Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 18 de março de 2011

A visita de Obama e o fermento do ódio


Blog Cidadania-Eduardo Guimarães
Yankees go homeFora, Obama! Nos últimos dias, senti-me de volta aos anos 1960 ou 1970, quando o poder norte-americano nos mantinha de joelhos diante de uma ditadura sangrenta. De lá (segunda metade do século XX) para cá, porém, a relação dos Estados Unidos com o Brasil e a própria realidade entre os países mudou muito.
Recente reportagem de O Globo revela como as coisas mudaram entre os Estados Unidos e o Brasil nas últimas décadas.  Sob o título “Viagem de Obama à América Latina é criticada por imprensa americana”, a matéria relata as razões do presidente norte-americano para enfrentar as cobranças quanto a deixar seu país em um momento de crise nuclear no Japão e de possível intervenção militar de seu país na Líbia.
Segundo O Globo, “Numa tentativa de apaziguar a insatisfação interna, o governo americano publicou nesta sexta-feira um artigo no jornal “USA Today” assinado pelo próprio Obama. No texto, o presidente justificou a viagem de cinco dias como uma oportunidade de estreitar laços econômicos e garantir a criação de novos empregos no país”.
O tempo em que os norte-americanos vinham aqui nos passar rasteira e deixávamos pertence a outra época. Uma época que, graças a Deus, não existe mais. Hoje temos condições de tratar com eles de igual para igual. Obama veio ao Brasil justamente para nos convencer a fazer menos negócios com a China e mais com seu país.
Não creio que conseguirá tudo, mas podemos negociar alguma coisa com ele. Não tenho a menor dúvida em afirmar que a esmagadora maioria dos brasileiros apóia que ao menos negociemos, porém sempre em pé de igualdade.
Todavia, posts que tenho publicado nos últimos dias tiveram preocupação diferente. As reações de movimentos sociais e partidos de esquerda à visita de Obama não me preocuparam devido a uma retórica que me pareceu anacrônica, mas devido ao fato de que a vinda de um presidente dos Estados Unidos a qualquer país sempre deve ser motivo de preocupação.
Há muita gente sem juízo, por aí. Sem falar em gente mal-intencionada que sempre se aproveita de uma situação de conflito para exacerbá-lo. Manifestações contra o imperialismo ianque, portanto, seriam perfeitas para agentes provocadores.
Foi dito e feito – tenho até medo da minha “boca”. O clima que se instalou na internet diante da visita de Obama certamente ajudou muito os mal-intencionados que, segundo o mesmo Globo (versão on line), aproveitaram-se de ato de partidos e movimentos sociais diante da embaixada dos Estados Unidos nesta sexta-feira para promover atos de violência.
Não divirjo de ninguém que quer protestar, mas não é hora de discursos beligerantes contra os Estados Unidos. A tensão que provoca a visita de um presidente desse país é suficientemente preocupante por conta do terrorismo internacional, que pode achar mais fácil agir no Brasil.
E, sim, o terrorismo existe. Quem detonou o cocktail molotov diante da embaixada norte-americana cometeu um ato de terrorismo. Talvez até tenha sido a direita, aproveitando-se do ato da esquerda para desmoralizá-la e caracterizá-la como violenta. Ou até algum esquerdista debilóide que acha que atos de violência servem a algum propósito.
O fato é que o brasileiro médio está achando é muito bom que este país tenha se tornado tão importante como potência econômica a ponto de o presidente dos Estados Unidos vir aqui tentar aumentar os negócios conosco. Duvido que a maioria esmagadora dos brasileiros apóie que espantemos Obama daqui.
Este povo quer melhorar de vida. Não está preocupado com ideologia e slogans dos anos 960, 1970. Ainda temos muita pobreza, muitas carências e precisamos de desenvolvimento econômico. Temos, pois, que fazer negócios com chineses, norte-americanos e com quem mais puder nos ajudar no desenvolvimento econômico, o que nos permitirá maior desenvolvimento social.
Não recrimino ninguém. Acho que não faltam razões para protestar contra os Estados Unidos e até para criticar Obama por sua tibieza. Contudo, estava preocupado. E continuo. Não estou vendo propósito nessa grande orquestração de protestos em um momento em que podem se tornar explosivos e fora de controle.
Por mais bem-intencionados que sejam os que não aprovaram a visita de Obama ao Brasil, peço que meçam o nível de tensão que se formou e avaliem se é ajuizado inflamá-lo ainda mais. O ódio (em boa medida justificado) aos Estados Unidos é muito maior do que brasileiros conhecem. Para produzir uma tragédia não custa nada.

