Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Voa pena de tucano: Cachoeira financiou Perillo
Cachoeira aparece como um dos principais doadores para campanha de Marconi Perillo
Por Redação – de Goiânia
O empresário Rossine Aires Guimarães, suspeito de integrar a quadrilha do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, fez doações em valores equivalentes a R$ 4,3 milhões nas eleições de 2010, na qual foi eleito o governador Marconi Perillo. Segundo informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rossine aparece como doador para os tucanos, na lista de suspeitos da Operação Monte Carlo, que flagrou conversas secretas entre o contraventor e parlamentares do DEM, entre eles o então líder do partido, senador Demóstenes Torres. Do total doado, R$ 800 mil foram para o comitê financeiro da campanha do PSDB em Goiás e mais de R$ 3 milhões para os comitês do PSDB, DEM e PMDB, no Tocantins.
Proprietário da Construtora Rio Tocantins (CRT), com 82% das cotas acionárias, Rossine também autoriza doações pela empresa no valor de R$ 712 mil para o comitê financeiro do PMDB no Tocantins e para as campanhas de um senador e um deputado federal do PMDB tocantinense. Para a campanha de Perillo, o suspeito de integrar o crime organizado doou ao PSDB goiano o valor de R$ 500 mil em 26 de outubro de 2010, antes do segundo turno disputado entre o atual governador Marconi Perillo (PSDB) e o candidato derrotado Iris Rezende (PMDB). O R$ 300 mil restantes foi para a conta corrente do partido em 17 de novembro do mesmo ano, logo após a vitória do atual mandatário goianense.
Para os políticos do Tocantins, as doações ocorreram nas eleições disputadas pelo atual governador Siqueira Campos, também do PSDB e por Carlos Gaguim (PMDB), que buscava a reeleição. Rossine ainda é sócio de Gaguim na BPR Empreendimentos Imobiliários, empresa criada em abril de 2010.
Delegado federal
Guimarães também é sócio majoritário da Ideal Segurança, comprada pelo delegado da Polícia Federal Deuselino Valadares, um dos denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por envolvimento com Carlinhos Cachoeira, segundo matéria veiculada, nesta terça-feira, no diário O Popular, de Goiânia. “No inquérito da Operação Monte Carlo, consta que a Ideal é uma sociedade de Rossine com Deuselino, Cachoeira, e o atualmente ex-diretor da regional Centro-Oeste da Delta Construções, Cláudio Abreu”, apurou o jornal.
“Rossine é dono de 60% da Ideal Segurança. Segundo o inquérito realizado pelo MPF e pela PF, a empresa seria usada para lavagem de dinheiro da máfia dos caça-níqueis. O empresário assumiu a maioria acionária da Ideal no ano passado. Mas em um telefonema interceptado pela PF em maio de 2011, Gleyb Ferreira da Cruz, apontado como braço-direito para assuntos financeiros da quadrilha, revela que Rossine, Cláudio e Cachoeira possuem – cada um – 20% de participação na empresa. Os outros 40% estão em nome de Edson Coelho dos Santos, suposto laranja de Deuselino”, acrescentou a reportagem.
Braço direito
A CRT também é citada várias vezes nas conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal. De acordo com as investigações, Cachoeira teria forte influência na construtora, não apenas interferindo nos negócios da empresa como também usando o nome dela para negociar licitações favoráveis à Delta. Em uma conversa datada de 14 de junho do ano passado, apontado como braço direito para assuntos financeiros da quadrilha, Gleyb Ferreira da Cruz, pergunta a Cachoeira se deve fechar um negócio pela Delta ou pela CRT. O empresário responde que é pela construtora de Rossine.
Outra conversa interceptada pela PF, em 22 de junho, divulgada recentemente, Cachoeira explica à Cláudio Abreu o papel da CRT nas licitações que interessam ao grupo:
– Agora a gente vê se fecha com a CRT, podemos usar a CRT na conversa aí. Depois vamos fazer o contrato, com outra empresa, com a Delta. Põe a Delta na frente de tudo e a gente tem um contrato de gaveta, entendeu?
Ainda nos relatórios da PF, Rossine é qualificado como um financiador pesado de campanhas políticas que possui diversos contratos com a administração pública. A ficha dele figura também no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual de Campinas (SP), por envolvimento em fraudes nas empresas imobiliárias das quais é o sócio majoritário. Na semana passada, ainda segundo O Popular, “o presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincon, admitiu ter recebido Rossine acompanhado de Cachoeira no seu gabinete, em audiência realizada no mês de fevereiro deste ano”.
Rincon funcionava como uma espécie de tesoureiro da campanha de Marconi Perillo ao governo do Estado e duplê de captador de recursos para a campanha tucana. Ele admitiu que a doação, feita legalmente, está contabilizada no TSE.
– A relação dele (Rossine) com Cachoeira é uma outra questão. Se Carlinhos Cachoeira doou por meio de terceiros, não tínhamos conhecimento – esquiva-se.
O presidente da Agetop admitiu apenas um encontro com Rossine, quando recebeu o empresário a pedido do ex-presidente da Câmara de Goiânia, Wladmir Garcêz (PSDB), aliado de Perillo, também preso na Operação Monte Carlo.
Dilma e a vassalagem: “isso não é uma pergunta !”
A proposito da vassalagem e dos governos que tiram o sapato, o Rodrigo Vianna do Escrevinhador publicou post imperdível:
Dilma: “isso não é uma pergunta”
Vendo a Dilma nos EUA, reunida com Obama, eu me lembro daqueles emails da época da última campanha eleitoral, que diziam: “a terrorista não poderá visitar os EUA, será barrada”. Quanta barbaridade. Não esqueçamos nunca do que a turma do Serra foi capaz de fazer. O aborto (a mulher do Serra em pessoa, segundo o “Estadão”, disse numa passeata que Dilma era a favor de matar criancinhas), a bolinha de papel que Ali Kamel quis transformar em atentado, a ficha falsa, os boatos…
E agora está a Dilma lá nos EUA, enquanto o Serra sua pra ganhar prévia na disputa pra Prefeitura. O Brasil se livrou de uma encrenca!
A turma que acusava Dilma de “abortismo” transferiu sua ira pro Supremo Tribunal Federal. Alguns pastores e bispos católicos (entre eles, aquele bispo dos panfletos, de Guarulhos) parece que gostariam de ver o Santo Ofício instalado na praça dos Três Poderes.
E a Dilma? Em algumas áreas, o governo andou pra trás em relação a Lula: na Cultura, na Comunicação, na Reforma Agrária. É um governo tímido. Mas muito bem avaliado. Nas relações internacionais, Dilma mantem a altivez de Lula. Dá até medo o que seria um governo tucano nessa área.
Nos Estados Unidos, Dilma criticou a política cambial dos EUA e foi direta: a América Latina não aceita mais “Cúpula das Américas” sem a presença de Cuba. A próxima, na Colômbia, será a última sem os cubanos, avisou a Obama. Os jornalistas pediram detalhes à presidenta. E aí vejam o que aconteceu, na descrição do “insuspeito” O Globo:
“perguntada se o Brasil fez um pedido formal para que Obama aceitasse Cuba no próximo encontro dos chefes de Estado, Dilma afirmou: — O que houve foi a constatação de que todos os países (da América Latina) têm relação com Cuba e, portanto, esta é a ultima cúpula em que ela não participaria. Esta é a posição unânime (na região).
Questionada sobre a resposta de Obama, Dilma retrucou:
— Ele não tem que responder. Isso não é uma pergunta.”
Acho que deu pra entender, né?
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Fatos exigem a reabertura do Inquérito do Grampo sem Aúdio
Enviado por luisnassif, ter, 10/04/2012 - 22:07
Em 1º de julho de 2009, a Polícia Federal concluiu o inquérito do grampo sem áudio. Depois de dez meses de investigação, os delegados William Morad e Rômulo Berredo não encontraram qualquer registro gravado de uma conversa entre o ex-presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demostenes Torres, do DEM de Goiás. Ninguém apresentou fita, CD ou dragão para comprovar o suposto grampo de uma conversa inócua.
Não foram encontrados indícios de que a Abin ou a PF estivessem ouvindo os telefonemas do presidente do STF – ao contrário do que alardeou a revista Veja em agosto de 2008, com ampla repercussão na imprensa, no Congresso e na Corte Suprema. Não se incriminou a Abin, como queriam a revista, o senador e o ministro, nem se chegou às origens da farsa, seus autores e suas motivações.
As investigações da operação Monte Carlo e suas predecessoras na Polícia Federal, agora de conhecimento público, trazem novos elementos para iluminar aquele episódio. O mais importante desses fatos novos é a revelação de que o bicheiro Carlinhos Cacheira detinha informantes bem posicionados na Polícia Federal, incluindo os delegados (hoje presos) Deuselino Valadares dos Santos e Fernando Byron, além dos arapongas “autônomos” Idalino Matias, o Dadá, e Jairo Martins, ambos associados à sucursal da revista Veja em Brasília.
O inquérito da Monte Carlo demonstrou que o delegado Deuselino Valadares foi cooptado pela quadrilha de Cachoeira depois de ter produzido, em meados de 2006, três relatórios para a PF sobre as atividades do bicheiro e suas ligações políticas, incluindo Demostenes Torres (aqui, na reportagem de Leandro Fortes na Carta Capital). Deuselino, a quem o bicheiro chama de Neguinho, abriu a empresa Ideal Segurança, com participação oculta de Cachoeira.
Em 2008, a Polícia Federal voltou a investigar Cachoeira e sua rede, por meio da Operação Las Vegas. Aqui, na reportagem da Carta Capital:
“A participação do senador Demóstenes Torres só foi novamente levantada pela PF em 2008, quando uma operação também voltada à repressão de jogo ilegal, batizada de “Las Vegas”, o flagrou em grampos telefônicos em tratativas com Carlinhos Cachoeira.”
O relatório final da Operação Las Vegas foi encaminhado ao procurador-geral da república, Roberto Gurgel, em setembro de 2009, e estranhamente engavetado, como demonstrou reportagem de Jailton de Carvalho no Globo.
O que a Polícia Federal não sabia em 2008 nem em 2009 é que o delegado Deuselino Valadares era informante de Cachoeira e seu bando , e poderia tê-los deixado a par das investigações. Provavelmente a PF não conhecia também a profunda infiltração dos arapongas Dadá e Jairo no aparato policial, fatos que só se tornaram evidentes e comprovados agora, na Operação Monte Carlo.
