Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Força de Lula/Dilma é Bolsa-Família ou emprego?

Força de Lula/Dilma é Bolsa-Família ou emprego?
segunda-feira, 2 agosto, 2010 às 2:28
Os nossos comentaristas políticos e econômicos não se cansam de afirmar que o prestígio do presidente Lula e, consequentemente, a força eleitoral que ele trasnfere para a candidatura Dilma Rousseff deve-se aos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Argumentam que Lula tem mais apoio e Dilma mais votos, maior votação, onde são maiores os efeitos dos programas de transferência de renda. Traduzindo, entre os mais pobres. Descoberta fantástica, pois seria natural o contrário, não é? Imagine o seu Severino da Silva dizendo assim: “não, senhor, vou votar no Serra porque o Fernando Henrique me deixava desempregado, sem programa social e fora do consumo e o Serra ajudou ele a fazer isso. Sou muito grato a eles por não terem feito nada por mim, meu voto é garantido deles”.
Mas embora os programas de distribuição de renda, naturalmente, transfiram prestígio para quem os implantou, isso é um pedaço mínimo da verdade.
Porque, como já resumiu com a famosa frase “é a economia, estúpido” aquele marqueteiro de Clinton – e que andou por aqui com FHC, é a atividade e a renda que determinam mais fortemente o prestígio e o desprestígio de um governante
Este gráfico aí ao lado, elaborado pelo Dieese, mostra como evoluíram o nível de emprego (em azul), o salário médio (em vermelho) e a massa total de salários na economia.
Não é preciso esforço ver que o emprego e o salário tiveram uma vigorosa expansão desde o início do governo Lula.

Como o gráfico termina em 2009, trouxe um outro, publicado na Folha de S. Paulo que mostra que, neste ano, apesar da herança da crise esta expansão aumentou. E quem observar que a massa de salários na economia cresce mais lentamente entenderá que os empregos criados se concentraram nas faixas mais pobres da população.
Poucos jornalistas e analistas, entretanto, destacam que isso injeta muito mais recursos e potencial de consumo que o Bolsa-Família, que com seus máximos R$ 134 reais mal consegue tirar uma família da fome. Mas tem outros efeitos muito importantes muito menos eleitorais.
Um relatório da ONU publicado há dois anos diz que ele está “impulsionando o número de matrículas: cerca de 60% dos jovens pobres de 10 a 15 que atualmente estão fora da escola devem se matricular em resposta às exigências do Bolsa Família e de seu antecessor, o Bolsa Escola. Diz o documento: “A taxa de abandono [nas escolas] diminui em cerca de 8%”.
Como os nossos jornalistas não têm o hábito de pesquisar, vou dar alguns dados interessantes para que se entenda porque o apoio a Lula e a Dilma, embora impulsionado pela boa maré de emprego que os dados que registrei revelam, se dá de maneira extremamente forte no Nordeste.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) , do Ministério do Trabalho registram os seguintes dados nos últimos 12 meses:
Região
Empregos gerados
Crescimento percentual
Nordeste
407.614 8,45%
Norte 105.572 7,83%
Sul 398.394 6,76%
Sudeste 1.130.272 6,35%
Centro Oeste 127.132 5,22%
BRASIL
2.168.924 6,71%

Novamente não é preciso ser economista ou cientísta político para ver que Norte e Nordeste, as áreas mais pobres do nosso país, vêm tendo incremento em número de empregos – e, consequentemente, em renda da população e consumo – superiores á média nacional. E quem diz que pretente um desenvolvimento nacional sem tantos desequilíbrios regionais e seus efeitos na migração, no inchaço das cidades, se tiver um mínimo de honestidade intelectual sabe que isso precisava acontecer, se desejamos, de fato, um crescimento harmônico do Brasil.
O problema é que as nossas elites não querem nem desenvolvimento nem harmonia no Brasil. Elas preferem grades, polícias e “choques de ordem”, por mais que as três coisas se mostrem inócuas para lhes dar paz.

