Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 9 de maio de 2012

AS CONSEQUÊNCIAS MORAIS DE UM VETO SUSPEITO

 O mesmo personagem que por cinco horas fará acusações ao governo Lula, a membros do seu ministério e a integrantes do PT, no processo denominado de 'mensalão', obstruiu durante dois anos e sete meses uma operação da Polícia Federal cujos dados, a ele apresentados em 2009,  já seriam suficientes para o indiciamento e prisão de vários membros da quadrilha de Carlos Cachoeira, entre eles o senador Demostenes Torres.  O nome desse personagem obstrutivo é Procurador Geral da República, Roberto Gurgel. No dia 15 de setembro de 2009 ele incumbiu a própria esposa, subprocuradora Claudia Sampaio, de informar a um perplexo delegado da PF, Raul Alexandre Marques Souza, que não cabia a abertura de  processo com base nos  dados arrolados pela Operação Vega. Desqualificava-se assim juridicamente a continuidade de uma  minuciosa investigação que reuniu mais de 60 mil horas de escutas telefônicas e constatou a endogâmica relação entre o crime organizado e a corrupção política, ambos abrigados em uma engrenagem que teve atuação decisiva justamente  na gênese dos acontecimentos geradores das denúncias do chamado 'mensalão'. O veredito do casal Gurgel significou do ponto de vista legal um interdito à continuidade das investigações da Operação Vega. Foi necessário assim deflagrar uma nova operação sigilosa, a Monte Carlo, para que os fatos agora conhecidos gerassem uma consequência judicial correspondente. Esses são os dados da equação que define o jogo político nos dias que correm. Eles estão ancorados no depoimento seguro e contundente do próprio delegado Raul Alexandre Marques Souza à CPI Mista  do Congresso  que investiga a quadrilha Cachoeira. Esse encadeamento de fatos tem consequências morais; elas arguem o coração dos atributos requeridos de um Procurador- Geral da República: a isenção.

Brindeiro desafia Congresso e se protege com o mensalão


Saiu no Globo e mereceu manchete no jornal nacional:

Gurgel reage à tentativa de convocação por CPI: ‘Tem gente morrendo de medo do julgamento do mensalão’ Procurador-geral da República diz que as críticas sobre a sua atuação no caso Cachoeira viriam dos grupos políticos ligados a mensaleiros.

BRASÍLIA – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, rebateu nesta quarta-feira a afirmação do delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques, em depoimento na terça-feira à CPI do Cachoeira. Marques disse que a Operação Vegas ficou inconclusa porque ele não deu prosseguimento às investigações. Segundo o procurador, normalmente as críticas à sua atuação vem de parlamentares que estão “morrendo de medo do julgamento do mensalão”.

(…)

- O que nós temos são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão. São pessoas que aparentemente estão muito pouco preocupadas com as denúncias em si mesmas, com os fatos, com os desvios de recursos e com a corrupção. Ficam preocupadas com a opção que o procurador-geral, como titular da ação penal, tomou em 2009, opção essa altamente bem-sucedida. Não fosse essa opção, nós não teríamos Monte Carlo, nós não teríamos todos esses fatos que acabaram vindo à tona. Há um desvio de foco que eu classificaria como, no mínimo, curioso – afirmou Gurgel nesta quarta, em intervalo de sessão do Supremo Tribunal Federal (STF).

No depoimento, o delegado disse que a investigação foi engavetada por Gurgel. O procurador recebeu o relatório da Vegas em 15 de setembro de 2009 e nada fez. Gurgel só pediu abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no STF em 27 de março deste ano, cinco dias depois de O GLOBO revelar o conteúdo das ligações entre o senador e Cachoeira.

O delegado disse que o relatório da Vegas foi enviado ao procurador-geral, a quem caberia encaminhá-lo ao STF. O documento foi entregue à subprocuradora-geral Cláudia Sampaio em 15 de setembro de 2009. Um mês depois, ela, mulher de Gurgel, chamou o delegado e disse que a investigação não tinha indícios suficientes para abrir inquérito contra parlamentares. A partir daí, o caso seria arquivado ou devolvido à Justiça Federal de Goiás, de onde se originou, para reinício da apuração.

(…)




O brindeiro Gurgel está blindado pela Globo, que põe a mão no fogo por ele.
Não é a primeira vez que o brindeiro abre uma crise institucional.
Joga o Judiciário contra o Legislativo.
Antes, ele teve que ser pressionado por uma delegação de parlamentares para começar a investigar Demóstenes, aquele que recebeu apoio do Cerra e cujo partido apóia o Cerra em São Paulo.
Assim como ignorou a Operação Vegas, o brindeiro Gurgel jogou na gaveta a investigação sobre a Privataria Tucana.
Todas as fichas da Oposição – e, agora, do brindeiro – se depositam no mensalão.
Como se sabe, o mensalao está por provar-se.
Clique aqui para ler: “Collor denuncía: o brindeiro Gurgel ameaça parlamentares”.
Paulo Henrique Amorim

MAIS CAPINHAS QUE NÃO SÃO APROVADAS NAS EDITORIAS DA DECADENTE MÍDIA TRADICIONAL

OS IRMÃOS MARINHOS DA ORGANIZAÇÃO MAFIOSA “GLOBO”, E O “CAPO” ROBERTO CIVITA DA ORGANIZAÇÃO MAFIOSA DA VEJA, DIZEM AGORA QUE SE BOTAREM A CORDA EM SEUS PESCOÇOS, DÃO O “GOLPE” - ENTREGAM QUEM FACILITAVA AS NEGOCIATAS DENTRO DE TODOS OS GOVERNOS. 
QUEM TEM O FRANZIDO IMACULADO E NÃO TEM MEDO, DIZ QUE ESTA TEM QUE SER A CPI DA “VEJA” E DA “GLOBO”,
O DEMÓSTENES E O CACHOEIRA SÃO CAMUNDONGOS A SERVIÇO DAS RATAZANAS GOLPISTAS.

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BRASIL VIRA A PÁGINA DO RACISMO CORDIAL

TERCEIRA DERROTA DO ALI KAMEL, EX-ATOR PORNÔ E TODO PODEROSO DO JORNAL IRRACIONAL. KAMEL NEGA QUE HAJA RACISMO NO BRASIL. “Não somos racistas” é o título de um livro dele. KAMEL é CONTRA AS COTAS. E não está sozinho, conta com apoio DELE... DEMÓSTENES TORRES!!! O “AMENDOINZINHO” (apelido) de CARLINHOS CACHOEIRA.
FOI ESTE KAMEL RACISTA CORDIAL QUE DISSE QUE IA SANGRAR O LULA EM 2006 COM O AUXÍLIO DO “TAMPINHA” ACM NETO. KAMEL É TAMBÉM O AUTOR DA MAIOR SACADA DE MARKETING POLÍTICO DA HISTÓRIA DA... SUZANO!... A BOLINHA DE PAPEL QUE PASSOU A LIMPO A SUJEIRA DAS CAGA.... DA CAMPANHA DO ZÉ BOLINHA DE PAPEL SERRA.
FOI ESTE KAMEL RACISTA CORDIAL QUE DISSE QUE IA SANGRAR O LULA EM 2006 COM O AUXÍLIO DO “TAMPINHA” ACM NETO. KAMEL É TAMBÉM O AUTOR DA MAIOR SACADA DE MARKETING POLÍTICO DA HISTÓRIA DA... SUZANO!... A BOLINHA DE PAPEL QUE PASSOU A LIMPO A SUJEIRA DAS CAGA.... DA CAMPANHA DO ZÉ BOLINHA DE PAPEL SERRA.
FOI ESTE KAMEL RACISTA CORDIAL QUE DISSE QUE IA SANGRAR O LULA EM 2006 COM O AUXÍLIO DO “TAMPINHA” ACM NETO. KAMEL É TAMBÉM O AUTOR DA MAIOR SACADA DE MARKETING POLÍTICO DA HISTÓRIA DA... SUZANO!... A BOLINHA DE PAPEL QUE PASSOU A LIMPO A SUJEIRA DAS CAGA.... DA CAMPANHA DO ZÉ BOLINHA DE PAPEL SERRA.