Caio Toledo: A Comuna de Paris, uma fulguração na história




Transcorre neste 18 de março o 140° aniversário do triunfo da insurreição que deu início em Paris à primeira revolução operária da história mundial. A Comuna de Paris durou 72 dias. Saudando os comunardos, Marx disse que ousaram "tomar o céu de assalto". O Portal Vermelho homenageia o heróico episódio revolucionário com artigo do historiador marxista Caio Navarro deToledo*. 

A primeira revolução operária da história mundial limitou-se apenas a 72 dias de duração (18 de março a 28 de maio de 1871). Na linha de continuidade dos intentos revolucionários de 1830 e 1848 na França, a Comuna de Paris foi, de início, uma revolta popular espontânea contra as medidas sociais antipopulares, a proibição das liberdades políticas e a dura repressão militar impostas pelo Governo de Defesa Nacional, formalmente republicano, instituído em 4 de setembro de 1870, logo após a derrubada do regime imperial de Napoleão III.

Embora insuficientemente armados, com fome agravada pela falta de alimentos e sofrendo doenças e epidemias, os trabalhadores, juntamente com a Guarda Nacional, não hesitaram em defender Paris e a França contra o exército invasor da Prússia (governo de Bismarck) e combater ao mesmo tempo o governo de “traição nacional”, representado pela política do chefe do executivo (Adolphe Thiers), e da Assembleia Nacional (recentemente eleita e de maioria monarquista). A tomada do governo de Paris (Hôtel de Ville) pelos trabalhadores e soldados da Guarda Nacional – precedida por uma heróica insurreição popular nas ruas (18 de março de 1871) contra as tropas leais a Versalhes – representou o ato inaugural da Comuna de Paris; dez dias depois, ela será oficialmente proclamada (28 de março), com a eleição do Conselho da Comuna.

Uma experiência política sem precedentes
A Comuna de Paris de 1871 continuará sendo objeto de reflexões e inspiração não apenas pelo significado de suas realizações como também pelo que representam as generosas expectativas sociais e os ideais políticos que suscitou. A destemida atuação política de homens e mulheres em Paris, no curto período de 72 dias, não teve precedentes na história mundial; no calor da hora, Marx escreveu que os insurretos de Paris, pela ousadia e determinação de suas ações e objetivos, lançaram-se a um autêntico “assalto ao céu”. Ou, como disseram os próprios comunardos: ali “estavam pela humanidade”.

Em março de 1871, pela primeira vez na história social e política, trabalhadores e setores populares – para escândalo e ódio das classes dominantes e seus ideólogos –, ousaram lançar as bases de uma sociedade mais justa, igualitária e radicalmente democrática. A curta experiência da Comuna buscou concretizar inestimáveis valores, ideais e consignas das lutas dos trabalhadores de todos os tempos: a democracia política substantiva (não formal), a fraternidade, a solidariedade, a igualdade sexual, o internacionalismo.

Embora breve, o experimento democrático da Comuna de Paris enseja inúmeros ensinamentos. A Comuna ainda tem plena atualidade e é um marco político-ideológico relevante para a reflexão e prática de todos os socialistas.

A primeira proclamação da Comuna é decisiva para a definição e qualificação de um governo realmente democrático: para os comunardos, os membros da Assembleia Municipal deveriam estar sob permanente vigilância e controle dos eleitores e da população em geral. Neste sentido, os eleitos para a Comuna poderiam ter seus cargos revogáveis e deveriam ser obrigados a prestar contas de seus atos. A afirmação da soberania popular se filiava, pois, à Constituição de 1793, que havia proclamado o “direito à insurreição” como “o mais sagrado dos direitos e o mais indispensável dos deveres” dos cidadãos. Por sua vez, a condenação da delegação do poder e da autonomia da burocracia pública seguia na mesma direção. Os funcionários públicos também deveriam ser controlados pelos seus atos e responsabilidades administrativas.

