Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A crise, os banqueiros e a intervenção do Estado


DEBATE ABERTO

Na crise de 1929, quase todos os grandes países entenderam que a questão se centrava no desemprego e que era necessária a intervenção do Estado nas atividades econômicas, a fim de dar trabalho aos homens e, com ele, a produção de bens de consumo à sociedade.

O que mais surpreende na crise econômica e social na Europa e nos Estados Unidos é a desmemória dos governantes de nossos dias. Não fosse isso, e estariam, em seus encontros, relembrando a crise econômica e política dos anos 20, que chegaria ao seu auge em 1929, e nas medidas tomadas pelos governantes daquele tempo a fim de resolvê-la. Quase todos os grandes países entenderam que a questão se centrava no desemprego, e que era necessária a intervenção do Estado nas atividades econômicas, a fim de dar trabalho aos homens e, com ele, a produção de bens de consumo à sociedade. Foi essa consciência que promoveu a maior e mais bem sucedida intervenção na economia, a do New Deal de Roosevelt, sem que fossem violados os princípios constitucionais nem o sistema democrático.

Foi um homem do povo de situação profissional muito modesta, o assistente social Harry Hopkins, que convenceu Roosevelt, ainda como governador do Estado de Nova Iorque, a tomar o partido dos pobres, durante a grande crise econômica de 1929. Hopkins conhecia a miséria por dentro, trabalhando junto aos miseráveis dos cortiços do baixo East Side de Nova Iorque.

Enquanto Herbert Hoover, o presidente anterior, de olhos perdidos nas névoas, prometia o retorno da prosperidade ao país, Roosevelt, a conselho de Hopkins, autorizou vasto programa de ajuda em seu estado, não só com o fornecimento de comida e agasalhos aos desempregados, mas, também, com a criação de empregos temporários. A experiência foi transferida para o governo federal, com a eleição do democrata em 1932. Em seu discurso de campanha, Roosevelt prometeu “new deal”, novo pacto nacional em favor do “forgotten man”, do homem esquecido pelos governos.

Ao assumir, o presidente não se preocupou em salvar bancos, nem banqueiros, mas, sim, em reestruturar o sistema financeiro em bases seguras, que evitassem as fraudes e a especulação. Seu primeiro cuidado, nesse setor, é conhecido: criou um sistema federal de seguros, para proteger os depositantes, e, com a Security Exchange Comission, estabeleceu a fiscalização contra as fraudes bancárias que haviam levado à crise de 1929. Infelizmente, os banqueiros retomaram todo o seu poder, começando por impor à Casa Branca seus secretários de Tesouro, como vemos em nossa atualidade.

Mais importantes foram as drásticas intervenções na agricultura, na indústria e nos serviços, com a criação de milhões de empregos, o que significou aumento de consumo e desenvolvimento generalizado da economia. Ao mesmo tempo, a mão de obra não absorvida pela recuperação industrial foi empregada nas grandes obras públicas, como as do Vale do Tennessee, que incorporaram à vida moderna dos Estados Unidos as zonas atrasadas dos sete estados da extensa região.

O nazismo e o fascismo italiano – o que não os redime, de forma alguma, dos crimes contra a Humanidade que praticaram – também assim entenderam. No caso da Alemanha, a mobilização se apoiou no espírito de revanche contra a derrota militar, e a indústria bélica impeliu o crescimento da economia, com o pleno emprego na indústria, nos serviços, nos corpos militares e policiais. Na Itália de Mussolini, a criação do IRI (Instituto pela Reconstrução Industrial), conduzido pelo antigo socialista Alberto Beneduce, foi a mais violenta intervenção do Estado na economia, desde a Revolução Soviética. Em 1934, 48,5% de todas as atividades industriais e de serviços se encontravam sob o domínio do Estado. E a intervenção no sistema bancário foi radical: os bancos foram compelidos a transferir para o IRI toda a sua participação nas atividades industriais, fosse em ações, fosse em créditos, o que significou o domínio das principais indústrias pelo governo.

Beneduce resumiria essa intervenção no relatório da presidência do IRI, ainda em março de 1934. Depois de registrar que, ao contrário do que se temia (uma corrida aos bancos), a intervenção fora muito bem vista pelo público, escreve Beneduce: “Naquele momento cessou uma tradição de sujeição do Estado aos bancos que, por longos anos, dele haviam subtraído o comando dos órgãos essenciais à política de crédito”.