O Esperado Não de Hollande a Berlim - Juros encabrestados

 
 
 
 
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O Esperado Não de Hollande a Berlim
 
Mauro Santayana
 
A senhora Ângela Merkel, tenha disso consciência ou não, age de acordo com a velha arrogância prussiana, ao convidar François Hollande a visitar Berlim, no próximo dia 16 – logo depois de empossado. Foi quase uma convocação. Ela deixou claro, ao cumprimentar o novo presidente, que podem falar de tudo, menos do essencial: da “austeridade” orçamentária. Austeridade, na visão germânica da política européia, significa seguir o caminho percorrido até agora, com os bancos recebendo bilhões e bilhões de euros, emitidos sem lastro, e os usando para as especulações de seu interesse e para encalacrar ainda mais os países meridionais. Os bancos receberam o dinheiro do Banco Central Europeu a 1% ao ano e os repassam, ao estados em crise a juros de 6 a 9% ao ano. Um “spread” escorchante.
Se François Hollande, fatigado pela campanha e pelos festejos da vitória, não estivesse desatento, poderia ter sugerido que o encontro se fizesse em Bruxelas, sede da União Européia, e não em Berlim. Se ela pretende discutir o desenvolvimento econômico continental, o lugar do encontro não poderia ser outro que não Bruxelas, a menos que ela, em gesto de boa diplomacia, houvesse proposto visitar Paris.
A senhora Merkel faz lembrar um de seus antecessores na Chancelaria do Reich, que convocou a Munique os primeiros ministros da França (Daladier), da Itália (Mussolini) e da Inglaterra (Chamberlain) a fim de lhes impor sua vontade, a de apoderar-se de grande parte do território tchecoslovaco. O fantasma de Hitler está sob o portal de Brandenburgo.
Hollande só conseguirá reaver-se do descuidado “oui”, que deve ter soado aos ouvidos de Ângela Merkel como um obediente “jawohl!”, se – diante da imposição alemã – se mantiver firme, em seu propósito de aliviar os sacrifícios impostos aos trabalhadores europeus, com a chamada “austeridade”. A Europa será devolvida aos seus cidadãos, ou continuará dirigida e saqueada pelos banqueiros do Goldman Sachs e associados menores, que hoje exercem o poder de fato no continente, e disso retiram seu proveito.
Para os observadores desinformados e irônicos, o encontro – antes mesmo que Hollande se sinta em seu gabinete presidencial – poderá ser entendido como uma audiência para o recebimento de normas e instruções.
Atenas pode não ter a importância – e não tem – de Paris, mas é um símbolo do poder e da razão política bem mais antigo.
A derrota da coligação que se encontrava no governo (só se obtiveram as cadeiras no parlamento, pela legislação que lhe assegurou 50 vagas a mais do que os escrutínios), e a vitória da esquerda, eram esperadas. Não se contava com a atrevida emersão do partido neonazista, sob o nome inocente de “Aurora Dourada” e a suástica, redesenhada, como seu símbolo. Começou bem, já com tropa de assalto formada, exigindo dos jornalistas que se levantassem para receber o líder, e expulsando da sala os que se recusaram ao “gesto de respeito” para com o novo palhaço, louco e racista. Seu primeiro projeto é o de minar as fronteiras gregas, a fim de impedir a entrada de estrangeiros.
Uma vez que a coligação que se encontrava no poder não conseguiu formar o novo governo, caberá à esquerda faze-lo, e nas próximas 48 horas. Espera-se que as lições européias dos anos 30 inspirem os democratas gregos, e que eles estabeleçam uma aliança de centro, capaz de vencer as pressões externas com habilidade, e reendereçar a economia do país mediante o fortalecimento do Estado e uma política de desenvolvimento social em busca do pleno emprego.
Hollande lembrou o new deal de Roosevelt em sua campanha. Foi bom que o fizesse. Há oito décadas, em 1932, diante de uma recessão que alguns consideram menor do que a de hoje, o Estado foi compelido, à esquerda e à direita, a intervir diretamente na economia. Na Alemanha, a resposta foi a do nazismo, com a eleição de Hitler; na Itália, a do Instituto de Reconstrução Industrial – criado por Alberto Beneduce – que interveio fortemente nas atividades produtivas, política mantida depois da vitória aliada, até o neoliberalismo dos anos 80 e 90, que jogou a Europa na crise atual.
Roosevelt conseguiu impor o seu programa de recuperação industrial, ao encoleirar os banqueiros e intervir, sem vacilação, em todos os aspectos da economia e da cultura de seu país, levando-o à vitória na Segunda Guerra Mundial, que se celebra exatamente hoje. Hollande tem razão: projeto semelhante ao de Roosevelt pode salvar a Europa.
É preciso impedir que o atrevimento do novo nazismo atinja, de igual forma, a Itália, a Espanha e a Alemanha – como o de Hitler nos anos 30. A França de Hollande deve resistir ao Diktat alemão, o que a França de Pétain não foi capaz de fazer diante de Hitler.
 

Juros encabrestados

Mauro Santayana

A presidente teve a coragem de enfrentar a bancada da Febraban e os famosos analistas econômicos dos grandes jornais, tão interessados em defender as corporações financeiras, e tão pouco empenhados em defender o desenvolvimento econômico do país.

Não há melhor definição da importância e da perversão dos bancos do que a de um comitê de intelectuais – entre eles editores de jornais – que se reuniu em março de 1829, na cidade de Filadélfia. Depois de uma semana de discussão, o comitê redigiu sua conclusão sobre o sistema financeiro, por unanimidade. O sumo do documento foi publicado por The Free Advocate em sua edição semanal de 9 a 16 de maio do mesmo ano:

“Que os bancos sejam úteis como instituições de depósito e transferências, nós podemos admitir prontamente, mas não podemos concordar que esses benefícios sejam tão grandes como para compensar os males que produzem, ao criar artificial desigualdade de riquezas e, dessa forma, artificial desigualdade de poder. Se o atual sistema bancário e de papel moeda ampliar-se e perpetuar-se, os trabalhadores devem abandonar todas as esperanças de adquirir qualquer propriedade”.

Do Comitê participavam dois economistas destacados e editores de jornais, William Gouge, da Philadelphia Gazette, e Condy Raguet, do Free Trade Advocate; William Dune, velho jornalista jefersoniano; o filantropo Robert Vaux, Ruben Whitney, ex-diretor do Banco e os líderes sindicais William English e James Ronaldson. O encontro foi registrado por Arthur M. Schlesinger, Jr. em seu estudo clássico sobre o período, “The Age of Jackson”, publicado em 1945.

O formato atual do sistema se iniciou durante o mercantilismo europeu, com o surgimento de agentes financeiros, que emitiam notas de câmbio descontadas por seus correspondentes nas principais praças comerciais do continente, e se desenvolveu a partir do Renascimento, com as casas bancárias de Veneza e Florença, no Sul, e de Hamburgo e Amsterdã, no Norte.

O acúmulo de recursos lhes permitiu envolver-se com a política, no financiamento dos estados nacionais, como ocorreu na Guerra dos Cem Anos, quando banqueiros florentinos, os Bardi e os Peruzzi, emprestaram um milhão e duzentos mil florins de ouro a Eduardo III, a fim de custear o início da Guerra dos Cem Anos, no século 14.

Os Fugger da Alemanha, os maiores capitalistas do século seguinte, foram banqueiros dos papas, encarregando-se de recolher e administrar o dinheiro das indulgências vendidas pelo Vaticano e dos impostos cobrados pelos estados pontifícios.