O Exército permanente foi suprimido e uma Guarda Nacional passava a substituí-lo como um autêntico “povo em armas”, pois, segundo um decreto, “todos os cidadãos válidos faziam parte da Guarda Nacional”; a Guarda Nacional passava também a eleger seus próprios oficiais e suboficiais. Por sua vez, as novas forças policiais, de natureza republicana, deixaram de ter um papel repressivo contra os trabalhadores e a população pobre da cidade.

Uma constante pressão foi exercida sobre os dirigentes da Comuna: pelos sindicatos, pelas organizações de bairros, por distintos clubes criados, pelas comissões de mulheres, pelas seções da Internacional: em princípio, podia-se falar em um verdadeiro “ministério das massas”. Um episódio concreto ilustra bem o caráter dessa incipiente democracia popular. Os padeiros – que se dirigiram ao Conselho Geral da Comuna a fim de agradecer a abolição do trabalho noturno – foram advertidos pelo jornal O proletário: “O povo não tem de agradecer a seus mandatários por eles terem cumprido suas obrigações legais; os delegados do povo não prestam favores, cumprem deveres”.

De forma sintética, tratava-se, pois, de uma democracia no sentido forte do termo; uma “democracia direta” na qual a cidadania deveria ser exercida de forma plena, intensa e ativa. Seu limite, contudo, foi sua reduzida extensão geográfica (restrita ao plano de uma cidade) e sua extensão no tempo. Durante 72 dias a cidade de Paris talvez tenha conhecido o mais vigoroso experimento democrático que até hoje existiu na história social e política moderna.

As conquistas sociais e econômicas
As inovações da Comuna foram além do plano político; ela se concretizou no plano social e econômico, na medida em que alcançou a propriedade das empresas. Sob a influência dos sindicatos dos trabalhadores e dos comitês da “União das mulheres”, foram criadas oficinas cooperativas e se propunha que as empresas fossem autogeridas. Os trabalhadores associados, por meio de um decreto, passaram a gerir as empresas abandonadas pelos patrões que fugiram de Paris. Instituiu-se o salário mínimo; proibiu-se o trabalho dos menores; a cobrança das dívidas de aluguéis foi protelada; os móveis, utensílios domésticos e instrumentos de trabalho, antes penhorados, foram restituídos aos trabalhadores e pequena burguesia pobre. Esboçava-se, pois, uma viragem da democracia burguesa para a democracia popular e operária.

Negando o secular e arraigado machismo, as mulheres tiveram um papel decisivo na Comuna: na criação de cooperativas de trabalhadoras e de associações femininas que atuaram na reforma do ensino, no trabalho pedagógico e das creches, nos serviços de saúde, na edição de jornais e panfletos informativos; muitas delas foram além dos limites tradicionalmente impostos ao “sexo frágil” , pois, com armas na mão e atrás das barricadas, defenderam a experiência libertária da Comuna. Neste sentido, pode-se afirmar que este pioneiro movimento feminista compreendeu que a luta pela emancipação das mulheres não podia ser dissociada das reivindicações essenciais defendidas pelas demais categorias oprimidas e classes sociais secularmente exploradas.

A Comuna também inovou ao romper com os odiosos preconceitos chauvinistas, na medida em que permitiu que muitos estrangeiros desempenhassem relevantes papéis políticos e militares. Outra experiência decisiva ocorreu no campo da educação. O ensino público, gratuito e laico foi instituído; os ideais republicanos passaram a ser praticados no cotidiano da vida das cidadãs e dos cidadãos. As liberdades políticas e civis, finalmente – tornadas uma concreta realidade para o conjunto da população de Paris – mostraram que era possível a emergência de um “governo do povo pelo povo”. Com exceção da historiografia conservadora, poucos intérpretes questionam a afirmação de que, até o presente, poucos Estados modernos conseguiram se aproximar da proposta de democracia popular que estava sendo esboçada na Comuna de Paris de 1871.

Uma “Declaração de Princípios” de 20 distritos de Paris talvez sintetizasse o ideário da Comuna de Paris: “Não haverá mais opressores e oprimidos, fim da distinção de classes entre os cidadãos, fim das barreiras entre os povos. A família é a primeira forma de associação e todas as famílias se unirão em uma maior, a pátria (...) e esta numa personalidade coletiva superior, a humanidade”.

Considerações finais

Durante 72 dias tais ideais e expectativas foram intensamente vividos pela maioria da população de Paris, particularmente pelos trabalhadores. Por sua vez, em todo o continente europeu, os operários e os setores populares tinham seus corações e mentes voltados para a Comuna. Em Paris, parecia emergir uma sociedade radicalmente transformada, na qual os valores e os ideais socialistas poderiam, pela primeira vez na história, se concretizar.

