante e a de que o perfeito funcionamento do ejetor não garante o acendimento do combustível do motor.
1999 — A Gazeta Mercantil de setembro e a Galileu de outubro trazem graves denúncias contra o governo Cardoso e seu ministro da C&T (Ciência e Tecnologia), hoje embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Ronaldo Sardenberg, por suas ações contra o Programa Espacial Brasileiro. O primeiro demonstra cabalmente os artifícios usados para a demolição das equipes tecno-científicas do IAE/CTA e o segundo afirma: “As potências do Primeiro Mundo boicotam, o governo desdenha e corta verbas, mas eles não desistem. Esperamos que vençam pela teimosia.”
1999 — O segundo protótipo do VLS 01 foi lançado pela Forca Aérea Brasileira da Base Aeroespacial de Alcântara sem a presença do presidente da República ou alguns de seus ministros, às 16:39 horas do dia 11 de dezembro de 1999, para colocar em órbita o satélite de aplicações cientificas, SACI 2 do INPE, com (N) dias de atraso. O primeiro estágio, composto por quatro motores-foguete S-43 da FAB, de combustível sólido, acoplados simetricamente ao redor do motor do segundo estágio, idêntico aos quatro primeiros, foi acionado com sucesso e funcionou perfeitamente por 55,4 segundos, quando o motor do segundo estágio foi aceso por ordem do computador de bordo. Porém, 5 décimos de segundo após a sua ignição, explodiu a uma altitude de (X) mil metros, a uma velocidade de (X) quilômetros por hora, voando no rumo (X), e a uma distância de (X) quilômetros da rampa de lançamento.
A explosão de 7 toneladas de combustível sólido desacoplou intempestivamente o conjunto formado pelo motor do terceiro estágio da baia de equipamentos, do quarto estágio e da coifa com o satélite do resto do foguete. Entretanto, a forte explosão não causou danos ao conjunto superior, que continuou voando sem propulsão e controle em uma trajetória balística até aos 119 segundos, quando o computador de bordo comandou a ignição do motor do terceiro estágio, a uma altitude de (Y) mil metros, a uma velocidade de (Y) quilômetros por hora, voando no rumo (Y), numa atitude ligeiramente picada de (Y) graus, e a uma distância de (Y) quilômetros da rampa de lançamento.
O terceiro estágio funcionou em condições normais pelo tempo previsto, seguindo uma trajetória anômala, mas dentro de uma área que não infringia a segurança, até aos 189 segundos, conforme o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), e até aos 200 segundos, de acordo com a Agência Espacial Brasileira, a uma altitude de (Z) mil metros, a uma velocidade de (Z) quilômetros por hora, voando no rumo (Z), numa atitude de (Z) graus, e a uma distância de (Z) quilômetros da rampa de lançamento. A equipe de segurança de vôo comandou a teledestruição do quarto estágio ao notar que a trajetória seguida pelo conjunto estava se deslocando para fora da área de segurança. O ponto de impacto dos destroços do satélite, assim como os restos do conjunto, se deram a (H) quilômetros da rampa de lançamento no Oceano Atlântico, a (H) graus de latitude, e a (H) graus de longitude, (H) segundos após o lançamento. São 19 incógnitas que o governo, através da AEB, se recusa a responder.
Após a explosão do segundo VLS em 11/12/99, que colocaria em órbita o satélite SACI 2, passei a acompanhar pela Internet e pela imprensa os seus desdobramentos. A partir daí, percebi que as notícias divulgadas eram contraditórias com os fatos e com as declarações dos responsáveis pelo lançamento. Por isso, passei a investigar o assunto, questionando os diversos órgãos envolvidos, até que recebi um e-mail de um integrante de um dos órgãos envolvidos na questão que diz: “(…) infelizmente, não posso divulgar outras informações além das que estão disponíveis na Internet, as quais foram cuidadosamente elaboradas e abalizadas antes de serem postas no ar. (…) se nós expormos as verdadeiras razões acabamos por ir frontalmente contra o governo (…)”
Em princípio, quais eram essas contradições? No dia do lançamento, o Brigadeiro Tiago da Silva Ribeiro, então diretor do CTA, disse para todos os canais de TV que cobriam o evento: “o VLS foi tele-destruído aos 3 minutos e 20 segundos de vôo porque o motor do segundo estágio não acendeu.” A AEB, pela Internet, (www.agespacial.gov.br) confirmou essa informação. Em seguida, a própria AEB, ainda mantendo a primeira versão do fato, divulgava que o segundo estágio do VLS explodiu aos 56 segundos de vôo, mas o foguete continuou voando normalmente até ser tele-destruído aos 200 segundos.
Sete toneladas de combustível sólido explodem e o foguete continua voando normalmente? Como? As imagens apresentadas na época pela TV como a da tele-destruição do terceiro estágio, eram, na verdade, a da suposta explosão do segundo estágio e não mostram o característico “chuveiro” (formado por milhares de pequenos pedaços de propelente queimando) quando da detonação de motores que queimam combustível sólido.
Entre o fato de o motor não acender e explodir, existe uma grande diferença, mesmo para um leigo. Passei essas indagações para a SBPC, que as publicou no seu jornal eletrônico em 4 de julho de 2000, com o título: Agência Espacial Brasileira divulga falso relatório sobre a falha do VLS. Após essa publicação, o brigadeiro Tiago e o Coronel Aviador Mozart M. Louzada Jr., até então Diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço, alertados pela empresa Brazsat Commercial Space Services (www.brazsat.com) sobre a denúncia, convidam-me para uma visita ao CTA e ao IAE, onde dariam todas explicações necessárias. O coronel Louzada, por sua vez, ainda prometeu me enviar um e-mail respondendo item por item todos os meus justos questionamentos.
O que provocou toda essa reação? Por que um cidadão leigo no assunto e totalmente desconhecido recebeu tanta atenção? A Braz-sat, por sua vez, através de seu presidente João Vaz, (jvaz@airwaysintl.com) convidou-me para assistir em 08/09/00, como convidado VIP, o lançamento da nave Atlantis em Cabo Canaveral. Por quê? O coronel Louzada cumpriu o que prometeu. Enviou as respostas às minhas perguntas, mas as contradições só aumentaram, o que chamou ainda mais a minha atenção. Segundo o coronel, “o vôo não pôde prosseguir, pois o motor do segundo estágio não acendeu (ele teve o início de acendimento, mas apagou-se em seguida, quase que imediatamente)”. Neste ponto a explicação virou num mar de contradições. O coronel disse também que os técnicos do CLA recuperaram parte do envelope do motor do terceiro estágio. Como? Pois se os fatos aconteceram conforme descrevem os relatórios, os seus destroços devem ter caído entre 60 a 130 km da costa. O coronel ainda informou que as fitas de vídeo, sem cortes, com a sequência do vôo que solicitei ao IAE não precisariam ser fornecidas, já que as imagens divulgadas pelas TVs comerciais eram semelhantes às gravadas pelo CLA, porque eles também não dispunham de câmaras de altíssima resolução como as da NASA para registrar o vôo. Entretanto, no relatório elaborado pela Comissão que investigou a falha, está escrito que foram feitas imagens com câmeras de altíssima velocidade. Se foram investidos R$ 1,6 bilhões no programa, iriam deixar de comprar pelo menos uma câmera especial para registrar opticamente os vôos?
A descrição oficial da causa da falha apresentada pela Comissão de Investigação não é conclusiva. A hipótese da sub-câmara confederada, a mais provável, tal como está descrita no Relatório, não é lógica, e chega a ser infantil. Considera a possibilidade de ter existido dentro da câmara de combustão do motor do segundo estágio uma pequena zona com pressão muito superior à prevista para todo o resto do mesmo vaso, provocando a sua ruptura naquele ponto. A hipótese, que também consta do relatório oficial diz: “Os sistemas de destruição do veículo (teledestruição ou autodestruição) foram acionados intencional ou intempestivamente.”
Tendo em vista todas essas absurdas contradições, podemos formular outra hipótese: os sistemas de destruição foram acionados intencionalmente por um sinal transmitido aos 55,9 segundos de vôo por alguém fora do centro de lançamento de Alcântara.
Em 24 de fevereiro de 2002, o Deputado Helio Costa (PMDB-MG) deu uma entrevista à rádio CBN, onde falou sobre a presença de um navio norte-americano, tipo Pueblo, navegando na costa do Maranhão em 11 de dezembro de 1999, que também estava rastreando o lançamento do VLS. O segundo estágio do VLS pode ter sido teledestruido por um sinal enviado por esse navio.
Prova disso:
1. Palavras do Ministro Ronaldo Sardenberg para a revista Veja na sua edição de 12 de setembro de 2001: “Sabe qual era a posição inicial dos EUA? Eles queriam que desistíssemos do VLS. Respondi que não havia ido lá para negociar o VLS, mas para começar a negociar lançamentos a partir de Alcântara com uso de tecnologia americana protegida. E conseguimos.”
2. Palestra do brigadeiro Reginaldo dos Santos para o Grupo Guararapes e seus convidados em 23 de Janeiro de 2002, na cidade de Fortaleza: “Os americanos queriam que nós desistíssemos do VLS para eles assinarem o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas.”
3. Palavras de Jose Monserrat Filho, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Direito Espacial, na página da AEB: “Washington nunca engoliu a idéia de que o Brasil pudesse desenvolver o foguete VLS.”
4. Havia também uma câmara de TV acoplada na parte externa superior do VLS apontada para baixo, filmando e transmitindo em tempo real o funcionamento dos motores do primeiro estágio e, portanto, deve ter registrado a explosão do segundo estágio assim que ela ocorreu. Então, porque afirmar, intempestivamente, num primeiro momento que o motor não acendeu?
5. O terceiro estágio foi teledestruido aos 200 segundos de vôo, de acordo com a AEB, e aos 189 segundos, conforme o IAE. Porque esta diferença de 11 segundos entre um e outro informante?