Se Beneduce fosse ainda vivo, podemos imaginar o seu desespero ao ver o governo da Itália entregue a Mário Monti, simples serviçal de um banco internacional, o Goldman Sachs. Ele, que sempre via o Estado a serviço da nação, teria preferido o fascista Mussolini no comando da Itália ao membro do grupo de Bielderberg.

Beneduce era, como ele mesmo se identificava, homem das classes populares, menino pobre de Caserta, senhor de privilegiada inteligência matemática e um gênio financeiro, que dera às suas filhas os nomes de Idéia Socialista, Vittoria Proletária e Itália Líbera. Sua colaboração com Mussolini se explica pelo seu patriotismo, embora não seja pelo seu natural antifascismo, mas não há dúvida de que foi um êxito da intervenção do Estado na economia.

É bem provável que Ângela Merkel, Sarkozy, Rajoy, Berlusconi, Durão Barroso e seus comparsas não saibam quem foi Hopkins e quem foi Beneduce, nem o seu papel na recuperação da economia de seus paises. Do New Deal e do IRI devem ter noções tão vagas quanto as das crateras marcianas. Mario Draghi, Mario Monti e outros tecnocratas devem ter aprendido um pouco das duas experiências em seus bancos acadêmicos. Mas lhes falta, como falta aos falsos líderes de hoje, aquela consciência de classe, de que foram portadores, de um lado e do outro do Atlântico, Harry Hopkins, filho de pequeno caixeiro-viajante e lojista do interior, e Alberto Beneduce, o menino pobre de Caserta, que teve, o seu primeiro emprego em uma feira de bairro.

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

TCC na PUC sobre Dantas e Gilmar. “Um crime contra a esperança”

PHA, Murilo e Rubens: "você entendeu como isso funciona !"

Ao lado de Rubens Glasberg, editor da respeitada Teletime (e alvo de 6 ações judiciais de Daniel Dantas), este ansioso blogueiro fez parte da banca de conclusão do curso de graduação de Murilo Henrique da Silva, no curso de Jornalismo da PUC de São Paulo.

O Trabalho de Conclusão do Curso, o TCC resultou num livro de 268 páginas com o título “D.D. – Entre o público e o privado”.

Este ansioso blogueiro deu nota 10.

Trata-se de um levantamento completo de todas as atividades do banqueiro condenado e aqui exaustivamente descritas ao longo dos anos e “43 ações judiciais”.

É mais do que um TCC: é um prontuário.

Murilo trabalhou seis horas por dia – ele é do “rádio escuta” da TV Record – durante nove meses.

Foi com as primeiras notícias da Operação Chacal que Murilo começou a se interessar pelo banqueiro condenado – clique aqui para ver o vídeo inolvidável do jornal nacional, que o flagra no ato de subornar um agente da Polícia Federal e que Gilmar Dantas (*) devidamente ignorou.

(A notável desembargadora Cecília Melo, como se sabe, transformou a Operação Chacal num monte de papel velho, sepultado na Primeira Instância da Justiça de São Paulo. Viva o Brasil !

Ela aparece com fulgor na narrativa de Murilo.)

Murilo considera que Dantas é a síntese, a alegoria do Brasil pós-regime militar.

A sobrevivência do arcaico no Judiciário, no Legislativo, no Executivo e na Mídia – aqui chamada de PiG (**).

Não bastou concluir o ciclo militar.

Nem a eleição de Lula, diz Murilo, que parecia um sopro de esperança.

Dantas demonstrou que o Poder não deriva da vontade popular.

Dantas é, para Murilo, “um crime contra a esperança”.

Murilo tem a sensação de que Dantas é um canalha, apesar da proteção que recebe da imprensa.

Na rua, as pessoas, segundo ele, não tem a menor duvida.

Ele é a encarnação da corrupção.

Dantas, porém, é a alegoria.

Ele contém esse Brasil que Murilo tenta descrever.

Murilo diz que seria possível descrever o Brasil contemporâneo através da carreira de José Serra, Gilmar Dantas (*), Naji Nahas, Roberto Amaral, o lobbista de Dantas que trata Cerra de “Niger”.

São todos eles personagens de Brasil arcaico e renitente e, ao mesmo, arquitetos dele.