Certamente, a Comuna não foi uma revolução socialista. No entanto, como ponderou o historiador E. Labrousse, “a Comuna (...) em uma grande medida foi um poder operário. A Comuna não trouxe o socialismo, não lançou esta proclamação solene que a história poderia ter acolhido. Mas, se não trazia o socialismo, o carregava em si mesma. Carregava-o por natureza: pelos homens que a compunham, pelas questões que levantou (...) Não foi mais do que uma fulguração na história”. (In: “Debate sobre a Comuna”, RevistaCrítica Marxista, vol. 13, 2001).

A fim de derrotar a experiência social e política representada pela Comuna de Paris – que revelava a possibilidade histórica da emancipação política e econômica dos trabalhadores na ordem capitalista –, as classes dominantes da França, fortemente apoiadas pelo exército invasor prussiano de Bismarck, empregaram a mais brutal violência física na destruição da experiência comunarda. Os números são eloquentes: quatro mil homens, mulheres e crianças, durante a “semana sangrenta” (23 a 28 de maio), foram mortos nas ruas, atrás das barricadas, e nos abrigos em que se recolheram. Nos dias seguintes mais de 20 mil foram sumariamente executados. Dez mil conseguiram fugir para o exílio; quatro mil foram deportados para a Argélia, então colônia francesa na África. Entre os 38 mil presos julgados, em janeiro de 1875, 1.054 eram mulheres e 615 eram crianças com menos de 16 anos. Apenas 1.090 (do total de 38 mil) foram liberados depois de interrogatórios.

Durante a repressão sangrenta, nos EUA, um editorial de um jornal novaiorquino, de forma irretocável, sintetizava o ódio e a determinação política das classes dominantes de todo o mundo em relação à Comuna de Paris: impõe-se que Versalhes “transforme Paris num monte de ruínas, que as ruas se transformem em rios de sangue, que toda a sua população pereça; que o governo mantenha sua autoridade e demonstre seu poder, que Versalhes esmague totalmente – seja qual for o custo – qualquer sinal de oposição a fim de dar a Paris e a toda França uma lição que possa ser lembrada e aproveitada pelos séculos que virão”.

A “lição” que os ideólogos e os sicofantas das classes dominantes desejavam impor aos trabalhadores não seria “aproveitada pelos séculos” que viriam. A “lição” que os proletários e seus aliados, em décadas seguintes, tiraram sobre a Comuna foi outra. Em Outubro de 1917, uma Revolução proletária, em grande medida, mirava no caso exemplar da Comuna de Paris. Lênin, um de seus mais lúcidos dirigentes, assim interpretou a experiência comunarda: "a memória dos combatentes da Comuna é exaltada não só pelos operários franceses como também pelo proletariado de todo o mundo, pois a Comuna não lutou apenas por um objetivo local ou nacional estreito, mas pela emancipação de toda a humanidade trabalhadora, de todos os humilhados e ofendidos”.

Os generosos ideais e objetivos da Comuna de Paris não se concretizaram. Condições extremamente adversas e equívocos cometidos pelos dirigentes da Comuna podem explicar a derrota. Não é o caso de mencioná-los e de discuti-los neste breve texto. Sem mitificar o evento ou comemorá-lo sob a dimensão de uma confortadora nostalgia, é de reconhecer que a luta "em defesa da humanidade" ainda tem plena atualidade e segue seu curso na história.

Nas palavras do autor de Os miseráveis, "O cadáver está enterrado, mas a ideia está de pé" (“ Le cadavre est à terre, mais l´idée est debout”). Os valores, os ideais e os objetivos da Comuna continuarão de pé e vivos enquanto prevalecerem em todo o mundo as estruturas iníquas e opressivas da ordem capitalista e imperialista. A fulguração histórica representada pela Comuna de Paris de 1871 será sempre um motivo de reflexão, referência e inspiração para os socialistas e comunistas de todo o mundo.

* Fundador e membro do Centro de Estudos Marxistas (Cemarx), Unicamp; fundador da revista Crítica Marxista.