6. O relatório do coronel Louzada comenta: “Vale ressaltar que recebemos vários comentários de outras agências externas ao Brasil, confirmando os resultados apresentados.” Que outras agências são essas? Como tiveram acesso às informações do CLA para análise da falha? Através da AEB? Quem são estes estrangeiros bonzinhos?
A revista Galileu nº 99 (outubro de 1999) já publicava: Suzel Tunes relata as dificuldades e a abnegação dos cientistas de nosso programa espacial em sua luta para colocar nos ares o foguete brasileiro.
“As potências do Primeiro Mundo boicotam, o governo desdenha e corta verbas, mas eles não desistem. Esperamos que vençam pela teimosia”, disse Ronaldo Sardenberg. Se as potências do Primeiro Mundo boicotam o programa, como elas aparecem agora interessadas em salvá-lo?
Não é preciso ser um especialista para concluir que alguma coisa está errada. O Diretor-Geral do DEPED, Tenente-Brigadeiro-do-Ar José Marconi de Almeida Santos, constituiu uma Comissão para, no prazo de trinta dias, proceder à investigação do insucesso no vôo do VLS-1 V02.
Conclusão Oficial: “A ocorrência de penetração de chama na interface do propelente com a proteção térmica, na região do domo dianteiro do motor-foguete, foi, mais provavelmente, a causa de sua explosão e insucesso da missão de colocação em órbita do Satélite Saci 2 do INPE” (Fonte: IAE/CTA).
Mais uma vez, foi apresentada uma “conclusão inconclusiva” sem indicar responsabilidade. Os membro indicados para compor essa última são praticamente os mesmos que integraram a “Comissão” que investigou a primeira falha.
Curiosidades: O Dr. Múcio Dias, ex-presidente da AEB, fez parte das duas Comissões citadas anteriormente e o Dr. Jorge Bevilaqua, atual presidente da AEB, compôs a última. Será que também vão fazer parte da terceira?
2000 – Brasília, 18 de abril. Na calada da noite, quatro meses após a explosão do segundo VLS, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenbeg, assina o “Acordo de Salvaguardas Tecnológicas”, que passa o controle da base aeroespacial de Alcântara aos ianques.
2002 – Dezembro: Gylvan Meira Filho, logo após ser exonerado da presidência da Agência Espacial Brasileira, foi condecorado pela Nasa pelos bons serviços prestados para aquela agência estrangeira (Folha on-line).
2002 – A nova guerra total (Correio Braziliense, em 22 de julho): “(…) general Charles E. Wilhelm, do Comando de Forças Conjuntas dos EUA, disse no Centro de Informações para Defesa, que a estratégia de guerra de seu país autoriza ‘a realização de Operações Decisivas Rápidas (RDO), na área psicológica, econômica e cibernética’. Nessa, admite ‘invadir computadores inimigos para impedir lançamento de mísseis e proteger interesses americanos’.”
2003 – Janeiro: o governo dos Estados Unidos apresenta uma nova arma ao mundo: “a bomba de microondas”. Trata-se de um artefato, a ser operado de aviões, mísseis cruzeiro, navios, satélites, etc., que emite um potente pulso eletromagnético orientado que, em princípio, interfere e destrói todo tipo de equipamento eletrônico em foguetes, radares, aviões, navios, satélites, etc. para o qual é apontado.
2003 – 22 de agosto: o terceiro protótipo do VLS 01 não foi lançado pela Forca Aérea Brasileira da Base Aeroespacial de Alcântara, porque às 13:30 horas o motor S-43-A do primeiro estágio, de combustível sólido, foi acionado intempestivamente com o VLS ainda dentro do hangar de integração sendo preparado para a decolagem, que deveria acontecer no dia 25. Trágica e covarde sabotagem: 21 brasileiros assassinados.”
Irã antecipa plano de lançar espaçonave tripulada
05/08/2010Comandante.MelkDeixar um comentárioIr para os comentários
TEERÃ (Reuters) – O Irã planeja lançar uma espaçonave tripulada dentro de sete anos, dois anos antes do previsto, disse nesta quinta-feira o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad.
“Num futuro próximo vamos enviar ao espaço uma sonda de comunicações, com vida útil de cerca de um ano”, declarou Ahmadinejad durante uma conversa ao vivo na televisão em Hamadan, oeste do Irã, segundo a agência semioficial de notícias Mehr.
“O governo iniciou planos que nos permitiriam mandar uma espaçonave tripulada para o espaço dentro de sete anos”, afirmou.
Ahmadinejad havia dito em julho que o Irã iria enviar sua primeira nave tripulada para o espaço em 2019. Em fevereiro, o Irã realizou o lançamento-teste de um satélite produzido no país, com o foguete Kavoshgar-3.
Países ocidentais suspeitam que o Irã esteja tentando construir bombas nucleares e temem que a tecnologia de mísseis de longo alcance, usada para colocar satélites em órbita, possa ser usada para o lançamento de ogivas.
O país é o quinto maior exportador mundial de petróleo e insiste que seu programa nuclear tem como objetivo gerar eletricidade.
Em 2009, o Irã lançou um satélite de fabricação própria e colocou-o em órbita pela primeira vez, informando que sua finalidade era de uso pacífico, para telecomunicações e pesquisas.
(Reportagem de Hashem Kalantari)
Cid Gomes: Ciro "está absolutamente engajado" para eleger Dilma - Portal Vermelho
Cid Gomes: Ciro "está absolutamente engajado" para eleger Dilma
Candidato à reeleição, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB-CE), prometeu nesta quinta-feira (5) empenhar-se para conseguir entre 65% e 70% dos votos pró-Dilma Rousseff no estado. Pelos cálculos do governador, essa votação representa 2% do eleitorado nacional, o que daria uma tranquilidade maior para Dilma ser eleita presidente em outubro.
Ele também assegurou que seu irmão, o deputado Ciro Gomes (também do PSB), vai se empenhar para eleger a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mundando. “Ele está absolutamente engajado na campanha de Dilma no Ceará e assumiu a nossa coordenação política”, sustentou Cid.
Recente pesquisa Ibope realizada no Ceará mostra que os planos da família Gomes estão próximos de se realizar. Os números apontaram Dilma Rousseff com 57% das intenções de voto contra 23% de José Serra (PSDB) e 7% de Marina Silva (PV). Segundo Cid Gomes, o eleitorado cearense representa 4,5% do eleitorado nacional.
Na semana passada, Dilma e Ciro encontraram-se pela primeira vez desde que o deputado abandonou a candidatura presidencial e apoiar formalmente a candidata do PT. Ciro prometeu empenhar-se na campanha de Dilma, especialmente no Ceará. A candidata afirmou, após o encontro, que “deixou Ciro livre para escolher como será sua atuação”.
Apesar da garantia de apoio e parceria, não existe ainda uma previsão de quando Dilma visitará o Ceará. Cid Gomes afirmou que ainda vai conversar sobre o assunto com a candidata. Quanto ao presidente Lula, está marcada uma visita ao estado no dia 10 de setembro para inaugurar casas populares em Fortaleza e no interior.
Reeleição
Cid também demonstrou otimismo com a possibilidade de vitória de sua coligação nas eleições de outubro. O mesmo levantamento do Ibope aponta que Cid tem 49% das intenções de voto, seguido de Lúcio Alcântara (PR) com 24% das intenções de voto e Marcos Cals (PSDB), com apenas 9%. Para o governador, é possivel eleger “85% dos candidatos a deputado federal na coligação proporcional”.
Os prognósticos seguem positivos em relação à disputa para o Senado. Mas essa apresenta um quadro mais complicado para a coligação liderada pelo atual governador. Candidato à reeleição, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) aparece com 63% das intenções de voto. Bem atrás, vêm os deputados Eunício Oliveira (PMDB) com 27% das intenções de voto e José Pimentel (PT), com 25%.
A esperança de Cid é que o potencial de transferência de votos do presidente Lula no Nordeste ajude a alavancar as candidaturas do PMDB e do PT. “O presidente Lula é o principal eleitor da região. Estima-se que entre 45% e 50% dos eleitores votem diretamente em um candidato apoiado pelo presidente da República”.
Segundo o governador cearense, tanto Eunício quanto Pimentel podem apresentar-se como aliados direto do presidente, já que ambos foram ministros de Lula — Eunício ocupou o Ministério das Comunicações no primeiro mandato e Pimentel foi ministro da Previdência no segundo.
Da Redação, com informações do Valor Econômico
Candidato à reeleição, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB-CE), prometeu nesta quinta-feira (5) empenhar-se para conseguir entre 65% e 70% dos votos pró-Dilma Rousseff no estado. Pelos cálculos do governador, essa votação representa 2% do eleitorado nacional, o que daria uma tranquilidade maior para Dilma ser eleita presidente em outubro.
Ele também assegurou que seu irmão, o deputado Ciro Gomes (também do PSB), vai se empenhar para eleger a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mundando. “Ele está absolutamente engajado na campanha de Dilma no Ceará e assumiu a nossa coordenação política”, sustentou Cid.
Recente pesquisa Ibope realizada no Ceará mostra que os planos da família Gomes estão próximos de se realizar. Os números apontaram Dilma Rousseff com 57% das intenções de voto contra 23% de José Serra (PSDB) e 7% de Marina Silva (PV). Segundo Cid Gomes, o eleitorado cearense representa 4,5% do eleitorado nacional.
Na semana passada, Dilma e Ciro encontraram-se pela primeira vez desde que o deputado abandonou a candidatura presidencial e apoiar formalmente a candidata do PT. Ciro prometeu empenhar-se na campanha de Dilma, especialmente no Ceará. A candidata afirmou, após o encontro, que “deixou Ciro livre para escolher como será sua atuação”.
