Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
terça-feira, 1 de março de 2011
Para irritar neoliberal. Dilma aumenta o Bolsa Família
No dia seguinte ao anúncio dos cortes em que poupou o Bolsa Família e o PAC – clique aqui para ler o que a Ministra Miriam Belchior disse ao Conversa Afiada – a presidenta Dilma Rousseff anunciou, em Irecê, na Bahia, um reajuste médio de 19% nos benefícios do Bolsa Família.
Os neoliberais vão ficar uma fera.
O negócio deles é cortar.
Cortar.
Quebrar o Estado e deixar o mercado dar de comer ao miserável.
Os neoliberais vão ficar uma fera.
O negócio deles é cortar.
Cortar.
Quebrar o Estado e deixar o mercado dar de comer ao miserável.
De preferência, os neoliberais – FHC e Arthur Virgilio Cardoso à frente – preferem que não se dê remédio às crianças.
Para não aumentar a carga tributária.
E por isso acabaram com a CPMF.
O Governo JK de saias – Nunca Dantes faz o oposto: para as crianças até 15 anos, o aumento no Bolsa Família é de 45%.
O benefício máximo por família subiu de R$ 200 para R$ 242.
O que, como se vê, encaixa-se, perfeitamente, na definição de Mônica Cerra, aquela estadista chilena que fez aborto no Chile, mas, no Brasil, condenou.
A D. Mônica considera o Bolsa Família uma espécie de bolsa vagabundagem.
O Blog dos Amigos do Presidente Lula publicou interessantes explicações sobre o impacto do Bolsa Vagabundagem:
O benefício máximo por família subiu de R$ 200 para R$ 242.
O que, como se vê, encaixa-se, perfeitamente, na definição de Mônica Cerra, aquela estadista chilena que fez aborto no Chile, mas, no Brasil, condenou.
A D. Mônica considera o Bolsa Família uma espécie de bolsa vagabundagem.
O Blog dos Amigos do Presidente Lula publicou interessantes explicações sobre o impacto do Bolsa Vagabundagem:
Impactos positivos do Bolsa Família:
- Índice de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos fora escola diminui em 36%, na comparação entre beneficiários (5,4%) e não beneficiários (8,4%)
- A evasão de adolescentes no ensino médio reduz à metade, comparado os índices de jovens beneficiários (7,2%) e não beneficiários (14,2%)
- A desnutrição infantil caiu de 12,5% para 4,8% de 2003 a 2008, entre crianças menores de 5 anos;
- Bolsa Família foi o responsável pela saída de 3 milhões de pessoas da extrema pobreza (Ipea/Pnad 2009);
- Distribui renda, desenvolve a economia e reduz as desigualdades sociais e regionais do país com impacto direto sobre um quarto da população brasileira
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cada R$ 1,00 investido no Bolsa Família aumenta em R$ 1,44 o PIB brasileiro.
Paulo Henrique Amorim
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A teoria da luva de pelica
Blog edu guimarães- Blog Cidadania
Que tal tentarmos entender direito a teoria da luva de pelica, segundo a qual a presidenta Dilma estaria esbofeteando o PIG ao comparecer aos seus salões e programas de televisão? Afinal, se tantos entenderam – ainda que outros tantos não tenham entendido –, quem pode garantir que não estejam certos, certo?
A teoria da luva de pelica, portanto, se levada a sério obriga a pensar, sob seu prisma, nos próximos capítulos dessa novela político-institucional em que está se convertendo a relação entre a Presidência da República e seus algozes durante os últimos oito anos. Quais serão, pois, os próximos capítulos?
Antes de especular sobre o que deverá acontecer após as seguidas “bofetadas” enluvadas que Dilma vai dando nas famílias midiáticas, analisemos a matéria que compõe a peça de vestuário, a pelica. Vem do couro de cabra. É leve, de toque macio, com alto brilho e mais confortável do que o couro convencional.
Ao ser atingido por uma luva de pelica, o alvo da bofetada sente menos dor física – ou nenhuma dor –, a menos que quem desfira o golpe coloque algum objeto pesado e contundente dentro dela. Todavia, o objetivo de esbofetear com pelica não é o de ferir fisicamente, mas o de insultar elegantemente.
Ainda não dá para entender como o PIG, após todos esses anos de artilharia pesada não só contra o ex-presidente Lula, mas contra seu braço direito, a hoje presidenta Dilma, tornou-se tão ingênuo ao ponto de oferecer os meios de ser esbofeteado, convidando a presidenta para festanças e programas de futilidades.
Quem poderia supor que essas famílias midiáticas que estão no poder desde que Cabral por aqui aportou seriam tão ingênuas, mas um leitor me disse que ao ir à festa da Folha ou ao programa da cansada Ana Maria Braga Dilma “constrangeu” as empresas e seus donos e eles nem perceberam (?!).
É difícil entender como alguém fica constrangido sem perceber…
Outros já dizem que o PIG ficou constrangido porque percebeu a bofetada. E não só o PIG. Os tucanos também teriam ficado absolutamente constrangidos por terem tido que “beijar a mão” de Dilma na festa da Folha, por mais que as imagens dela e de FHC trocando sorrisos e amabilidades no evento desdigam a teoria.