O “Bob Jeff” tucano-pefelê


blog cidadania - Eduardo Guimarães
Alguém sabe explicar qual é a diferença entre as acusações que o ex-deputado Roberto Jefferson fez ao PT em 2005, e que desencadearam o escândalo do mensalão, e as acusações que o ex-governador demo de Brasília, José Roberto Arruda, fez à cúpula do Democratas e a tucanos?
É simples. As acusações de Bob Jeff ganharam as primeiras páginas de todos os jornais e os telejornais lhes deram destaque máximo. A cobertura durou anos, sendo martelada todo dia. Já as denúncias de Arruda, de que o novo presidente do DEM, o anterior e toda a cúpula do partido e aliados tucanos são seus cúmplices, estas estão sendo escondidas.
Folha, Globo e Estadão deram notinhas de pé de página, sem chamada na primeira página, e o Jornal Nacional, que teria tido tempo de repercutir, nada repercutiu. Até agora (tarde de sexta), ao menos. A notícia, porém, foi dada e comentada pelo SBT aqui e aqui
Entre os partidos adversários de demos e tucanos – PT à frente –, tampouco há pedidos de explicação sobre por que a revista Veja não publicou a entrevista de Arruda durante a campanha eleitoral do ano passado e muito menos pedidos de investigação dos que o ex-governador acusou.
Por mais que esta história siga curso diferente da que gerou o escândalo do mensalão devido ao tratamento diferenciado que a mídia dá a políticos amigos e inimigos, o ex-governador cassado e preso de Brasília, José Roberto Arruda, já é a versão tucano-pefelê de Roberto Jefferson.
PS: se nenhum partido pedir que o Ministério Público investigue as denúncias de Arruda e/ou se o próprio MP não pedir por moto próprio, alguém pedirá. Podem ter certeza disso.

Arruda chama DEMOS, tucanos e a Veja de corruptos



Vote num careca e leve dois - só se for para a cadeia

Rodrigo Maia.

Agripino Maia.

Demóstenes Torres.

Cristovão Buarque.

Sérgio Guerra.

Gilberto Kassab.

Marco Maciel.

Eduardo Jorge.

E a revista Veja, detrito de maré baixa, que escondeu tudo até hoje.

A entrevista do careca que seria vice na chapa do Cerra -  clique aqui para ver o anúncio formal de Alexandre Maluf Garcia -  estava escondida nos porões da vala negra que corta a revista Veja.

Sabe-se lá por que ela não publicou antes.

A leitura dos textos abaixo mandaria todo esse elenco para a cadeia, na cela ao lado da que abrigou o careca da chapa do Cerra:

Entrevista de Arruda põe Veja sob suspeita
http://www.blogcidadania.com.br/2011/03/entrevista-de-arruda-poe-veja-sob-suspeita/

Arruda diz a revista que ajudou líderes do DEM a captar dinheiro
http://www1.folha.uol.com.br/poder/890506-arruda-diz-a-revista-que-ajudou-lideres-do-dem-a-captar-dinheiro.shtml

Mensalão do DEM bancou até campanhas do PSDB, diz Arruda
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=149820&id_secao=1


Paulo Henrique Amorim

TODOS OS POVOS SÃO IGUAIS PERANTE A ONU, MAS ALGUNS SÃO MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS FORÇAS ESTRANGEIRAS VÃO ATACAR A LÍBIA


Clique aqui para ver a especial Fome e Desordem Financeira Mundial

Conselho de Segurança da ONU aprova zona de exclusão aérea contra Kadafi e autoriza o uso 'de todas as medidas para proteger civis'. Brasil, Alemanha, China, Índia e Rússia se abstiveram. Enquanto isso, no Bahrein, sob ocupação de tropas da Arábia Saudita, forças de repressão mobilizam tanques e helicópteros contra milhares de pessoas que tomaram as ruas há vários dias pedindo o fim da monarquia e liberdades democráticas.  Mais seis civis foram mortos nas últimas horas.  Governado por uma autocracia sunita, o Bahrein, distante 25 quilômetros da Arábia Saudita,  é uma espécie de guarita de segurança dos poços de petróleo do Golfo e serve como estacionamento  para a  V Frota norte-americana. Seus bancos compõem um braço do imenso paraíso fiscal regional, reunindo depósitos da ordem de US$ 200 bilhões. Essa coalizão de interesses  decretou a lei marcial contra o movimento de oposição  xiita, etnia que compõe a  maioria esmagadora da população.  A ONU não autorizou uma zona de exclusão aérea contra o Bahrein, tampouco considerou pertinente o uso de 'todas as medidas' para proteger seus civis.