A ùltima chace de Serra


Posted by eduguim on 8/01/10 � Categorized as Opinião do blog
Deus sabe como repudio a hip�tese de algu�m como Jos� Serra se tornar presidente da Rep�blica. Considero esse homem um perigo para o pa�s. Se vencesse a elei�ão, o Brasil seria atirado em uma aventura imprevis�vel. Vaidoso e truculento, mostrou-se irrespons�vel a ponto de escolher um sujeito de cabe�a vazia para ocupar uma posi�ão em sua campanha como a de candidato a vice-presidente, sujeitando o pa�s ao risco de ser governado por essa pessoa em caso de se eleger presidente.
Contudo, o que me entristece e desanima � assistir a uma campanha eleitoral como a que temos tido at� aqui, ainda que a campanha em si s� comece, para o conjunto da sociedade, a partir do in�cio do hor�rio eleitoral na televisão, acima de tudo. Acho que o Brasil merecia uma campanha melhor, com uma discussão s�ria sobre o rumo do pa�s nos pr�ximos anos.
Temos essa riqueza imensa que � o pr�-sal para explorar, por exemplo, o que nos gera o magn�fico problema de termos que discutir como investir e distribuir as centenas de bilhões de d�lares que ainda brotarão da explora�ão dessa cornuc�pia dourada com que a natureza nos presenteou. Temos uma economia robusta e organizada que precisa continuar sendo gerida com a mesma competência com que tem sido at� aqui para que possamos melhor aproveitar janela de oportunidade tão larga que a na�ão tem diante de si.
Em vez disso, qual � a discussão com que o candidato tucano e seus jornais, revistas, televisões, r�dios e portais de internet têm brindado a sociedade? A discussão que dominou a imprensa amiga do tucano e o discurso dele durante todo o primeiro semestre foi, como tem sido h� vinte anos, em torno de bobagens ideol�gicas e politiqueiras sobre o PT, Lula e, sobretudo, Dilma, persistindo na t�tica que tantas vezes se mostrou ineficiente de desmoralizar os advers�rios estigmatizando-os como corruptos, desleais e at� pervertidos.
Na semana que termina, a �menina do J� L�cia Hippolito teve uma nota sua publicada no blog do Noblat a qual dizia que o que o povo quereria, em campanhas eleitorais, supostamente seria �sangue�, ou seja, baixarias, acusa�ões, arranca-rabos. O blogueiro excluiu o post pouco depois de ter sido publicado. Todavia, o texto revela o que se passa na cabe�a dessa gente, a cren�a fundamentalista da direita na burrice popular, o desprezo que a elite nutre pelo povo.
Essa gente est� redondamente enganada. Serra, principalmente. At� pode ter sido assim, um dia, mas hoje não � mais. Estão confundindo a mentalidade embotada do povo de São Paulo, a parcela da popula�ão brasileira mais exposta à imprensa tucana em todo pa�s, com a do resto da sociedade brasileira.
At� faz sentido que São Paulo destoe tanto do resto da Federa�ão. Foi dos Estados que menos colheram os benef�cios do boom econ�mico e social brasileiro, e isso se deu por for�a da �ncora tucana, de interesses pol�ticos que impedem o meu Estado de aproveitar tudo o que o governo federal ofereceu ao resto do pa�s desde 2003.
O mais ir�nico do fundamentalismo pol�tico paulista � que, ao adotar uma postura irracionalmente raivosa em rela�ão ao metal�rgico al�ado à Presidência, o povo de São Paulo p�s no governo do Estado um grupo pol�tico composto pela direita mais atrasada e truculenta do pa�s, um bando de fan�ticos que busca reproduzir o que h� pior na feroz direita norte-americana. Gente avessa a distribui�ão de renda, que chama o Bolsa Fam�lia de �bolsa-mis�ria�, que odeia nordestinos e negros, que promove cruzadas na m�dia e no judici�rio para impedir negros pobres de irem à universidade�
As chances de Serra diminuem de forma tão dr�stica e acelerada porque quanto mais a t�tica do medo e da difama�ão pela m�dia fracassa, mais ele insiste nela, mais obriga a imprensa conservadora, que vê nele uma amalucada �t�bua de salva�ão� da elite que concentra renda, a promover essas campanhas de desmoraliza�ão da advers�ria. Nesse processo, excessos como o de caricaturar Dilma Rousseff como prostituta ou o de chamar o partido dela de �narcotraficante� acabam sendo inevit�veis, mostrando ao povo que não deve esperar do candidato conservador que se proponha ao debate s�rio sobre os rumos do pa�s.
Mas não precisa ser assim. Serra tem a possibilidade de sair desta campanha eleitoral at� maior do que entrou, mesmo que não ven�a a elei�ão. Poderia preservar� Ou melhor, preservar, não, mas lustrar a pr�pria biografia, j� que, como est� hoje, não � l� muito edificante. Como ele poderia fazer isso? Meramente dando ao pa�s um debate eleitoral decente, civilizado, respeitoso, que mostrasse estar preocupado em oferecer à sociedade um caminho alternativo claro.
Entretanto, j� virou um tru�smo dizer que Serra não tem o que propor ao pa�s, at� porque muito do que o seu projeto pol�tico encerra não � do interesse da sociedade, sendo um projeto de interesse das castas sociais brasileiras para redirecionarem o desenvolvimento para o Sul e para o Sudeste do pa�s e para os interesses das grandes corpora�ões empresariais, que, não por outra razão, em eventos durante o ano declararam apoio irrestrito ao tucano, conforme o farto notici�rio dispon�vel revela.
Na falta do que propor, o candidato do PSDB à Presidência se torna dependente de sua rela�ão com as fam�lias Marinho, Civita, Mesquita e Frias e algumas outras menos importantes, donas de imp�rios de comunica�ão colocados a servi�o do tucano para desmoralizar os advers�rios.
Esses grupos empresariais de comunica�ão, pela vez deles, dependem de produzirem resultados pol�ticos para os aliados como forma de preservarem a influência que sempre exerceram sobre o poder no Brasil e que lhes permitiu se tornarem as potências econ�micas que se tornaram, com milhares de empregados e faturamentos na casa das centenas de milhões de reais.
A �ltima chance de Serra não � nem a de vencer a elei�ão, pois não consigo enxergar este povo se arriscando a p�r de novo no poder um grupo pol�tico que, quando governou, causou tanto sofrimento. � a chance de manter a dignidade na derrota e de não destruir o PSDB, ao menos, j� que o DEM est� com os dias contados. Serra pode usar a campanha eletoral na TV para debater problemas s�rios que o pa�s tem como o de não poder baixar os juros ou o de continuar sendo tão desigual.
Contudo, � um debate que não est� ao alcance do tucano simplesmente porque contraria os interesses que ele representa e dos quais se propõe a ser mero despachante. Na impossibilidade de discutir o que interessa aos brasileiros, embrenha-se nesse matagal ideol�gico que não comove praticamente ningu�m no Brasil. Ironicamente, portanto, Serra não ter� como usar a �ltima chance que tem de encerrar sua carreira pol�tica de forma menos pat�tica.