Estão aí os novos elementos para que seja reaberto Inquérito do Grampo sem Áudio: a descoberta da infiltração na Polícia, a conexão entre os agentes de Cachoeira e a revista que bancou o grampo e, por fim, uma nova motivação para a farsa: desqualificar a Operação Las Vegas.
O Ministério Público e a PF precisam apurar se Demostenes e Cachoeira sabiam que estavam sendo investigados e seus telefonemas, grampeados. Se de fato sabiam, é preciso apurar se eles engendraram um plano para desqualificar e embaralhar as investigações. Nesta hipótese, o senador disparou o conhecido golpe do pega-ladrão: espalhou aos quatro ventos, com a ajuda da revista Veja, que estaria sendo grampeado, não por policias com autorização judicial, mas por arapongas a serviço do governo. De quebra, mas não menos importante, ajudou a desqualificar a Operação Satiagraha.
Não foram encontrados indícios de que a Abin ou a PF estivessem ouvindo os telefonemas do presidente do STF – ao contrário do que alardeou a revista Veja em agosto de 2008, com ampla repercussão na imprensa, no Congresso e na Corte Suprema. Não se incriminou a Abin, como queriam a revista, o senador e o ministro, nem se chegou às origens da farsa, seus autores e suas motivações.
As investigações da operação Monte Carlo e suas predecessoras na Polícia Federal, agora de conhecimento público, trazem novos elementos para iluminar aquele episódio. O mais importante desses fatos novos é a revelação de que o bicheiro Carlinhos Cacheira detinha informantes bem posicionados na Polícia Federal, incluindo os delegados (hoje presos) Deuselino Valadares dos Santos e Fernando Byron, além dos arapongas “autônomos” Idalino Matias, o Dadá, e Jairo Martins, ambos associados à sucursal da revista Veja em Brasília.
O inquérito da Monte Carlo demonstrou que o delegado Deuselino Valadares foi cooptado pela quadrilha de Cachoeira depois de ter produzido, em meados de 2006, três relatórios para a PF sobre as atividades do bicheiro e suas ligações políticas, incluindo Demostenes Torres (aqui, na reportagem de Leandro Fortes na Carta Capital). Deuselino, a quem o bicheiro chama de Neguinho, abriu a empresa Ideal Segurança, com participação oculta de Cachoeira.
Em 2008, a Polícia Federal voltou a investigar Cachoeira e sua rede, por meio da Operação Las Vegas. Aqui, na reportagem da Carta Capital:
“A participação do senador Demóstenes Torres só foi novamente levantada pela PF em 2008, quando uma operação também voltada à repressão de jogo ilegal, batizada de “Las Vegas”, o flagrou em grampos telefônicos em tratativas com Carlinhos Cachoeira.”
O relatório final da Operação Las Vegas foi encaminhado ao procurador-geral da república, Roberto Gurgel, em setembro de 2009, e estranhamente engavetado, como demonstrou reportagem de Jailton de Carvalho no Globo.
O que a Polícia Federal não sabia em 2008 nem em 2009 é que o delegado Deuselino Valadares era informante de Cachoeira e seu bando , e poderia tê-los deixado a par das investigações. Provavelmente a PF não conhecia também a profunda infiltração dos arapongas Dadá e Jairo no aparato policial, fatos que só se tornaram evidentes e comprovados agora, na Operação Monte Carlo.
Estão aí os novos elementos para que seja reaberto Inquérito do Grampo sem Áudio: a descoberta da infiltração na Polícia, a conexão entre os agentes de Cachoeira e a revista que bancou o grampo e, por fim, uma nova motivação para a farsa: desqualificar a Operação Las Vegas.
O Ministério Público e a PF precisam apurar se Demostenes e Cachoeira sabiam que estavam sendo investigados e seus telefonemas, grampeados. Se de fato sabiam, é preciso apurar se eles engendraram um plano para desqualificar e embaralhar as investigações. Nesta hipótese, o senador disparou o conhecido golpe do pega-ladrão: espalhou aos quatro ventos, com a ajuda da revista Veja, que estaria sendo grampeado, não por policias com autorização judicial, mas por arapongas a serviço do governo. De quebra, mas não menos importante, ajudou a desqualificar a Operação Satiagraha.
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Mídia demo-tucana já faz menção à relação entre Veja e Cachoeira
Posted by eduguim
Está caindo a ficha da grande mídia demo-tucana quanto ao potencial explosivo da vindoura Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará as relações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e empresas privadas, sem prejuízo de suas relações com o governo de Goiás e, sobretudo, com órgãos de imprensa ligados ao PSDB e ao DEM, como a revista Veja. Essa tomada de consciência transparece em denúncias fracas que essa mídia está fazendo ao PT.
A tentativa da grande mídia de envolver também o PT em um escândalo que atinge em cheio dois expoentes da oposição – o senador Demóstenes Torres, do DEM (agora desfiliado), e o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo – é absolutamente frágil e busca, apenas, tentar induzir a sociedade à crença de que o partido do governo estaria envolvido com um criminoso que, agora se sabe, é responsável pelas maiores denúncias contra petistas durante a década passada.
As denúncias da mídia contra o PT em nada se comparam ao envolvimento de Perillo com Cachoeira, que transparece em dezenas de nomeações e contratos com o governo de Goiás.
Está sendo usada gravação da Polícia Federal, feita no ano passado, na qual Claudio Abreu, à época diretor da empreiteira Delta, aparece conversando com o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos braços-direitos do bicheiro, sobre tentativa de suborno de Claudio Monteiro, chefe de gabinete do governador de Brasília, Agnelo Queiróz (PT), para que facilite manutenção de contrato de limpeza urbana firmado pelo governo anterior, do demo José Roberto Arruda.
Além disso, também está sendo difundida, com grande destaque, menção da quadrilha de Cachoeira ao subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais do governo Dilma, Olavo Noleto.
Contudo, as acusações são tão frágeis que a Polícia Federal não indiciou nenhuma dessas pessoas. A exposição desproporcional dessas escutas que a mídia pretende que atinjam ao PT visa apenas ludibriar a sociedade, fazendo-a pensar que o escândalo em questão seria “suprapartidário”, o que é um absurdo porque escutas da PF mostram que o bicheiro Carlinhos Cachoeira esteve por trás de grande parte das acusações da Veja ao PT.
O ataque da mídia tucana ao PT se torna ainda mais absurdo quando se nota que uma das informações mais estarrecedoras oriunda das escutas da PF, a que versa sobre o envolvimento da Veja com Cachoeira, até agora não havia sido divulgada por nenhum desses grandes meios de comunicação.
Todavia, isso mudou nesta quarta-feira (11/04). A Folha publicou “análise” de seu colunista Fernando Rodrigues em que, ao acusar o PT de “ira mal-resolvida” contra PSDB e DEM por suas condutas durante o escândalo do mensalão, acaba citando um caso que a mídia terá que divulgar, pois o deputado federal do PT de Pernambuco Fernando Ferro já avisou que fará requerimento à CPI pedindo convocação – não será convite, mas convocação – de Roberto Civita, dono da editora Abril, que edita a Veja.
Fernando Rodrigues distorce os fatos na página A7 da Folha de São Paulo de quarta-feira 11 de abril ao dizer que “(…) Os governistas vislumbram a possibilidade de usar a CPI do Cachoeira para constranger jornalistas que usaram as informações do empresário na apuração de reportagens (…)”.
Na verdade, as gravações mostram o bicheiro confraternizando com o editor da Veja Policarpo Jr. por ataques que a revista fizera ao governador petista de Brasília, Agnelo Queiróz. Em outro ponto, as escutas mostram membros da quadrilha afirmando que praticamente todas as matérias da Veja contra o PT partiram de seu chefe, Cachoeira. Há centenas de telefonemas trocados entre Policarpo e Cachoeira que mostram relação íntima entre o bicheiro e a revista.
Até aqui, não há nada minimamente comparável entre petistas e Cachoeira ao que há envolvendo a oposição. Podem até surgir relações do bicheiro com alguém da base aliada, mas o forte empenho do PT, de Lula e do governo Dilma para que a CPI seja instalada mostram que o governismo está disposto a finalmente escancarar a espantosa promiscuidade da mídia demo-tucana e da oposição com o crime organizado.
A tentativa da grande mídia de envolver também o PT em um escândalo que atinge em cheio dois expoentes da oposição – o senador Demóstenes Torres, do DEM (agora desfiliado), e o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo – é absolutamente frágil e busca, apenas, tentar induzir a sociedade à crença de que o partido do governo estaria envolvido com um criminoso que, agora se sabe, é responsável pelas maiores denúncias contra petistas durante a década passada.
As denúncias da mídia contra o PT em nada se comparam ao envolvimento de Perillo com Cachoeira, que transparece em dezenas de nomeações e contratos com o governo de Goiás.
Está sendo usada gravação da Polícia Federal, feita no ano passado, na qual Claudio Abreu, à época diretor da empreiteira Delta, aparece conversando com o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos braços-direitos do bicheiro, sobre tentativa de suborno de Claudio Monteiro, chefe de gabinete do governador de Brasília, Agnelo Queiróz (PT), para que facilite manutenção de contrato de limpeza urbana firmado pelo governo anterior, do demo José Roberto Arruda.
Além disso, também está sendo difundida, com grande destaque, menção da quadrilha de Cachoeira ao subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais do governo Dilma, Olavo Noleto.
Contudo, as acusações são tão frágeis que a Polícia Federal não indiciou nenhuma dessas pessoas. A exposição desproporcional dessas escutas que a mídia pretende que atinjam ao PT visa apenas ludibriar a sociedade, fazendo-a pensar que o escândalo em questão seria “suprapartidário”, o que é um absurdo porque escutas da PF mostram que o bicheiro Carlinhos Cachoeira esteve por trás de grande parte das acusações da Veja ao PT.
O ataque da mídia tucana ao PT se torna ainda mais absurdo quando se nota que uma das informações mais estarrecedoras oriunda das escutas da PF, a que versa sobre o envolvimento da Veja com Cachoeira, até agora não havia sido divulgada por nenhum desses grandes meios de comunicação.
Todavia, isso mudou nesta quarta-feira (11/04). A Folha publicou “análise” de seu colunista Fernando Rodrigues em que, ao acusar o PT de “ira mal-resolvida” contra PSDB e DEM por suas condutas durante o escândalo do mensalão, acaba citando um caso que a mídia terá que divulgar, pois o deputado federal do PT de Pernambuco Fernando Ferro já avisou que fará requerimento à CPI pedindo convocação – não será convite, mas convocação – de Roberto Civita, dono da editora Abril, que edita a Veja.