Se você pergunta por que, então, a Folha e os tucanos não foram ao ataque nos dias seguintes após terem se sentido esbofeteados pela luva de pelica da senhora presidenta, a explicação é a de que “não quiseram passar recibo”.
E para sonegar recibo, o mais graúdo dos esbofeteados foi ao impensável. Abaixo, notamos a que ponto chegou o ex-presidente FHC para não acusar a agressão elegante que sofreu ao ser “obrigado” a “beijar a mão” da adversária política.
—–
Fernando Henrique evita criticas a Dilma Rousseff
Adriana Vasconcelos, O Globo
28 de fevereiro de 2011
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso revelou nesta segunda-feira sua divergência em relação às críticas feitas na semana passada pelo ex-governador paulista e candidato derrotado do PSDB à Presidência, José Serra, ao governo da petista Dilma Rousseff. Em entrevista ao GLOBO, Serra chegou a declarar que a presidente marchava para um “estelionato eleitoral”.
- As eleições já passaram – disparou o ex-presidente, quando indagado se concordava com a avaliação feita por Serra, evitando fazer uma avaliação do desempenho da presidente petista em seus dois primeiros meses de governo.
Fernando Henrique foi comedido e não quis criticar, inclusive, o corte orçamentário detalhado nesta segunda-feira pela equipe econômica que deverá reduzir, entre outras coisas, cerca de 40% dos recursos do programa Minha Casa, Minha Vida. Embora admita que esse ajuste fiscal promovido agora possa ser resultado de excessos cometidos no ano passado pelo governo Lula, o ex-presidente preferiu não polemizar.
- Você quer que eu diga o que? Se não tivesse havido um gasto a mais do que era conveniente, não seria necessário o corte. Qual a extensão? Não sei. Não estou criticando ninguém. Governar é assim mesmo, tem que fazer corte em certos momentos, é difícil. Tem de explicar para a população o porquê. Nem sempre vão entender. É da vida política, é normal – observou.
(…)
—–
Isso é que é vontade de não passar recibo. Não me lembro de declaração parecida de FHC sobre adversários políticos.
Mas, enfim, quem detém memória sobre o Partido da Imprensa Golpista e a oposição tucana sua sócia, em suas iras infinitas contra Lula, ou o comportamento beligerante da direita midiática com inimigos ao longo da história deste país, sabe que, se bofetada houve, vingança haverá.
O que se espera para os próximos capítulos dessa tragédia grega que vai sendo escrita, portanto, é que, após um período para que a tão propalada amnésia brasileira permita a reação sem recibo, a virulência tucano-midiática retorne com fúria redobrada – ou triplicada, quadruplicada, quintuplicada.
Antecipando as teorias que surgirão sobre por que não haverá a fúria tucano-midiática contra o governo supostamente popular de Dilma Rousseff, abordo outra teoria subjacente à da luva de pelica, de que o PIG entregou os pontos no melhor estilo “se não pode vencê-los, junte-se a eles”.
Depois de levar Getúlio Vargas a sair da vida para entrar na história ou de estuprar o voto dos brasileiros usurpando o poder e depondo Jango Goulart, jogando o Brasil em uma ditadura de duas décadas cujo principal efeito foi torná-lo (ainda) mais injusto, a mídia, como disse um leitor, teria se regenerado. Vale a pena reproduzir a teoria.
-
“Viciados em drogas e criminosos têm direito de se recuperar. Não foi isso que Lula pregou no seu governo, nem Dilma está pregando. Sabemos do mal que a mídia fez a este país, mas não lhe dar o direito de mudança é difícil de aceitar”.
-
É de fato errado não ter fé na recuperação do homem. Este blog acredita que não existe ninguém totalmente mau e que todos, em algum momento de suas vidas, têm condições de se regenerar. Alvíssaras, pois: a direita midiática, pelo visto, decidiu aceitar a distribuição de renda, leis para regular a mídia, enfim, tudo o que jamais aceitou.
O que estamos fazendo aqui, então, em vez de estarmos comemorando a conversão do Brasil em um verdadeiro paraíso, em uma terra prometida em que leite e mel correrão em cascata? Após este texto, vamos correndo comprar fogos de artifício. Quando a teoria da luva de pelica se confirmar, ficarão muito caros.
As elites e os Estados árabes, um modelo em crise
Para EUA e aliados, a Arábia Saudita é a última fortaleza a ser preservada da “contaminação revolucionária”. Porém, se levarmos em consideração as recentes atitudes do monarca saudita, as fissuras já aparecem. Após passar meses hospitalizado, o monarca foi tomado por um verdadeiro surto humanitário e prometeu despejar US$ 37 bilhões em medidas de seguridade social, habitação e emprego. Como lembrou Robert Fisk, a revolta árabe, que deu início à derrota do império otomano começou nos desertos da Arábia. Resta ver se a história se repete, mas não como farsa. O artigo é de Reginaldo Nasser.
Reginaldo Nasser (*)
O que aconteceu na Tunísia, Egito, Iemen e Líbia pode ainda acontecer em todo o mundo árabe revelando o colapso de uma ordem pós colonial que há muito tempo perdeu a sua legitimidade. Provavelmente, se não tivesse ocorrido a invasão militar, o Iraque também estaria nessa lista. Inspirados pelas rebeliões que ocorrem em todo o mundo árabe milhares de iraquianos, de várias regiões saíram às ruas nessa semana para protestar de forma pacífica contra a corrupção e a falta de serviços básicos. Oito anos após a invasão liderada pelos EUA que derrubou o ditador Saddam Hussein há falta de comida, água, eletricidade e empregos.