O libelo dos cidadãos de Filadélfia continua atual. Os bancos não só patrocinam a desigualdade social, ao destinar os recursos dos estados e do povo aos próprios negócios, e no financiamento aos milionários, mas também os utilizam para eleger seus delegados aos parlamentos e, assim, frequentemente corromper e controlar o poder político. Assim, os governantes atuam em sua defesa, como ocorreu em nosso país com o Proer e a entrega de bancos nacionais aos estrangeiros por preços simbólicos, como ocorreu na “venda” do Bamerindus, do Banespa e de outras instituições. O Santander é um exemplo: seu último balanço exibe resultados superiores a duas vezes os seus ativos no país.

Na Europa, como sabemos, os governos emitiram um trilhão de euros e os entregaram ao BCE, para recuperar a economia continental. Em lugar de fazê-lo, a instituição os repassa aos bancos privados a juros de 1% ao ano, a fim de que estes emprestem aos estados em dificuldades - mas a taxas de 6 a 8,5% ao ano. Para honrar esses juros, os governos cortam na saúde, na educação, nos investimentos produtivos, levando o desemprego ao paroxismo, e multiplicando a miséria, como está ocorrendo na Espanha, na Grécia e em Portugal.

No Brasil, a audácia dos banqueiros privados vai além de toda a cautela. Os juros cobrados dos mais pobres – os que são compelidos a valer-se dos empréstimos de curto prazo, mediante o cheque especial, e do refinanciamento das faturas dos cartões de crédito – são infernais: 238% ao ano, no caso dos cartões, e de 185% nos cheques especiais.

Para que tenhamos uma idéia do assalto: na Grã Bretanha, com as dificuldades conhecidas, os juros sobre as faturas não saldadas dos cartões de crédito não ultrapassam 30% ao ano, ou seja, são de cerca de 1/8 das taxas cobradas em nosso país.

A presidente teve a coragem de enfrentar a bancada da Febraban e os famosos analistas econômicos dos grandes jornais, tão interessados em defender as corporações financeiras, e tão pouco empenhados em defender o desenvolvimento econômico do país. Suas providências técnicas, como a da redução dos juros pagos às cadernetas de poupança – em proporção insignificante, mas suficiente para empurrar as taxas de remuneração das aplicações financeiras para baixo, não prejudicam os clientes dos bancos, mas impõem uma sensível redução do spread. Enfim, encabresta os agiotas do sistema bancário, tão danosos ao país quanto a organização de Carlos Cachoeira.

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

CALHORDICE: "Folha distorce informação sobre depoimento à CPMI"

ATUALIZAÇÃO DA MATÉRIA DO EDUARDO GUIMARÃES ÀS 12:35 DE  9/05

Folha distorce informação sobre depoimento à CPMI

A Folha de São Paulo divulga hoje (09/05) matéria intitulada “Relação da mídia com Cachoeira é alvo de perguntas”. No texto, o jornal afirma que, no depoimento do delegado Raul Souza à CPMI do Cachoeira, o depoente, questionado se havia “matérias encomendadas” por Cachoeira na revista Veja, disse que há várias conversas entre o empresário e o diretor da publicação em Brasília, Policarpo Júnior, mas que elas denotam apenas relação entre repórter e fonte”.
Estranhando que outros veículos com acesso ao depoimento do delegado não divulgaram informação como essa, de interesse da mesma imprensa que o corporativismo – e sabe-se lá que outros interesses – leva a absolver in limine a publicação da Editora Abril, este blogueiro entrou em contato com um dos membros titulares da CPMI do Cachoeira e foi informado de que a informação da Folha não ganhou maior repercussão nem na própria Folha pois o delegado Souza atuou somente em 2009 na investigação da Operação Vegas, da PF, que deu origem à Operação Monte Carlo.
A opinião do depoente, pois, decorre de ele não ter tido acesso às escutas dos anos posteriores (2010 e 2011), que são a base da Operação Monte Carlo, e que, segundo o parlamentar com quem conversei, no que tange às relações entre Policarpo e Cachoeira constituem-se em um ENORME volume de conversas entre o jornalista e a quadrilha, conversas que, aliás, serão tratadas na sessão de amanhã (quinta-feira) da CPMI.
É distorcida e tendenciosa, portanto, a matéria do jornal Folha de São Paulo, sem mencionar que é uma conduta altamente suspeita.

Estadão entrega: Cachoeira plantou na Globo também

Saiu no Blog do Nassif:

(Quando esse ansioso blogueiro diz que a Veja e a Globo são a corda e a caçamba …)

Estadão revela elos de Cachoeira com a revista Época


Por Geraldo Reco


A revista mencionada é a Época:


“Então, dá pra plantar isso aí? Os caras fazerem a ligação com eles?”, questiona o empreiteiro. O araponga, então, responde: “Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU”, diz Dadá”.


A plantação de Dadá e a Revista Época


O Estadão de hoje traz repostagem acerca de um suposto esquema de Cachoera na CGU. Mas o mais interessante são os diálogos de Claudio Abreu, então na Delta, e Dadá, aquele. A Polícia Federal tinha detonado a operação Voucher que envolveu o Ministério do Turismo e prendeu  pessoas em Brasília, São Paulo, Macapá e Curitiba. Dentre elas estava Frederico Silva da Costa, então Secretário Executivo do Ministério.


Cláudio Abreu ao saber da prisão de Costa fala com Dadá para tentar estabeleer uma ligação com uma concorrente, a Warre Engenharia que, segunda ele (Cláudio) foi beneficiada por Costa numa obra no Parque Mutirama em Goiânia. Os diálogos do Estadão:


“O pessoal da Warre Engenharia é aqui da cidade. O dono dela é o Paulo Daher e o filho dele, o Ricardo Daher. (…) Eles são amigos de infância. E esse cara que foi preso aí (Frederico) arrumou dinheiro pra eles e direcionou as obras”, explicou Abreu a Dadá.


“Então, dá pra plantar isso aí? Os caras fazerem a ligação com eles?”, questiona o empreiteiro. O araponga, então, responde: “Dá. Se não der, a gente coloca na mídia, né? Que aí os caras se interessam. Vou falar com aquele amigo lá da CGU”, diz Dadá.


O Estadão menciona que dias depois uma “revista semanal semanal de grande circulação” trouxe matéria estabelecendo a ligação desejada por Cléidio Abreu. Pesquisei na internet e encontrei matéria da Revista Época na qual se percebe nítidamente a “plantação”.


Os links e a matéria da Época estão abaixo.


http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,esquema-de-carlinhos-cachoeira-tinha-funcionario-infiltrado-na-cgu,870408,0.htm


http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI257290-15223,00.html


O Ministro entro na festa


As investigações da PF sobre corrupção no Ministério do Turismo incluem uma obra que recebeu milhões liberados por Pedro NovaisAndrei Meireles, Marcelo Rocha e Murilo Ramos, com Leandro LoyolaDida SampaioTUDO DOMINADO

O ministro do Turismo, Pedro Novais. Abaixo, seu secretário executivo, Frederico Silva da Costa, algemado. Novais liberou dinheiro para obra de empresa de amigos de CostaSérgio LimaHá algum tempo não se via coisa parecida. Na semana passada, a Polícia Federal (PF) prendeu 35 pessoas na Operação Voucher, suspeitas de participar de desvio de recursos no Ministério do Turismo. Entre os presos está o secretário executivo do ministério, Frederico Silva da Costa (leia o quadro). A investigação se concentra em um convênio que liberou R$ 4 milhões para o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi). No papel, o Ibrasi deveria treinar pessoas no Amapá para trabalhar no setor turístico. Na realidade, segundo a PF, o dinheiro foi desviado para empresas de fachada, montadas por servidores, políticos e empresários. Nas investigações, surgiu outro grande negócio com ingredientes para um novo escândalo. É comum que conversas gravadas com autorização captem diversos assuntos tratados pelos investigados. Foi assim que os policiais esbarraram no nome da empresa Warre Engenharia, de Goiânia. Os desdobramentos podem criar problemas para o atual ministro, Pedro Novais, do PMDB.