Fernando Rodrigues distorce os fatos na página A7 da Folha de São Paulo de quarta-feira 11 de abril ao dizer que “(…) Os governistas vislumbram a possibilidade de usar a CPI do Cachoeira para constranger jornalistas que usaram as informações do empresário na apuração de reportagens (…)”.
Na verdade, as gravações mostram o bicheiro confraternizando com o editor da Veja Policarpo Jr. por ataques que a revista fizera ao governador petista de Brasília, Agnelo Queiróz. Em outro ponto, as escutas mostram membros da quadrilha afirmando que praticamente todas as matérias da Veja contra o PT partiram de seu chefe, Cachoeira. Há centenas de telefonemas trocados entre Policarpo e Cachoeira que mostram relação íntima entre o bicheiro e a revista.
Até aqui, não há nada minimamente comparável entre petistas e Cachoeira ao que há envolvendo a oposição. Podem até surgir relações do bicheiro com alguém da base aliada, mas o forte empenho do PT, de Lula e do governo Dilma para que a CPI seja instalada mostram que o governismo está disposto a finalmente escancarar a espantosa promiscuidade da mídia demo-tucana e da oposição com o crime organizado.
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Por que Lula quer a(s) CPI(s)? Porque vão melar o mensalão
O ansioso blog já tinha informado que o Nunca Dantes insistiu na instalação das duas CPIs – a da Privataria do Padim Pade Cerra, e a do Robert(o) Civita – que merecerá entusiasmada defesa da ANJ – , quer dizer, a CPI do Demóstenes, Cachoeira e do …
É o que diz a Folha (*), na capa desta quarta-feira.
O importante a observar – e talvez o líder do PT, Jilmar Tatto, já tenha percebido – é que o Lula quer as duas CPIs: a da Privataria do Padim também.
Agora, amigo navegante, por que o Nunca Dantes quer as DUAS ?
Porque elas vão acabar de melar o mensalão.
O melaço começou a escorrer quando a TV Record exibiu a entrevista que Ernani de Paula – o senador Álvaro Dias o convocará para depor (leia o “em tempo”) – concedeu a este ansioso blogueiro.
Está claro que o mensalão fez parte da trama para derrubar o Governo trabalhista do Presidente Lula.
Dela participaram, como se disse no Casablanca, “the usual suspects”.
E a Veja e o PiG (**).
Tudo para eleger o Padim Pade Cerra com a Teoria do Sangramento, de autoria do Farol de Alexandria.
O vídeo da corrupção do funcionário subalterno dos Correios, assim como a entrevista de Thomas Jefferson, que deu o Premio Pulitzer a Renata Lo Prete, tudo não passava de uma Carta Brandi do Carlos Lacerda.
O Mauricio Dias já tratou dessa moralidade hipócrita da UDN contemporânea.
Satiagraha, Montecarlo, Privataria – é água que move o mesmo moinho.
A Folha (*) percebeu que a batata está assando.
O Golpe virou-se contra o feiticeiro.
Em tempo: o senador Álvaro Dias aparece em todas as reportagens do jornal nacional a tratar do Demóstenes. O Vasco, que acabou de aportar em Cape Cod para acompanhar a visita da presidenta a Boston, tem um conselho a dar ao Álvaro Dias. “Não ponha o seu rosto e a sua reputação na telinha ao lado do Demóstenes.” Mesmo que seja com o nobre intuito de derrubar a Dilma, a simples proximidade com a imagem do Demóstenes “pode ser fatal, senador”, diz o Vasco, ao saborear um Jack Daniels com gelo. Vasco é a favor de uma oposição inteligente, criativa, como a que Álvaro Dias personifica.
Em tempo2: os telejornais do Ali Kamel tentam montar a “CPI do Demóstenes do B”: vão demonstrar que a corrupção é no PT. Já, já, o Ali Kamel sobe a rampa do Palácio e acha o Cachoeira sentado na ABIN.
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
É o que diz a Folha (*), na capa desta quarta-feira.
O importante a observar – e talvez o líder do PT, Jilmar Tatto, já tenha percebido – é que o Lula quer as duas CPIs: a da Privataria do Padim também.
Agora, amigo navegante, por que o Nunca Dantes quer as DUAS ?
Porque elas vão acabar de melar o mensalão.
O melaço começou a escorrer quando a TV Record exibiu a entrevista que Ernani de Paula – o senador Álvaro Dias o convocará para depor (leia o “em tempo”) – concedeu a este ansioso blogueiro.
Está claro que o mensalão fez parte da trama para derrubar o Governo trabalhista do Presidente Lula.
Dela participaram, como se disse no Casablanca, “the usual suspects”.
E a Veja e o PiG (**).
Tudo para eleger o Padim Pade Cerra com a Teoria do Sangramento, de autoria do Farol de Alexandria.
O vídeo da corrupção do funcionário subalterno dos Correios, assim como a entrevista de Thomas Jefferson, que deu o Premio Pulitzer a Renata Lo Prete, tudo não passava de uma Carta Brandi do Carlos Lacerda.
O Mauricio Dias já tratou dessa moralidade hipócrita da UDN contemporânea.
Satiagraha, Montecarlo, Privataria – é água que move o mesmo moinho.
A Folha (*) percebeu que a batata está assando.
O Golpe virou-se contra o feiticeiro.
Em tempo: o senador Álvaro Dias aparece em todas as reportagens do jornal nacional a tratar do Demóstenes. O Vasco, que acabou de aportar em Cape Cod para acompanhar a visita da presidenta a Boston, tem um conselho a dar ao Álvaro Dias. “Não ponha o seu rosto e a sua reputação na telinha ao lado do Demóstenes.” Mesmo que seja com o nobre intuito de derrubar a Dilma, a simples proximidade com a imagem do Demóstenes “pode ser fatal, senador”, diz o Vasco, ao saborear um Jack Daniels com gelo. Vasco é a favor de uma oposição inteligente, criativa, como a que Álvaro Dias personifica.
Em tempo2: os telejornais do Ali Kamel tentam montar a “CPI do Demóstenes do B”: vão demonstrar que a corrupção é no PT. Já, já, o Ali Kamel sobe a rampa do Palácio e acha o Cachoeira sentado na ABIN.
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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JN inventa 'monólogo' no grampo, para dar munição a Álvaro Dias
O Jornal Nacional da TV Globo editou a notícia sobre o escândalo de Carlinhos Cachoeira para, em vez de esclarecer o telespectador, gerar "suspense" político.
Pessoas envolvidas ou citadas:
Claudio Abreu: ex-diretor da construtora Delta e provável sócio oculto de Cachoeira;
Dadá: araponga e "faz-tudo" Cachoeira.
Marcelão (seria Marcello Lopes): ex-assessor da Casa Militar do governo do Distrito Federal. Matéria da Folha o aponta como acusado também de participar da interceptação ilegal de e-mails, negada por ele.
Cláudio Monteiro: chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT/DF).
João Monteiro: foi exonerado do SLU (Serviço de Limpeza Urbana do DF) no fim do mês passado.
Primeiro o telejornal mostrou um diálogo de janeiro de 2011 entre Claudio Abreu e Dadá:
DADÁ: O Marcelão ‘tá’ aqui comigo, entendeu? Eu ‘tava’ falando para o Carlinhos o seguinte, ele veio da reunião com o Cláudio Monteiro, entendeu? Então ele ‘tava’ falando o seguinte, que é ideal você dar um presente para o cara. A nomeação só vai sair na terça-feira no Diário Oficial.O JN diz que, segundo a investigação, o diálogo fala da nomeação de João Monteiro na SLU, cargo do interesse da Delta, pois tem contratos de limpeza urbana com órgão vindos do governo anterior a Agnello.
CLAUDIO ABREU: Dadá, resume. O que é que é para dar para ele?
DADÁ: Dá o dinheiro para o cara, meu irmão.
CLAUDIO ABREU: Faz o seguinte, vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto. Nós vamos dar R$ 20 mil para ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?
DADÁ: Vou falar com o Marcelão aqui.
Só com esse trecho do diálogo fica inconclusivo. Incrimina apenas Marcelão, mas não dá para ter certeza sobre para quem estaria sendo negociada a propina: se era para Cláudio Monteiro como se suspeita, ou para João Monteiro, ou mesmo para Marcelão.
Em seguida, mostra outro telefonema ente DADÁ e Cachoeira, que reforçariam indícios de envolvimento de Cláudio Monteiro, o alvo do JN:
DADÁ: Já recebeu os rádios aí?
CACHOEIRA: Chegou quatro ‘chip’ aqui. Você quer que guarde para você?
DADÁ: Quero, quero. Ele vai dar um para o Cláudio Monteiro e outro para o Marcelão. Tem que estar fazendo a ponte com ele. Tem que ficar perto dele.
O JN pecou ao não informar a data desse diálogo, nem ter buscado informar se a voz de Cláudio Monteiro e Marcelão passaram a aparecer em outros grampos, já que eles teriam ganho aparelhos para se comunicar supostamente com Cláudio Abreu ou Cachoeira, monitorados pela PF.
Mas até aqui, ainda que superficial, a matéria foi válida. Atende ao interesse público de levantar a questão, e é saudável que se apure quem é culpado e quem é inocente nessa história.
O jornalismo desandou completamente quando, em vez de mostrar um diálogo grampeado, o JN mostrou um monólogo (!). Eis o que JN levou ao ar:
Em outra gravação, em apenas uma frase, Dadá resume como a quadrilha de Cachoeira operava:
“A regra é clara, você faz, você recebe. Você não fez, não vai receber”.
A Globo teve a cara-de-pau de colocar só esse monólogo aí em cima, gerando um suspense, como se telejornal fosse novela.
Com quem Dadá estava falando?
E qual o assunto pelo qual o interlocutor queria receber?
E qual o assunto pelo qual o interlocutor queria receber?
Se tiver conexão com os outros diálogos acima, ele está dizendo que o esquema não deu certo. Significa provavelmente que alguém, ou os próprios mecanismos de controles e fiscalização, ou mesmo o acaso barrou alguma negociata. Se o JN tivesse mostrado o diálogo, em vez do monólogo, talvez fosse possível tirar conclusão de quem é inocente e de quem é culpado.
Obviamente que a Globo tem profissionais que sabem fazer jornalismo quando quer ou deixam, e se escondeu esse diálogo só pode ter sido editado de propósito.
E o propósito é deslocar a pauta de Marconi Perillo para Agnello Queiroz, dando munição para Álvaro Dias (PSDB/PR) na CPMI do Cachoeira que vai iniciar.