Murilo descreve exaustivamente a privatização do Farol de Alexandria – “se isso der m… “ – , a tentativa de abafar a Satiagraha e os HCs Canguru de Gilmar Dantas (*).

Gilmar Dantas, especialmente, sai do TCC tão arranhado quanto Dantas e Fernando Henrique.

Recomenda-se que não pise na PUC de São Paulo.

Outros heróis destacados do livro são Luiz Carlos Mendonça de Barros e André Lara Rezende, operadores da privatização do Farol.

Murilo faz perfis com a ponta da faca desses heróis do PiG (**).

Murilo acatou recomendação deste ansioso blogueiro: que aprofundasse a dívida que tem com os “Donos do Poder” do Raymundo Faoro.

Essa misturança entre o público e o privado, entre Dantas e Gilmar, Dantas e Fernando Henrique, Dantas e Collor, Dantas e ACM – está toda lá, na obra do mestre Faoro.

Murilo pretende ampliar o livro e, provavelmente, escrever “As Memórias do Cárcere” de Daniel Dantas.

Rubens Glasberg também deu nota 10 !

Pela coragem intelectual de enfrentar um tema e um personagem que afugentam os “jornalistas adequados”, como diz Rubens.

Rubens sugeriu alguns caminhos a Murilo.

Que lesse, além do Faoro, o Caio Prado Junior.

Dantas e Gilmar lá estão, de corpo inteiro: nesse Capitalismo de Estado, sem dinheiro, tardio,  pendurado nas tetas do Governo.

Rubens concorda com o ansioso blogueiro: o maior mérito de Murilo é entender a dinâmica do sistema.

Dantas e Gilmar são o sistema em funcionamento.

Como seriam Cerra e Fernando Henrique.

Gilmar e Serra.

Naji Nahas e Dantas.

Rubens sugeriu que, ao ampliar o livro, Murilo pesquisasse duas áreas fertilíssimas.

As relações de Dantas com o PiG.

Como ele compra, planta, dissemina informação.

Outra área a perseguir, segundo Rubens, deveria ser a relação de Dantas e seus 3003 advogados com o Judiciário.

Rubens sugeriu que Murilo consultasse na CVM a denúncia contra as atividades de Dantas na BrT.

Ali está um documento que mostra que Dantas gastou R$ 50 milhões com advogados e não se sabe em que !

O que fizeram os advogados ?

Rubens suspeita que muitos advogados não são ou eram advogados de Dantas, mas cúmplices de Dantas.

Na relação com a imprensa e o Judiciário, Dantas, segundo Rubens, leva ao extremo a convivência entre o legal e a criminalidade.

Rubens sugeriu uma linha de pesquisa especialmente promissora.

Teve um advogado, contou Rubens ao perplexo estudante, que trabalhava no BNDES.

No BNDES, ele arquitetou a privatização do Farol.

Aí, foi trabalhar com o banqueiro condenado.

Como contratado do banqueiro condenado, montou a engenharia societária que permitiu Dantas tornar-se o Grande Herói da Privatização Tucana.

Nessa engenharia, ele disfarçou a presença maciça do Citibank.

E conferiu a Dantas, numa operação com debêntures conversíveis – que Murilo captou muito bem – o privilégio de entrar na BrT e na Telemar.

O que era ilegal, segundo a arquitetura que esse mesmo advogado desenhou antes, lá no BNDES, e, depois, na Lei da Privatização do Sergio Mota.

Uma beleza !

Mas, não parou, aí, continuou Rubens na sua narrativa deprimente.

Aí, por desinteressada sugestão de Dantas, Fernando Henrique nomearia este notável advogado para presidir a CVM, a instituição que deveria vigiar o Dantas !

Sensacional !

O público no colo do privado.

Ou será o contrário ?

Murilo, você entendeu como a coisa funciona !, disse Rubens entusiasmado, ainda que no seu jeito contido.

Vá em frente !

Entre na selva do capitalismo moderno entranhado na criminalidade !

Siga os jornalistas “inadequados”, Rubens recomendou.

Em tempo: Murilo tem 22 anos. A mãe é costureira e o pai, operário metalúrgico, sem militância política ou sindical.

Em tempo2: este ansioso blogueiro faz singela sugestão ao dr Greenhalgh, o “Gomes” da Satiagraha, que se tornou editor de livros. Por que não financiar uma bolsa de estudos para o Murilo escrever as “Memórias do Cárcere do Dantas ” ?