A Warre foi contratada pela prefeitura de Goiânia para revitalizar o Parque Mutirama, a principal área de lazer na área central da capital de Goiás. O dinheiro para a obra – R$ 45 milhões – é do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), que tem recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e é administrado pelo Ministério do Turismo. Na época em que foi firmado o convênio entre prefeitura e ministério, Frederico Silva da Costa era o responsável pelo Prodetur. A escolha da empresa Warre não foi uma surpresa para o setor da construção civil em Goiás, segundo ÉPOCA ouviu de empresários de Goiânia. Antes mesmo da realização da concorrência pública no 001/2010, executivos do mercado comentaram que a obra estava destinada à Warre. Essas versões eram alimentadas por causa da relação de amizade entre as famílias de Frederico Costa, o responsável pela liberação dos recursos, e dos empresários Paulo Daher e Paulo Daher Filho, os donos da Warre.


Nove empresas se inscreveram para participar da licitação para a reforma do Parque Mutirama. Seis foram desclassificadas pela prefeitura. Das três que continuaram na disputa, duas desistiram às vésperas da abertura de propostas. Sobrou apenas a Warre. Denúncias feitas na Câmara Municipal de Goiânia pelo vereador Elias Vaz (PSOL) fizeram com que o prefeito Paulo Garcia (PT) anunciasse o cancelamento da concorrência e a abertura de uma nova licitação. Garcia sondou então o Ministério do Turismo e soube que, se revogasse a licitação vencida pela Warre, os recursos federais seriam suspensos. “A prefeitura recebeu um ofício do Ministério do Turismo em novembro de 2010. O documento dizia que o recurso estava liberado para a execução da obra e que, se ela não fosse iniciada até 31 de dezembro, o município perderia o dinheiro. Os recursos voltariam para o Orçamento Geral da União”, diz Andrey Azeredo, secretário de Licitações da prefeitura de Goiânia. “O ato de revogação da licitação do Mutirama foi até confeccionado. Mas, por problemas internos, o ato não foi publicado e ficou sem validade.”


O prefeito de Goiânia iria revogar a licitação, mas desistiu depois de aviso do Ministério do Turismo


Como a revogação não foi publicada, o contrato com a Warre Engenharia foi firmado. O Ministério Público Federal entrou no caso. Para os procuradores, tudo leva a crer que a licitação foi um jogo de cartas marcadas. Em janeiro, o procurador da República Marcello Santiago Wolff considerou ter indícios suficientes para abrir um inquérito para apurar fraude na concorrência. Mesmo depois de o Ministério Público ter oficialmente informado o Ministério do Turismo sobre a investigação, o ministro Pedro Novais foi a Goiânia no final de abril. Novais participou de uma solenidade festiva em que anunciou a liberação dos “primeiros R$ 10 milhões” para as obras. Novais sabia das irregularidades. “Houve realmente alguns questionamentos, mas que já foram solucionados”, afirmou Novais, em discurso.


Segundo o Ministério Público, não há nada solucionado no caso. Na semana passada, a pedido dos procuradores, a Polícia Federal também abriu inquérito para investigar irregularidades na licitação para as obras no Mutirama. O empresário Paulo Daher, dono da Warre, afirmou que são “infundadas” as alegações do Ministério Público Federal. Daher enviou uma nota técnica da prefeitura de Goiânia, na qual se baseia para alegar que a licitação foi legal. Daher não quis comentar sua relação pessoal com Frederico Silva da Costa. Em resposta a ÉPOCA, o ministro Novais disse que, por causa das investigações do Ministério Público, passará a ser mais “cauteloso” nos repasses de dinheiro para a obra do Parque Mutirama. Ele disse também que se confundiu na hora de anunciar os recursos liberados em Goiânia. Novais diz que ele mesmo só autorizou a liberação de R$ 4 milhões.


Em janeiro, ÉPOCA já mostrara que Costa era uma fonte potencial de grandes problemas para o governo Dilma. Um dos motivos era sua gestão à frente do Prodetur. Com Frederico no comando, o governo de Goiás teve acesso a R$ 13 milhões do programa e construiu uma rodovia que favoreceu o acesso ao Rio Quente Resorts, na região de Rio Quente, um dos principais pontos turísticos de Goiás. Outro programa do ministério, o Fundo Geral de Turismo, também concedeu um financiamento ao Rio Quente Resorts. Seria uma operação legítima, se o resort não pertencesse à família de Costa. Além da suspeita de dar uma força aos negócios da família com dinheiro de todos os brasileiros, Costa também é alvo de outra investigação. Ele, o pai e o irmão são acusados de desvio de recursos públicos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) nos anos 1990. Seus bens estão bloqueados pela Justiça por causa da investigação. Apesar dos fatos desabonadores para sua nomeação para o segundo cargo no Ministério do Turismo, Costa foi mantido no governo por pressão do PMDB, acolhida pelo então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.


Na semana passada, as investigações da PF mostraram que Frederico Silva da Costa não atuou apenas em Goiás. Segundo a PF, Costa, na prática o verdadeiro ministro da pasta, foi fundamental para a liberação de verbas para o Ibrasi. Tudo começou com uma emenda ao Orçamento proposta pela deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), que destinou R$ 4 milhões para o treinamento de trabalhadores no setor turístico no Amapá. A PF afirma que Costa atuou não só para liberar a emenda de Fátima, como garantiu o escoamento do dinheiro dos cofres públicos para entidades fajutas. Em uma das gravações captadas pela Polícia Federal, Costa ensina o empresário Fábio Mello a montar uma entidade de fachada para receber o dinheiro liberado pelo ministério – e que seria desviado depois. “O importante é a fachada e tem de ser uma coisa moderna, que inspira confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo”, diz Costa. “Pega um negócio aí para chamar a atenção, assim, de porte, por três meses. Mas é para ontem! Que, se alguém aparecer para tirar uma foto lá nos próximos dias, as chances são altas!”


Dono da Conectur, que recebeu dinheiro público pelo Ibrasi e deveria treinar trabalhadores, o petista Errolflynn Paixão disse, em depoimento à PF, que seu sócio na empresa “chegou a dizer que o dinheiro seria devolvido à deputada (Fátima Pelaes)”. Secretário nacional de Desenvolvimento do Turismo até a semana passada, o ex-deputado federal Colbert Martins (PMDB-BA) foi preso porque assinou a liberação da verba com base em um documento falso. Em um diálogo com sua chefe de gabinete, captado pela polícia, Colbert demonstra preocupação com a emenda de Fátima Pelaes, pois ela seria de interesse do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “E tem de ver aquela obra lá do Amapá, aquela lá da Fátima Pelaes, daquela confusão do mundo todo, que é de interesse do Sarney. Tá certo?”, diz Colbert. “Que se cancelar aquilo, aquilo tá na bica de cancelamento, enfim algumas que eu sei de cabeça, assim. Cancela aquela, pega Sarney pela proa, vai ser mais confusão ainda, o.k.?” A deputada Fátima Pelaes nega as acusações.


Colbert e Frederico Silva da Costa têm algo em comum – além de ambos trabalharem no mesmo ministério, terem tratado da emenda de Fátima Pelaes e terem sido presos na semana passada. Eles chegaram a seus cargos indicados por Francisco Bruzzi, assessor da liderança do PMDB na Câmara dos Deputados. Bruzzi trabalha em uma sala minúscula, com espaço apenas para sua mesa e de sua secretária. Economista de 62 anos, com longa carreira em cargos públicos no Executivo e no Legislativo, Bruzzi é chefe de gabinete do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). Ele é especialista nos trâmites do Orçamento Geral da União. Pelas mãos de Bruzzi, passam as sugestões de gastos do PMDB que ultrapassam R$ 1 bilhão por ano. Sugestões de Bruzzi para os ministérios do Turismo e da Agricultura foram acolhidas pelo PMDB e transformadas em atos publicados no Diário Oficial.


