"Brasil: o país onde é preciso estar", diz semanário francês
A presença da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Paris, ganhou a atenção dos meios de comunicação e do empresariado francês. Como prova disso, o influente semanário econômico “Challanges” dedicou a capa à visita de Dilma a França. A manchete da publicação não poderia ser mais explícita: “Brasil, o país onde é preciso estar”. Dilma convidou os empresários franceses a investir no Brasil e o ministro da Indústria francês convidou o Brasil a “utilizar a França como cabeça de ponte” para o mercado europeu. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.
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Falando fórum "Escolher o crescimento, sair da crise", em Paris, o ex-presidente criticou os banqueiros que gozam de impunidade absoluta: “o mais fantástico é que o Lehman Brothers quebra e ninguém vai preso, enquanto o banco recebe os bilhões que os países nunca recebem no mundo”. Lula disse ainda que a cara de nenhum banqueiro responsável pela crise aparece na TV porque são eles que pagam a propaganda.
Eduardo Febbro
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez diferença em relação aos demais participantes do fórum “Escolher o crescimento, sair da crise”, organizado em paris pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean Jaurés. Longe da verborragia consensual neste tipo de encontro, Lula disse na capital francesa que “é preciso distribuir para crescer”, ao mesmo tempo em que criticou copiosamente os “comitês de crise” que se criam quando chega o incêndio.
Lula interpelou o ex-primeiro ministro socialista Lionel Jospin, presente na sala, e perguntou quantos desses comitês havia criado quando esteve no poder. O ex-mandatário contou que havia criado muitos desses comitês de crise, mas que só começou a avançar realmente quando criou “comissões de soluções”.
Interrompido várias vezes por aplausos, Lula denunciou “a falta de representatividade” dos organismos internacionais e defendeu a criação de mais espaços representativos multilaterais, que aumentem o peso das vozes alternativas em nível internacional. “Precisamos criar instrumentos e mecanismos com mais solidariedade, mais democracia, para que as decisões não estejam subordinadas a quem tem mais dinheiro, mais poder ou uma indústria maior”.
O senso de humor e a pertinência do ex-presidente fizeram da jornada final do fórum um momento especial. Lula criticou os banqueiros que gozam de uma impunidade absoluta: “o mais fantástico é que o Lehman Brothers quebra e ninguém vai preso, enquanto o banco recebe os bilhões que os países nunca recebem no mundo”.
Lula lembrou que a crise “é responsabilidade de um monte de desconhecidos” e perguntou ao público se alguém tinha visto na televisão a “cara de algum banqueiro”. “Não”, respondeu, e voltou a perguntar: “sabem por quê? Porque é o banqueiro que paga a propaganda”.
Por último, Lula defendeu uma visão solidária e responsável do desenvolvimento. O ex-presidente se perguntou “por que o mundo desenvolvido, que tem problemas de consumo, não cria mecanismos de financiamento para que os países africanos recebam fundos com juros de longo prazo, mais baratos, para assim começar a desenvolver uma indústria, uma agricultura”.
Tradução: Katarina Peixoto
Lula interpelou o ex-primeiro ministro socialista Lionel Jospin, presente na sala, e perguntou quantos desses comitês havia criado quando esteve no poder. O ex-mandatário contou que havia criado muitos desses comitês de crise, mas que só começou a avançar realmente quando criou “comissões de soluções”.
Interrompido várias vezes por aplausos, Lula denunciou “a falta de representatividade” dos organismos internacionais e defendeu a criação de mais espaços representativos multilaterais, que aumentem o peso das vozes alternativas em nível internacional. “Precisamos criar instrumentos e mecanismos com mais solidariedade, mais democracia, para que as decisões não estejam subordinadas a quem tem mais dinheiro, mais poder ou uma indústria maior”.
O senso de humor e a pertinência do ex-presidente fizeram da jornada final do fórum um momento especial. Lula criticou os banqueiros que gozam de uma impunidade absoluta: “o mais fantástico é que o Lehman Brothers quebra e ninguém vai preso, enquanto o banco recebe os bilhões que os países nunca recebem no mundo”.
Lula lembrou que a crise “é responsabilidade de um monte de desconhecidos” e perguntou ao público se alguém tinha visto na televisão a “cara de algum banqueiro”. “Não”, respondeu, e voltou a perguntar: “sabem por quê? Porque é o banqueiro que paga a propaganda”.