Apesar da garantia de apoio e parceria, não existe ainda uma previsão de quando Dilma visitará o Ceará. Cid Gomes afirmou que ainda vai conversar sobre o assunto com a candidata. Quanto ao presidente Lula, está marcada uma visita ao estado no dia 10 de setembro para inaugurar casas populares em Fortaleza e no interior.
Reeleição
Cid também demonstrou otimismo com a possibilidade de vitória de sua coligação nas eleições de outubro. O mesmo levantamento do Ibope aponta que Cid tem 49% das intenções de voto, seguido de Lúcio Alcântara (PR) com 24% das intenções de voto e Marcos Cals (PSDB), com apenas 9%. Para o governador, é possivel eleger “85% dos candidatos a deputado federal na coligação proporcional”.
Os prognósticos seguem positivos em relação à disputa para o Senado. Mas essa apresenta um quadro mais complicado para a coligação liderada pelo atual governador. Candidato à reeleição, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) aparece com 63% das intenções de voto. Bem atrás, vêm os deputados Eunício Oliveira (PMDB) com 27% das intenções de voto e José Pimentel (PT), com 25%.
A esperança de Cid é que o potencial de transferência de votos do presidente Lula no Nordeste ajude a alavancar as candidaturas do PMDB e do PT. “O presidente Lula é o principal eleitor da região. Estima-se que entre 45% e 50% dos eleitores votem diretamente em um candidato apoiado pelo presidente da República”.
Segundo o governador cearense, tanto Eunício quanto Pimentel podem apresentar-se como aliados direto do presidente, já que ambos foram ministros de Lula — Eunício ocupou o Ministério das Comunicações no primeiro mandato e Pimentel foi ministro da Previdência no segundo.
Da Redação, com informações do Valor Econômico
Coisas da Política - JBlog - Jornal do Brasil - A revolução inconclusa (3)
A revolução inconclusa (3)
05/08/2010 - 23:06 | Enviado por: Mauro Santayana
Por Mauro Santayana
Os paulistas, logo que se formou a Aliança Liberal, denunciaram-na como um movimento contra o estado, fomentado pelo sentimento de inveja dos políticos do resto do país pelo seu deslumbrante progresso. São Paulo fora favorecido pelas circunstâncias, que começaram a reunir-se com a abolição, o trabalho assalariado e a imigração. Nas três primeiras décadas do século 20 a indústria de manufatura, estimulada pela energia elétrica, construiu fortunas e impôs o aparecimento de novas forças econômicas e políticas. Isso levou suas elites à pretensão de hegemonia sobre o resto do Brasil. Os governantes de Minas, do Rio Grande do Sul e da Paraíba perceberam que, sem a reação do resto do país, as elites de São Paulo transformariam a superioridade econômica do estado em escancarada ditadura política.
E havia a questão social. A República não fora capaz de aliviar a situação da imensa maioria da população do país. Tanto quanto as penosas condições de vida, com salários vis, trabalho de 12 ou mais horas por dia, seis dias por semana nas cidades e de sol a sol no campo, o tratamento ignominioso dos senhores da terra e dos capatazes nos meios urbanos começava a ser insuportável para os trabalhadores. Desde a Revolução Soviética crescia o movimento reivindicatório nas cidades, com sua repercussão, ainda tênue, no campo. Os anarquistas e os comunistas se organizavam, surgiam as primeiras associações sindicais, os intelectuais debatiam o assunto. Na defesa do sistema de domínio oligárquico, Washington Luís desdenhava os movimentos reivindicatórios, com a filosofia de que bastava a polícia para resolver a questão social.
Alguns percebiam o perigo de uma insurreição espontânea, entre eles muitos dos “tenentes” que haviam participado das insurreições de 22, de 24 e da Coluna Prestes, e que viriam a participar do movimento. Antonio Carlos de Andrada, governador de Minas, expressou a situação com a frase conhecida: “Façamos a revolução, antes que o povo a faça”. Se a revolução não se fizesse sob o comando dos políticos moderados, ela viria do descontentamento social, com violência incontrolável e resultados sangrentos. Por isso, a Aliança Liberal tratava sem subterfúgios da questão social, ao pregar a jornada de oito horas de trabalho, a adoção de salários justos, a emancipação política e social das mulheres, o voto secreto e universal.
Apesar dos insistentes golpes reacionários, no curso dos últimos 80 anos, muitas das reivindicações daquele tempo foram satisfeitas, com Getulio, em 51; Juscelino, em 56; e Jango, em 61. Mas o retorno aos ideais de 30 foi impedido pelo golpe militar de 1964: o poder financeiro ainda prevalece sobre o capital produtivo e os trabalhadores rurais – como os cortadores de cana e os nômades contratados pelas grandes empresas do agronegócio – são tratados como semiescravos. Ainda estamos à espera da reforma agrária, que foi a base da sociedade industrial no mundo desenvolvido.
A Constituição de 1988 restaurou os princípios fundamentais de 30, mas os governos neoliberais, submissos à globalização da economia, mais uma vez interromperam o processo, mediante emendas constitucionais absurdas. Os estados, ofendidos, de fato, pelos interventores do governo militar, perderam, depois de 1995, com o governo tucano, o resto de sua autonomia política e administrativa, impedidos de ter seus bancos oficiais e suas empresas estatais. Dependentes dos recursos tributários federais, ficaram submetidos à força política de Brasília e ao poder econômico de São Paulo.
Para a Aliança Liberal não havia partidos, nem programas. Continuamos sem partidos, sem programas – e sem federação.
05/08/2010 - 23:06 | Enviado por: Mauro Santayana
Por Mauro Santayana
Os paulistas, logo que se formou a Aliança Liberal, denunciaram-na como um movimento contra o estado, fomentado pelo sentimento de inveja dos políticos do resto do país pelo seu deslumbrante progresso. São Paulo fora favorecido pelas circunstâncias, que começaram a reunir-se com a abolição, o trabalho assalariado e a imigração. Nas três primeiras décadas do século 20 a indústria de manufatura, estimulada pela energia elétrica, construiu fortunas e impôs o aparecimento de novas forças econômicas e políticas. Isso levou suas elites à pretensão de hegemonia sobre o resto do Brasil. Os governantes de Minas, do Rio Grande do Sul e da Paraíba perceberam que, sem a reação do resto do país, as elites de São Paulo transformariam a superioridade econômica do estado em escancarada ditadura política.
E havia a questão social. A República não fora capaz de aliviar a situação da imensa maioria da população do país. Tanto quanto as penosas condições de vida, com salários vis, trabalho de 12 ou mais horas por dia, seis dias por semana nas cidades e de sol a sol no campo, o tratamento ignominioso dos senhores da terra e dos capatazes nos meios urbanos começava a ser insuportável para os trabalhadores. Desde a Revolução Soviética crescia o movimento reivindicatório nas cidades, com sua repercussão, ainda tênue, no campo. Os anarquistas e os comunistas se organizavam, surgiam as primeiras associações sindicais, os intelectuais debatiam o assunto. Na defesa do sistema de domínio oligárquico, Washington Luís desdenhava os movimentos reivindicatórios, com a filosofia de que bastava a polícia para resolver a questão social.
Alguns percebiam o perigo de uma insurreição espontânea, entre eles muitos dos “tenentes” que haviam participado das insurreições de 22, de 24 e da Coluna Prestes, e que viriam a participar do movimento. Antonio Carlos de Andrada, governador de Minas, expressou a situação com a frase conhecida: “Façamos a revolução, antes que o povo a faça”. Se a revolução não se fizesse sob o comando dos políticos moderados, ela viria do descontentamento social, com violência incontrolável e resultados sangrentos. Por isso, a Aliança Liberal tratava sem subterfúgios da questão social, ao pregar a jornada de oito horas de trabalho, a adoção de salários justos, a emancipação política e social das mulheres, o voto secreto e universal.
Apesar dos insistentes golpes reacionários, no curso dos últimos 80 anos, muitas das reivindicações daquele tempo foram satisfeitas, com Getulio, em 51; Juscelino, em 56; e Jango, em 61. Mas o retorno aos ideais de 30 foi impedido pelo golpe militar de 1964: o poder financeiro ainda prevalece sobre o capital produtivo e os trabalhadores rurais – como os cortadores de cana e os nômades contratados pelas grandes empresas do agronegócio – são tratados como semiescravos. Ainda estamos à espera da reforma agrária, que foi a base da sociedade industrial no mundo desenvolvido.
A Constituição de 1988 restaurou os princípios fundamentais de 30, mas os governos neoliberais, submissos à globalização da economia, mais uma vez interromperam o processo, mediante emendas constitucionais absurdas. Os estados, ofendidos, de fato, pelos interventores do governo militar, perderam, depois de 1995, com o governo tucano, o resto de sua autonomia política e administrativa, impedidos de ter seus bancos oficiais e suas empresas estatais. Dependentes dos recursos tributários federais, ficaram submetidos à força política de Brasília e ao poder econômico de São Paulo.
Para a Aliança Liberal não havia partidos, nem programas. Continuamos sem partidos, sem programas – e sem federação.
Serra faz campanha em Washington?
Será que Serra deseja realmente que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos?
O QUE JOSÉ SERRA está tentando fazer? Em sua campanha pela Presidência do Brasil, ele acusou a Bolívia de cumplicidade no tráfico de drogas e criticou Lula por tentar mediar a disputa entre Washington e o Irã, e por recusar (em companhia da maioria dos demais países sul-americanos) reconhecimento ao governo de Honduras, "eleito" sob uma ditadura.
Por algum tempo ele optou por não aderir à campanha internacional de Washington contra a Venezuela, mas agora Serra e seu candidato a vice, Indio da Costa, também adentraram aquele pútrido pântano, alegando que a Venezuela "abriga" as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), o principal grupo guerrilheiro que combate o governo da Colômbia.
Que conste: a despeito de uma década de alegações, Washington ainda não conseguiu apresentar publicamente um traço de prova de que o governo de Chávez de fato apoie as Farc.