As rebeliões aparecem, cada vez mais, como um reflexo da falência não apenas do desempenho de seus líderes, da forma de governo adotada (repúblicas ou monarquias) ou do projeto nacionalista iniciado na década de 50, mas sim da essência desses Estados. O Islamismo e o nacionalismo árabe sempre competiram em torno de qual deveria ser o verdadeiro fator de substituição do imperialismo e de unificação das diversidades étnicas, tribais e religiosas nas sociedades árabes. As facções militares, portadoras de um nacionalismo secular, substituíram a velha oligarquia como uma panacéia para todos os males árabes, incluindo o subdesenvolvimento.
Tanto o islamismo como o nacionalismo secular procuraram construir sua legitimidade quase que, exclusivamente, numa postura antiimperialista que se articulou à rejeição do Estado de Israel, mas era desprovida de programas de reformas econômicas, mecanismos de participação política e de integração que permitissem integrar suas respectivas sociedades ou de solidificar o sentimento de uma comunidade árabe de caráter transnacional.
Sem qualquer sinal de rejeição da presença islâmica, mas com uma ênfase na reivindicação de liberdade de expressão, direitos humanos e melhorias socioeconômicas os novos movimentos são, provavelmente, o melhor antídoto às identificações sectárias. Apesar de desvinculado do antigo projeto nacionalista, o imaginário de uma identidade árabe continua com vigor e pode ser o unificador potencial contra possíveis tendências de desintegração e de intervenção estrangeira na região. Essas perspectivas promissoras de democratização na sociedade civil com sua atenção voltada para o bem-estar das massas são fortes, apesar da permanência das elites no processo de transição.
O desafio maior é mudar o perfil desses “Estados rentistas” cujo funcionamento do sistema político e parte substancial das suas receitas provêm de rendas derivadas dos recursos naturais, especialmente petróleo. Além disso, ultimamente, esses Estados também têm se sustentado fortemente em pagamentos multilaterais de ajuda externa, ajuda ao desenvolvimento ou de assistência militar, agora denominadas “rendas estratégicas”. O nível elevado da renda nacional e a ausência de distribuição de renda nesses “Estados rentistas” têm como base um contrato social implícito entre as elites ( locais e internacionais) que só pode ser sustentável, desde que haja recursos suficientes para ser distribuído em uma ampla coalizão de interesses constituída por empresas petrolíferas, indústrias de defesa e empresas de lobby. (ver excelente matéria no HUFFPOST Marcus Baram Libyan Opposition Leaders Slam U.S. Business Lobby's Deals With Gaddafi, traduzida e publicada aqui na Carta Maior).
Existe uma forte correlação positiva entre a renda real e a força do sistema do Estado. A noção de "comprar" o consentimento popular que, por sua vez, concede legitimidade ao regime é pedra angular desse sistema. O Estado dirige a sociedade e cria um sistema de inclusão/exclusão construindo uma relação clientelista entre a classe rentista (não produtivos, considerados como cidadãos) e todo o resto da sociedade que não se beneficia da renda (parte da população que não desfruta de uma plena cidadania).
A tão alardeada paz e estabilidade nos Estados do Golfo (Qatar, Kuwait, Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Árabes ) está alicerçada numa distinção muito clara entre os membros da sociedade. Lealdade para com a elite dominante local é aceita na medida em que os indivíduos encontram seus interesses econômicos adquiridos diretamente no Estado. Assim “sair” da comunidade local ou nacional se traduz em enormes custos econômicos. Além disso, a distribuição das receitas petrolíferas também é usada como uma ferramenta para policiamento por meio da deportação ou privação de cidadania contra aqueles que se opõem à elite dominante.
Para os EUA e aliados, a Arábia Saudita é a última fortaleza a ser preservada da “contaminação revolucionária”. Entretanto se levarmos em consideração as recentes atitudes do monarca saudita, as fissuras já começaram aparecer. Após passar meses hospitalizado, o monarca, em seu retorno, foi tomado por um verdadeiro surto humanitário e prometeu despejar 37 bilhões de dólares em medidas de seguridade social, habitação e emprego. Como lembrou apropriadamente Robert Fisk a revolta árabe, que deu início à derrota do império otomano começou nos desertos da Arábia. Resta ver se a história se repete, mas não como farsa.
(*) Professor de Relações Internacionais da PUC/SP)
As rebeliões aparecem, cada vez mais, como um reflexo da falência não apenas do desempenho de seus líderes, da forma de governo adotada (repúblicas ou monarquias) ou do projeto nacionalista iniciado na década de 50, mas sim da essência desses Estados. O Islamismo e o nacionalismo árabe sempre competiram em torno de qual deveria ser o verdadeiro fator de substituição do imperialismo e de unificação das diversidades étnicas, tribais e religiosas nas sociedades árabes. As facções militares, portadoras de um nacionalismo secular, substituíram a velha oligarquia como uma panacéia para todos os males árabes, incluindo o subdesenvolvimento.