Em tempo: Cláudio Monteiro pediu demissão do governo do DF, e disse que colocará seu sigilo bancário, fiscal e telefônico à disposição da Procuradoria-geral da República.
Em tempo: Cláudio Monteiro pediu demissão do governo do DF, e disse que colocará seu sigilo bancário, fiscal e telefônico à disposição da Procuradoria-geral da República.
Além da Veja, o Estadão também se alia a Cachoeira
O Estadão publica três telefonemas do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) com o sargento Dadá, gravados durante a Operação Monte Carlo.
Na Operação Satiagraha, Protógenes teria recorrido a Dadá como informante (o assunto já foi amplamente noticiado na época). Depois Protógenes foi processado, num processo que beira a perseguição, acusado de irregularidades como vazar informações e quebrar sigilo funcional.
Nos telefonemas eles marcam encontro e falam sobre depoimento em juízo que Dadá prestaria, provavelmente referente ao processo contra Protógenes.
Em nenhum momento os diálogos mostram qualquer envolvimento com atividades ilegais, e muito menos tem qualquer vinculação com Cachoeira ou seu esquema.
O Estadão me sai com essa manchete:
"Realmente não tenho lembrança nenhuma [desses diálogos]. Quero saber de algum diálogo existente com o sistema Cachoeira. Na manchete [do jornal] dá entender que tenho alguma vinculação. Foi até bom essa entrevista para poder esclarecer a população de tamanha irresponsabilidade", disse.
Na Operação Satiagraha, Protógenes teria recorrido a Dadá como informante (o assunto já foi amplamente noticiado na época). Depois Protógenes foi processado, num processo que beira a perseguição, acusado de irregularidades como vazar informações e quebrar sigilo funcional.
Nos telefonemas eles marcam encontro e falam sobre depoimento em juízo que Dadá prestaria, provavelmente referente ao processo contra Protógenes.
Em nenhum momento os diálogos mostram qualquer envolvimento com atividades ilegais, e muito menos tem qualquer vinculação com Cachoeira ou seu esquema.
O Estadão me sai com essa manchete:
Ora, parece manchete plantada pelo grupo de Cachoeira. Aliás, essa manchete é o que o deputado Carlos Leréia (PSDB/GO), ligadíssimo a Cachoeira, já vinha falando em tom de ameaça para inibir Protógenes quando recolhia assinaturas para a CPI do Cachoeira.
Assim o Estadão entra no clube da Veja, como aliado de Cachoeira. Noticiar o fato tudo bem, fazer o jogo de Cachoeira é que não dá.
Protógenes respondeu:
"Realmente não tenho lembrança nenhuma [desses diálogos]. Quero saber de algum diálogo existente com o sistema Cachoeira. Na manchete [do jornal] dá entender que tenho alguma vinculação. Foi até bom essa entrevista para poder esclarecer a população de tamanha irresponsabilidade", disse.
Ele confirmou conhecer Dadá e já ter tratado de assuntos profissionais com ele, mas não sabia das relações com Cachoeira e ficou surpreso quando soube da prisão.
"Se eu tivesse envolvimento, esse trabalho [da PF] iria revelar. E não seria o autor do requerimento de CPI depois dos pedidos de prisão", afirmou.
Está claro que é grande a pressão da velha imprensa demotucana para conter o ímpeto da CPI, procurando atirar contra governistas.
"Se eu tivesse envolvimento, esse trabalho [da PF] iria revelar. E não seria o autor do requerimento de CPI depois dos pedidos de prisão", afirmou.
Está claro que é grande a pressão da velha imprensa demotucana para conter o ímpeto da CPI, procurando atirar contra governistas.
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O inferno astral da oposição a Dilma
A popularidade de Dilma
Nova pesquisa
Marcos Coimbra, Correio Braziliense
A cada vez que é publicada uma nova pesquisa sobre a popularidade do governo — como essa recente que o Ibope desenvolveu para a CNI —, uma pergunta se recoloca: o que será que seus adversários pensam dos números? Que explicação terão para eles?
Realizada entre 16 e 19 de março, trouxe resultados que devem ter aumentado sua perplexidade. No fim de um trimestre marcado por notícias de baixo crescimento econômico e sem que tivessem cessado as denúncias de irregularidades na administração, Dilma cresceu.
Entre dezembro e março, a aprovação da presidente subiu 5 pontos percentuais e foi a 77%, o que fez com que ela voltasse a superar seus próprios recordes de popularidade — considerando a altura em que está do mandato. Nem Lula chegou a isso aos 15 meses.
Perguntados sobre como avaliavam o governo, 56% disseram que o achavam "ótimo" ou "bom". Outros 34% se mostraram menos entusiasmados, afirmando que o viam como "regular". Restaram 8% contrários: 4% dizendo que era "ruim" e 4%, "péssimo".
Entre esses últimos deve estar a oposição parlamentar e partidária, à esquerda e à direita. De público, suas lideranças não se perturbam quando saem pesquisas com resultados desse tipo. As ignoram e agem como se não existissem.
Em privado, ficam confusas. Não entendem o que está acontecendo. No máximo, culpam-se umas às outras: é porque não demos o devido valor à "herança de Fernando Henrique", porque não soubemos reivindicar a paternidade do Bolsa Família, não fomos suficientemente críticos, e por aí vai.
Também faz parte dessa parcela a oposição social, incluídos seus núcleos mais vociferantes e mobilizados. Normalmente, gostam de falar e expressar seus pontos de vista na internet. Mas emudecem nessa hora.
Pelo pouco que dizem, parece que alguns desconfiam que pesquisas assim são "armações". Que os institutos, mancomunados com o governo, inventam os resultados. Que, "na verdade", o povo está com eles, na sua cruzada contra o lulopetismo.
E existem os analistas e comentaristas da imprensa oposicionista, alguns apenas folclóricos e outros que levam a sério seu papel. Uns e outros têm dificuldade de compreender a aprovação do governo.
Há os que tendem a explicá-la através da ideia de desinformação, recorrendo — de forma explícita ou nas entrelinhas — à suposição de que a avaliação positiva decorre da ignorância da população. Como não gostam do governo e se acham muito bem informados, deduzem que todos seriam igualmente hostis se tivessem informação.
O problema da hipótese é que ela não explica porque Dilma é mais aprovada que, por exemplo, Fernando Henrique em 1996, no apogeu do Plano Real. A menos que acreditássemos que a ignorância e a desinformação cresceram de lá para cá, o que seria uma tolice.
Há os que usam o argumento do bolso cheio, acreditando que os pobres pensam com a barriga (enquanto os bacanas com o intelecto). Mas o que teria ocorrido de dezembro para cá? Enriqueceram? A cesta de consumo barateou? Se a causa da popularidade é o dinheiro no bolso, como entender que tenha aumentado em um trimestre nebuloso?
E é possível que haja alguns que, secretamente, tenham outro convencimento. Semelhante ao de Simão Bacamarte a respeito de seus concidadãos da Itaguaí de Machado de Assis.
Se os Bacamartes modernos estão certos e se suas convicções são inquestionáveis, resta apenas uma explicação para que exista quem deles discorde: só podem ser loucos.
Que não suceda a nossos comentaristas o que terminou acontecendo ao alienista: quando se deu conta de que o errado era ele, foi se trancafiar no asilo de onde libertou os que achava desequilibrados.
Os partidos oposicionistas estão no meio de um vendaval. E, como a crise é fundamentalmente partidária, também esvazia a força de pressão dos partidos tradicionais aliados ao governo. Quanto maior a base de apoio, mais o governo pode usar da superioridade numérica para dispensar apoios incômodos.
O episódio Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que revelou as relações do senador de oposição com uma rede ligada ao chefe, o bicheiro Carlos Cachoeira, por Nextel, acresceu vantagens a uma situação que já era favorável ao governo Dilma Rousseff. A presidenta foi presenteada com uma conjuntura particulamente boa ao projeto de trazer as relações com os aliados parlamentares para termos mais republicanos.
A eleição de Dilma, sacramentada pelo apoio de um presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que deixava o poder com uma popularidade ímpar, deu a ela uma ampla maioria parlamentar, composta por um arco imenso de apoios partidários atraídos para o seu palanque pela estrela de seu antecessor. Ampla maioria, porém pouco sólida. Contudo, as tentativas de "enquadramento" da presidenta pelos aliados têm falhado, pois o governo tem folga aritmética para jogar mais pesado com parceiros incômodos. Ao longo da reforma ministerial que se arrastou por alguns meses, Dilma conseguiu, enfim, escolher auxiliares entre os quadros dos partidos aliados sem engolir prato feito de indicações, e manter nos ministérios uma estrutura profissional que pode prescidir do ministro, caso ele seja alvejado por denúncias.
O caso Demóstenes reduz, por seu lado, a força de uma oposição que, embora minoritária nos governos Lula, teve uma farta cobertura da mídia tradicional e o apoio de figuras-chave de outras instituições (como Justiça, polícias e bancadas de oposição). Esses atores políticos mantiveram um noticiário ofensivo quase 365 dias por ano e erigiram para a opinião pública um cenário constante de crises. E colheram êxito na construção de factóides que mantiveram o governo petista na defensiva, no plano institucional, por quase todos os oito anos de Lula.
O mais novo escândalo enfraqueceu essa estratégia e reduziu quase a pó a já minoria oposicionista. A crise política envolvendo um dos seus deve eliminar, de fato ou de direito, o DEM do quadro partidário. O partido já havia perdido boa parcela de suas bancadas para o PSD de Gilberto Kassab e terminou de ser demolido com a exposição à execração pública de seu mais midiático integrante. Esquálida, a legenda de Agripino Maia (RN) tem como alternativa apenas a incorporação ao PSDB – o partido que foi criado, em 1987, para ocupar o espaço da social-democracia, terminará o seu percurso inexorável rumo à direita abraçado com ACM Neto.
Quanto mais a oposição encolhe, menos efetiva se torna a pressão dos partidos tradicionais aliados ao governo por mais espaço no governo. A crise política encenada pelos aliados insatisfeitos, que obstruíram votações no Congresso, terminou com pontos a favor de Dilma. Os partidos tradicionais governistas estão insatisfeitos com o estilo da presidenta, mas, sem dúvida, ficar no governo ainda é muito mais vantajoso do que se arriscar num bloco de oposição desacreditado. E, desgaste por desgaste, ele é, sem dúvida, muito maior no Legislativo do que no Executivo, em grande parte porque ele foi estimulado pela própria oposição nos dois mandatos de Lula: com dificuldade de desmoralizar um presidente com alta popularidade, a oposição atacou o governante pelo flanco partidário (tanto o PT como os aliados venais do governo) com representação parlamentar.