Paulo Henrique Amorim


(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Não, Não Somos Racistas Racismo... Até Quando?



Esse cartaz foi fotografado no dia 01/12/2011 em um ponto de ônibus no bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro, em frente ao metrô.
Para quem quiser dar uma ligada para esse fdp o DDD do RJ é o 21!

via O Cachete

Wikileaks volta à ativa com “arquivos espiões”

                             Wikileaks volta à ativa com “arquivos espiões” Foto: Divulgação


Organização de Julian Assange lista mais de 150 empresas acusadas de espionar pessoas via internet e celular; o Brasil está entre elas, com a companhia Suntech Intelligence, que estaria monitorando informações pessoais ilegalmente

Lucas Reginato _247 – Mais de um mês após anunciar que seria forçado a parar as atividades, o Wikileaks resolveu atacar, nesta quinta-feira, o que eles batizaram de “Arquivos espiões” – uma relação de documentos de vinte cinco países que denunciam o uso de informações privados por empresas de comunicação.
O Brasil e a Colômbia são os únicos países da América Latina que aparecem no “mapa da espionagem” publicado no site da organização. Entre as mais de 150 companhias denunciadas pelo mundo, aparece a Suntech Intelligence, empresa de Florianópolis que atua há 15 anos no mercado de inteligência da comunicação, retenção de dados legais e gerenciamento de redes. Segundo as denúncias, eles estariam monitorando ilegalmente o acesso à internet, ligações telefônicas e mensagens de texto.
“Parece coisa de Hollywood”, avisa o comunicado da organização fundada pelo jornalista australiano Julian Assange. Segundo o site, essas informações obtidas são usadas com objetivo financeiro ou político.
A tecnologia, que normalmente é construída nos países de primeiro mundo, acaba sendo usada por governos de nações subdesenvolvidas para a manutenção de ditaduras e vigilância de sua população. Na Primavera Árabe, por exemplo, que acabou mudando o rumo do governo já estabelecido por décadas em alguns países, os manifestantes usavam as redes sociais e os telefones para marcarem a hora e o local dos protestos. Após a queda dos ditadores de Líbia e Egito, por exemplo, descobriram a presença de empresas europeias que trabalhavam monitorando as telecomunicações desses países. Mas a espionagem não se limita a regimes ditatoriais, chegando a envolver países bastante desenvolvidos, como Suíça e Dinamarca. Outros que constam da lista são Canadá, Estados Unidos, China, França e Nova Zelândia.
Para uma sociedade cada vez mais conectada, a notícia trazida pelo Wikileaks definitivamente não é boa. A indústria estaria desregulada e, devido a isso, com espaço para abusar dos poderes que possui através do uso cada vez mais constante da tecnologia. Pessoas físicas podem ser, por exemplo, secretamente rastreadas se estiverem carregando um telefone celular, mesmo que este esteja desligado.
Embora tenha anunciado uma pausa nas atividades há algumas semanas, devido a um boicote das operadoras de cartão de crédito, que bloquearam doações à organização, o Wikileaks afirmou que ainda tem muitos outros documentos a serem liberados. Já são 287 arquivos, entre catálogos, manuais, listas contábeis e mesmo alguns vídeos. Eles mostram como, às vezes, as empresas trabalham sem a preocupação de não invadir a privacidade de terceiros, mas como se fosse natural e, mais do que isso, o objetivo delas. O idealizador do site está em prisão domiciliar na Inglaterra, acusado de quatro crimes de agressão sexual cometidos na Suécia. Neste mês, Assange teve negado o recurso que apresentou para evitar sua extradição ao país. Ele ainda tem direito a um novo recurso.

Altamiro Borges: Folha omite relações Faustino (Controlar) e Serra

por Altamiro Borges, no seu blog

A seletividade da mídia é algo impressionante. A Folha de ontem (3) publicou uma matéria sobre o indiciamento de João Faustino como integrante da quadrilha que fraudou a inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Mas ela simplesmente omitiu que o indiciado foi subchefe da Casa Civil do ex-governador José Serra e que participou do comando da sua campanha presidencial no ano passado.