Tanto o islamismo como o nacionalismo secular procuraram construir sua legitimidade quase que, exclusivamente, numa postura antiimperialista que se articulou à rejeição do Estado de Israel, mas era desprovida de programas de reformas econômicas, mecanismos de participação política e de integração que permitissem integrar suas respectivas sociedades ou de solidificar o sentimento de uma comunidade árabe de caráter transnacional.
Sem qualquer sinal de rejeição da presença islâmica, mas com uma ênfase na reivindicação de liberdade de expressão, direitos humanos e melhorias socioeconômicas os novos movimentos são, provavelmente, o melhor antídoto às identificações sectárias. Apesar de desvinculado do antigo projeto nacionalista, o imaginário de uma identidade árabe continua com vigor e pode ser o unificador potencial contra possíveis tendências de desintegração e de intervenção estrangeira na região. Essas perspectivas promissoras de democratização na sociedade civil com sua atenção voltada para o bem-estar das massas são fortes, apesar da permanência das elites no processo de transição.
O desafio maior é mudar o perfil desses “Estados rentistas” cujo funcionamento do sistema político e parte substancial das suas receitas provêm de rendas derivadas dos recursos naturais, especialmente petróleo. Além disso, ultimamente, esses Estados também têm se sustentado fortemente em pagamentos multilaterais de ajuda externa, ajuda ao desenvolvimento ou de assistência militar, agora denominadas “rendas estratégicas”. O nível elevado da renda nacional e a ausência de distribuição de renda nesses “Estados rentistas” têm como base um contrato social implícito entre as elites ( locais e internacionais) que só pode ser sustentável, desde que haja recursos suficientes para ser distribuído em uma ampla coalizão de interesses constituída por empresas petrolíferas, indústrias de defesa e empresas de lobby. (ver excelente matéria no HUFFPOST Marcus Baram Libyan Opposition Leaders Slam U.S. Business Lobby's Deals With Gaddafi, traduzida e publicada aqui na Carta Maior).
Existe uma forte correlação positiva entre a renda real e a força do sistema do Estado. A noção de "comprar" o consentimento popular que, por sua vez, concede legitimidade ao regime é pedra angular desse sistema. O Estado dirige a sociedade e cria um sistema de inclusão/exclusão construindo uma relação clientelista entre a classe rentista (não produtivos, considerados como cidadãos) e todo o resto da sociedade que não se beneficia da renda (parte da população que não desfruta de uma plena cidadania).
A tão alardeada paz e estabilidade nos Estados do Golfo (Qatar, Kuwait, Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Árabes ) está alicerçada numa distinção muito clara entre os membros da sociedade. Lealdade para com a elite dominante local é aceita na medida em que os indivíduos encontram seus interesses econômicos adquiridos diretamente no Estado. Assim “sair” da comunidade local ou nacional se traduz em enormes custos econômicos. Além disso, a distribuição das receitas petrolíferas também é usada como uma ferramenta para policiamento por meio da deportação ou privação de cidadania contra aqueles que se opõem à elite dominante.
Para os EUA e aliados, a Arábia Saudita é a última fortaleza a ser preservada da “contaminação revolucionária”. Entretanto se levarmos em consideração as recentes atitudes do monarca saudita, as fissuras já começaram aparecer. Após passar meses hospitalizado, o monarca, em seu retorno, foi tomado por um verdadeiro surto humanitário e prometeu despejar 37 bilhões de dólares em medidas de seguridade social, habitação e emprego. Como lembrou apropriadamente Robert Fisk a revolta árabe, que deu início à derrota do império otomano começou nos desertos da Arábia. Resta ver se a história se repete, mas não como farsa.
(*) Professor de Relações Internacionais da PUC/SP)
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Eliane mente - Eliane Catanmerde
''A tesoura não perdoou o "Minha Casa, Minha Vida", carro-chefe do marketing de Dilma na campanha do ano passado. Serão cortados R$ 5,1 bi -40% do total previsto''.
Eliane 'Massa Cheirosa' Cantanhêde
Folha de S.Paulo
MInha Casa, Minha Vida, só terá cortes nas expectativas
Verbas serão de 1 bilhão a mais do que no ano passado
Há um certo terrorismo e leitura errada (sobretudo para quem se informa pelo PIG) dos cortes no orçamento anunciados pelo Ministério do Planejamento e da Fazenda.
O orçamento de 2011 estava com algumas verbas que continham a expectativa de um grande aumento de recursos em relação ao ano passado. Na maioria dos desses casos o aumento será menor do que expectativa, mas ainda assim haverá o aumento em relação ao ano passado. Portanto, a maioria dos cortes é na expectativa.
Em relação ao ano passado, mesmo com os cortes anunciados, houve aumento de verbas para os Ministérios da Educação, Saúde e Desenvolvimento Social.
No caso do programa "Minha Casa, Minha Vida", a Ministra Miriam Belchior, disse que este ano serão gastos R$ 1 bilhão a mais no programa do que foi no ano passado. Então não há risco de diminuição no programa, e os 2 milhões de casas planejados no governo Dilma serão realizados.