A estratégia de bater sem o necessário cuidado de enquadrar todo o Legislativo nas práticas republicanas - lembrando os termos da discussão colocados pelo hoje governador Tarso Genro em 2005, no episódio do chamado mensalão -, inclusive os próprios partidos de oposição, fragilizou a instituição como um todo. Hoje,a crise definitivamente é do Legislativo e dos partidos políticos.
Por estratégia do governo ou falta de estratégia da oposição, os fatos deixaram a presidenta à margem da crise partidária. E, para os próprios partidos aliados, sobrou pouca margem de manobra para pressionar o governo. A iniciativa de Dilma de trazer para a negociação parlamentar os governadores, acenando com a mudança no indexador das dívidas públicas dos Estados, retirou o debate federativo da área de pressão dos partidos políticos. Os governadores são os principais interessados nesse debate - embora o desafogo dos Estados tenha também o efeito de liberar dinheiro desses entes federativos para investimentos, colocando-os na roda dos esforços governamentais para aquecer a economia e atenuar os efeitos da crise internacional.
Em época de eleições, e sem espaço de barganha no Legislativo, os partidos estão dirigindo seus esforços por maiores espaços na coalizão federal para os palanques municipais. São Paulo é o principal alvo dessa briga. Os partidos estão retardando ao máximo os acordos eleitorais com o PT da capital paulista porque esta é a disputa mais valorizada pelo partido de Lula e Dilma. Os acordos eleitorais têm mais importância para o governo e o PT neste momento do que as lides parlamentares. Retardar os entendimentos em São Paulo pode dar mais cacife do que bloquear a pauta de votações do Congresso.
Embora nas eleições municipais a motivação eleitoral seja quase paroquial, os partidos andam nelas mais do que um degrau na definição das coligações federais que ocorrem dois anos depois, nas eleições presidenciais. Esse parece ser o raciocínio do PSB. Hoje, o partido é o único, dentro da base de apoio parlamentar, que tem explicitamente um nome à disposição para voos mais longos, inclusive presidenciais: o governador Eduardo Campos, que aproveitou todas as possibilidades de financiamento federal para dar velocidade ao crescimento de Pernambuco, colocando a agenda desenvolvimentista em paralelo com a agenda social do Bolsa Família. O PSB tem valorizado o seu passe para apoiar o candidato do PT à prefeitura da capital, Fernando Haddad. A reticência do partido em relação a uma aliança com o PT de Lula não traz apenas a digital do diretório do PSB paulista que, contra o grupo da deputada Luiza Erundina, tende mais à José Serra (PSDB) que a Haddad. Traz a digital principalmente de Campos. Com a virada do PSD para Serra, o PSB é o aliado que mais interessa ao PT. O partido de Campos tem uma grande oportunidade de transformar um simples apoio eleitoral em instrumento para aumentar a sua importância no governo Dilma e, em consequência, o seu cacife para voos mais altos em 2014, com a Presidência, se Dilma tiver perdido popularidade até lá, ou a vice, desbancando do lugar o até agora aliado preferencial do governo, o PMDB.
A maré está boa para o Campos: ele tem o que interessa para o governo, que é a possibilidade de apoiar Haddad e livrá-lo do isolamento, e é o único partido à esquerda no quadro partidário em franco crescimento. Pode ser um aliado mais conveniente a um governo de esquerda, ou uma “Terceira via”, se tudo der errado para o governo petista.
(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.
Gilmar precisa se declarar impedido de julgar Cachoeira
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CPI do Demóstenes: a ANJ vai proteger o Robert(o) Civita ?
Segundo a Agência Brasil, saiu a CPI Mista do Demóstenes-Cachoeira-Pirillo e do…
Segundo o Blog do Nassif, o deputado Fernando Ferro, do PT de Pernambuco, aquele que cunhou a expressão PiG, em homenagem a artigo de Ali Kamel, vai convocar o Robert(o) Civita.
(Esqueçam o Policarpo, sugeriu o Nassif: quem manda no detrito de maré baixa é o Robert(o) Civita )
(Quantos passaportes tem o senhor Civita ?, perguntava-se o sempre pioneiro engenheiro Leonel.)
E, agora, a Associação Nacional dos Jornais vai defender o Robert(o) Civita ?
A CPI do Cachoeira é uma ameaça à liberdade de imprensa dos donos do PiG (*) ?
A CPI vai chamar o Ernani de Paula, aquele que, na TV Record, melou o mensalão ?
Não seria o caso de chamar o Roberto Jeferson para depor ?
Ou a CPI vai fechar a lente no Cachoeira e deixar o … escapar por baixo das pernas ?
Onde está o inesquecível Senador Heráclito Fortes, que melou o depoimento de Daniel Dantas na CPI dos Correios ?
Onde está o senador Delcidio Amaral, que fecharia a CPI dos Correios sem pedir a incriminação de Daniel Dantas, não fosse a intervenção da senadora Ideli Salvatti ?
Onde estarão Heráclito e Delcidio na hora em que Robert(o) Civita aparecer para depor ?
Quem Robert(o) Civita contratará como advogado ?
Com os de sempre, ele está perdido: perde todas.
Na Argentina, mandaram os Civita para correr.
Está na hora de copiá-la – pelo menos nisso.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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ESPANHA: A 'AGENDA POSITIVA' DOS DEMOS - @@@ - O golpe de abril de 2002 na Venezuela e a integração com o Brasil
O presidente dos demos, Agripino Maia, resolveu distanciar-se do desmanche contagioso do seu ex-líder no Senado, Demóstenes Torres.Partiu para uma agenda positiva no exterior. Agripino escolheu a dedo: montou um périplo de encontros políticos em Portugal e na Espanha onde versões ibéricas dos demos chegaram onde Demóstenes queria chegar, no poder. Má hora. A direita amiga empurra a península ibérica ao suicídio ortodoxo. Nesta 3ª feira, por exemplo, as tesouradas fiscais do governo Rajoy (PP) fizeram estremecer as bolsas da Europa e do mundo: distintas latitudes financeiras temem o efeito dominó de uma quebra da Espanha sob a ação da ‘purga ortodoxa'. Até sindicato mundial dos bancos, o IFF, Instituto Internacional de Finanças, já põe em dúvida a eficácia do 'austericídio' em marcha na zona do euro. Que Agripino considere o incêndio europeu um refresco perto da fogueira que assa a direita nativa, eis algo verdadeiramente assustador. (LEIA MAIS AQUI)
Após o golpe e com a estabilização da Venezuela bolivariana, o fortalecimento das relações bilaterais atingiu outro patamar. Em 2005, firmou-se aliança estratégica entre Lula e Chávez. Desde essa data, ocorreram 28 encontros presidenciais. A corrente de comércio se multiplicou mais de 7 vezes. A presença brasileira se ampliou, assim como a cooperação técnica, com instalação de representações de agências públicas brasileiras na Venezuela.
Pedro Silva Barros e Luiz Fernando Sanná Pinto (*)
Há exatos dez anos, entre os dias 11 e 13 de abril de 2002, um substantivo próprio quase desconhecido começou a figurar de modo recorrente nos noticiários políticos do mundo todo: Venezuela. Até então, tal nome era sinônimo de petróleo e de beldades bem sucedidas em concursos internacionais. Entretanto, depois dessas históricas e tensas 72 horas, tudo mudou. O país sul-americano passou a concentrar o interesse de analistas e a despertar as mais diferentes paixões.
O que aconteceu? Por que a “mais madura” das democracias da região passava por tamanha instabilidade? Por que alguns militares apoiaram um golpe contra um ex-companheiro de armas? Por que “lideranças civis” apresentadas como responsáveis e bem intencionadas rompiam de forma tão violenta com a legalidade? E por que as grandes massas se mobilizaram a ponto de reconduzir o presidente da República deposto ao poder, garantindo a continuidade da democracia? Afinal, quem era Hugo Chávez?
As respostas do mainstream apelaram para o argumento mais convencional: “populismo”! Tal como “um raio que cai de um céu azul”, Chávez apareceu no cenário político venezuelano destruindo as “boas práticas de governo” com políticas supostamente demagógicas e irresponsáveis. Boa parte da esquerda, por sua vez, encontrava-se em dificuldade para se posicionar de maneira mais firme e apresentar respostas alternativas. Embora seja um país vizinho, a Venezuela tinha uma trajetória muito pouco conhecida pelos brasileiros. Talvez isso se deva à falta de acontecimentos espetaculares durante boa parte do regime puntofijista (1958-1989). Nada de rupturas institucionais, tampouco grandes projetos populares. Ambiente bem diferente do que se via no subcontinente: revoluções, contra-revoluções, governos populares, ditaduras militares ...
A sombra da Venezuela saudita
A Venezuela e os venezuelanos ficaram de fora dos principais círculos de lideranças latino-americanas que, ao amargarem o exílio, pensaram e sofreram juntas seus problemas. Vista de longe, parecia um país “excepcional”: democracia liberal e ausência de restrição econômica externa. Era a sombra da Venezuela Saudita: petróleo e dólares. Os que haviam visitado a exuberante Caracas da década de 1970 pareciam certos de que os venezuelanos estavam a um passo de romper a camisa de força do subdesenvolvimento. Mas poucos acompanharam o que aconteceu depois.
Baixa nos preços da energia, explosão da dívida externa. E a Venezuela mergulhou de cabeça no cenário latino-americano da década perdida. A mistura do empobrecimento com as políticas de ajuste do FMI levaram ao Caracazo de 1989, quando a população se rebelou contra o projeto neoliberal.
Os militares tiveram de sair às ruas para reprimir a população. A brutalidade, a corrupção e o sentimento de decadência criaram constrangimento no próprio seio da Força Armada: vários grupos de oficiais se articulam em movimentos clandestinos. Um deles era liderado pelo tenente-coronel Hugo Chávez, que deflagrou sublevação militar contra o governo em 1992: com forte discurso moralista e de tom claramente anti-neoliberal, defendia uma constituinte para a “re-fundação” do país. Ao mesmo tempo em que foi militarmente derrotado, o movimento de Chávez conquistou importante vitória política. Garantiu a criação de uma liderança anti-establishment, que se contrapunha a todo o modelo que se encontrava em colapso.