Se os envolvidos neste “malfeito”, que desviou milhões dos cofres públicos, fossem da base aliada do governo Dilma, seria o maior escândalo – com direito a capa da Veja, manchete nos jornalões e comentários raivosos nas TVs. Só mesmo os ingênuos ainda acreditam na propalada neutralidade e imparcialidade da chamada “grande imprensa”. Abaixo, a matéria da Folha serrista:
*****
Promotoria denuncia diretor da Controlar
Executivo é suspeito de formação de quadrilha no Rio Grande do Norte; procurado pela Folha, não comentou o caso; 34 pessoas foram denunciadas ontem, incluindo também dois ex-governadores e um suplente de senador
FÁBIO GUIBU – DE RECIFE
O Ministério Público do Rio Grande do Norte denunciou ontem 34 pessoas sob a acusação de participar de fraudes na implantação da inspeção veicular no Estado.
Entre os denunciados estão os ex-governadores do Estado Wilma de Faria e Iberê Ferreira, ambos do PSB, o suplente de senador João Faustino (PSDB) e o diretor-presidente da Controlar, consórcio responsável pela inspeção veicular em São Paulo, Harald Peter Zwetkoff.
Os ex-governadores e o suplente foram denunciados sob acusação de envolvimento em crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva, tráfico de influência e fraude em licitação.
Zwetkoff é acusado de formação de quadrilha, peculato e fraude em licitação. Troca de e-mails obtidas com autorização judicial revelam que ele repassou ao consórcio Inspar, do RN, as bases usadas em São Paulo para a implantação da inspeção.
Segundo a Promotoria, com as informações, o grupo fraudou a licitação, que renderia até R$ 1 bilhão em 20 anos. O consórcio pretendia implantar o esquema em outros dez Estados.
Além denunciar as 34 pessoas, os promotores apresentaram à Justiça mais dez pedidos de prisão preventiva. A suposta fraude já havia levado 13 pessoas à prisão. Ontem, cinco foram soltas. Entre eles, está João Faustino.
Os acusados também foram flagrados em escutas telefônicas, supostamente negociando acordos ilegais.
As informações foram posteriormente cruzadas com dados bancários, obtidos com ordem judicial. A promotoria apura ligações entre essas negociações e doações de campanha feitas em Estados de interesse do grupo.

A ultra-direita digital A Oposição na Sociedade

Por Marcos Coimbra 

O que chamamos oposição, na maior parte das vezes, diz apenas respeito ao mundo da política institucionalizada. Fundamentalmente, aos partidos oposicionistas, seus representantes, organizações e (poucos) filiados.

Uma das razões para isso é que é modesta, no Brasil, a atuação de grupos de pressão e associações civis voltadas para a política. Existem, mas são, ainda, pouco relevantes.

Há, no entanto, outra oposição, extra-partidária e fora do Estado, que se manifesta no âmbito da sociedade. Ela é diferente da anterior, e tende a ser, a cada dia, mais significativa.

Não estamos nos referindo, simplesmente, aos eleitores de oposição, aqueles que, de maneira sistemática, votam nas legendas hoje oposicionistas, não votam no PT e costumam não gostar de Lula, dos petistas e de tudo que fazem. Os que se definem como antagônicos ao “lulopetismo”. Esses existem desde sempre.

Entre a oposição formal, exercida pelos partidos, e o eleitorado de oposição, constituído por cidadãos individualizados, estamos vendo nascer e se desenvolver uma “nova militância” oposicionista.

Não foi em 2011 que começamos a perceber sua existência. Desde a eleição de 2010, no mínimo, já era identificável.

Por enquanto, é incipiente, mas parece crescer e se tornar mais vigorosa ideologicamente. É um fenômeno espontâneo, que acontece à margem dos partidos e que não resulta de sua atuação.

Seu lugar por excelência de formação e desenvolvimento é a internet. É nela que seus integrantes se reconhecem, estabelecem comunicação, fazem proselitismo.

Não é unificada por um ideário. Ao contrário, seu denominador comum fundamental é uma negação: o antipetismo. No fundo, não se entusiasma na defesa de nada. O que quer é “acabar com o PT”.

Essa hostilidade ficou particularmente evidente quando Lula foi diagnosticado com câncer. Foram tantas as manifestações enraivecidas, misturando júbilo, espírito de vingança e condenação por ele estar sendo tratado em um hospital de ponta, que até alguns adversários mais bem educados se assustaram.