A aproximação de Bruzzi com Frederico Silva da Costa foi motivada pelo interesse comum pelas emendas parlamentares. Ao receber os repórteres de ÉPOCA em sua sala, na semana passada, Bruzzi disse que, de tanto tratar de emendas com o então secretário de Infraestrutura do Ministério do Turismo, o partido achou que promover Costa a secretário executivo seria uma boa opção para atender aos anseios do PMDB na gestão do ministro Pedro Novais. “Ele (Frederico) sempre atendeu com eficiência às demandas do PMDB e às solicitações da liderança do PMDB”, afirma Bruzzi. Ele convenceu o então líder Henrique Eduardo Alves a bancar a indicação de Costa para a função. Costa prestava contas a Bruzzi do que se passava no ministério. Apesar de ser o número dois da pasta, Costa se deslocava até a pequena sala de Bruzzi na Câmara. “O líder chama sempre os secretários executivos aqui. ‘Vem cá, que tem um deputado aqui querendo resolver um problema.’ E (o secretário executivo) vem. O ministério não é do partido? Então, vem”, afirma Bruzzi.


O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Ele indicou a cúpula do Ministério do Turismo e quis que o partido deixasse o governo, depois da operação da PF


A operação da Polícia Federal da semana passada causou problemas entre o PT e o PMDB. Os líderes do PMDB se revoltaram não só com a prisão de Colbert Martins, mas com o fato de ele ter sido algemado. Eles reclamaram à presidente Dilma Rousseff. De acordo com assessores próximos, Dilma teria sido surpreendida pela operação, deflagrada na última terça-feira. Pouco depois das 8 horas da manhã, Dilma mandou chamar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e perguntou o que era a Operação Voucher. Desde 2008, a Polícia Federal estava comedida não só no número, como na maneira de conduzir suas operações. Àquela altura do dia, Cardozo sabia pouco e Colbert Martins já havia sido preso em São Paulo, enquanto esperava pelo ministro Pedro Novais. O carro com Novais passaria para pegá-lo e os dois iriam ao aeroporto de Congonhas e voariam para Brasília. Ao ser avisado da prisão, Novais voltou para o hotel.


Por volta das 11 horas, Dilma soube que o ex-ministro do Turismo Luiz Barreto estava no P’alácio para uma solenidade. Barreto era o ministro em 2009, quando o convênio com o Ibrasi foi celebrado e um de seus principais colaboradores era Frederico Silva da Costa. Dilma mandou chamar Barreto e o interrogou. Como tinha de ir à solenidade, Dilma repassou então a tarefa de interrogar Barreto ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ao meio-dia, o deputado Henrique Eduardo Alves convocou a bancada de deputados do PMDB na Câmara para receber o vice-presidente, Michel Temer. Na versão que chegou ao Palácio do Planalto, Alves defendeu a saída do ministro do Turismo, Pedro Novais, e o afastamento de políticos indicados pelo PMDB. O risco de um racha no governo foi contornado porque Dilma ligou para Temer e avisou que a operação nada tinha a ver com o ministro Pedro Novais. A pedido de Dilma, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também telefonou para Novais. Mantido no cargo, Novais poderá agora explicar a liberação do dinheiro público para a reforma do Parque Mutirama, em Goiânia, cercada de suspeitas.

Carta e o DEM: suborno de Agripino envolve PSDB de SP


O senador gripino Maia, presidente do DEM, é acusado de receber 1 milhão de reais do esquema (Foto: Válter Campanato/Agência Brasil)

Saiu na Carta Capital reportagem de Leandro Fortes (que tem a honra de ser processado por Gilmar Dantas (*) ):

Testemunha acusa Agripino Maia de receber propina


Há pouco mais de um mês, em 2 de abril, um grupo de seis jovens promotores de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Norte organizou uma sessão secreta para ouvir um lobista de São José do Rio Preto (SP), Alcides Fernandes Barbosa, ansioso por um acordo que o tirasse da cadeia. Ele foi preso com outras nove pessoas, em 24 de novembro de 2011, durante a Operação Sinal Fechado, que teve como alvo a atuação do Consórcio Inspar, montado por empresários  e políticos locais com a intenção de dominar o serviço de inspeção veicular no estado por 20 anos. A quadrilha pretendia faturar cerca de 1 bilhão de reais com o negócio. Revelado, agora, em primeira mão, por CartaCapital, o depoimento de Barbosa aponta a participação do senador Agripino Maia, presidente do DEM, acusado de receber 1 milhão de reais do esquema.


O depoimento de Barbosa durou 11 horas e reforçou muitas das teses levantadas pelos promotores sobre a participação de políticos no bando montado pelo advogado George Olímpio, apontado como líder da quadrilha, ainda hoje preso em Natal. De acordo com trechos da delação, gravada em vídeo, Barbosa afirma ter sido chamado, no fim de 2010, para um coquetel na casa do senador Agripino Maia, segundo disse aos promotores, para conhecer pessoalmente o presidente do DEM. O convite foi feito por João Faustino Neto, ex-deputado, ex-senador e atual suplente de Agripino Maia no Senado Federal. Segundo o lobista, ele só foi chamado ao encontro por conta da ausência inesperada de outros dois paulistas, um identificado por ele como o atual senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e o outro apenas como “Clóvis” – provavelmente, de acordo com o MP, o também tucano Clóvis Carvalho, ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso.


Apontado como um dos principais articuladores do esquema criminoso no estado, Faustino Neto foi subchefe da Casa Civil do governo de São Paulo durante a gestão do tucano José Serra. Na época, era subordinado a Aloysio Nunes Ferreira.


De acordo com os promotores, o papel de Barbosa na quadrilha era evitar que a Controlar, uma empresa com contratos na prefeitura de São Paulo, participasse da licitação que resultou na escolha do Consórcio Inspar. Em conversas telefônicas interceptadas com autorização da Justiça potiguar, Barbosa revela ter ligado para o prefeito Gilberto Kassab (PSD), em 25 de maio de 2011, quando se identificou como responsável pela concessão da inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Aos interlocutores, o lobista garantiu ter falado com o prefeito paulistano e conseguido evitar a entrada da Controlar na concorrência aberta pelo Detran local. Em um dos telefonemas, afirma ter tido uma conversa “muito boa”. Embora não se saiba o que isso significa exatamente, os promotores desconfiam das razões desse êxito. Apenas em propinas, o MP calcula que a quadrilha gastou nos últimos dois anos, cerca de 3,5 milhões de reais.


Aos promotores, Alcides Barbosa revelou que foi levado ao “sótão” do apartamento do senador Agripino Maia, em Natal, onde garante ter presenciado o advogado Olímpio negociar com o senador apoio financeiro à campanha de 2010. Na presença de Faustino Neto e Barbosa, diz o lobista, George prometeu 1 milhão de reais para o presidente do DEM. O pagamento, segundo o combinado, seria feito em quatro cheques do Banco do Brasil, cada qual no valor de 250 mil reais, a ficarem sob a guarda de um homem de confiança de Agripino Maia, o ex-senador José Bezerra Júnior, conhecido por “Ximbica”. De acordo com Barbosa, Agripino Maia queria o dinheiro na hora, mas Olímpio afirmou que só poderia iniciar o pagamento das parcelas a partir de janeiro de 2012.