A única "prova" de que existe em domínio público vem de laptops e outros equipamentos de computação supostamente capturados pelas Forças Armadas colombianas em sua incursão ao território do Equador em março de 2008.
Blogueiros de direita como Reinaldo Azevedo repetem o mito de mídia de que a Interpol teria confirmado a autenticidade desses arquivos supostamente capturados, mas um relatório da Interpol nega enfaticamente essa possibilidade. Tudo que temos é a palavra das Forças Armadas colombianas -organização que sabidamente assassinou centenas de adolescentes inocentes e os vestiu como guerrilheiros.
Será que Serra realmente deseja que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos a fim de se colocar desafiadoramente do lado errado da história? E isso apenas para se tornar o maior aliado direitista de Washington? Sim, caso Serra não tenha percebido, os Estados Unidos, sob o governo Obama como sob o governo Bush, só têm governos de direita como aliados no hemisfério: Canadá, Panamá, Colômbia, Chile, México. Existe um motivo para isso: a política norte-americana com relação à América Latina não mudou sob Obama.
Mesmo de um ponto de vista puramente maquiavélico -deixando de lado qualquer ideia de fazer da região ou do mundo um lugar melhor-, a estratégia "Serra Palin" faz pouco sentido. O Brasil tinha boas relações com Bush e pode ter boas relações com Obama sem incorrer nessa espécie desonrosa de servidão.
O Brasil não é El Salvador, país cujo governo vive sob chantagem por ameaças de enviar de volta ao seu território os milhares de emigrantes salvadorenhos que vivem nos Estados Unidos. E nem El Salvador tomou a estrada que Serra está percorrendo.
Não é apenas na Venezuela e na Bolívia que os Estados Unidos investem dezenas de milhões de dólares para adquirir influência política. Em 2005, como reportou este jornal, os Estados Unidos bancaram um esforço para mudar a lei brasileira de maneira a reforçar a oposição ao Partido dos Trabalhadores.
Washington tem grande interesse no resultado da eleição deste ano porque procura reverter as mudanças que tornaram a América Latina, no passado o "quintal" dos Estados Unidos, mais independente que nunca em sua história. José Serra está fazendo com que esse interesse cresça a cada dia.
O QUE JOSÉ SERRA está tentando fazer? Em sua campanha pela Presidência do Brasil, ele acusou a Bolívia de cumplicidade no tráfico de drogas e criticou Lula por tentar mediar a disputa entre Washington e o Irã, e por recusar (em companhia da maioria dos demais países sul-americanos) reconhecimento ao governo de Honduras, "eleito" sob uma ditadura.
Por algum tempo ele optou por não aderir à campanha internacional de Washington contra a Venezuela, mas agora Serra e seu candidato a vice, Indio da Costa, também adentraram aquele pútrido pântano, alegando que a Venezuela "abriga" as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), o principal grupo guerrilheiro que combate o governo da Colômbia.
Que conste: a despeito de uma década de alegações, Washington ainda não conseguiu apresentar publicamente um traço de prova de que o governo de Chávez de fato apoie as Farc.
A única "prova" de que existe em domínio público vem de laptops e outros equipamentos de computação supostamente capturados pelas Forças Armadas colombianas em sua incursão ao território do Equador em março de 2008.
Blogueiros de direita como Reinaldo Azevedo repetem o mito de mídia de que a Interpol teria confirmado a autenticidade desses arquivos supostamente capturados, mas um relatório da Interpol nega enfaticamente essa possibilidade. Tudo que temos é a palavra das Forças Armadas colombianas -organização que sabidamente assassinou centenas de adolescentes inocentes e os vestiu como guerrilheiros.
Será que Serra realmente deseja que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos a fim de se colocar desafiadoramente do lado errado da história? E isso apenas para se tornar o maior aliado direitista de Washington? Sim, caso Serra não tenha percebido, os Estados Unidos, sob o governo Obama como sob o governo Bush, só têm governos de direita como aliados no hemisfério: Canadá, Panamá, Colômbia, Chile, México. Existe um motivo para isso: a política norte-americana com relação à América Latina não mudou sob Obama.
Mesmo de um ponto de vista puramente maquiavélico -deixando de lado qualquer ideia de fazer da região ou do mundo um lugar melhor-, a estratégia "Serra Palin" faz pouco sentido. O Brasil tinha boas relações com Bush e pode ter boas relações com Obama sem incorrer nessa espécie desonrosa de servidão.
O Brasil não é El Salvador, país cujo governo vive sob chantagem por ameaças de enviar de volta ao seu território os milhares de emigrantes salvadorenhos que vivem nos Estados Unidos. E nem El Salvador tomou a estrada que Serra está percorrendo.
Não é apenas na Venezuela e na Bolívia que os Estados Unidos investem dezenas de milhões de dólares para adquirir influência política. Em 2005, como reportou este jornal, os Estados Unidos bancaram um esforço para mudar a lei brasileira de maneira a reforçar a oposição ao Partido dos Trabalhadores.
Washington tem grande interesse no resultado da eleição deste ano porque procura reverter as mudanças que tornaram a América Latina, no passado o "quintal" dos Estados Unidos, mais independente que nunca em sua história. José Serra está fazendo com que esse interesse cresça a cada dia.
ENQUANTO ISSO O BRASIL , DE LULA , MOSTRA A SUA INDEPENDÊNCIA Irã já afeta laços comerciais Brasil-EUA
Acordo nuclear com Teerã, em maio, cria rusgas e ameaça provocar retaliações por parte de governo e lobistas
Áreas mais visadas por Washington são a manutenção de tarifa ao etanol e benefícios para produtos brasileiros
DA REUTERS
A deterioração nas relações entre Brasil e EUA em meio a divergências quanto à questão iraniana começa a ameaçar os laços comerciais bilaterais.
Autoridades brasileiras queixam-se privadamente de que seu esforço, em maio, para mediar um acordo nuclear foi descartado, com pouco caso ao status do Brasil como potência emergente.
Enquanto isso, Washington se irrita com a interferência em tema que julga uma das maiores ameaças de longo prazo à segurança global.
O que mais preocupa investidores agora é o risco real de uma rusga de longo prazo que pode afetar negativamente os negócios bilaterais.
"Me preocupa", disse o representante (deputado) democrata Eliot Engel, presidente do subcomitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA. "Acho que a política de Lula [almeja] separar os países. Ele quer que os EUA tenham menos influência."
Uma importante fonte em Brasília disse que hoje "estão no freezer" os laços bilaterais -já danificados por tensões como a disputa sobre subsídios americanos ao algodão, as diferenças de opinião quanto ao desfecho do golpe de Estado em Honduras e o resultado decepcionante da cúpula climática de Copenhague, em dezembro.
"DECEPÇÃO"
Diplomatas dos dois lados mantêm contatos regulares, e o fluxo de investimento mútuo está em alta. Mas há sinais de que a rusga começa a afetar os negócios, a saber:
1) Lobistas em prol do uso de etanol de milho, produzido nos EUA, usam a questão iraniana para reivindicar a manutenção das tarifas à importação do etanol brasileiro.
2) Está empacado o diálogo pelo acordo de comércio e investimentos (TIFA). Uma fonte diz que o atraso é a "primeira vítima fatal" da disputa em torno do Irã.
3) Alguns itens correm o risco de serem removidos pelo Congresso de um programa de tarifas preferenciais que, hoje, permite a exportação de US$ 3 bilhões em produtos brasileiros aos EUA.
Arturo Valenzuela, o mais alto diplomata do governo Obama para a América Latina, nega que o Irã afete os laços entre EUA e Brasil.
"Nossa decepção com esse assunto em particular não nos impedirá de trabalhar juntos em numerosos e significativos temas de interesse mútuo", disse por e-mail.
Já Steven Bipes, diretor-executivo da seção americana no Brazil-U.S. Business Council, se disse "frustrado".
Do lado brasileiro, não há sinais de retaliação, mas sim indicações de um desvio de atenções -dos EUA para a China. Empresas americanas já perderam fatias de mercado no Brasil nos últimos anos, e, em 2009, a China suplantou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil.
Mark Smith, ex-diretor da Câmara de Comércio americana, disse que os temores sobre a queda da influência americana no Brasil são exagerados. Diz que a China compra sobretudo commodities, enquanto os EUA adquirem produtos com valor agregado do Brasil.
"Quanta influência você pode obter comprando minério de ferro?", questionou. "Importamos aviões e serviços. É aí que está o futuro."
REAÇÃO
O Itamaraty disse ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que, na visão do governo brasileiro, "a posição adotada em relação ao Irã não prejudica ou ameaça o comércio com os EUA".
Colaborou a Sucursal de Brasília
Áreas mais visadas por Washington são a manutenção de tarifa ao etanol e benefícios para produtos brasileiros
DA REUTERS
A deterioração nas relações entre Brasil e EUA em meio a divergências quanto à questão iraniana começa a ameaçar os laços comerciais bilaterais.
Autoridades brasileiras queixam-se privadamente de que seu esforço, em maio, para mediar um acordo nuclear foi descartado, com pouco caso ao status do Brasil como potência emergente.
Enquanto isso, Washington se irrita com a interferência em tema que julga uma das maiores ameaças de longo prazo à segurança global.
O que mais preocupa investidores agora é o risco real de uma rusga de longo prazo que pode afetar negativamente os negócios bilaterais.
"Me preocupa", disse o representante (deputado) democrata Eliot Engel, presidente do subcomitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA. "Acho que a política de Lula [almeja] separar os países. Ele quer que os EUA tenham menos influência."
Uma importante fonte em Brasília disse que hoje "estão no freezer" os laços bilaterais -já danificados por tensões como a disputa sobre subsídios americanos ao algodão, as diferenças de opinião quanto ao desfecho do golpe de Estado em Honduras e o resultado decepcionante da cúpula climática de Copenhague, em dezembro.