Em suas ideias, misturam-se noções de várias origens. Algumas são típicas do conservadorismo clássico, outras vêm do nacionalismo de direita. Às vezes, são ultraliberais, outras de um antiliberalismo feroz.

Ela desconfia dos partidos e dos políticos, repele a “intervenção do estado na vida privada”, e quer acabar com os impostos. Costuma detestar o esquerdismo e abominar o “politicamente correto”.

Uma parte da mídia, especialmente algumas revistas e jornais, se reporta, cada vez mais, a ela. Nessas publicações estão alguns de seus heróis e os porta-vozes mais radicais, facilmente reconhecíveis pelo uso de violência verbal. São os valentões da palavra.

A agressividade que consomem é transferida para sites de relacionamento, blogs e intervenções pessoais, em comentários nas redes sociais e no noticiário. O Twitter é um dos lugares onde mais aparece, pois enseja a expressão emocional imediata.

Há certa semelhança entre essa militância e a ultradireita americana do chamado Tea Party: ambas surgiram naturalmente (ainda que com o incentivo do grande capital, lá de empresários da indústria química, aqui dos conglomerados de mídia), querem “purificar” a política e são fortemente anti-estatistas e antitributação.

A diferença é organizacional, pois o Tea Party, que nasceu em 2009, já está estruturado, embora continue a ser um movimento sem liderança centralizada, composto por entidades locais e indivíduos sem vínculos estreitos. (Apesar disso, houve mais de cem candidatos ao Congresso americano, na eleição de meio-período de 2010, que receberam a chancela do movimento - dos quais 32% se elegeram).

Por aqui, essa nova militância ainda não conseguiu passar pelo teste da mobilização. Permanece verbal e passiva, com baixa capacidade de se apresentar nas ruas. Os protestos anticorrupção convocados pela internet no segundo semestre, por exemplo, que pareciam significativos, terminaram sendo fracassos de público.

Que relação se estabelecerá entre essa oposição na sociedade e a oposição partidária? Estará em gestação um Tea Party à brasileira?

Em 2010, Serra procurou fomentar os sentimentos dessas pessoas, para os utilizar na campanha. Seus assessores chegaram a criar peças de comunicação específicas para açular o antipetismo na internet. A onda anti-aborto foi deflagrada e sustentada por lideranças religiosas ligadas a ele.

Quem cria ventos, se arrisca a colher tempestades. O PSDB precisa pensar se o que quer é ser a voz partidária desses militantes.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi


Leia mais em: O Esquerdopata
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Lágrimas no funeral do Bem-Estar Social

Carta Maior

Ministra do Trabalho italiana, Elsa Fornero, não consegue conter o choro ao explicar a parte do arrocho de 30 bilhões de euros anunciado neste domingo pelo primeiro ministro Mário Monti, que penalizará fortemente o sistema previdenciário do país.

Idade mínima de aposentadoria foi elevada para 62 anos no caso das mulheres e 66 anos para os homens. Até 2018, a idade única será de 66 anos. A antecipação de pedidos de aposentadoria até lá exigirá um mínimo de 41 anos de contribuição para mulheres e de 42, no caso dos homens. Pensões acima de 936 euros foram congeladas; aquelas abaixo desse valor serão corrigidas apenas parcialmente.

Trata-se de um arrocho de sangue sobre as gerações mais velhas, que congela e corrói o amparo social justamente quando mais se necessita dele na curva final da vida, uma ruptura de valores e laços compartilhados que desmantela as bases do Estado do Bem-Estar Social pelo qual muitos dos que agora estão sendo descartados lutaram.

Na cena asséptica e pastosa da solenidade montada para vestir de fatalidade contábil aquilo que é uma expropriação de renda em benefício dos rentistas, Elsa Fornero destoou. Em lágrimas, não conseguiu concluir o raciocínio justificatório para a palavra 'sacrifício'. Precisou interromper a explicação sobre os detalhes do pacote sendo substituída então por Monti, o tecnocrata elegante, na verdade um bloco granítico e calculista a serviço dos mercados, explicitamente reconhecido como um interventor deles no Estado italiano.

Veja a cena, expressiva da tensão gerada pelo desmonte do Estado do Bem-Estar Social numa União Européia em que a sobrevivência, ou a derrocada final, da moeda única será decidida esta semana, na reunião de cúpula de Bruxelas, nesta 6ª feira.