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A Folha de sempre
Muito interessante a reportagem abaixo: um alto funcionário do Estado de São Paulo que ocupa o cargo durante vários governos tucanos, vende dados sigilosos aos quais tem acesso por sua função ao próprio governo. Sujeira da grossa. Belo trabalho do repórter, mas vejamos o estilo editorial da Folha: quando é o governo da Bahia, é o governo petista, o governador petista, o sujeito "ligado ao PT". Lembrem-se do terrível episódio no Pará onde toda a mídia culpou a governadora PETISTA por atos bárbaros do judiciário e da polícia. Até aí tudo bem, mas por que quando um escândalo interessante como esse acontece no Tucanistão o governo, a priori, não tem culpa? O sujeito foi nomeado por Geraldo Alckmin, continuou no cargo com José Serra e seu poste Goldman e continua agora com o mesmo Alckmin e o jornal trata o governo como se fosse vítima da malandragem alheia.
Pesquisas mostram que um número imenso de leitores só dão uma olhada nas manchetes e não leem as matérias. "Governo" e "Funcionário da Estado" são termos muito ambíguos e geralmente associados com o governo federal. Notem a total ausência da sigla PSDB e do adjetivo tucano. Imaginem se exatamente a mesma coisa acontecesse, digamos, no Acre, quantos petistas, PT e ligado ao PT existiriam na manchete e no texto. Talvez até réu do mensalão aparecesse em algum lugar.
Estatístico do Estado vende dado sigiloso
Túlio Kahn, coordenador da Secretaria da Segurança de SP, disponibiliza informações criminais por meio de sua empresa
Ele já forneceu dados como furtos a pedestres na região de Campinas e os bens mais visados em roubos a condomínios
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
Um funcionário do alto escalão da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo vende serviços de consultoria por meio de uma empresa da qual é sócio e que disponibiliza dados que o governo considera sigilosos.
O sociólogo Túlio Kahn é desde 2005 sócio-diretor da Angra Consultoria e Representação Comercial, segundo documentos obtidos pela Folha. Ele detém 50% da empresa -a outra metade é de André Palatnik.
Desde 2003 Kahn é coordenador da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), o órgão que concentra todas as informações estatísticas sobre violência no Estado. Já atravessa três governos na função. Quem o nomeou para o cargo foi o secretário Saulo de Castro, no governo de Geraldo Alckmin (2003-2006).
Entre outros dados sigilosos, Kahn já forneceu, por exemplo, informações como furtos a transeuntes na região metropolitana de Campinas e os bens que são levados com mais frequência nos roubos a condomínios na cidade de São Paulo.
O levantamento sobre roubo a condomínios foi feito a pedido do Secovi (sindicato das empresas imobiliárias de São Paulo) e pago pela GR, uma das maiores empresas de segurança do Estado, segundo o próprio Kahn relatou à Folha. A GR nega ter feito pagamentos à Angra.
SIGILO
As informações sigilosas sobre a criminalidade na Grande Campinas constam de um relatório feito para a Agemcamp (Agência Metropolitana de Campinas), autarquia do Estado que auxilia o planejamento na região.
Foi a Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A), empresa do governo paulista, que contratou a Angra.
Ou seja, o governo pagou a uma empresa privada para obter dados sobre crimes que são desse mesmo governo.
No relatório para a Agemcamp, a Angra oferece informações do Infocrim que não são públicas, as quais "permitem um maior detalhamento da situação criminal da cidade de Campinas".
PÂNICO
Graças aos mapas de Kahn, é possível saber em que áreas se concentram os roubos de veículos e os locais onde ocorrem mais roubos a condomínios.
A secretaria se nega desde 2008 a fornecer à Folha informações similares, e de grande interesse público, como as ruas que concentram os roubos e furtos de veículos em São Paulo.
A alegação de Kahn para a negativa é que essas informações poderiam gerar alarmismo entre os moradores e desvalorizar a área.
Parte das informações criminais é publicada trimestralmente, de acordo com a resolução 160, que criou em 2001 as regras para divulgação de estatísticas.
A divulgação, porém, não inclui dados estratégicos, como o local do crime. Com isso, não dá para se saber a rua onde se mata mais na cidade de São Paulo ou as faculdades que concentram o furto de veículos. Não há esse veto para a clientela da Angra.
PREÇOS
Os valores dos contratos da empresa de Kahn variam de R$ 80 mil a R$ 250 mil.
Por exemplo: um projeto de pesquisa que ensina prefeituras a fechar bares para reduzir a violência, que inclui acesso a dados sigilosos de boletins de ocorrência, está orçado em R$ 100 mil.
Apenas uma empresa com livre trânsito no governo poderia oferecer "visitas às delegacias para consulta aos boletins de ocorrência". Delegacias vetam a consulta a boletins sob o pretexto de que haveria violação da intimidade das vítimas.
Em outro projeto em que a Angra aparece como intermediária, o Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo paga R$ 7.000 a dois funcionários para produzir estatísticas sobre roubo de cargas dentro da CAP. O sindicato diz que o acordo é legal.
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Bomba ! Bomba ! O day after do Cerra ! KKKK....Olha a cara dos cornos!!!!!