"DECEPÇÃO"
Diplomatas dos dois lados mantêm contatos regulares, e o fluxo de investimento mútuo está em alta. Mas há sinais de que a rusga começa a afetar os negócios, a saber:
1) Lobistas em prol do uso de etanol de milho, produzido nos EUA, usam a questão iraniana para reivindicar a manutenção das tarifas à importação do etanol brasileiro.
2) Está empacado o diálogo pelo acordo de comércio e investimentos (TIFA). Uma fonte diz que o atraso é a "primeira vítima fatal" da disputa em torno do Irã.
3) Alguns itens correm o risco de serem removidos pelo Congresso de um programa de tarifas preferenciais que, hoje, permite a exportação de US$ 3 bilhões em produtos brasileiros aos EUA.
Arturo Valenzuela, o mais alto diplomata do governo Obama para a América Latina, nega que o Irã afete os laços entre EUA e Brasil.
"Nossa decepção com esse assunto em particular não nos impedirá de trabalhar juntos em numerosos e significativos temas de interesse mútuo", disse por e-mail.
Já Steven Bipes, diretor-executivo da seção americana no Brazil-U.S. Business Council, se disse "frustrado".
Do lado brasileiro, não há sinais de retaliação, mas sim indicações de um desvio de atenções -dos EUA para a China. Empresas americanas já perderam fatias de mercado no Brasil nos últimos anos, e, em 2009, a China suplantou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil.
Mark Smith, ex-diretor da Câmara de Comércio americana, disse que os temores sobre a queda da influência americana no Brasil são exagerados. Diz que a China compra sobretudo commodities, enquanto os EUA adquirem produtos com valor agregado do Brasil.
"Quanta influência você pode obter comprando minério de ferro?", questionou. "Importamos aviões e serviços. É aí que está o futuro."
REAÇÃO
O Itamaraty disse ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que, na visão do governo brasileiro, "a posição adotada em relação ao Irã não prejudica ou ameaça o comércio com os EUA".
Colaborou a Sucursal de Brasília
A MÁ VONTADE DA ÉPOCA
Devidamente alertado pelo Stefano, vemos a escorregada da revista Época em seu site.
Mas que escorregada, que nada. Como dizia Ney Matogrosso, não existe pecado do lado de baixo do Equador.
Não existe escorregadela da imprensa serrista em dia de debate. Existe apenas a má fé.
Publicam "enganadamente" uma notinha onde Fernando Meirelles reclamava por Dilma não ter comparecido à sabatina da Folha. E eu se fosse ela, também não iria.
Fosse uma coisa imparcial, mas "sabatina" é muita pretensão de um jornaleco. Sabatina é o que fazem os senadores ao aprovar o presidente do Banco Central. Coisas dessa natureza. Quem é a Folha pra sabatinar alguém?
Se Dilma fosse, teria sorte se voltasse viva.
De todo modo o link da Época remete ao fato de Dilma não ter ido àquele massacre. Mas publicam isso justamente no dia de debate na Band. Pra dar a impressão que ela também não vai nesse.
Que ela "amarela".
É nossa imprensa, nos dando mostras de imparcialidade a cada santo dia.
Mas que escorregada, que nada. Como dizia Ney Matogrosso, não existe pecado do lado de baixo do Equador.
Não existe escorregadela da imprensa serrista em dia de debate. Existe apenas a má fé.
Publicam "enganadamente" uma notinha onde Fernando Meirelles reclamava por Dilma não ter comparecido à sabatina da Folha. E eu se fosse ela, também não iria.
Fosse uma coisa imparcial, mas "sabatina" é muita pretensão de um jornaleco. Sabatina é o que fazem os senadores ao aprovar o presidente do Banco Central. Coisas dessa natureza. Quem é a Folha pra sabatinar alguém?
Se Dilma fosse, teria sorte se voltasse viva.
De todo modo o link da Época remete ao fato de Dilma não ter ido àquele massacre. Mas publicam isso justamente no dia de debate na Band. Pra dar a impressão que ela também não vai nesse.
Que ela "amarela".
É nossa imprensa, nos dando mostras de imparcialidade a cada santo dia.
Lavando A . Alma Flip & FHC
"A Flip não festeja absolutamente a Literatura nem os escritores e muito menos o autor brasileiro, mas exclusivamente o mercado editorial, a literatura mercantilizada"
Márcia Denser*
Os organizadores da Flip foram extremamente coerentes ao escolher FHC para abrir a versão 2010 da Festa Literária Internacional de Paraty, até porque tal escolha é a cara desse, digamos, evento, reunido em torno duma espécie de gueto ( literalmente) elitista, alienado. Globalizado? Não propriamente globalizado, mas apátrida, já que o dinheiro não tem mãe, muito menos língua mãe, tampouco pátria mãe.
A Flip não festeja absolutamente a Literatura nem os escritores e muito menos o autor brasileiro, mas exclusivamente o mercado editorial, a literatura mercantilizada. E apátrida. Ou seja, a barbárie.
Ou, na famosa equação de Cortázar: Literatura = Informação de Luxo. Enfeite. Perfumaria. Ornamento crítico = FHC!!! C.Q.D.
Deu no UOL: Meia hora antes da inauguração da Festa Literária de Paraty, um pequeno grupo de moradores da cidade chamou a atenção diante do Kibu, digo,Tenda dos Autores, onde se realizam os principais debates. Eles portavam cartazes e camisetas com frases de protesto à presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “Viva Saramago. FHC não!”, gritava a organizadora do protesto. “O que você acha de FHC abrir uma festa literária em pleno ano eleitoral? Ele podia vir em qualquer ano, menos neste. Ele é porta-voz de um partido político. A simples presença dele já é uma opção política da Flip”.
Pois é. Em 2010, a organização da Flip abre o jogo e confessa logo de que lado está. Mas a Flip se esquece da própria Flip (esquecendo sobretudo, que cultura é um processo cumulativo/ mas quem falou em cultura?/claro,claro). Quando lá estive, em 2005, eu vi: Arnaldo Jabor não pode concluir sua palestra devido ao fato de elogiar em público este mesmo FHC. A vaia do público – os intelectuais e convidados presentes sob o Kibu, digo, Tenda – foi tão estrondosa que o sujeito teve simplesmente que se mandar e pano rápido.
Aliás, este enclave que privilegia poucos, raros e extremamente discutíveis (senão irrelevantes) elementos ligados ao livro (vamos excluir de uma vez por todas a palavrinha Literatura, sim? vamos deixá-la fora DISTO, ok?), notadamente judeus, deveria armar seu luxuoso pavi,digo, kibutz à beira do Mar Morto, quiçá Tel-Aviv. Senão vejamos: entre os convidados, resplandecem nomes como Abraham B Yohoshua, Benjamin Moses, Arnaldo Bloch, Moacyr Scliar (querido amigo), um brasileiro chamado mui apropriadamente Eucanaã Ferraz (?), o editor Luiz Schwarcz, o livreiro Pedro Hertz.
Contudo, estou sendo injusta até porque o elemento anglo-saxão e multiculturalista (outra palavrinha encantadora!) não só prolifera como abunda: Crumb, Lionel Shriver, Terry Eagleton, John Makinson, o CEO da Penguin Books (não é uma gracinha?), William Kennedy, a dupla William Boyd e Pauline Melville, escritores “pós-coloniais” (cruzes!).Acrescente-se alguns globais, poetas e celebridades arroz-de-festa tipo Silio Boccanera, o indiano Salmon Rushdie, Ferreira Gullar, amos, atos, obros. Ah, sim, e criaturas diversas desfiando pautas tipo “o futuro do livro”, “a ditadura cubana” , “a cidade criativa”.
Me poupem.Eventos como esse des-historizam, des-politizam, são uma merda.
Então, a respeito de “povos sem história” vou citar Otto Bauer (citado por Hannah Arendt): “A consciência histórica tem papel importante na formação da consciência nacional. A emancipação das nações do domínio colonial nasce da emancipação da literatura nacional da língua internacional erudita, do colonizador. A função política desta ascensão do idioma consiste em provar que só o povo que possui uma literatura e uma história próprias tem o direito à soberania nacional.”
Literatura e História, Yes, nós temos, resta a Geografia. Ou seja, a Flip estaria melhor instalada, em seu elemento mesmo, se armasse seu adorável kibutz à beira do Mar Morto. Quiçá Tel-Aviv.
Quanto à FHC, sugere-se que, na próxima, vá ornamentar criticamente o gueto de Varsóvia.
Márcia Denser*
Os organizadores da Flip foram extremamente coerentes ao escolher FHC para abrir a versão 2010 da Festa Literária Internacional de Paraty, até porque tal escolha é a cara desse, digamos, evento, reunido em torno duma espécie de gueto ( literalmente) elitista, alienado. Globalizado? Não propriamente globalizado, mas apátrida, já que o dinheiro não tem mãe, muito menos língua mãe, tampouco pátria mãe.
A Flip não festeja absolutamente a Literatura nem os escritores e muito menos o autor brasileiro, mas exclusivamente o mercado editorial, a literatura mercantilizada. E apátrida. Ou seja, a barbárie.
Ou, na famosa equação de Cortázar: Literatura = Informação de Luxo. Enfeite. Perfumaria. Ornamento crítico = FHC!!! C.Q.D.
Deu no UOL: Meia hora antes da inauguração da Festa Literária de Paraty, um pequeno grupo de moradores da cidade chamou a atenção diante do Kibu, digo,Tenda dos Autores, onde se realizam os principais debates. Eles portavam cartazes e camisetas com frases de protesto à presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “Viva Saramago. FHC não!”, gritava a organizadora do protesto. “O que você acha de FHC abrir uma festa literária em pleno ano eleitoral? Ele podia vir em qualquer ano, menos neste. Ele é porta-voz de um partido político. A simples presença dele já é uma opção política da Flip”.
