O anúncio da reforma trabalhista do governo Temer – que prevê aumento da jornada de trabalho de 8 para 12 horas – serviu para começar a despertar a sociedade. A proposta caiu como uma bomba e, como de costume, apesar de as medidas terem sido anunciadas pelo ministro do Trabalho, sobreveio desmentido do governo.
Porém, todos sabemos que o ministro falou demais e antes da hora, mas que ele apenas externou os planos do governo.
O anúncio dos planos do governo de piorar as condições de trabalho dos brasileiros, em pleno processo eleitoral, deixou-me bastante surpreso. Não esperava o anúncio das previsíveis medidas de retirada de direitos antes do fim da campanha eleitoral. É por isso que sobreveio o desmentido.
Mas bastou o anúncio da enormidade de aumentar de 8 para 12 horas a jornada de trabalho (sem contrapartida do aumento dos salários) para eclodir forte mobilização dos trabalhadores. Na mesma sexta-feira em que o ministro do Trabalho deu a declaração bombástica foi convocada mobilização com o presidente Lula, com o prefeito Fernando e com a CUT.
O evento ocorreu na quadra de esportes do Sindicato dos Bancários de São Paulo e este blogueiro esteve presente.
Ao chegar à quadra dos bancários, encontro o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, que me levou para conversar com Lula, quem encontrei em um camarim com mais umas sete ou oito pessoas, preparando-se para ir ao palco montado na quadra, onde centenas e centenas de pessoas o aguardavam.
Conversei com o “presidente” Lula por uns 15 ou 20 minutos e, após a conversa, tive certeza de que a única chance de escaparmos da farsa montada para devolver o poder à direita é evitar que ele seja alvo de uma manobra criminosa para inviabilizá-lo eleitoralmente, de modo a impedir que o povo o reconduza ao poder.
E, com efeito, apesar de todo massacre que Lula continua sofrendo, ele ainda é o único político de esquerda, atualmente, capaz de enfrentar a direita e vencê-la, como mostra a última pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial de 2018.
Na conversa com o ex-presidente, ele me relatou sua percepção sobre a campanha empreendida por autoridades, partidos de direita e pela mídia para impedir que participe da eleição de 2018.
Lula afirma, de forma convincente, que não haverá como condená-lo definitivamente pelas razões alegadas pelos seus inimigos, mas acha que poderá sofrer condenação em primeira instância com vistas a enquadrá-lo na Lei da Ficha Limpa, de forma a impedir que dispute a eleição presidencial daqui a dois anos.
Vendo Lula em ação nessa oportunidade, foi fácil entender por que a direita o teme tanto. Gravei os momentos iniciais da apresentação dele na quadra dos bancários. Fui convidado a ficar com ele no palco e, assim, gravei a entrada de seu grupo em cena e os primeiros momentos de sua apresentação.
Diante do que vi e do que ouvi de Lula, e refletindo muito, cheguei à conclusão de qual deve ser o plano principal para a esquerda até 2018 e esse plano tem que ser centrado exclusivamente nele, naquele que uma parte imensa dos brasileiros quer hoje que volte ao poder.
Após dois anos de governo Temer, Lula conseguirá se eleger com um pé nas costas.
Os setores democráticos e pensantes da sociedade têm que assumir defesa intransigente de Lula. É preciso iniciar uma onda de manifestações a favor dele, ou melhor, em defesa do ex-presidente, pois a direita irá tentar prendê-lo ou impedi-lo de disputar eleições sob alguma desculpa.
Todos sabem desses planos, mas, neste momento, ninguém está se mexendo em defesa de Lula sendo que é ele o principal alvo dos golpistas e dos setores partidarizados do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e da mídia.
Há que iniciar uma campanha nacional em defesa de Lula. Essa campanha, aliás, deve chegar ao exterior. Missões devem ser enviadas a outras nações, Lula deve ocupar a mídia internacional e denunciar que está sendo alvo de uma tentativa ditatorial de prendê-lo ou condená-lo judicialmente para tirá-lo da disputa política.
Enquanto Lula estiver livre e elegível, o golpe não estará consumado.