O depoimento reforça um outro, do empreiteiro potiguar José Gilmar de Carvalho Lopes, dono da construtora Montana e, por isso mesmo, conhecido por Gilmar da Montana. Preso em novembro de 2011, o empreiteiro prestou depoimento ao Ministério Público e revelou que o tal repasse de 1 milhão de reais de Olímpio para Agripino Maia era “fruto do desvio de recursos públicos” do Detran do Rio Grande do Norte. O empresário contou história semelhante à de Barbosa. Segundo ele, Olímpio deu o dinheiro “de forma parcelada” na campanha eleitoral de 2010 a Carlos Augusto Rosado, marido da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), e para o senador Agripino Maia. E mais: a doação foi acertada “no sótão do apartamento de José Agripino Maia em Morro Branco (bairro nobre de Natal)”.


Com base em ambos os depoimentos, o Ministério Público do Rio Grande do Norte decidiu encaminhar o assunto à Procuradoria Geral da República, pelo fato de Agripino Maia e ser senador da República, tem direito a foro privilegiado. Lá, o procurador-geral Roberto Gurgel irá decidir se uma investigação será aberta ou não.



O depoimento de Barbosa (foto) reforçou muitas das teses levantadas pelos promotores sobre a participação de políticos no bando montado pela quadrilha
Procurado por CartaCapital, o senador Agripino Maia negou todas as acusações. Afirma que nunca houve o referido coquetel no apartamento dele, muito menos repasse de 1 milhão de reais das mãos da quadrilha para sua campanha eleitoral, em 2010. Negou até possuir um sótão em casa. “Sótão é aquela coisinha que a gente sobe por uma escadinha. No meu apartamento eu tenho é uma cobertura”, explicou. Agripino Maia afirma ser vítima de uma armação de adversários políticos e se apóia em outro depoimento de Gilmar da Montana, onde ela nega ter participado do coquetel na casa do senador.


De fato, dias depois de o depoimento do empreiteiro ter vazado na mídia, no final de março passado, o advogado José Luiz Carlos de Lima, contratado posteriormente à prisão de Gilmar da Montana, apareceu com outra versão. Segundo Lima, houve “distorções” das declarações do empresário. De acordo com o advogado, o depoimento de Montana, prestado a dois promotores e uma advogada dentro do Ministério Público, ocorreu em condições “de absoluto estresse emocional e debilidade física” do acusado, que estaria sob efeito de remédios tranquilizantes. No MP potiguar, a versão não é levada a sério.


Clique aqui para ver tucana entrevista de João Faustino.


(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.




Delegado inculpa brindeiro Gurgel. Globo põe a mão no fogo por ele


Saiu no Estadão:


BRASÍLIA – A base do governo no Congresso pretende usar o depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques para convocar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a prestar esclarecimentos à CPI do Cachoeira sobre sua atuação no inquérito que investiga o envolvimento de políticos com a quadrilha do bicheiro.


Líderes do PT e de partidos aliados vão discutir uma possível oitiva de Gurgel, sob o argumento de que na terça-feira, 8, o delegado deixou claro que há indícios de prevaricação por parte do procurador ao tratar informações da Operação Vegas que incriminavam o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e os deputados Carlos Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO).


Gurgel recebeu o caso em 2009, mas não pediu autorização para investigá-lo ao Supremo Tribunal Federal (STF), tampouco devolveu peças da operação à primeira instância, o que a manteve congelada até este ano, quando foi desencadeada a Operação Monte Carlo.


De acordo com o relato de parlamentares presentes à sessão, Marques disse que a Vegas ficou inconclusa. O inquérito foi remetido ao procurador em 15 de setembro de 2009. A subprocuradora da República Cláudia Sampaio foi designada para analisá-lo e, no mês seguinte, informou ao delegado não ter encontrado elementos jurídicos que fundamentassem um pedido de investigação ao Supremo “A partir disso, não podia fazer mais nada”, teria dito o policial à CPI.


Um dos argumentos do governo pela convocação do procurador é que, embora não tenha encontrado indícios em 2009, Gurgel usou este ano, na denúncia apresentada ao STF, após a Operação Monte Carlo, várias peças do inquérito da Vegas.


“A subprocuradora, em nome do procurador, disse que não tinha elementos que indicassem crime e (o caso) ficou parado até hoje. Foi preciso uma nova operação para a sociedade conhecer essa organização criminosa. Ele(Gurgel) precisa explicar por que não fez nada. Se não tem crime, ele tinha que ter arquivado ou pedido à Justiça novas diligências”, cobrou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).




Mas, a Globo resolveu blindar o Gurgel.
No jornal da Globo, do William Traack, segundo o amigo navegante Belisário, o notável repórter Heraldo Pereira jogou o peso da autoridade Moral e o Poder Político da Globo na defesa irrestrita do brindeiro Gurgel.
Sem restrições.
Como disse o notável repórter, a Globo “não tem dúvida nenhuma” da honorabilidade do brindeiro.
Nenhuma !
Governo e oposição discordam de sigilo no depoimento na CPI do Cachoeira.
Depois de assegurar que “Rupert Civita não é Robert(o) Murdoch”, agora a Globo põe a mão no fogo pelo Gurgel.
Isso é que “jornalismo”!



Em tempo: por uma questão de coerência, o notável repórter deveria avisar ao espectador que move uma ação contra este ansioso blogueiro que foi abraçada pelo Ministério Público de Brasília.

Será essa, amigo navegante, uma forma de  usar um bem público – o espectro eletro-magnético – em  benefício de interesses pessoais?

Será que a Globo agora delega esse Poder Incomensurável a seus “notáveis “repórteres”, também?

Clique aqui para ler “Gilmar, Kamel e Heraldo – como PHA se defendeu”.

Em tempo 2: sobre o notável editorial do Globo, leia também o que disse o Eduardo Guimarães:

Globo faz defesa inepta de Civita e aumenta suspeitas


Há algumas semanas, recebi ligação de um amigo que veio me sugerir uma estratégia, de que blogueiros que cobram investigação das suspeitas contra a Veja por seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira concentrassem o foco na revista. Para esse amigo, seria um erro de estratégia disparar contra outros veículos da grande mídia.


À época, até achei que aquele amigo poderia ter razão. Ainda assim, disse-lhe que achava perda de tempo porque tinha quase certeza de que outros veículos tentariam proteger o “Publisher” da Editora Abril e sua revista por saberem que se as culpas de um e da outra fossem provadas, a regulação da mídia se tornaria inevitável.


(…)



Paulo Henrique Amorim

A BANCA AMEAÇA O BRASIL COM SECA DE CRÉDITO

*CRISE SE AGRAVA NA EUROPA: nesta 4ª feira, a partir das 8:30hs, economistas da Rede Desenvolvimentista debatem os impactos da crise global no Brasil e AL; assista online:  http://www.rtv.unicamp.br/aovivo/canal3/   ** Grécia: mercados se vingam das urnas; Bolsa de Atenas tem a maior queda em 20 anos** Merkel sobre o arrocho fiscal contestado por gregos e franceses: "É inegociável"**Serra nervoso: obscurantismo do candidato que questiona direitos dos gays, criminaliza o aborto e mistura Estado e Religião causa rejeiçaõ em intelectuais tucanos, que se aproximam do petista Fernando Haddad  
O  Estado brasileiro coordenou a queda da Selic, cortou os juros nos bancos estatais e assumiu o risco de reformular a poupança, tirando o piso de apoio da espiral rentista. Acuada nessas frentes, a banca dissimulou sua resistência em silêncio, mas decidiu boicotar a estratégia no cerne: recusa-se a expandir o crédito, um dos requisitos para mitigar o contágio da economia brasileira pela recessão mundial que se agrava na Europa. Nesta 3ª feira, o sindicato dos bancos, a Febraban, abriu o jogo pelos jornais. As declarações do  economista -chefe da instituição, Rubens Sardenberg, excretavam uma postura desafiadora de boicote que não poderia ficar sem respostas. "Você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água", disse Sardenberg. O coice revoltou a Presidenta Dilma.(LEIA MAIS AQUI)

Banqueiros “batem cabeça” sobre juro, recuam e se comprometem em elevar crédito

Relatório da Febraban divulgado na segunda-feira (7) gerou novo mal-estar com governo federal, ao prever que bancos não aumentarão crédito disponível, apesar dos cortes de juro. No fim da tarde de terça-feira (8), para apaziguar os ânimos, entidade divulga nota dizendo que seus membros "estão comprometidos com expansão do crédito". É o segundo embate entre Febraban e governo federal em menos de um mês.