Pois é. Em 2010, a organização da Flip abre o jogo e confessa logo de que lado está. Mas a Flip se esquece da própria Flip (esquecendo sobretudo, que cultura é um processo cumulativo/ mas quem falou em cultura?/claro,claro). Quando lá estive, em 2005, eu vi: Arnaldo Jabor não pode concluir sua palestra devido ao fato de elogiar em público este mesmo FHC. A vaia do público – os intelectuais e convidados presentes sob o Kibu, digo, Tenda – foi tão estrondosa que o sujeito teve simplesmente que se mandar e pano rápido.
Aliás, este enclave que privilegia poucos, raros e extremamente discutíveis (senão irrelevantes) elementos ligados ao livro (vamos excluir de uma vez por todas a palavrinha Literatura, sim? vamos deixá-la fora DISTO, ok?), notadamente judeus, deveria armar seu luxuoso pavi,digo, kibutz à beira do Mar Morto, quiçá Tel-Aviv. Senão vejamos: entre os convidados, resplandecem nomes como Abraham B Yohoshua, Benjamin Moses, Arnaldo Bloch, Moacyr Scliar (querido amigo), um brasileiro chamado mui apropriadamente Eucanaã Ferraz (?), o editor Luiz Schwarcz, o livreiro Pedro Hertz.
Contudo, estou sendo injusta até porque o elemento anglo-saxão e multiculturalista (outra palavrinha encantadora!) não só prolifera como abunda: Crumb, Lionel Shriver, Terry Eagleton, John Makinson, o CEO da Penguin Books (não é uma gracinha?), William Kennedy, a dupla William Boyd e Pauline Melville, escritores “pós-coloniais” (cruzes!).Acrescente-se alguns globais, poetas e celebridades arroz-de-festa tipo Silio Boccanera, o indiano Salmon Rushdie, Ferreira Gullar, amos, atos, obros. Ah, sim, e criaturas diversas desfiando pautas tipo “o futuro do livro”, “a ditadura cubana” , “a cidade criativa”.
Me poupem.Eventos como esse des-historizam, des-politizam, são uma merda.
Então, a respeito de “povos sem história” vou citar Otto Bauer (citado por Hannah Arendt): “A consciência histórica tem papel importante na formação da consciência nacional. A emancipação das nações do domínio colonial nasce da emancipação da literatura nacional da língua internacional erudita, do colonizador. A função política desta ascensão do idioma consiste em provar que só o povo que possui uma literatura e uma história próprias tem o direito à soberania nacional.”
Literatura e História, Yes, nós temos, resta a Geografia. Ou seja, a Flip estaria melhor instalada, em seu elemento mesmo, se armasse seu adorável kibutz à beira do Mar Morto. Quiçá Tel-Aviv.
Quanto à FHC, sugere-se que, na próxima, vá ornamentar criticamente o gueto de Varsóvia.
Lavando A . Alma Flip & FHC
"A Flip não festeja absolutamente a Literatura nem os escritores e muito menos o autor brasileiro, mas exclusivamente o mercado editorial, a literatura mercantilizada"
Márcia Denser*
Os organizadores da Flip foram extremamente coerentes ao escolher FHC para abrir a versão 2010 da Festa Literária Internacional de Paraty, até porque tal escolha é a cara desse, digamos, evento, reunido em torno duma espécie de gueto ( literalmente) elitista, alienado. Globalizado? Não propriamente globalizado, mas apátrida, já que o dinheiro não tem mãe, muito menos língua mãe, tampouco pátria mãe.
A Flip não festeja absolutamente a Literatura nem os escritores e muito menos o autor brasileiro, mas exclusivamente o mercado editorial, a literatura mercantilizada. E apátrida. Ou seja, a barbárie.
Ou, na famosa equação de Cortázar: Literatura = Informação de Luxo. Enfeite. Perfumaria. Ornamento crítico = FHC!!! C.Q.D.
Deu no UOL: Meia hora antes da inauguração da Festa Literária de Paraty, um pequeno grupo de moradores da cidade chamou a atenção diante do Kibu, digo,Tenda dos Autores, onde se realizam os principais debates. Eles portavam cartazes e camisetas com frases de protesto à presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “Viva Saramago. FHC não!”, gritava a organizadora do protesto. “O que você acha de FHC abrir uma festa literária em pleno ano eleitoral? Ele podia vir em qualquer ano, menos neste. Ele é porta-voz de um partido político. A simples presença dele já é uma opção política da Flip”.
Pois é. Em 2010, a organização da Flip abre o jogo e confessa logo de que lado está. Mas a Flip se esquece da própria Flip (esquecendo sobretudo, que cultura é um processo cumulativo/ mas quem falou em cultura?/claro,claro). Quando lá estive, em 2005, eu vi: Arnaldo Jabor não pode concluir sua palestra devido ao fato de elogiar em público este mesmo FHC. A vaia do público – os intelectuais e convidados presentes sob o Kibu, digo, Tenda – foi tão estrondosa que o sujeito teve simplesmente que se mandar e pano rápido.
Aliás, este enclave que privilegia poucos, raros e extremamente discutíveis (senão irrelevantes) elementos ligados ao livro (vamos excluir de uma vez por todas a palavrinha Literatura, sim? vamos deixá-la fora DISTO, ok?), notadamente judeus, deveria armar seu luxuoso pavi,digo, kibutz à beira do Mar Morto, quiçá Tel-Aviv. Senão vejamos: entre os convidados, resplandecem nomes como Abraham B Yohoshua, Benjamin Moses, Arnaldo Bloch, Moacyr Scliar (querido amigo), um brasileiro chamado mui apropriadamente Eucanaã Ferraz (?), o editor Luiz Schwarcz, o livreiro Pedro Hertz.
Contudo, estou sendo injusta até porque o elemento anglo-saxão e multiculturalista (outra palavrinha encantadora!) não só prolifera como abunda: Crumb, Lionel Shriver, Terry Eagleton, John Makinson, o CEO da Penguin Books (não é uma gracinha?), William Kennedy, a dupla William Boyd e Pauline Melville, escritores “pós-coloniais” (cruzes!).Acrescente-se alguns globais, poetas e celebridades arroz-de-festa tipo Silio Boccanera, o indiano Salmon Rushdie, Ferreira Gullar, amos, atos, obros. Ah, sim, e criaturas diversas desfiando pautas tipo “o futuro do livro”, “a ditadura cubana” , “a cidade criativa”.
Me poupem.Eventos como esse des-historizam, des-politizam, são uma merda.
Então, a respeito de “povos sem história” vou citar Otto Bauer (citado por Hannah Arendt): “A consciência histórica tem papel importante na formação da consciência nacional. A emancipação das nações do domínio colonial nasce da emancipação da literatura nacional da língua internacional erudita, do colonizador. A função política desta ascensão do idioma consiste em provar que só o povo que possui uma literatura e uma história próprias tem o direito à soberania nacional.”
Literatura e História, Yes, nós temos, resta a Geografia. Ou seja, a Flip estaria melhor instalada, em seu elemento mesmo, se armasse seu adorável kibutz à beira do Mar Morto. Quiçá Tel-Aviv.
Quanto à FHC, sugere-se que, na próxima, vá ornamentar criticamente o gueto de Varsóvia.
Márcia Denser*
Os organizadores da Flip foram extremamente coerentes ao escolher FHC para abrir a versão 2010 da Festa Literária Internacional de Paraty, até porque tal escolha é a cara desse, digamos, evento, reunido em torno duma espécie de gueto ( literalmente) elitista, alienado. Globalizado? Não propriamente globalizado, mas apátrida, já que o dinheiro não tem mãe, muito menos língua mãe, tampouco pátria mãe.
A Flip não festeja absolutamente a Literatura nem os escritores e muito menos o autor brasileiro, mas exclusivamente o mercado editorial, a literatura mercantilizada. E apátrida. Ou seja, a barbárie.
Ou, na famosa equação de Cortázar: Literatura = Informação de Luxo. Enfeite. Perfumaria. Ornamento crítico = FHC!!! C.Q.D.
Deu no UOL: Meia hora antes da inauguração da Festa Literária de Paraty, um pequeno grupo de moradores da cidade chamou a atenção diante do Kibu, digo,Tenda dos Autores, onde se realizam os principais debates. Eles portavam cartazes e camisetas com frases de protesto à presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “Viva Saramago. FHC não!”, gritava a organizadora do protesto. “O que você acha de FHC abrir uma festa literária em pleno ano eleitoral? Ele podia vir em qualquer ano, menos neste. Ele é porta-voz de um partido político. A simples presença dele já é uma opção política da Flip”.
Pois é. Em 2010, a organização da Flip abre o jogo e confessa logo de que lado está. Mas a Flip se esquece da própria Flip (esquecendo sobretudo, que cultura é um processo cumulativo/ mas quem falou em cultura?/claro,claro). Quando lá estive, em 2005, eu vi: Arnaldo Jabor não pode concluir sua palestra devido ao fato de elogiar em público este mesmo FHC. A vaia do público – os intelectuais e convidados presentes sob o Kibu, digo, Tenda – foi tão estrondosa que o sujeito teve simplesmente que se mandar e pano rápido.
Aliás, este enclave que privilegia poucos, raros e extremamente discutíveis (senão irrelevantes) elementos ligados ao livro (vamos excluir de uma vez por todas a palavrinha Literatura, sim? vamos deixá-la fora DISTO, ok?), notadamente judeus, deveria armar seu luxuoso pavi,digo, kibutz à beira do Mar Morto, quiçá Tel-Aviv. Senão vejamos: entre os convidados, resplandecem nomes como Abraham B Yohoshua, Benjamin Moses, Arnaldo Bloch, Moacyr Scliar (querido amigo), um brasileiro chamado mui apropriadamente Eucanaã Ferraz (?), o editor Luiz Schwarcz, o livreiro Pedro Hertz.