Por último, Lula defendeu uma visão solidária e responsável do desenvolvimento. O ex-presidente se perguntou “por que o mundo desenvolvido, que tem problemas de consumo, não cria mecanismos de financiamento para que os países africanos recebam fundos com juros de longo prazo, mais baratos, para assim começar a desenvolver uma indústria, uma agricultura”.
Tradução: Katarina Peixoto
Folha dá aula de como tirar Frase de Lula do contexto
por Luiz Carlos Azenha
Eu ouvi o discurso do ex-presidente Lula em Paris, ontem. Quem quiser ouvir, clique abaixo:
Lula falou sobre a crise econômica internacional, além de exaltar as conquistas de seu próprio governo.
A crise econômica internacional foi consequência da desregulamentação dos mercados financeiros e os bancos receberam bilhões de dólares e euros em dinheiro público como forma de resgate.
Conforme descrito por Eduardo Febbro na Carta Maior:
Mais para a frente, deu alguns alguns foras diplomáticos, como ao mencionar o Fórum Mundial Social de Porto Alegre como reunião de “xiitas” ou ao dizer que tinha viajado muito, inclusive ao Timor Leste, sem entender o motivo de ter ido até lá. Coisas da descontração de um ex-presidente.
Porém, é importante ouvir o discurso na íntegra para constatar que a absoluta ênfase de Lula foi na crise econômica internacional, suas consequências e soluções.
Ele propôs debates sobre o tema e foi nesse contexto que afirmou:
Retirou a menção de Lula à crise e fez um acréscimo que mudou completamente o sentido da frase (grifo meu):
Uma verdadeira aula sobre como esquentar uma manchete.
Eu ouvi o discurso do ex-presidente Lula em Paris, ontem. Quem quiser ouvir, clique abaixo:
Lula falou sobre a crise econômica internacional, além de exaltar as conquistas de seu próprio governo.
A crise econômica internacional foi consequência da desregulamentação dos mercados financeiros e os bancos receberam bilhões de dólares e euros em dinheiro público como forma de resgate.
Conforme descrito por Eduardo Febbro na Carta Maior:
Interrompido várias vezes por aplausos, Lula denunciou “a falta de representatividade” dos organismos internacionais e defendeu a criação de mais espaços representativos multilaterais, que aumentem o peso das vozes alternativas em nível internacional. “Precisamos criar instrumentos e mecanismos com mais solidariedade, mais democracia, para que as decisões não estejam subordinadas a quem tem mais dinheiro, mais poder ou uma indústria maior”. O senso de humor e a pertinência do ex-presidente fizeram da jornada final do fórum um momento especial. Lula criticou os banqueiros que gozam de uma impunidade absoluta: “o mais fantástico é que o Lehman Brothers quebra e ninguém vai preso, enquanto o banco recebe os bilhões que os países nunca recebem no mundo”.No início do discurso, Lula chegou a mencionar um “sociólogo” e empresários não identificados, dizendo que esperavam que ele, Lula, fosse um fracasso no governo, mas que “a história os enganou e eu muito mais”.
Mais para a frente, deu alguns alguns foras diplomáticos, como ao mencionar o Fórum Mundial Social de Porto Alegre como reunião de “xiitas” ou ao dizer que tinha viajado muito, inclusive ao Timor Leste, sem entender o motivo de ter ido até lá. Coisas da descontração de um ex-presidente.
Porém, é importante ouvir o discurso na íntegra para constatar que a absoluta ênfase de Lula foi na crise econômica internacional, suas consequências e soluções.
Ele propôs debates sobre o tema e foi nesse contexto que afirmou:
“Essa crise não é de nenhum de nós individualmente. Essa crise é da responsabilidade de pessoas que nós nem conhecemos. Porque, quando um político é denunciado, a cara dele sai de manhã, de tarde e de noite no jornal. Vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal? Sabe por que não sai? Porque é ele que paga as propagandas dos jornais. Então, não sai nunca”.O que a Folha fez com a frase?
Retirou a menção de Lula à crise e fez um acréscimo que mudou completamente o sentido da frase (grifo meu):
Sem citar diretamente o depoimento de Valério, ele criticou a imprensa. ”Quando um político é denunciado, a cara dele sai de manhã, de tarde e de noite no jornal. Vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal? Sabe por que não sai? Porque é ele que paga as propagandas nos jornais”, disse.Pronto, segundo a Folha Lula usou o discurso para rebater depoimento de Marcos Valério e criticar a imprensa brasileira, como em Acusado, Lula ataca imprensa e volta a falar em candidatura.
Uma verdadeira aula sobre como esquentar uma manchete.
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