Remando contra a maré
Depois de liberado da prisão, o ex-militar se convenceu que a melhor maneira de implantar o seu projeto seria pela via institucional. Em 1998, venceu eleições para a presidência da República com 56% dos votos. É importante destacar o simbolismo dessa vitória: num momento em que FHC começava seu segundo mandato, que a Argentina de Menem era apresentada pelo FMI como um modelo a ser seguido e que Fujimori governava absoluto no Peru, Chávez assumia o poder com um discurso muito crítico em relação ao Consenso de Washington. Estava sozinho, remando contra a maré.
A ausência de um partido ou de uma sólida base social organizada fez que o novo governo estimulasse a participação direta para promover reformas estruturais. A começar pela mais importante: a constitucional. Por plebiscito, foi aprovada a convocação de uma Assembléia Constituinte. A nova Carta foi apresentada e referendada por voto direto. Depois disso, Chávez decidiu levar a cabo mudanças mais profundas: publicou, no final de 2001, 49 decretos-lei, que deveriam regulamentar várias matérias previstas na nova Constituição, e que incluíam temas relevantes como petróleo e gás, terras, bancos, entre outros. O controle efetivo sobre a estatal de petróleo PDVSA aparecia como um objetivo fundamental.
Foi a partir desse momento que a direita começou a articular uma série de iniciativas para derrubar o presidente. Muitos dos principais executivos da PDVSA se recusaram a aceitar as mudanças. Diante de sua demissão, a oposição convocou a segunda greve geral em menos de seis meses, promovendo, também, manifestação pedindo pela renúncia de Chávez. Em meio à manifestação, no dia 11 de abril de 2002, levaram a termo, junto com alguns militares e espetacular sustentação midiática, um golpe de Estado. Uma suposta renúncia do presidente foi anunciada, enquanto Pedro Carmona Estanca, presidente da principal federação patronal do país, foi empossado em governo dito “provisório”.
Carmona recebeu apoio imediato do FMI e dos governos dos Estados Unidos e da Espanha: no dia 12 de abril, o Fundo anunciou a disponibilidade de recursos financeiros para a Venezuela. Algumas horas depois, a visita do embaixador norte-americano ao ex-líder empresarial representou o reconhecimento implícito de seu país ao governo golpista.
Um governo de apenas dois dias
O “governo” Carmona, que durou menos de dois dias, adotou medidas duras: derrogou a Constituição aprovada em referendo popular, dissolveu a Assembléia Nacional e reservou-se o direito de destituir governadores e prefeitos eleitos. Tratava-se, portanto, de uma grave violação da legalidade e de uma forte orientação autoritária, que ameaçava, ademais, repercutir regionalmente. A conjuntura sul-americana de 2002 já não era a mesma de 1999: o colapso da economia argentina colocava em xeque os ensinamentos do neoliberalismo, ao mesmo tempo em que Fujimori havia caído no Peru e que Lula despontava como o favorito nas eleições presidenciais do Brasil. A vitória da violência política da direita na Venezuela contra um projeto de esquerda em ascensão poderia servir de paradigma para as forças conservadoras dos demais países, fortalecendo práticas políticas que ameaçavam diretamente a democracia.
A mobilização dos setores populares e a organização de amplo movimento cívico-militar, entretanto, garantiram a recondução de Hugo Chávez à presidência da República em 13 de abril de 2002. Nesse sentido, mais do que qualquer coisa, as 72 horas que transcorreram nesses dias de abril de 2002 significaram a afirmação de uma tendência, uma reversão da corrente: a esquerda poderia ser forte o suficiente para se apresentar como alternativa política nos países em crise e para evitar possíveis investidas extra-legais das elites tradicionais.
Após a reversão do golpe, forças políticas progressistas alcançaram o poder por meio de eleições democráticas em vários países da região – Brasil (2002), Argentina (2003), Uruguai (2004), Bolívia (2005), Equador (2006), Nicarágua (2006), Paraguai (2008), El Salvador (2009) e Peru (2011). E onde quer que na América do Sul a direita tenha tentado reproduzir a lógica da desestabilização, foi derrotada antes mesmo de chegar ao golpe – mais uma vez na própria Venezuela (2002-2003), desta vez pela via econômica de um prolongado locaute, no Brasil (2005), na Bolívia (2008), na Argentina (2009-2010), no Paraguai (2010) e no Equador (2010). Não se pode esquecer, porém, do exitoso golpe conservador em Honduras (2009).
O aprofundamento das relações com o Brasil
O impacto dessa tentativa de golpe na política exterior da Venezuela também foi grande. A rede de relacionamentos internacionais da oposição incluía alguns dos parceiros mais tradicionais do país, como os Estados Unidos e a Espanha, enquanto os países do Sul, incluindo o Brasil, apoiaram o governo eleito. No locaute contra o governo Chávez, em dezembro de 2002, o Brasil enviou navio petroleiro para garantir o fornecimento de gasolina para a Venezuela.
A partir do período de maior estabilidade da Venezuela bolivariana, o fortalecimento das relações bilaterais atingiu outro patamar. Em 2005, firmou-se Aliança Estratégica entre Lula e Chávez. Acordou-se, inclusive, a realização de encontros presidenciais periódicos. Foram 28 desde então. A corrente de comércio se multiplicou mais de 7 vezes. A presença brasileira se ampliou, assim como a cooperação técnica, com instalação de representações de agências públicas brasileiras na Venezuela.
A Embrapa coopera para o desenvolvimento agrícola de um país com enormes potencialidades, mas que importa 70% dos alimentos que consome. A Caixa Econômica Federal coopera para a sustentabilidade urbanística, social e econômica do país vizinho, apoiando o programa Grande Missão Vivenda (construção de 3 milhões de moradias até 2019) e a instalação de terminais do Banco da Venezuela em áreas periféricas. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) apoiou a construção de fábricas de refrigeradores e máquinas de processamento de alimentos. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) assessora o planejamento territorial e industrial de fronteira de produção de hidrocarbonetos, o estado de Sucre e a Faixa Petrolífera do Orinoco, além de realizar estudos conjuntos sobre a integração produtiva e de infra-estrutura entre o Norte do Brasil e o Sul da Venezuela.
O grande desafio é transformar o crescimento conjuntural do comércio em integração produtiva. Os presidentes Chávez e Rousseff deram um grande passo ao determinar a elaboração de estudos para subsidiar um Plano de Desenvolvimento Integrado entre o Norte do Brasil e o Sul da Venezuela.
O voto democrático nas eleições presidenciais venezuelanas de 7 de outubro deste ano será determinante para o aprofundamento do processo de integração regional. Novamente, na Venezuela, poder-se-á definir a tendência de mais um ciclo político regional: consolidação dos avanços de governos progressistas e fortalecimento da integração sul-americana ou reversão de conquistas com a volta da direita ao poder e realinhamento aos Estados Unidos.
(*) Fazem parte da Missão do IPEA na Venezuela. pedro.barros@ipea.gov.br e luizpinto8@gmail.com
O que aconteceu? Por que a “mais madura” das democracias da região passava por tamanha instabilidade? Por que alguns militares apoiaram um golpe contra um ex-companheiro de armas? Por que “lideranças civis” apresentadas como responsáveis e bem intencionadas rompiam de forma tão violenta com a legalidade? E por que as grandes massas se mobilizaram a ponto de reconduzir o presidente da República deposto ao poder, garantindo a continuidade da democracia? Afinal, quem era Hugo Chávez?
As respostas do mainstream apelaram para o argumento mais convencional: “populismo”! Tal como “um raio que cai de um céu azul”, Chávez apareceu no cenário político venezuelano destruindo as “boas práticas de governo” com políticas supostamente demagógicas e irresponsáveis. Boa parte da esquerda, por sua vez, encontrava-se em dificuldade para se posicionar de maneira mais firme e apresentar respostas alternativas. Embora seja um país vizinho, a Venezuela tinha uma trajetória muito pouco conhecida pelos brasileiros. Talvez isso se deva à falta de acontecimentos espetaculares durante boa parte do regime puntofijista (1958-1989). Nada de rupturas institucionais, tampouco grandes projetos populares. Ambiente bem diferente do que se via no subcontinente: revoluções, contra-revoluções, governos populares, ditaduras militares ...
A sombra da Venezuela saudita
A Venezuela e os venezuelanos ficaram de fora dos principais círculos de lideranças latino-americanas que, ao amargarem o exílio, pensaram e sofreram juntas seus problemas. Vista de longe, parecia um país “excepcional”: democracia liberal e ausência de restrição econômica externa. Era a sombra da Venezuela Saudita: petróleo e dólares. Os que haviam visitado a exuberante Caracas da década de 1970 pareciam certos de que os venezuelanos estavam a um passo de romper a camisa de força do subdesenvolvimento. Mas poucos acompanharam o que aconteceu depois.
Baixa nos preços da energia, explosão da dívida externa. E a Venezuela mergulhou de cabeça no cenário latino-americano da década perdida. A mistura do empobrecimento com as políticas de ajuste do FMI levaram ao Caracazo de 1989, quando a população se rebelou contra o projeto neoliberal.
Os militares tiveram de sair às ruas para reprimir a população. A brutalidade, a corrupção e o sentimento de decadência criaram constrangimento no próprio seio da Força Armada: vários grupos de oficiais se articulam em movimentos clandestinos. Um deles era liderado pelo tenente-coronel Hugo Chávez, que deflagrou sublevação militar contra o governo em 1992: com forte discurso moralista e de tom claramente anti-neoliberal, defendia uma constituinte para a “re-fundação” do país. Ao mesmo tempo em que foi militarmente derrotado, o movimento de Chávez conquistou importante vitória política. Garantiu a criação de uma liderança anti-establishment, que se contrapunha a todo o modelo que se encontrava em colapso.
Remando contra a maré
Depois de liberado da prisão, o ex-militar se convenceu que a melhor maneira de implantar o seu projeto seria pela via institucional. Em 1998, venceu eleições para a presidência da República com 56% dos votos. É importante destacar o simbolismo dessa vitória: num momento em que FHC começava seu segundo mandato, que a Argentina de Menem era apresentada pelo FMI como um modelo a ser seguido e que Fujimori governava absoluto no Peru, Chávez assumia o poder com um discurso muito crítico em relação ao Consenso de Washington. Estava sozinho, remando contra a maré.
A ausência de um partido ou de uma sólida base social organizada fez que o novo governo estimulasse a participação direta para promover reformas estruturais. A começar pela mais importante: a constitucional. Por plebiscito, foi aprovada a convocação de uma Assembléia Constituinte. A nova Carta foi apresentada e referendada por voto direto. Depois disso, Chávez decidiu levar a cabo mudanças mais profundas: publicou, no final de 2001, 49 decretos-lei, que deveriam regulamentar várias matérias previstas na nova Constituição, e que incluíam temas relevantes como petróleo e gás, terras, bancos, entre outros. O controle efetivo sobre a estatal de petróleo PDVSA aparecia como um objetivo fundamental.