Contudo, estou sendo injusta até porque o elemento anglo-saxão e multiculturalista (outra palavrinha encantadora!) não só prolifera como abunda: Crumb, Lionel Shriver, Terry Eagleton, John Makinson, o CEO da Penguin Books (não é uma gracinha?), William Kennedy, a dupla William Boyd e Pauline Melville, escritores “pós-coloniais” (cruzes!).Acrescente-se alguns globais, poetas e celebridades arroz-de-festa tipo Silio Boccanera, o indiano Salmon Rushdie, Ferreira Gullar, amos, atos, obros. Ah, sim, e criaturas diversas desfiando pautas tipo “o futuro do livro”, “a ditadura cubana” , “a cidade criativa”.
Me poupem.Eventos como esse des-historizam, des-politizam, são uma merda.
Então, a respeito de “povos sem história” vou citar Otto Bauer (citado por Hannah Arendt): “A consciência histórica tem papel importante na formação da consciência nacional. A emancipação das nações do domínio colonial nasce da emancipação da literatura nacional da língua internacional erudita, do colonizador. A função política desta ascensão do idioma consiste em provar que só o povo que possui uma literatura e uma história próprias tem o direito à soberania nacional.”
Literatura e História, Yes, nós temos, resta a Geografia. Ou seja, a Flip estaria melhor instalada, em seu elemento mesmo, se armasse seu adorável kibutz à beira do Mar Morto. Quiçá Tel-Aviv.
Quanto à FHC, sugere-se que, na próxima, vá ornamentar criticamente o gueto de Varsóvia.
“Indio acertou o alvo”, TSE acertou a Veja
De: Brizola Neto- Blog brizolaço
sexta-feira, 6 agosto, 2010 às 14:27
O TSE confirmou ontem, por unanimidade, o direito de resposta concedido ao PT contra a revista Veja por ter se associado às acusações do sr. I. da Costa de ligações do partido com as FARC e o narcotráfico. A decisão havia sido tomada no dia 2 deste mês por quatro votos a três.
O TSE entendeu que Veja extrapolou o limite da informação na matéria “Indio acertou o alvo”, ao afirmar que candidato a vice-presidente do PSDB, sobre as declarações do Sr. da Costa relacionando o PT a atividades ilícitas e organizações criminosas que “o vice de José Serra está correto em se espantar com a ligação dos membros do PT com a Farc e seus narcoterroristas”.
Agora a revista vai ter de publicar a resposta com o mesmo destaque em sua próxima edição, se não houver nenuma manobra protelatória a mais.
DILMA ABRE DEZ PONTOS DE VANTAGEM NA PREFERENCIA DO ELEITOR COM 41,6% DE APOIO
CNT/SENSUS: REJEIÇÃO A SERRA [30,8%] JÁ SE IGUALA ÀS INTENÇÕES DE VOTO [31.6%]
jornal Valor, em comentário antes da divulgação da Sensus: '...o sinal amarelo acendeu na campanha do candidato do PSDB a presidente, José Serra: os tucanos temem o "estouro da boiada", ou seja, a debandada dos aliados diante das notícias de dificuldades de arrecadação e de demonstrações de abatimento do candidato tucano, num momento em que pelo menos três pesquisas de opinião indicam que a candidata do PT, Dilma Rousseff, passou a liderar a disputa presidencial...'
(Carta Maior, 05-08)
jornal Valor, em comentário antes da divulgação da Sensus: '...o sinal amarelo acendeu na campanha do candidato do PSDB a presidente, José Serra: os tucanos temem o "estouro da boiada", ou seja, a debandada dos aliados diante das notícias de dificuldades de arrecadação e de demonstrações de abatimento do candidato tucano, num momento em que pelo menos três pesquisas de opinião indicam que a candidata do PT, Dilma Rousseff, passou a liderar a disputa presidencial...'
(Carta Maior, 05-08)
Por que Serra perdeu o debate na Band
O mais preparado dos homens expõe seus planos
Do RS URGENTE
Por Vinicius Wu
Debate entre candidatos não é tourada. Não cai um boi morto no chão ao final. É sempre difícil avaliar o resultado de um debate. Cada lado sai em defesa de seu candidato e a repercussão na mídia é disputada nos dias posteriores. Mas há sim uma questão relevante a ser considerada. Trata-se do papel que o debate ocupa na estratégia de um determinado candidato. Serra apostou, sim, nos debates na TV. Era sua “cartada” decisiva contra uma candidata “inexperiente”. Se considerarmos este fato, podemos sim afirmar que Serra foi quem mais perdeu com o debate.
Como se insere na estratégia de Dilma os debates na TV? Bem, não é preciso muito esforço para percebermos que os debates não estão no centro de sua estratégia. Explorar o sucesso dos dois governos Lula, ressaltar o papel que Dilma desempenhou na gestão das principais políticas de governo etc. tem um peso muito mais destacado no conceito de sua campanha, evidentemente. Para Dilma, bastava ir ao debate e “empatar” o jogo. Ainda mais agora, após a divulgação da pesquisa CNT/Sensus, onde a candidata aparece com dez pontos de vantagem sobre Serra.
Serra, pelo contrário, desde o início, apostou nos debates. Não sou eu quem está afirmando isto. Basta olharmos as dezenas de artigos dos colunistas simpáticos ao PSDB nos últimos meses. Basta revisitarmos as inúmeras declarações dos dirigentes da campanha tucana e do próprio serra. Criaram uma enorme expectativa em torno da esperança de verem Serra surrar Dilma nos debates. Definitivamente, não foi isto o que ocorreu.
Dilma estava nervosa? Bom, tirando o Plínio, todos estavam nervosos nos primeiros blocos. Dilma poderia ter se saído melhor? Certamente, até pela qualidade que possui. Mas a vitoria acachapante de Serra não veio e o problema é que ela estava no centro de sua estratégia.
E ainda tinha semifinal da Libertadores no meio do caminho…
O eleitorado brasileiro amadureceu o suficiente para não definir seu voto – e seu futuro – baseado em truques de debate ou produção de TV. Debates e programas de TV são importantes, certamente. Mas não parece que as próximas eleições serão decididas por nenhuma estratégia de marketing. O povo brasileiro vai julgar não apenas os últimos oito anos. Julgará os últimos dezesseis e lançará uma aposta para os próximos oito.
Serra errou muitas vezes até aqui em sua campanha. Errou novamente ao anunciar, antecipadamente, sua vitória “acachapante” nos debates da TV. Ao confiar tanto em sua performance e experiência em eleições, Serra abriu espaço para a frustração de seus correligionários diante do resultado do debate.
Não foi o debate propriamente o que definiu a derrota de Serra ontem. Foi a orientação estratégica de sua campanha, que criou tanta expectativa em torno de sua suposta “superioridade” nos debates.
Diferença a favor de Dilma deve ser ainda maior no Vox Popul deverá abrir 12 pontos de diferençai
Luis Nassif Online
Conversei agora com João Francisco Meira, diretor-presidente do Vox Populi. A próxima pesquisa sairá no fim de semana. Sua avaliação é que Dilma abrirá "12 pontos para cima" sobre José Serra.
Desde março João Francisco vem alertando que a eleição iria acabar antes de começar.
"Se olhar com olhar que tem uma teoria explicativa por trás do processo, vai entender o que está acontecendo", explica ele.
Há cinco fatores determinantes nessas eleições, que dificilmente serão alterados até o dia da votação:
Satisfação com a situação econômica pessoal. 78% das pessoas satisfeitas ou muito. Satisfação com a maneira como governo está governando. Quase 80% aprovam governo. Admiração pelo presidente da República. 84%. Identidade partidária: 25% das pessoas são PT. Os outros todos somados dão o tamanho do PT. E metade da população não tem partido mas rejeita o PT. Diferença de tempo na TV: Dilma quase 40% a mais. Portanto, domínio sobre a variável campanha. Campanha é só tempo, diz ele. Não precisa entrar em discussão sobre competência, porque tem competência dos dois lados.
Esses fatores são constantes e dificilmente serão mudados até lá. Nem todas as eleições são assim, explica João Francisco, mas essa é.
As alterações que puderem ocorrer no resultado serão a favor de Dilma. Antes da pesquisa Sensus (que ele ainda não tivera tempo de analisar) 16% do eleitorado não sabiam sequer quem era a candidata de Lula. Cerca de 20% do eleitorado com tendência a votar em Dilma, ainda não a conhece. Pode ser que nem apareçam para votar – dado o nível de desinformação a esta altura do campeonato. Mas se aparecerem, votarão na Dilma.
Essas tendências são corroboradas na tabela do cientista social Marcos Figueiredo, que traça a média e projeta as pesquisas dos quatro principais institutos – Ibope, Sensus, Vox e Datafolha. João Francisco não recomenda a tabela do Estadão – que também trabalha com a média. A do Estadão recorre a uma regressão linear para projetar resultados, quando o correto – como faz Figueiredo – é a progressão logarítima.
Para João Francisco, entre os institutos de pesquisa a única incógnita é o Datafolha. Se persistir na sua base amostral atual, só daqui um mês estará em linha com os demais institutos – quando o nível de informação dos eleitores estiver nivelado. Se incluir os partidos dos candidatos no questionário, Dilma poderá ganhar dois pontos a mais. Mas se não mudar a base amostral, ainda pagará mico por mais um mês.
Conversei agora com João Francisco Meira, diretor-presidente do Vox Populi. A próxima pesquisa sairá no fim de semana. Sua avaliação é que Dilma abrirá "12 pontos para cima" sobre José Serra.
Desde março João Francisco vem alertando que a eleição iria acabar antes de começar.
"Se olhar com olhar que tem uma teoria explicativa por trás do processo, vai entender o que está acontecendo", explica ele.