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O pior inimigo do governo Dilma

A queda do sexto ministro de Dilma sob acusação de corrupção ocorre no âmbito de um processo kafkiano iniciado em março deste ano. Sabia-se que a imprensa continuaria se opondo ao governo federal caso a candidata de Lula se elegesse, mas os consideráveis esforços dela para distender o clima político tornam o ataque midiático inexplicável, sem razão, daí a alusão à obra de Franz Kafka.
Dilma começou a governar claramente convencida de que se não fizesse provocações à mídia e à oposição não sofreria processo similar ao que acompanhou cada dia da gestão de seu antecessor.
Ela desafiou a ira da militância fazendo afagos à imprensa tucana, afagos que todos os que se interessam por política sabem quais foram – aniversário da Folha, Ana Maria Braga, Hebe Camargo etc., com direito aos famosos almoços com barões da mídia aos quais Lula jamais acedeu. Por atos e declarações, também tirou do horizonte a temida lei da mídia, que esta e a oposição não aceitam sequer discutir. Desmanchou-se em mesuras ao líder máximo da oposição e da imprensa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, chegando a lhe dar créditos que não merece pelo sucesso econômico do Brasil hoje.
O que mais a mídia e a oposição querem?
A resposta é simples: o poder. E não é só o poder pelo poder, mas para voltarem a roubar o patrimônio nacional como fizeram juntinhas (mídia e oposição) à época da privataria, quando barões da mídia como a família Mesquita apuraram-se a receptar o saque tucano na telefonia, neste caso comprando parte da operadora de telefonia celular BCP.
O poder que a mídia tem hoje deriva de sua fortuna incalculável, um tesouro que, centavo por centavo, veio sendo surrupiado da nação  ao longo do século passado, sobretudo durante a ditadura militar, quando essas famílias que controlam a comunicação no país receptaram bilhões de dólares desviados pelos ditadores para construírem a máquina de comunicação que usariam para tentar manipular o povo do qual haviam usurpado todos direitos civis.
É o poder de manipular as instituições e, ainda em grande medida, a opinião pública. E é um poder que se fundamenta na posse de muito dinheiro, de volumes de riqueza que só são possíveis auferir em grandes negociatas como as privatizações.
Há nove anos fora do poder, a fonte secou. As operações desses impérios de comunicação muitas vezes são deficitárias. Essas empresas não sobrevivem sem dinheiro público e hoje só quem lhes doa dinheiro dos nossos impostos são os governos estaduais, que gerem orçamentos infinitamente menores do que o governo federal, o que lhes deixa pouco espaço para roubar.
O Santo Graal da mídia é o Pré Sal. Será com facilitação de negociatas com as reservas petrolíferas que seu e$toque de poder será reposto. Todos sabem das negociações entre José Serra e as petroleiras internacionais que vazaram através do Wikileaks. O tucano lhes prometera regime de concessão para explorarem as recém-descobertas reservas petrolíferas do país, ou seja, prometeu que ganhariam infinitamente mais com o petróleo que extraíssem.
Não haverá gentileza deste governo, pois, que faça a mídia parar de tentar inviabilizá-lo. Recusar-se a dotar o país de um marco regulatório para as comunicações tampouco adiantará. A única forma de Dilma se compor com a imprensa é através do suborno, como faz o governo Alckmin, por exemplo, ao gastar milhões e milhões de reais em assinaturas dos jornais e revistas que denunciam sem parar seus adversários políticos e que o protegem de escândalos como o das emendas parlamentares.
A sucessiva queda de ministros, portanto, se funcionar deixará o PSDB e os abutres internacionais em imenso débito com Folhas, Estadões, Vejas e Globos, certamente permitindo novas incursões das empresas “jornalísticas” em negócios estranhos à própria atividade, como na época da telefonia celular privatizada.
Desta feita, incursionarão pelo setor petrolífero.
As tropas de choque da mídia e da oposição na internet ou os militontos da oposição de ultra-esquerda logo se apressarão a bradar que esta é uma “teoria conspiratória”, como se o primeiro passo de toda conspiração não fosse desacreditar qualquer suspeita de que esteja ocorrendo. Acredita quem quer…