The Day After (the election)
Jatinho Pigtasso (Tenho Porque Posso), Cessna Citation XLS+,
US$ 11,6 milhões (Paulo Afro precisaria de mais 7,6)
TV LED 15′ (sempre sintonizada na Piglobo), mostrando resultado das eleições 2010,
R$ 600
Chapéu de Coroné autografado por ACM, “O DEMO-mor”,
R$ 699
Latinha de Cachaça Pitu 473 ml, importada da terra do Nunca Dantes,
R$ 3,99
Fivela com boi, a mais alta condecoração concedida a um político traído pelos eleitores cearenses,
R$ 45 (homenagem ao casal45)
Chapéu papal Saturno-Galero do Padim Padre Cerra,
R$ 300 (homenagem ao Aloysio300)
Orelhas e Nariz de PIGnóquio, autenticados pelo Richard PigMolina durante a campanha,
R$ 6000 (salário mínimo do Padim)
Crucifixo usado para ganhar os votos das beatas indecisas de Guarulhos,
R$ 15
Garrafa de cachaça Pitu Gold, comprada para comemorar a vitória? para uma mulher,
R$ 69
Bolinha de Papel, materialização incontestável da propaganda enganosa do PIG-JN,
R$ 6000 (salário mínimo do Itaético)
Saber que todas as taxas de sucesso não foram suficientes para impedir esse
porre-derrota e dar gargalhadas com esta cena patética…,
N ã o T e m P r e ç o!
-
Oi Homer,
Aqui vai uma do Padim com o Coroné!
divirta-se!
Jliano
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Crise nos EUA: "O que estamos esperando para reagir?"
Um de cada três trabalhadores nos EUA tem o mesmo nível de salários da Wal-Mart. Cerca de 50 milhões de pessoas não têm seguro médico e, a cada ano, morrem aproximadamente 45 mil porque não conseguem um diagnóstico ou um tratamento. A pobreza infantil está subindo a medida que baixam as receitas familiares. O desemprego e o subemprego estão perto de 20%. O salário federal mínimo, ajustado segundo a inflação desde 1968, seria agora de US$ 10,00/hora, mas é de US$ 7,25. Este cenário se alastrou pela economia como um processo de metástase. O que estamos esperando para reagir. O artigo é de Ralph Nader.
Ralph Nader - Sin Permiso
Os 18 dias de protestos não violentos dos egípcios colocam a questão: o próximo levante popular se dará nos Estados Unidos? Se Thomas Jefferson e Thomas Paine estivessem aqui, seguramente diriam: o que estamos esperando? Estariam consternados pela concentração de poder político e econômico em tão poucas mãos. Recordemos o quanto frequentemente estes dois homens alertaram contra a concentração de poder.
Nossa Declaração de Independência (1776) enumerava as queixas contra o rei George III. Grande parte delas poderia ser dirigida contra o “rei” George W. Bush, que não somente eliminou a autoridade decisória do Congresso em matéria de guerras, conforme prevê a Constituição, como por meio de mentiras mergulhou o país em várias guerras ilegais que levou a cabo violando as leis internacionais. Inclusive conservadores letrados como os republicanos Bruce Fein e o ex-juiz Andrew Napolitano acreditam que tanto ele como Dick Cheney deveriam ser julgados por crimes de guerra e outros delitos relacionados. O conservador Colégio de Advogados Estadunidenses enviou a George W. Bush em 2005-2006 três informes que documentavam claramente suas violações da Constituição que jurou defender.
Em nosso país, o sistema político é uma ditadura bipartidária cujas falsificações manipulatórias convertem a maioria dos distritos eleitorais em feudos de um partido único. Os dois partidos impedem outros partidos e candidatos independentes de competir em igualdade de condições nas eleições e nos debates. Outra barreira para a realização de eleições democráticas e competitivas é o grande capital, principalmente comercial na origem, que envolve de covardia e sinecuras a maioria dos políticos.
Nossos poderes legislativos e executivos em nível federal e estatal podem muito bem ser chamados de regimes corporativos. Quando o governo é controlado pelo poder econômico privado se trata de corporativismo. O presidente Franklin Delano Roosevelt, em uma mensagem formal ao Congresso, em 1938, chamou isso de “fascismo”. O corporativismo fecha as portas à população e oferece a generosidade governamental, paga pelos contribuintes às insaciáveis corporações.
Notemos que, década após década, os resgates, subsídios, doações, benefícios e isenções fiscais para os grandes negócios vêm crescendo. A palavra “trilhões” é utilizada cada vez mais, por exemplo, na magnitude do resgate, por Washington, dos especuladores que saquearam as pensões e as economias da população.
Mas não parece que estas gigantescas companhias demonstrem gratidão alguma com o povo que as salva uma e outra vez. Pelo contrário, elas se apressam em abandonar o país no qual se estabeleceram e prosperaram. Estas corporações que foram construídas com o esforço dos trabalhadores estadunidenses estão enviando milhões de empregos e indústrias inteiras para o exterior, para regimes estrangeiros repressivos como a China.
Mais de 70% dos estadunidenses disseram em uma pesquisa realizada pela revista Business Week, em setembro de 2000, que as corporações tinham “demasiado controle sobre suas vidas”. Na última década, com a onda de corrupção e de crimes corporativos, a situação só piorou.
A Wal-Mart importa mais de 20 bilhões de dólares/ano em produtos fabricados em regime de exploração nas oficinas da China. Cerca de um milhão de trabalhadores da Wal-Mart ganham menos do que US$ 10,50 por hora, sem descontar os impostos, o que faz com que muitos deles recebam cerca de US$ 8,00 por hora. Enquanto isso, os altos executivos da empresa ganham cerca de US$ 11.000,00 por hora, sem contar outros benefícios e gratificações.