Foi a partir desse momento que a direita começou a articular uma série de iniciativas para derrubar o presidente. Muitos dos principais executivos da PDVSA se recusaram a aceitar as mudanças. Diante de sua demissão, a oposição convocou a segunda greve geral em menos de seis meses, promovendo, também, manifestação pedindo pela renúncia de Chávez. Em meio à manifestação, no dia 11 de abril de 2002, levaram a termo, junto com alguns militares e espetacular sustentação midiática, um golpe de Estado. Uma suposta renúncia do presidente foi anunciada, enquanto Pedro Carmona Estanca, presidente da principal federação patronal do país, foi empossado em governo dito “provisório”.
Carmona recebeu apoio imediato do FMI e dos governos dos Estados Unidos e da Espanha: no dia 12 de abril, o Fundo anunciou a disponibilidade de recursos financeiros para a Venezuela. Algumas horas depois, a visita do embaixador norte-americano ao ex-líder empresarial representou o reconhecimento implícito de seu país ao governo golpista.
Um governo de apenas dois dias
O “governo” Carmona, que durou menos de dois dias, adotou medidas duras: derrogou a Constituição aprovada em referendo popular, dissolveu a Assembléia Nacional e reservou-se o direito de destituir governadores e prefeitos eleitos. Tratava-se, portanto, de uma grave violação da legalidade e de uma forte orientação autoritária, que ameaçava, ademais, repercutir regionalmente. A conjuntura sul-americana de 2002 já não era a mesma de 1999: o colapso da economia argentina colocava em xeque os ensinamentos do neoliberalismo, ao mesmo tempo em que Fujimori havia caído no Peru e que Lula despontava como o favorito nas eleições presidenciais do Brasil. A vitória da violência política da direita na Venezuela contra um projeto de esquerda em ascensão poderia servir de paradigma para as forças conservadoras dos demais países, fortalecendo práticas políticas que ameaçavam diretamente a democracia.
A mobilização dos setores populares e a organização de amplo movimento cívico-militar, entretanto, garantiram a recondução de Hugo Chávez à presidência da República em 13 de abril de 2002. Nesse sentido, mais do que qualquer coisa, as 72 horas que transcorreram nesses dias de abril de 2002 significaram a afirmação de uma tendência, uma reversão da corrente: a esquerda poderia ser forte o suficiente para se apresentar como alternativa política nos países em crise e para evitar possíveis investidas extra-legais das elites tradicionais.
Após a reversão do golpe, forças políticas progressistas alcançaram o poder por meio de eleições democráticas em vários países da região – Brasil (2002), Argentina (2003), Uruguai (2004), Bolívia (2005), Equador (2006), Nicarágua (2006), Paraguai (2008), El Salvador (2009) e Peru (2011). E onde quer que na América do Sul a direita tenha tentado reproduzir a lógica da desestabilização, foi derrotada antes mesmo de chegar ao golpe – mais uma vez na própria Venezuela (2002-2003), desta vez pela via econômica de um prolongado locaute, no Brasil (2005), na Bolívia (2008), na Argentina (2009-2010), no Paraguai (2010) e no Equador (2010). Não se pode esquecer, porém, do exitoso golpe conservador em Honduras (2009).
O aprofundamento das relações com o Brasil
O impacto dessa tentativa de golpe na política exterior da Venezuela também foi grande. A rede de relacionamentos internacionais da oposição incluía alguns dos parceiros mais tradicionais do país, como os Estados Unidos e a Espanha, enquanto os países do Sul, incluindo o Brasil, apoiaram o governo eleito. No locaute contra o governo Chávez, em dezembro de 2002, o Brasil enviou navio petroleiro para garantir o fornecimento de gasolina para a Venezuela.
A partir do período de maior estabilidade da Venezuela bolivariana, o fortalecimento das relações bilaterais atingiu outro patamar. Em 2005, firmou-se Aliança Estratégica entre Lula e Chávez. Acordou-se, inclusive, a realização de encontros presidenciais periódicos. Foram 28 desde então. A corrente de comércio se multiplicou mais de 7 vezes. A presença brasileira se ampliou, assim como a cooperação técnica, com instalação de representações de agências públicas brasileiras na Venezuela.
A Embrapa coopera para o desenvolvimento agrícola de um país com enormes potencialidades, mas que importa 70% dos alimentos que consome. A Caixa Econômica Federal coopera para a sustentabilidade urbanística, social e econômica do país vizinho, apoiando o programa Grande Missão Vivenda (construção de 3 milhões de moradias até 2019) e a instalação de terminais do Banco da Venezuela em áreas periféricas. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) apoiou a construção de fábricas de refrigeradores e máquinas de processamento de alimentos. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) assessora o planejamento territorial e industrial de fronteira de produção de hidrocarbonetos, o estado de Sucre e a Faixa Petrolífera do Orinoco, além de realizar estudos conjuntos sobre a integração produtiva e de infra-estrutura entre o Norte do Brasil e o Sul da Venezuela.
O grande desafio é transformar o crescimento conjuntural do comércio em integração produtiva. Os presidentes Chávez e Rousseff deram um grande passo ao determinar a elaboração de estudos para subsidiar um Plano de Desenvolvimento Integrado entre o Norte do Brasil e o Sul da Venezuela.
O voto democrático nas eleições presidenciais venezuelanas de 7 de outubro deste ano será determinante para o aprofundamento do processo de integração regional. Novamente, na Venezuela, poder-se-á definir a tendência de mais um ciclo político regional: consolidação dos avanços de governos progressistas e fortalecimento da integração sul-americana ou reversão de conquistas com a volta da direita ao poder e realinhamento aos Estados Unidos.
(*) Fazem parte da Missão do IPEA na Venezuela. pedro.barros@ipea.gov.br e luizpinto8@gmail.com
Venezuela, dez anos depois do golpe. O que vem pela frente?
Malogro do 11 de abril de 2002 marca uma novidade na América Latina. Nunca uma articulação envolvendo classes dominantes, Igreja Católica, mídia e Estados Unidos fracassara por aqui. Hoje, com a popularidede acima de 60%, Chávez é o favorito na disputa presidencial. Mas um drama pessoal ameaça se transformar em fator político determinante: a gravidade de seu quadro de saúde. Se a situação se agravar, não há substituto à altura. Não há uma Dilma do Chávez. O artigo é de Gilberto Maringoni.
Gilberto Maringoni
Estive pela primeira vez na Venezuela três semanas após o fracassado golpe de 11 de abril de 2002. O motivo foi um convite do jornalista Raimundo Pereira, um dos pais do jornalismo político moderno no país e editor da revista Reportagem. “Você não quer passar uns dias em Caracas, saber como foi essa volta do Chávez ao poder e fazer uma matéria extensa?”, perguntou ele em uma curta e objetiva reunião que tivemos dois dias após o fim da aventura de Pedro Carmona e seus aliados.
Aceitei e fiz as malas sem saber muito do país, além da generalidade superficial de quem lê o noticiário da mídia brasileira.
Dias antes, Arnaldo Jabor havia saudado o golpe. Aparecera com aquele ar de amigo esperto nas telas da Globo, segurando uma taça de vinho numa mão e uma banana na outra. “Vamos brindar o fim de mais uma república bananeira”, ironizou, antes de fazer biquinho para saborear a bebida.
O Estado de S. Paulo foi mais direto. No editorial de sábado, 13 de abril tascou o seguinte: “O que ocorreu na Venezuela não foi um simples golpe de Estado que tirou do poder o coronel Hugo Chávez. Foi - assim como ocorreu no Brasil em 1964 - uma reação cívica a um governo que, eleito em pleito livre, em consequência do cansaço popular com partidos que já não tinham representação e se excediam na corrupção, se esmerou, uma vez no poder, em eliminar progressivamente todo e qualquer vestígio daquilo que se poderia chamar de institucionalidade democrática”.
Clima pesado
Em Caracas, o clima era mais pesado. Os jornais e os noticiários de TV praticamente diziam que Chávez era o responsável pelo golpe. Havia denúncias e mais denúncias, anúncios catastróficos sobre a reforma agrária e um rosário de torpedos verbais contra o presidente em todos os horários e canais.
Mas os atendentes, camareiras, garçons, camelôs, balconistas, mendigos, cobradores de ônibus e lideranças de bairros estavam exultantes. “Intentaran sacar el presidente porque él és nuestro”, me falou baixinho a copeira do hotel onde fiquei.
A sensação nas ruas era semelhante. As marchas da oposição exibiam loiras oxigenadas, com blusas de oncinha, calça de couro e salto alto. Também se viam rapazes, marombados por intermináveis horas nas academias, descendo de Pajeros e Cherokees. A ala dos governistas era composta por mulatos, mestiços, desdentados e malvestidos. Visualmente, o panorama era de ricos contra pobres, quase uma imagem de manual de luta de classes.
O malogro
O malogro da ação se deu por três fatores: 1. Os golpistas não conseguiram maioria nas forças armadas. A cúpula queria a saída de Chávez, mas a média oficialidade e os cabos e soldados não embarcaram na intentona. Na própria madrugada do dia 12, enquanto o presidente era detido, várias guarnições importantes começaram a se rebelar; 2. A formidável reação popular evidenciou a rarefeita legitimidade da nova situação e 3. O novo governo conheceu um acachapante isolamento internacional.
O fim da trapalhada ficará marcado como uma das mais belas e emocionantes páginas das lutas sociais de todo o mundo. O figurino continental desandou. Puxadas de tapetes com sólidos apoios entre o empresariado, a Igreja Católica, os militares e a embaixada dos Estados Unidos nunca foram revertidos de forma tão espetacular
A volta de Hugo Chávez ao palácio de Miraflores, rodeado por centenas de milhares de apoiadores, tornou-se também objeto de disputa entre a direita e a esquerda. Qual o real significado das movimentações daqueles dias? A oposição valia-se de um argumento semelhante ao do jornal O Estado de S. Paulo: não houve golpe, mas um levante cívico militar contra a baderna. Golpista seria Chávez, que liderou um fracassado levante militar em 1992. O presidente, de seu lado, não economizou palavras para demonstrar a aliança de Pedro Carmona com a Casa Branca, num quadro de radicalização internacional promovida pelo governo de George W. Bush, poucos meses após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Produto de uma crise
O mandato de Chávez, desde sua posse, em janeiro de 1999, foi pontuado por tensões e enfrentamentos. Mas, ao contrário do que a mídia internacional martelava incessantemente, o presidente não provocara crise alguma em seu país. Ele sim, como personagem político, é fruto de uma avassaladora crise econômica, social e política que castigava a Venezuela desde a segunda metade dos anos 1980. Iniciada com uma queda vertiginosa dos preços internacionais do petróleo, principal produto de exportação, o desarranjo mostrou-se estrutural, corroendo serviços e instituições públicas, partidos e lideranças políticas, num quadro de descrédito coletivo.