Quem acha que nada significa o fenômeno de ministros caírem em efeito dominó sob denúncias da imprensa como a de uma carona de avião ou a de acumulação questionável de cargos públicos enquanto escândalos muito piores envolvendo governos tucanos são ignorados, como o caso recente envolvendo o ex-assessor do então ex-governador José Serra João Faustino, que se encontra preso no Rio Grande do Norte, sugiro que interrompa a leitura deste post.
Se você continua lendo é porque sabe que o processo que vem desmontando o ministério de Dilma é hipócrita. Todavia, assim mesmo você pode estar entre os piores inimigos de seu governo se está entre os que dizem frases como “Quanto mais a mídia bate em Dilma, mais ela se torna popular” ou como “Dilma tem mesmo que se livrar de ministros picaretas”.
Nem a própria Dilma continua acreditando no que já chegou a acreditar, que ganha alguma coisa com as denúncias da imprensa. Ela bem que tentou, desta vez, segurar o ministro bola da vez. E isso porque a teoria de que se torna mais popular a cada denúncia contra seus ministros é um delírio, não existe. Nenhuma pesquisa sobre sua popularidade mostra isso. Hoje, ela tem menos aprovação do que no início de seu governo.
Administrativamente, este governo está sendo literalmente sabotado. Ou, para os que não partilham dessa teoria, está ao menos sendo paralisado. Por seis vezes neste ano, algum ministério ficou praticamente acéfalo durante semanas a fio, com o titular de cada pasta usando cada minuto para se defender.
O estilo Dilma de administrar explica a razão pela qual ela já se deixou enganar por essa história de que ganharia alguma coisa com esse processo. Seu estilo enérgico estimula bajuladores em seu entorno a dourarem a pílula, a só dizerem o que ela quer ouvir. E o que ela ainda parece querer ouvir é que há como evitar o confronto político, como se a mera rendição tivesse o poder de suspender a sabotagem.
Entre as teorias que empanam a visão da presidente está a de que a mídia quereria defenestrar apenas os ministros “da cota de Lula”, ou seja, aqueles que dizem que foram “impostos” pelo ex-presidente à sucessora, o que matéria do Estadão divulgada ontem desmente.
A matéria “Depois dos aliados, mídia chega à cota pessoal de Dilma” acusa Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Ele teria sido escolha dela e não de Lula, mas, assim mesmo, está sendo acusado pela imprensa por atuação como consultor entre 2009 e 2010, uma acusação análoga à que sofreu Antonio Palocci, a primeira peça do dominó político em que se converteu o ministério deste governo.
E tem gente achando que não tem nada demais nesse processo.
Dilma já acordou. Tentou manter Lupi, mas esbarrou em um problema que ela mesma criou para que seus auxiliares resistam ao bombardeio. Ao não declarar apoio aos alvos da mídia, dando apenas declarações genéricas sobre querer analisar com calma as denúncias, termina por legitimá-las, retirando-lhes um caráter político que só ela não vê ou finge que não vê, achando que, assim, evitará briga. Daí o alvo da artilharia, sentindo-se sem apoio, pula fora.
Enquanto isso, lideranças políticas da oposição como José Serra e colunistas de veículos como Veja ou Globo já pedem o impeachment da presidente por crime de responsabilidade, porque se um ministro cai o problema é dele, mas se seis caem sucessivamente vai ficando claro que quem os escolheu, escolheu mal. Ao menos para o espectador desavisado.
Você não entende por que o ministério de Lula não passou por processo semelhante se alguns dos que estão caindo hoje já eram ministros àquela época? Para entender, tomemos o caso de Lupi. As denúncias são antigas. Por que nunca foram Levantadas? É óbvio que a mídia achava que não adiantaria tentar forçar queda em série de ministros porque o titular do governo não se curvaria.
A única forma de enfrentar um processo que cada vez mais vai ficando claro que haverá de chegar à própria Dilma, será reagindo. Haveria que reagir denunciando a seletividade da imprensa, que esconde escândalos dos governos estaduais da oposição enquanto infla acusações contra o governo central. E, sobretudo, enviando ao Congresso o marco regulatório das comunicações.
Quem impede que isso aconteça é o entorno da presidente. Alguém está lhe vendendo que é possível governar assim, com ministros caindo em série, porque, após caírem todos os “da cota de Lula”, o processo será estancado. Assim, esses bajuladores estão empurrando o governo para o precipício. O entorno da presidente Dilma é hoje seu pior inimigo, pior do que a oposição e a imprensa juntas.