São Paulo – A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou no fim da tarde desta terça-feira (8) uma nota oficial de três parágrafos em que anuncia que seus associados, entre eles Itaú Unibanco e Bradesco, “estão comprometidos com a expansão vigorosa e saudável do crédito”.

O comunicado tenta apaziguar mais um mal-estar entre a entidade e o governo federal, desta vez gerado por um relatório, divulgado na segunda-feira (7), no qual os bancos afirmam que o atual ciclo de corte de juros não aumentará o volume de crédito disponível no mercado.

A justificativa seria a cautela das instituições diante da crise internacional e do aumento da inadimplência no mercado interno. “Você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água”, diz um trecho do relatório, assinado pelo economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg.

Produzido semanalmente a partir de consultas a executivos de 31 bancos brasileiros, o relatório, chamado Informativo Semanal de Economia Bancária (Iseb), aponta que realmente diminuiu a expectativa de aumento das operações de crédito no país, de 16,6% na divulgação da semana passada, para 16,2% nesta semana. O dado para 2013 permaneceu constante, em 16%.

Sem fazer referência ao documento, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse, ao participar de uma audiência pública no Senado, que o governo tem monitorado as operações de crédito dos bancos e que, com juros menores, o volume aumentará.

“Isso começou em abril. Os números vão mostrar em maio essa retomada”, explicou, apostando também em recuo da inadimplência. “As novas operações terão inadimplência menor pela queda da Selic e pelo aumento de renda das famílias”, disse ele.

O constrangimento entre Febraban e governo federal é o segundo em um curto período. Há quase um mês, o presidente da entidade, Murilo Portugal, esteve em Brasília e disse que, para que houvesse corte de juros, o governo precisava fazer sua parte, reduzindo impostos e o compulsório - a parcela dos depósitos que é retida pelo Banco Central.

A cobrança gerou indignação no Ministério da Fazenda, que considera não haver justificativa técnica para o país ser um dos campeões mundial de spread bancário. A escalada de cortes de taxas no Banco do Brasil e na Caixa, porém, tornou a resistência breve. Para não perder mercado, os bancos privados baixaram os juros – ainda que para segmentos de clientes e pacotes de serviços específicos.