Há cinco fatores determinantes nessas eleições, que dificilmente serão alterados até o dia da votação:
Satisfação com a situação econômica pessoal. 78% das pessoas satisfeitas ou muito. Satisfação com a maneira como governo está governando. Quase 80% aprovam governo. Admiração pelo presidente da República. 84%. Identidade partidária: 25% das pessoas são PT. Os outros todos somados dão o tamanho do PT. E metade da população não tem partido mas rejeita o PT. Diferença de tempo na TV: Dilma quase 40% a mais. Portanto, domínio sobre a variável campanha. Campanha é só tempo, diz ele. Não precisa entrar em discussão sobre competência, porque tem competência dos dois lados.
Esses fatores são constantes e dificilmente serão mudados até lá. Nem todas as eleições são assim, explica João Francisco, mas essa é.
As alterações que puderem ocorrer no resultado serão a favor de Dilma. Antes da pesquisa Sensus (que ele ainda não tivera tempo de analisar) 16% do eleitorado não sabiam sequer quem era a candidata de Lula. Cerca de 20% do eleitorado com tendência a votar em Dilma, ainda não a conhece. Pode ser que nem apareçam para votar – dado o nível de desinformação a esta altura do campeonato. Mas se aparecerem, votarão na Dilma.
Essas tendências são corroboradas na tabela do cientista social Marcos Figueiredo, que traça a média e projeta as pesquisas dos quatro principais institutos – Ibope, Sensus, Vox e Datafolha. João Francisco não recomenda a tabela do Estadão – que também trabalha com a média. A do Estadão recorre a uma regressão linear para projetar resultados, quando o correto – como faz Figueiredo – é a progressão logarítima.
Para João Francisco, entre os institutos de pesquisa a única incógnita é o Datafolha. Se persistir na sua base amostral atual, só daqui um mês estará em linha com os demais institutos – quando o nível de informação dos eleitores estiver nivelado. Se incluir os partidos dos candidatos no questionário, Dilma poderá ganhar dois pontos a mais. Mas se não mudar a base amostral, ainda pagará mico por mais um mês.
Debate na Band: considerações finais de Dilma
Dilma , presidenta do Brasil.
Parabéns as nossas mulheres.
Colômbia: o cemitério que faz perguntas
Os cemitérios clandestinos e fossas comuns conhecidos até agora foram obra dos paramilitares, que o presidente direitista Álvaro Uribe desmobilizou parcialmente. Suas confissões em troca de vantagens jurídicas permitiram ao Ministério Público recuperar 3.299 corpos dos, pelo menos, 25.000 desaparecidos no país. A descoberta de uma vala comum gigante no município de La Macarena segue sob investigação. Em um pedaço da vala, há centenas de tabuletas numeradas: 054/09 é o morto número 54 enterrado em 2009. Nada mais do que isso. Os anos vão de 2004 até 2010. De quem são esses corpos?
Constanza Vieira, enviada especial da IPS
La Macarena, Colômbia (IPS) – A tentativa mais séria dos paramilitares de entrar neste município do centro da Colômbia foi um fracasso. Fizeram isso em 2003 protegidos pela polícia, mas os moradores, armados com paus e escopetas, os prenderam e entregaram para a Procuradoria Geral da Nação, que os encarcerou. Os combatentes de ultra-direita roubavam à saída dos bares de La Macarena, onde, previamente, a polícia havia confiscado os clientes, assinalando a seus sócios aqueles que portavam alguma riqueza. Estes clientes eram mortos pelos paramilitares e tinham seus corpos lançados no rio Guayabero.
O fato de o paramilitarismo não ter conseguido apoio neste município localizado ao sul da serra que carrega o mesmo nome, legendária por sua megabiodiversidade, dá um significado diferenciado à descoberta de uma vala comum em duas faixas em forma de L que somam cerca de 10 mil metros quadrados, numa área próxima a do cemitério do povoado. O terreno faz fronteira com a base local das brigadas móveis da chamada Força de Deslocamento Rápido (Fudra), que recebe cooperação estadunidense e combate a guerrilha de esquerda.
A Procuradoria Geral da Nação descreveu o achado como um “cemitério de pessoas não identificadas”. “Cemitério clandestino” preferem chamá-lo os parlamentares de esquerda Gloria Ramírez e Ivan Cepeda, este porta-voz do Movimento de Vítimas de Crimes de Estado.
O braço mais curto do “L” é uma fossa comum, segundo peritos estatais e outras testemunhas que hoje já não se atrevem mais a falar. Está localizada atrás de umas abóbadas baixas no lado esquerdo do cemitério. Parece que ninguém se aventura por ali, ninguém investiga, dizem que está minada e que não há nada de especial ali. Em troca, chama atenção a faixa mais larga, de aproximadamente 6.500 metros quadrados, por onde se chega a partir de um caminho reto deste a entrada do cemitério. A Procuradoria fechou o local no dia 21 de julho, quando um qualificado grupo de especialistas forenses passaram a trabalhar no setor. Ali há centenas de tabuletas numeradas: 054/09 é o morto número 54 enterrado em 2009. Nada mais do que isso. Os anos vão de 2004 até 2010.
Os cemitérios clandestinos e fossas comuns conhecidos até agora foram obra dos paramilitares, que o presidente direitista Álvaro Uribe desmobilizou parcialmente. Suas confissões em troca de vantagens jurídicas permitiram ao Ministério Público recuperar 3.299 corpos dos, pelo menos, 25.000 desaparecidos no país. Soube-se da existência do anexo do cemitério de La Macarena há um ano, por meio de um artigo publicado no semanário regional Llano 7 Días, do jornal El Tiempo, de Bogotá. De 2002 até julho de 2009, reconheciam então as autoridades, o exército havia enterrado ali 564 cadáveres, todos eles reportados como guerrilheiros mortos em combate. Cerca de 71% dos corpos permanecia sem identificação.
Tudo começou pela água
Os habitantes do bairro Colinas, a uns 200 metros do cemitério, notaram em junho de 2008 que a água saía com mau cheiro e com sabores putrefatos dos poços profundos de onde ela é extraída no verão. Ao examinar o motivo, a população descobriu que o desagradável assunto vinha do cemitério. “Esses foram os primeiros indícios”, disse a IPS o advogado penalista Ramiro Orjuela, com vínculos familiares e profissionais na região. Desde 2004, “helicópteros traziam para cá corpos e mais corpos, abriam uma vala com uma retroescavadeira e atiravam esses corpos ali. O povo aqui de La Macarena sabe disso”, acrescentou.
Isso não era uma surpresa para os macarenenses. Ao fim e ao cabo, La Macarena vê a guerra passar desde 1950, 14 anos do surgimento das insurgentes Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). O município integrou a zona desmilitarizada onde o governo de Andrés Pastrana (1998-2002) manteve um diálogo de três anos com a guerrilha (diálogo que acabou fracassando no final). Após essa tentativa, o exército retomou os 42 mil quilômetros quadrados do santuário, incluídos os 11.229 que envolvem La Macarena. Desde então, todos os dias os habitantes viam chegar ao cemitério os corpos de supostos guerrilheiros. Os cadáveres eram amontoados em sacos pretos. E, logo em seguida, as fossas eram escavadas. Todo mundo sabia disso.
Assim, o caso da água não foi levantado com uma segunda intenção: “Não acreditavam que se tratava de algo grave, mas sim de uma coisa normal. E resultou que era grave, sim”, observou o advogado. Os militares disseram a Llano 7 Días que não temiam uma investigação. A Polícia teria feito um levantamento legal sobre cada corpo, identificando a arma que portava e a roupa camuflada que vestia, procedimento, garantiram os militares, que teve o aval da Procuradoria. Mas nesta região, na prática, a justiça penal militar tornou-se civil. Os promotores, segundo uma fonte da Igreja Católica, seriam militares da reserva ou em vias de se aposentar que hoje atuam sob as ordens do comandante militar, um equivalente da Polícia, efeito do programa piloto cívico-militar denominado Plano de Consolidação Integral de La Macarena, emitido em 2004.
Orjuela não atribui responsabilidades nem adianta acusação alguma. Só pede que as autoridades investiguem. “Não temos nenhum outro meio de prova que não aquilo que nos diz a comunidade”, disse a IPS. “Eles contam para alguém, mas depois não confirmam o depoimento porque têm medo”, assinalou. Assim que Orjuela e um grupo defensor dos direitos humanos enviaram petições ao Ministério Público e à Procuradoria, esta última fez uma inspeção no local e produziu um informe que permanece oculto ao público.
Baseada neste informe, a Direção Nacional de Investigações Especiais da Procuradoria respondeu em fevereiro que seu objetivo era “alcançar a plena identidade dos aproximadamente 2.000 corpos”, para o que esperava criar “um laboratório especializado de identificação” em La Macarena, junto com outras instituições. O Ministério Público, em troca, não respondeu por escrito. Em meados de julho deste ano relatou a Orjuela e a senadora Ramírez, organizadora de uma audiência pública do Senado em La Macarena no dia 22 de agosto, que até esse momento havia “detectado” 449 corpos. Também confirmou que “em 100% dos casos esses corpos tinham sido trazidos pelo exército. Todos. Não há um único que não”, segundo Orjuela.
Em meio a fortes xingamentos dirigidos contra os organizadores da audiência pública, o governo de Uribe insiste que todos são guerrilheiros mortos em combate e levados para lá. Orjuela adverte: “Isso é possível. Mas não todos”. É que 449 guerrilheiros equivalem a três ou quatro frentes das FARC. Como a guerrilha permanece atuante na região, “então quem são esses 400 e tantos mortos?”, pergunta.
O jesuíta Banco de Dados sobre Direitos Humanos e Violência Política tem testemunhos sobre 79 civis desaparecidos em La Macarena e municípios vizinhos. Há 25 casos documentados sobre supostas execuções extrajudiciais cometidas pelo Exército. Por enquanto, o Ministério Público identificou cinco civis reportados como desaparecidos e que já foram devolvidos às duas famílias. Há outros 37 corpos em processo de identificação. Os demais permanecem perguntando.
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