Este cenário se alastrou pela economia como um processo de metástase. Um de cada três trabalhadores nos EUA tem o mesmo nível de salários da Wal-Mart. Cerca de 50 milhões de pessoas não têm seguro médico e, a cada ano, morrem aproximadamente 45 mil porque não conseguem um diagnóstico ou um tratamento. A pobreza infantil está subindo a medida que baixam as receitas familiares. O desemprego e o subemprego estão perto de 20%. O salário federal mínimo, ajustado segundo a inflação desde 1968, seria agora de US$ 10,00/hora, mas é de US$ 7,25 .
A riqueza financeira do 1% dos estadunidenses mais ricos equivale à de 95% da população não rica. Os lucros empresariais e as gratificações pagas aos chefes corporativos atingiram um nível recorde. Ao mesmo tempo, as empresas, exceto as financeiras, têm por volta de dois bilhões de dólares em cash.
No dia 7 de fevereiro, o presidente Obama nos mostrou onde reside o poder ao andar por LaFayette Park desde a Casa Branca até a sede da Câmara de Comércio dos EUA. Ante uma ampla audiência de altos executivos, defendeu que investissem mais em empregos nos Estados Unidos. Imaginem altos executivos de megacompanhias mimadas, privilegiadas, frequentemente subvencionadas e com problemas legais, ali sentados enquanto o presidente lhes rende homenagens.
Nos anos 90, com Bill Clinton, os lobbies empresariais apertaram nosso país fazendo passar no Congresso os acordos NAFTA e OMC (Organização Mundial do Comércio), que subordinaram nossa soberania e sujeitaram os trabalhadores ao governo local das corporações empresariais.
Tudo isso vem somar-se ao crescente sentimento de impotência experimentado pela cidadania. A cada ano ocorrem centenas de milhares de mortes que poderiam ser evitadas e muitas outras desgraças nos postos de trabalho, no meio ambiente e no mercado. Os grandes orçamentos e as tecnologias não se dedicam a reduzir esses danos custosos. Ao invés disso, vão para os grandes negócios das exageradas ameaças à segurança.
Enquanto as guerras de Obama/Bush no Afeganistão e no Iraque, financiadas com o déficit, vão destruindo estas nações, nossas obras públicas aqui, como o transporte público, as escolas e os hospitais são sucateadas por falta de manutenção. E as execuções de hipotecas seguem crescendo.
A condição de escravidão dos consumidores por causa de seu endividamento está privando-os do controle sobre seu próprio dinheiro, já que a letra pequena dos contratos, as qualificações e as garantias creditícias arrocham os orçamentos familiares.
Só se manifesta a metade da democracia. É desesperador que não haja muitos estadunidenses participando nas eleições, nos encontros, nas manifestações de rua, em salas de tribunais ou em reuniões municipais. Se “nós, o povo” queremos reafirmar nossa própria soberania constitucional sobre nosso país, temos que poder começar a nos reunir massivamente nas praças públicas e diante dos gigantescos edifícios de nossos governantes.
Em um país que tem tantos problemas injustos e tantas soluções que não são aplicadas, tudo é possível quando as pessoas começam a considerar-se como portadoras do poder necessário para gerar uma sociedade justa.
(*) Ralph Nader tornou-se célebre pelas suas campanhas a favor dos direitos dos consumidores nos anos 60 desenvolvidas em conjunto com a associação Public Citizen. Promoveu a discussão de temas como os direitos dos consumidores, o feminismo, o humanismo, a ecologia e a governação democrática. Nader criticou duramente a política internacional exercida pelos Estados Unidos nas últimas décadas, que vê como corporativista, imperialista, contrária aos valores fundamentais da democracia e dos direitos humanos. Ralph Nader candidatou-se quatro vezes a presidente dos Estados Unidos da América (nas eleições de 1996, de 2000, de 2004 e de 2008).
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Nossa Declaração de Independência (1776) enumerava as queixas contra o rei George III. Grande parte delas poderia ser dirigida contra o “rei” George W. Bush, que não somente eliminou a autoridade decisória do Congresso em matéria de guerras, conforme prevê a Constituição, como por meio de mentiras mergulhou o país em várias guerras ilegais que levou a cabo violando as leis internacionais. Inclusive conservadores letrados como os republicanos Bruce Fein e o ex-juiz Andrew Napolitano acreditam que tanto ele como Dick Cheney deveriam ser julgados por crimes de guerra e outros delitos relacionados. O conservador Colégio de Advogados Estadunidenses enviou a George W. Bush em 2005-2006 três informes que documentavam claramente suas violações da Constituição que jurou defender.
Em nosso país, o sistema político é uma ditadura bipartidária cujas falsificações manipulatórias convertem a maioria dos distritos eleitorais em feudos de um partido único. Os dois partidos impedem outros partidos e candidatos independentes de competir em igualdade de condições nas eleições e nos debates. Outra barreira para a realização de eleições democráticas e competitivas é o grande capital, principalmente comercial na origem, que envolve de covardia e sinecuras a maioria dos políticos.
Nossos poderes legislativos e executivos em nível federal e estatal podem muito bem ser chamados de regimes corporativos. Quando o governo é controlado pelo poder econômico privado se trata de corporativismo. O presidente Franklin Delano Roosevelt, em uma mensagem formal ao Congresso, em 1938, chamou isso de “fascismo”. O corporativismo fecha as portas à população e oferece a generosidade governamental, paga pelos contribuintes às insaciáveis corporações.