(Carta Maior; 6º feira, 18/03/2011)

Entrevista de Arruda põe Veja sob suspeita


Blog Cidadania-Eduardo Guimarães
No começo da noite de quinta-feira, a versão digital da revista Veja publicou em seu site uma bombásticaentrevista do governador cassado de Brasília, José Roberto Arruda, concedida enquanto ainda estava preso, em setembro do ano passado. O ex-governador acusa seus ex-aliados de estarem todos envolvidos no mesmo esquema criminoso que ele próprio.
Vários ex-aliados de Arruda citados – e acusados – por ele na entrevista que concedeu em pleno processo eleitoral, tais como José Agripino Maia (atual presidente do DEM) ou Rodrigo Maia (presidente do partido à época em que a entrevista foi concedida), entre outros demos e tucanos, reelegeram-se em 3 de outubro passado.
A pergunta mais imediata é sobre se teriam sido eleitos caso a Veja não tivesse escondido a entrevista do ex-governador de Brasília. E a suposição mais imediata é a de que a revista escondeu as acusações de Arruda para não atrapalhar a eleição de políticos que protege há muito. São conclusões inescapáveis.
Todavia, não se entende por que a Veja publicou a entrevista. Não teria sido mais fácil escondê-la? E como a revista pretende explicar por que ocultou acusações que poderiam ter impedido que vários  dos demos e tucanos citados na entrevista fossem reeleitos?
Mas não é só isso. A ocultação da entrevista de Arruda pode ter atrapalhado as investigações sobre o “mensalão” de Brasília. A menos que as denúncias de Arruda à Veja também tenham sido feitas à polícia, o que é bem provável que tenha ocorrido. Ainda assim, resta a questão eleitoral.
A sociedade e a Justiça têm que discutir se ficam passivas diante de um meio de comunicação que publicou reportagens no período eleitoral acusando todo o governo Lula com base em nada e que escondeu graves acusações de um escroque do calibre de Arruda que qualquer órgão de imprensa sério teria obrigação de divulgar.
Quem, que autoridade, que político terá coragem de cobrar a Veja publicamente? Aliás, não seria dever do Ministério Público (eleitoral?) fazer esse questionamento à revista? Afinal, se as acusações de Arruda se confirmarem, seus ex-companheiros corruptos terão sido eleitos graças à censura que a Veja impôs a matéria de interesse público.
Perguntas: como o resto da “grande imprensa” tratará o assunto. Sairá em Globos, Folhas e Estadões? O Jornal Nacional vai noticiar? Os acusados por Arruda serão expostos, como aconteceria se fossem do PT? Ou a entrevista ficará restrita à Veja e sumirá nos dias posteriores? A forma como a mídia tratará o caso deve virar um escândalo à parte.
—–
Reproduzo, abaixo, a entrevista de Arruda publicada pela Veja On Line
Arruda diz que ajudou líderes do DEM a captar dinheiro
Veja On Line, 17 de março de 2011
José Roberto Arruda foi expulso do DEM, perdeu o mandato de governador e passou dois meses encarcerado na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, depois de realizada a Operação Caixa de Pandora, que descobriu uma esquema de arrecadação e distribuição de propina na capital do país. Filmado recebendo 50 mil reais de Durval Barbosa, o operador que gravou os vídeos de corrupção, Arruda admite que errou gravemente, mas pondera que nada fez de diferente da maioria dos políticos brasileiros: “Dancei a música que tocava no baile”.
Em entrevista a VEJA, o ex-governador parte para o contra-ataque contra ex-colegas de partido. Acusa-os de receber recursos da quadrilha que atuava no DF. E sugere que o dinheiro era ilegal. Entre os beneficiários estariam o atual presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), e o líder da legenda no Senado, Demóstenes Torres (GO). A seguir, os principais trechos da entrevista:
O senhor é corrupto?
Infelizmente, joguei o jogo da política brasileira. As empresas e os lobistas ajudam nas campanhas para terem retorno, por meio de facilidades na obtenção de contratos com o governo ou outros negócios vantajosos. Ninguém se elege pela força de suas ideias, mas pelo tamanho do bolso. É preciso de muito dinheiro para aparecer bem no programa de TV. E as campanhas se reduziram a isso.