Globo faz defesa inepta de Civita e aumenta suspeitas


Há algumas semanas, recebi ligação de um amigo que veio me sugerir uma estratégia, de que blogueiros que cobram investigação das suspeitas contra a Veja por seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira concentrassem o foco na revista. Para esse amigo, seria um erro de estratégia disparar contra outros veículos da grande mídia.
À época, até achei que aquele amigo poderia ter razão. Ainda assim, disse-lhe que achava perda de tempo porque tinha quase certeza de que outros veículos tentariam proteger o “Publisher” da Editora Abril e sua revista por saberem que se as culpas de um e da outra fossem provadas, a regulação da mídia se tornaria inevitável.
À época, Globo, Folha, Estadão e todos os telejornais ainda hesitavam em meramente noticiar as relações entre o editor de Veja Policarpo Júnior, Cachoeira e sua quadrilha. Todavia, conforme as escutas da Polícia Federal envolvendo o editor da revista foram surgindo, a imprensa, a televisão e até parlamentares que integram a CPI começaram a tocar no assunto.
Com a reportagem da Record no último domingo, a qual apresentou os motivos que considerável parcela dos membros da CPI já enxergam para investigar a Veja, o jornal O Globo publicou editorial ontem fazendo uma defesa desabrida de Roberto Civita. O texto foi publicado sob o título “Roberto Civita não é Rupert Murdoch”.
Além de defender o “publisher” da Abril, o jornal da família Marinho partiu para o ataque. Acusou blogs e órgãos de imprensa que cobram investigação das estranhas relações da Veja com a quadrilha de Cachoeira.
Como sempre fazem os grandes meios de comunicação ligados à oposição ao governo federal quando a imprensa é questionada por meios de comunicação alternativos, O Globo acusou sem dar nomes, limitando-se rotular a todos, indistintamente, como “chapas brancas”.
Desafio O Globo ou qualquer ser vivo a provar que este blog recebe um único benefício do PT ou do governo federal. Abro todos os meus sigilos, contanto que o sujeito que escreveu esse editorial abra os dele.
Vamos em frente, pois.
Não foi só honestidade que faltou ao editorial; faltou competência. O texto não resiste ao mínimo de contraditório, razão pela qual esse e outros grandes veículos ligados ao PSDB, ao DEM e ao PPS jamais deram espaço para que alguém expusesse as razões para as cobranças contra a Veja. E muito menos deu espaço às evidências que pesam contra ela.
Para mostrar como foram ineptos a defesa e o ataque feitos por O Globo, reproduzo o editorial em tela parágrafo por parágrafo (em negrito), porém apondo comentário do blog após cada um deles (sem negrito).
—–
O Globo
8 de maio de 2012
Editorial
Roberto Civita não é Rupert Murdoch
Blogs e veículos de imprensa chapa branca que atuam como linha auxiliar de setores radicais do PT desfecharam uma campanha organizada contra a revista “Veja”, na esteira do escândalo Cachoeira/Demóstenes/Delta.
Por falta de provas, o editorialista não dá nomes aos bois e nem faz acusação explícita de que os tais “blogs e veículos de imprensa chapa branca” seriam pagos pelo PT – faz, tão-somente, insinuação. E, à diferença do que fazia quando Lula estava no poder, não diz mais que são linha auxiliar do governo, tornando óbvia a intenção de não comprar briga com Dilma.
A operação tem todas as características de retaliação pelas várias reportagens da revista das quais biografias de figuras estreladas do partido saíram manchadas, e de denúncias de esquemas de corrupção urdidos em Brasília por partidos da base aliada do governo.
Sempre insinuando de forma covarde, o texto apenas sugere que o PT teria organizado alguma coisa. E ao dizer que a “operação” tem “características”, mostra que está chutando. Além disso, oculta que Veja fazia reportagens que eram comemoradas pela quadrilha de Cachoeira, como mostram as escutas da PF.
É indisfarçável, ainda, a tentativa de atemorização da imprensa profissional como um todo, algo que esses mesmos setores radicais do PT têm tentado transformar em rotina nos últimos nove anos, sem sucesso, graças ao compromisso, antes do presidente Lula e agora da presidente Dilma Roussef, com a liberdade de expressão.
Esse é um dos trechos mais hilariantes . Quem escreveu foi o mesmo jornal que em 25 de novembro de 2010, por exemplo, ao comentar entrevista que o então presidente Lula deu a blogueiros, afirmou que ele “elegeu a grande imprensa como alvo principal” e “não poupou críticas aos jornais”. De resto, por que o Globo diz ter medo se o caso Cachoeira só envolve a Veja? A menos que o jornal saiba algo que ainda não sabemos…
A manobra se baseia em fragmentos de grampos legais feitos pela Polícia Federal na investigação das atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pela qual se descobriu a verdadeira face do senador Demóstenes Torres, outrora bastião da moralidade, e, entre outros achados, ligações espúrias de Cachoeira com a construtora Delta.
Fragmentos de grampos?! Ora, a reportagem da TV Record do último domingo (que reproduzo ao fim do post) mostra claramente a quadrilha comemorando efusivamente as matérias que a revista soltava sob seu mando. Isso mesmo, os tais “trechos” mostram Cachoeira MANDANDO Policarpo publicar matérias contra adversários dos seus negócios ilegais.
As gravações registraram vários contatos entre o diretor da Sucursal de “Veja” em Brasília, Policarpo Jr, e Cachoeira. O bicheiro municiou a reportagem da revista com informações e material de vídeo/gravações sobre o baixo mundo da política, de que alguns políticos petistas e aliados fazem parte.
A maior prova de que o editorial mente reside em que, até hoje, nem O Globo, nem Folha, nem Estadão e muito menos a própria Veja publicaram os tais “fragmentos”. E não publicaram porque ninguém que leia ou ouça o pouco que já vazou envolvendo Policarpo concordará com a premissa do jornal.
A constatação animou alas radicais do partido a dar o troco. O presidente petista, Rui Falcão, chegou a declarar formalmente que a CPI do Cachoeira iria “desmascarar o mensalão”.
Em que isso absolve a Veja? Quer dizer que está proibido provar que a tese do mensalão é uma farsa? E se surgirem provas no âmbito de uma investigação da imprensa pela CPI? Ora, se não existir nada que desmascare a tese, por que se preocupar? Do que O Globo, Veja e o resto da mídia oposicionista têm medo? Quem não deve, não teme. Certo?
Aos poucos, os tais blogs começaram a soltar notas sobre uma suposta conspiração de “Veja” com o bicheiro. E, no fim de semana, reportagens de TV e na mídia impressa chapas brancas, devidamente replicados na internet, compararam Roberto Civita, da Abril, editora da revista, a Rupert Murdoch, o australiano-americano sob cerrada pressão na Inglaterra, devido aos crimes cometidos pelo seu jornal “News of the World”, fechado pelo próprio Murdoch.
A comparação que o editorial rechaça se deve às semelhanças entre Roberto e Rupert. Eles não têm só os primeiros nomes e as aparências (vide foto acima) parecidos. Há evidências de que usam métodos igualmente parecidos, e essa dúvida só pode ser dirimida através daquilo que esse e outros veículos parecem querer evitar desesperadamente.
Comparar Civita a Murdoch é tosco exercício de má-fé, pois o jornal inglês invadiu, ele próprio, a privacidade alheia.
O que garante ao editorialista de O Globo que a Veja não só invadiu a privacidade alheia como foi ainda mais longe? E onde fica a liberdade de expressão, o teste de hipóteses que o diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, sempre defendeu?
Quer-se produzir um escândalo de imprensa sobre um contato repórter-fonte. Cada organização jornalística tem códigos, em que as regras sobre este relacionamento — sem o qual não existe notícia — têm destaque, pela sua importância.
Balela. Ba-le-la. Relação entre jornalista e fonte protegida por sigilo e aceita como lícita, quase sempre envolve vítimas ou testemunhas de crimes. E, mesmo quando envolve criminosos, é relação fortuita. Quando um bandido diz que quer dar beijo no repórter, comemora o resultado das informações que passou, quando repórter e fonte trocam centenas de telefonemas, vão a restaurantes, mantêm relação que dura anos a fio, algo está muito errado.
Como inexiste notícia passada de forma desinteressada, é preciso extremo cuidado principalmente no tratamento de informações vazadas por fontes no anonimato.
Cuidado que, como mostram os aperitivos das 200 ligações telefônicas entre Policarpo, Cachoeira e a quadrilha, não existiu.
Até aqui, nenhuma das gravações divulgadas indica que o diretor de “Veja” estivesse a serviço do bicheiro, como afirmam os blogs, ou com ele trocasse favores espúrios. Ao contrário, numa das gravações, o bicheiro se irrita com o fato de municiar o jornalista com informações e dele nada receber em troca.
Quem pinça um trecho mínimo do que já vazou são o Globo, a Veja e os veículos aliados a esses dois. É por isso, repito, que todos esses veículos escondem do público o que a reportagem da TV Record de domingo passado mostrou. Por que escondem? Porque é mentira grosseira que “Nenhuma das gravações indica que o diretor de Veja estivesse a serviço do bicheiro”.
Estabelecem as Organizações Globo em um dos itens de seus Princípios Editoriais: “(…) é altamente recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não se transforme em relação de amizade. A lealdade do jornalista é com a notícia”.
Ora, bolas, mas é exatamente isso que mostram gravações que já vazaram: que havia uma relação de amizade entre o “Poli”, Cachoeira e companhia limitada.
E em busca da notícia o repórter não pode escolher fontes. Mas as informações que vêm delas devem ser analisadas e confirmadas, antes da publicação. E nada pode ser oferecido em troca, com a óbvia exceção do anonimato, quando necessário.
De novo: as gravações mostram a quadrilha comemorando as matérias da Veja e até MANDANDO Policarpo publicar matérias do interesse de Cachoeira, escolhendo até a seção da revista onde deveriam sair. E a reprodução da reportagem da TV Record, reproduzida abaixo, PROVA isso.
O próprio braço sindical do PT, durante a CPI de PC/Collor, abasteceu a imprensa com informações vazadas ilegalmente, a partir da quebra do sigilo bancário e fiscal de PC e outros.
Cadê a prova de que quem passou ao PT informações que o partido divulgou durante a CPI de PC/Collor era uma quadrilha como a que hoje está todinha vendo o sol nascer quadrado? Que comparação escandalosa é essa?
O “Washington Post” só pôde elucidar a invasão de um escritório democrata no conjunto Watergate porque um alto funcionário do FBI, o “Garganta Profunda”, repassou a seus jornalistas, ilegalmente, informações sigilosas.
O Washington Post não fez favores a uma quadrilha (favores que ela comemorava) ao publicar denúncias sobre o envolvimento de Richard Nixon no assalto ao conjunto de escritórios Watergate.
Só alguém de dentro do esquema do mensalão poderia denunciá-lo. Coube a Roberto Jefferson esta tarefa.
E daí? Roberto Jefferson não era um bicheiro, era um parlamentar. E, que se saiba, a jornalista Renata Lo Prete, que extraiu dele a denúncia sobre o mensalão, não vivia de namorico consigo. E, mesmo que assim fosse, não era um bandido com a ficha de Carlinhos Cachoeira. E tampouco se sabe de que ela publicava reportagens que ele comemorava. Além, é claro, daquela que gerou o escândalo do mensalão.
A questão é como processar as informações obtidas da fonte, a partir do interesse público que elas tenham. E não houve desmentidos das reportagens de “Veja” que irritaram alas do PT.
Aí a mentirada se tornou tosca ao impensável. Quer dizer que o PT não desmentia as reportagens da Veja? O que será que esse editorialista fumou antes de escrever? Os desmentidos são fartos. Que O Globo cite alguma denúncia que este blog lhe providencia o desmentido do partido.
Ao contrário, a maior parte delas resultou em atitudes firmes da presidente Dilma Roussef, que demitiu ministros e funcionários, no que ficou conhecido no início do governo como uma faxina ética.
Bajular Dilma não adianta nada. A própria imprensa (Folha) veiculou que ela ficou irritadíssima ao perceber que foi usada pela quadrilha de Cachoeira no caso do Ministério dos Transportes. E o fato de até hoje nenhum ministro demitido estar sendo processado mostra que Dilma errou ao demitir com base em notícias de jornais e revistas, erro que este blog cansou de avisar que ela estava cometendo.
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Não se pode fazer como Veja, Globo e congêneres e condenar antes da investigação. O que se quer é que tudo seja investigado, simplesmente porque há indícios. É altamente suspeito que esses veículos resistam tanto. Se não têm nada a temer, devem exigir ser investigados. Até para que não pairem dúvidas. O que Globo, Veja e companhia têm a esconder?
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Caso ainda não tenha assistido, assista, abaixo, aos trechos das gravações que envolvem Veja e decida por si mesmo, leitor, se é verdade o que essa defesa inepta de Roberto Civita pelo Globo tenta vender àqueles de quem esconde informações.