Notemos que, década após década, os resgates, subsídios, doações, benefícios e isenções fiscais para os grandes negócios vêm crescendo. A palavra “trilhões” é utilizada cada vez mais, por exemplo, na magnitude do resgate, por Washington, dos especuladores que saquearam as pensões e as economias da população.
Mas não parece que estas gigantescas companhias demonstrem gratidão alguma com o povo que as salva uma e outra vez. Pelo contrário, elas se apressam em abandonar o país no qual se estabeleceram e prosperaram. Estas corporações que foram construídas com o esforço dos trabalhadores estadunidenses estão enviando milhões de empregos e indústrias inteiras para o exterior, para regimes estrangeiros repressivos como a China.
Mais de 70% dos estadunidenses disseram em uma pesquisa realizada pela revista Business Week, em setembro de 2000, que as corporações tinham “demasiado controle sobre suas vidas”. Na última década, com a onda de corrupção e de crimes corporativos, a situação só piorou.
A Wal-Mart importa mais de 20 bilhões de dólares/ano em produtos fabricados em regime de exploração nas oficinas da China. Cerca de um milhão de trabalhadores da Wal-Mart ganham menos do que US$ 10,50 por hora, sem descontar os impostos, o que faz com que muitos deles recebam cerca de US$ 8,00 por hora. Enquanto isso, os altos executivos da empresa ganham cerca de US$ 11.000,00 por hora, sem contar outros benefícios e gratificações.
Este cenário se alastrou pela economia como um processo de metástase. Um de cada três trabalhadores nos EUA tem o mesmo nível de salários da Wal-Mart. Cerca de 50 milhões de pessoas não têm seguro médico e, a cada ano, morrem aproximadamente 45 mil porque não conseguem um diagnóstico ou um tratamento. A pobreza infantil está subindo a medida que baixam as receitas familiares. O desemprego e o subemprego estão perto de 20%. O salário federal mínimo, ajustado segundo a inflação desde 1968, seria agora de US$ 10,00/hora, mas é de US$ 7,25 .
A riqueza financeira do 1% dos estadunidenses mais ricos equivale à de 95% da população não rica. Os lucros empresariais e as gratificações pagas aos chefes corporativos atingiram um nível recorde. Ao mesmo tempo, as empresas, exceto as financeiras, têm por volta de dois bilhões de dólares em cash.
No dia 7 de fevereiro, o presidente Obama nos mostrou onde reside o poder ao andar por LaFayette Park desde a Casa Branca até a sede da Câmara de Comércio dos EUA. Ante uma ampla audiência de altos executivos, defendeu que investissem mais em empregos nos Estados Unidos. Imaginem altos executivos de megacompanhias mimadas, privilegiadas, frequentemente subvencionadas e com problemas legais, ali sentados enquanto o presidente lhes rende homenagens.
Nos anos 90, com Bill Clinton, os lobbies empresariais apertaram nosso país fazendo passar no Congresso os acordos NAFTA e OMC (Organização Mundial do Comércio), que subordinaram nossa soberania e sujeitaram os trabalhadores ao governo local das corporações empresariais.
Tudo isso vem somar-se ao crescente sentimento de impotência experimentado pela cidadania. A cada ano ocorrem centenas de milhares de mortes que poderiam ser evitadas e muitas outras desgraças nos postos de trabalho, no meio ambiente e no mercado. Os grandes orçamentos e as tecnologias não se dedicam a reduzir esses danos custosos. Ao invés disso, vão para os grandes negócios das exageradas ameaças à segurança.
Enquanto as guerras de Obama/Bush no Afeganistão e no Iraque, financiadas com o déficit, vão destruindo estas nações, nossas obras públicas aqui, como o transporte público, as escolas e os hospitais são sucateadas por falta de manutenção. E as execuções de hipotecas seguem crescendo.
A condição de escravidão dos consumidores por causa de seu endividamento está privando-os do controle sobre seu próprio dinheiro, já que a letra pequena dos contratos, as qualificações e as garantias creditícias arrocham os orçamentos familiares.
Só se manifesta a metade da democracia. É desesperador que não haja muitos estadunidenses participando nas eleições, nos encontros, nas manifestações de rua, em salas de tribunais ou em reuniões municipais. Se “nós, o povo” queremos reafirmar nossa própria soberania constitucional sobre nosso país, temos que poder começar a nos reunir massivamente nas praças públicas e diante dos gigantescos edifícios de nossos governantes.
Em um país que tem tantos problemas injustos e tantas soluções que não são aplicadas, tudo é possível quando as pessoas começam a considerar-se como portadoras do poder necessário para gerar uma sociedade justa.
(*) Ralph Nader tornou-se célebre pelas suas campanhas a favor dos direitos dos consumidores nos anos 60 desenvolvidas em conjunto com a associação Public Citizen. Promoveu a discussão de temas como os direitos dos consumidores, o feminismo, o humanismo, a ecologia e a governação democrática. Nader criticou duramente a política internacional exercida pelos Estados Unidos nas últimas décadas, que vê como corporativista, imperialista, contrária aos valores fundamentais da democracia e dos direitos humanos. Ralph Nader candidatou-se quatro vezes a presidente dos Estados Unidos da América (nas eleições de 1996, de 2000, de 2004 e de 2008).
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
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