Antes de comentar a pesquisa CNT/MDA recém-divulgada, confira,
abaixo, matéria do jornal Valor Econômico on line. Em seguida, comento.
Como se vê, tudo caminha dentro do previsto. Agora, cada vez mais
gente vai percebendo por que este Blog viu, lá na última pesquisa Ibope
de terça-feira da semana passada, uma situação “ótima” para Dilma.
A pesquisa CNT/MDA é ótima, excelente, magnífica para Dilma por ela
ter ampliado consideravelmente a vantagem sobre a principal adversária
no primeiro turno – Marina despencou 6 pontos –, por tê-la ultrapassado
numericamente no segundo turno e por a rejeição dos três principais
candidatos ter chegado ao mesmo patamar da presidente (ao redor de 40%).
A situação de Aécio melhorou um pouco. Mas, até aqui, melhorou bem
pouco. Ao menos na pesquisa CNT/MDA. E Marina ainda tem cerca de 10
pontos de vantagem. Diferença que, em 10 dias para a eleição em primeiro
turno, parece praticamente impossível reverter.
Contudo, os números dessa pesquisa ainda não são tão bons para Dilma
quanto dizem que são os do Vox Populi, que, por alguma razão misteriosa,
deixaram de ser apresentados pelo Jornal da Record da última
segunda-feira, apesar de ter sido anunciado que seriam apresentados.
Como se disse aqui no post imediatamente anterior a este, conforme
vamos chegando perto da eleição os institutos de pesquisa vão
“acertando” os números.
E como ainda não há números que mostrem uma possibilidade concreta de
Dilma vencer no 1º turno, os institutos de pesquisa e seus
controladores ainda não mergulharam em total desespero, a ponto de irem
para o tudo ou nada a fazerem manipulações mais grosseiras.
Bom Dia Brasil usa entrevista com Aécio para criticar Dilma
Era previsível que o Bom Dia Brasil tratasse de formas distintas os
candidatos a presidente da República. O mesmo ocorreu com as entrevistas
com esses candidatos que o Jornal Nacional apresentou em agosto. Porém,
não se imaginava que o tratamento dispensado a Dilma Rousseff fosse tão
pior do que aquele que recebeu no telejornal noturno.
O fato é que, no telejornal matutino, Dilma pôde falar ainda menos do
que no telejornal noturno devido às obsessivas interrupções dos
entrevistadores, os quais, tanto em um telejornal quanto no outro,
impediram a presidente de completar seus raciocínios.
Na entrevista de Dilma, para que se possa medir a gravidade da coisa
os entrevistadores, da abertura ao encerramento, proferiram 1.524
palavras. Dilma, a entrevistada, proferiu 3.193 palavras. Ou seja, os
entrevistadores falaram 48% do tempo que a entrevistada falou.
Por qualquer critério que se queira usar aquilo não foi uma entrevista, foi um debate.
Com Aécio Neves não foi igual. Os entrevistadores assistiram
bovinamente às longas respostas dele, que aproveitou perguntas sobre
“recessão”, “desemprego” e “inflação” no país para atacar Dilma.
Miriam Leitão, por exemplo, diz a Aécio que “(…)
A gente não
sabe ainda como o senhor vai fazer isso que o senhor acabou de dizer que
vai fazer, tirar o pais da estagnação e reduzir a inflação (…)”
Ou seja, os entrevistadores levantaram temas que permitiram a Aécio
atacar a adversária em vez de fazer perguntas sobre sua administração em
Minas Gerais (2003 – 2010), sobre escândalos envolvendo o PSDB como o
mensalão tucano, o de Alstom e da Siemens, o da Copasa (em Minas), o do
aeroporto que ele mandou construir praticamente dentro de terras de sua
família com dinheiro público.
Aliás, Aécio poderia ter sido perguntado sobre seu mandato no Senado.
Ou não interessa como um candidato cumpre mandato que obteve nas urnas?
Após longos minutos da primeira resposta de Aécio sobre como iria
resolver os problemas criados pela atual administração do país, e diante
da mudez e dos sorrisos abestalhados das duas entrevistadoras, Chico
Pinheiro tratou de colocar um pouco de sal na coisa.
Miriam Leitão, quem praticamente não deixou Dilma completar seus
raciocínios, pouco se manifestou. Os mais incisivos foram Chico Pinheiro
e Ana Paula Araújo.
Abaixo, algumas respostas de Dilma, na sua vez no Bom Dia Brasil,
compostas de uma só frase incompleta, por conta das interrupções.
Dilma Rousseff: Só um pouquinho…
Dilma Rousseff: Ah, não. Mas eu te asseguro…
Dilma Rousseff: Foi, foi…
Dilma Rousseff: Mas, eu posso, eu posso…
Dilma Rousseff: Mas nem eles. Nem eles, então…
Dilma Rousseff: Eles estão… A meta deles…
Dilma Rousseff: Deixa eu continuar porque senão é impossível…
Dilma Rousseff: Eu estou então construindo a seguinte…
Dilma Rousseff: Mas eu estou falando…
Dilma Rousseff: Não, não é isso. Pera lá…
Todas essas frases cortadas derivam de interrupções quando a
presidente meramente tentava responder. Com Aécio, não houve nada assim.
Ele pôde concluir todos os seus raciocínios. Quando os entrevistadores
tentavam interrompê-lo, ele continuava falando e eles se calavam. Isso
sem falar na simpatia com que foi tratado.