O senhor ajudou políticos do seu ex-partido, o DEM?
Assim que veio a público o meu caso, as mesmas pessoas que me bajulavam e recebiam a minha ajuda foram à imprensa dar declarações me enxovalhando. Não quiseram nem me ouvir. Pessoas que se beneficiaram largamente do meu mandato. Grande parte dos que receberam ajuda minha comportaram-se como vestais paridas. Foram desleais comigo.
Como o senhor ajudou o partido?
Eu era o único governador do DEM. Recebia pedidos de todos os estados. Todos os pedidos eu procurei atender. E atendi dos pequenos favores aos financiamentos de campanha. Ajudei todos.
O que senhor quer dizer com “pequenos favores”?
Nomear afilhados políticos, conseguir avião para viagens, pagar programas de TV, receber empresários.
E o financiamento?
Deixo claro: todas as ajudas foram para o partido, com financiamento de campanha ou propaganda de TV. Tudo sempre feito com o aval do deputado Rodrigo Maia (então presidente do DEM).
De que modo o senhor conseguia o dinheiro?
Como governador, tinha um excelente relacionamento com os grandes empresários. Usei essa influência para ajudar meu partido, nunca em proveito próprio. Pedia ajuda a esses empresários: “Dizia: ‘Olha, você sabe que eu nunca pedi propina, mas preciso de tal favor para o partido’”. Eles sempre ajudaram. Fiz o que todas as lideranças políticas fazem. Era minha obrigação como único governador eleito do DEM.
Esse dinheiro era declarado?
Isso somente o presidente do partido pode responder. Se era oficialmente ou não, é um problema do DEM. Eu não entrava em minúcias. Não acompanhava os detalhes, não pegava em dinheiro. Encaminhava à liderança que havia feito o pedido.
Quais líderes do partido foram hipócritas no seu caso?
A maioria. Os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia, por exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava engraçado: até outro dia batiam à minha porta pedindo ajuda! Em 2008, o senador Agripino veio à minha casa pedir 150 mil reais para a campanha da sua candidata à prefeitura de Natal, Micarla de Sousa (PV). Eu ajudei, e até a Micarla veio aqui me agradecer depois de eleita. O senador Demóstenes me procurou certa vez, pedindo que eu contratasse no governo uma empresa de cobrança de contas atrasadas. O deputado Ronaldo Caiado, outro que foi implacável comigo, levou-me um empresário do setor de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília.
O senhor ajudou mais algum deputado?
O próprio Rodrigo Maia, claro. Consegui recursos para a candidata à prefeita dele e do Cesar Maia no Rio, em 2008. Também obtive doações para a candidatura de ACM Neto à prefeitura de Salvador.
Mais algum?
Foram muitos, não me lembro de cabeça. Os que eu não ajudei, o Kassab (prefeito de São Paulo, também do DEM) ajudou. É assim que funciona. Esse é o problema da lógica financeira das campanhas, que afeta todos os políticos, sejam honestos ou não.
Por exemplo?
Ajudei dois dos políticos mais decentes que conheço. No final de 2009, fui convidado para um jantar na casa do senador Marco Maciel. Estávamos eu, o ex-ministro da Fazenda Gustavo Krause e o Kassab. Krause explicou que, para fazer a pré-campanha de Marco Maciel, era preciso 150 mil reais por mês. Eu e Kassab, portanto, nos comprometemos a conseguir, cada um, 75 mil reais por mês. Alguém duvida da honestidade do Marco Maciel? Claro que não. Mas ele precisa se eleger. O senador Cristovam Buarque, do PDT, que eu conheço há décadas, um dos homens mais honestos do Brasil, saiu de sua campanha presidencial, em 2006, com dívidas enormes. Ele pediu e eu ajudei.
Então o senhor também ajudou políticos de outros partidos?
Claro. Por amizade e laços antigos, como no caso do PSDB, partido no qual fui líder do Congresso no governo FHC, e por conveniências regionais, como no caso do PT de Goiás, que me apoiava no entorno de Brasília. No caso do PSDB, a ajuda também foi nacional. Ajudei o PSDB sempre que o senador Sérgio Guerra, presidente do partido, me pediu. E também por meio de Eduardo Jorge, com quem tenho boas relações. Fazia de coração, com a melhor das intenções.