Um olhar superficial poderia classificar o surgimento de Chávez na cena política como a chegada de um salvador da Pátria. Ao longo dos anos, ele mostrou ser não apenas um dirigente capaz de recompor as bases institucionais da Venezuela, mas de tornar-se um fator de estabilidade política.
As classes dominantes locais e seus aliados internacionais somente muito mais tarde perceberiam não estar diante de mais um governante que poderia ser apeado da cadeira presidencial a qualquer momento. O ex-militar tornou-se caudatário de algo mais profundo. Sua legitimidade expressa uma mudança na estrutura de classes do país, com a entrada em cena de multidões empobrecidas e desiludidas, com difusos anseios de mudança.
Seria muito difícil, nessas condições, o governo golpista se estabilizar. Se derrotasse a investida popular, Carmona teria de seguir lançando medidas draconianas para se manter.
Força e fraqueza
A força do governo é, contraditoriamente, a razão de sua fraqueza. O presidente é não só um líder, mas o principal e praticamente único garantidor da estabilidade política e social. É o porta-voz central de seu governo, assim como é o grande intelectual, formulador e estrategista das ações de Estado.
O câncer que acomete atualmente o presidente Hugo Chávez tem, assim, duas dimensões principais. É um drama pessoal. Não se conhece claramente sua extensão ou gravidade. E pode se tornar uma tragédia política. Se a situação se agravar, não há substituto à altura. Nenhum membro do governo ou das forças aliadas poderia conduzir o processo político local sem enfrentar sérias turbulências iniciais. Não há uma Dilma do Chávez.
Dez anos depois do golpe, o presidente continua a manter índices de aprovação acima de 60%. Há fatores objetivos para alavancar tais indicadores: a vida melhorou na Venezuela. Os pobres comem mais, têm mais acesso à saúde, educação e serviços sociais essenciais. A sociedade segue violenta, mas a desigualdade se reduziu. Se tentarmos sintetizar esse período, podemos dizer que a grande diretriz oficial tem sido a de fortalecer o Estado e investir prioritariamente nas áreas sociais.
Os mandatos de Chávez têm sido marcados por enfrentamentos de variados tipos. Eles vão de tentativas de tirá-lo do poder a turbulências econômicas agravadas pela crise de 2008. A isso se somam dificuldades enfrentadas por um país quase sem indústrias, cuja economia baseia-se em grande parte na exportação de petróleo.
Chávez é o grande favorito para vencer as eleições presidenciais de outubro. Mas a vitória não representará o fim dos problemas.
O presidente agora luta pela vida. Nas condições atuais da Venezuela, isso tem um significado político vasto, profundo e decisivo para o país.
Aceitei e fiz as malas sem saber muito do país, além da generalidade superficial de quem lê o noticiário da mídia brasileira.
Dias antes, Arnaldo Jabor havia saudado o golpe. Aparecera com aquele ar de amigo esperto nas telas da Globo, segurando uma taça de vinho numa mão e uma banana na outra. “Vamos brindar o fim de mais uma república bananeira”, ironizou, antes de fazer biquinho para saborear a bebida.
O Estado de S. Paulo foi mais direto. No editorial de sábado, 13 de abril tascou o seguinte: “O que ocorreu na Venezuela não foi um simples golpe de Estado que tirou do poder o coronel Hugo Chávez. Foi - assim como ocorreu no Brasil em 1964 - uma reação cívica a um governo que, eleito em pleito livre, em consequência do cansaço popular com partidos que já não tinham representação e se excediam na corrupção, se esmerou, uma vez no poder, em eliminar progressivamente todo e qualquer vestígio daquilo que se poderia chamar de institucionalidade democrática”.
Clima pesado
Em Caracas, o clima era mais pesado. Os jornais e os noticiários de TV praticamente diziam que Chávez era o responsável pelo golpe. Havia denúncias e mais denúncias, anúncios catastróficos sobre a reforma agrária e um rosário de torpedos verbais contra o presidente em todos os horários e canais.
Mas os atendentes, camareiras, garçons, camelôs, balconistas, mendigos, cobradores de ônibus e lideranças de bairros estavam exultantes. “Intentaran sacar el presidente porque él és nuestro”, me falou baixinho a copeira do hotel onde fiquei.
A sensação nas ruas era semelhante. As marchas da oposição exibiam loiras oxigenadas, com blusas de oncinha, calça de couro e salto alto. Também se viam rapazes, marombados por intermináveis horas nas academias, descendo de Pajeros e Cherokees. A ala dos governistas era composta por mulatos, mestiços, desdentados e malvestidos. Visualmente, o panorama era de ricos contra pobres, quase uma imagem de manual de luta de classes.
O malogro
O malogro da ação se deu por três fatores: 1. Os golpistas não conseguiram maioria nas forças armadas. A cúpula queria a saída de Chávez, mas a média oficialidade e os cabos e soldados não embarcaram na intentona. Na própria madrugada do dia 12, enquanto o presidente era detido, várias guarnições importantes começaram a se rebelar; 2. A formidável reação popular evidenciou a rarefeita legitimidade da nova situação e 3. O novo governo conheceu um acachapante isolamento internacional.
O fim da trapalhada ficará marcado como uma das mais belas e emocionantes páginas das lutas sociais de todo o mundo. O figurino continental desandou. Puxadas de tapetes com sólidos apoios entre o empresariado, a Igreja Católica, os militares e a embaixada dos Estados Unidos nunca foram revertidos de forma tão espetacular
A volta de Hugo Chávez ao palácio de Miraflores, rodeado por centenas de milhares de apoiadores, tornou-se também objeto de disputa entre a direita e a esquerda. Qual o real significado das movimentações daqueles dias? A oposição valia-se de um argumento semelhante ao do jornal O Estado de S. Paulo: não houve golpe, mas um levante cívico militar contra a baderna. Golpista seria Chávez, que liderou um fracassado levante militar em 1992. O presidente, de seu lado, não economizou palavras para demonstrar a aliança de Pedro Carmona com a Casa Branca, num quadro de radicalização internacional promovida pelo governo de George W. Bush, poucos meses após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Produto de uma crise
O mandato de Chávez, desde sua posse, em janeiro de 1999, foi pontuado por tensões e enfrentamentos. Mas, ao contrário do que a mídia internacional martelava incessantemente, o presidente não provocara crise alguma em seu país. Ele sim, como personagem político, é fruto de uma avassaladora crise econômica, social e política que castigava a Venezuela desde a segunda metade dos anos 1980. Iniciada com uma queda vertiginosa dos preços internacionais do petróleo, principal produto de exportação, o desarranjo mostrou-se estrutural, corroendo serviços e instituições públicas, partidos e lideranças políticas, num quadro de descrédito coletivo.
Um olhar superficial poderia classificar o surgimento de Chávez na cena política como a chegada de um salvador da Pátria. Ao longo dos anos, ele mostrou ser não apenas um dirigente capaz de recompor as bases institucionais da Venezuela, mas de tornar-se um fator de estabilidade política.
As classes dominantes locais e seus aliados internacionais somente muito mais tarde perceberiam não estar diante de mais um governante que poderia ser apeado da cadeira presidencial a qualquer momento. O ex-militar tornou-se caudatário de algo mais profundo. Sua legitimidade expressa uma mudança na estrutura de classes do país, com a entrada em cena de multidões empobrecidas e desiludidas, com difusos anseios de mudança.
Seria muito difícil, nessas condições, o governo golpista se estabilizar. Se derrotasse a investida popular, Carmona teria de seguir lançando medidas draconianas para se manter.
Força e fraqueza
A força do governo é, contraditoriamente, a razão de sua fraqueza. O presidente é não só um líder, mas o principal e praticamente único garantidor da estabilidade política e social. É o porta-voz central de seu governo, assim como é o grande intelectual, formulador e estrategista das ações de Estado.
O câncer que acomete atualmente o presidente Hugo Chávez tem, assim, duas dimensões principais. É um drama pessoal. Não se conhece claramente sua extensão ou gravidade. E pode se tornar uma tragédia política. Se a situação se agravar, não há substituto à altura. Nenhum membro do governo ou das forças aliadas poderia conduzir o processo político local sem enfrentar sérias turbulências iniciais. Não há uma Dilma do Chávez.
Dez anos depois do golpe, o presidente continua a manter índices de aprovação acima de 60%. Há fatores objetivos para alavancar tais indicadores: a vida melhorou na Venezuela. Os pobres comem mais, têm mais acesso à saúde, educação e serviços sociais essenciais. A sociedade segue violenta, mas a desigualdade se reduziu. Se tentarmos sintetizar esse período, podemos dizer que a grande diretriz oficial tem sido a de fortalecer o Estado e investir prioritariamente nas áreas sociais.
Os mandatos de Chávez têm sido marcados por enfrentamentos de variados tipos. Eles vão de tentativas de tirá-lo do poder a turbulências econômicas agravadas pela crise de 2008. A isso se somam dificuldades enfrentadas por um país quase sem indústrias, cuja economia baseia-se em grande parte na exportação de petróleo.
Chávez é o grande favorito para vencer as eleições presidenciais de outubro. Mas a vitória não representará o fim dos problemas.
O presidente agora luta pela vida. Nas condições atuais da Venezuela, isso tem um significado político vasto, profundo e decisivo para o país.
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ESPANHA: A 'AGENDA POSITIVA' DOS DEMOS
BELLUZZO: "o Brasil tem uma fronteira que o autoriza a incluir a industrialização na agenda do nosso tempo; essa fronteira é o pré-sal ". (Leia mais aqui) ** MARIA INÊS NASSIF:" o PSDB - o partido que foi criado, em 1987, para ocupar o espaço da social-democracia, terminará o seu percurso inexorável rumo à direita abraçado com ACM Neto".(Leia a coluna da Editora de Política de Carta Maior **GILBERTO MARINGONI: "passados dez anos do golpe da direita na Venezuela, não surgiu uma Dilma do Chávez"(nesta pág)
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