Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Mídia, empresários e PSDB prometeram que golpe consertaria economia

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O impeachment de Dilma Rousseff foi vendido pela mídia, pelos grandes empresários e pelos políticos golpistas (PSDB e PMDB à frente) como panaceia para a crise econômica. Com base nesse estelionato político, grande parte da população apoiou o golpe.
caos 1Em dezembro de 2015, o jornal Valor Econômico afirma que “Empresários querem que processo de impeachment corra de forma rápida” para destravar a economia
Em maio de 2016, o jornal O Globo afirma que “A aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff abre espaço para uma retomada de confiança na economia brasileira”
Em agosto de 2016, a revista IstoÉ afirma que “Empresários aguardam o afastamento definitivo de Dilma Rousseff   para retomar investimentos”
Em setembro de 2016, o Correio Brasiliense afirma que “Para especialistas, PIB do país deve melhorar com impeachment de Dilma”.
Também em setembro, o dono da Riachuelo afirma que “Com impeachment, agonia [da economia] será curta”
Para não me estender muito, fecho as previsões empresariais, políticas e midiáticas de melhora na economia com o impeachment de Dilma com a previsão de um entre uma horda de políticos de direita que afiançaram à sociedade que o golpe resolveria tudo.
Em agosto do ano passado, o senador pelo PSDB mineiro Aécio Neves afirma que “Saída de Dilma é essencial para a retomada da economia”
Ou seja, o apoio de parcela majoritária da sociedade ao golpe decorreu de um estelionato político perpetrado a seis mãos pelo grande empresariado, pela mídia conservadora e por políticos de direita, que prometeram à população que tudo se resolveria como por mágica se a democracia fosse estuprada.
Contudo, muitos avisaram que era mentira. Este Blog, por exemplo, em abril do ano passado escreveu o seguinte:
“(…) A incerteza jurídica que se abaterá sobre um país que tira uma governante honesta e coloca picaretas investigados e processados em seu lugar terá repercussões imensas na vida econômica do país.
(…)
Se o golpe vingar, portanto, sobrevirá uma era de incertezas e de choques violentos na sociedade.
(…)
O que iria convulsionar o país e afundá-lo econômica e institucionalmente seria a forma como os golpistas iriam governá-lo se o golpe passasse. O desmonte de políticas públicas que tanto melhoraram a distribuição de renda e o nível de pobreza é um dos objetivos dos golpistas. E esse desmonte irá ocorrer.
De início, o desmonte do Estado de Bem Estar social edificado ao longo da era petista será levado a cabo timidamente. Com o passar do tempo, o ritmo será acelerado.
(…)
Tudo isso irá gerar um conflito social imenso, de proporções e intensidade imprevisíveis. Após mais de uma década melhorando de vida ano a ano, a maioria pobre dos brasileiros descobrirá que cometeu um erro imenso ao condescender com o golpe (…)”
Mas não foi só o Blog da Cidadania que previu o desastre. Bradando no deserto como esta página, a imprensa séria também avisou a desestruturação da economia que o golpe iria gerar.
caos 2Como se vê na matéria da BBC, foram os analistas internacionais que alertaram o Brasil para a insensatez que seria levar a cabo um longo processo de impeachment após um ano inteiro (2015) de sabotagens, com o Congresso, sob Eduardo Cunha, recusando-se a aprovar qualquer medida de Dilma Rousseff para sanear a economia e ainda criando as tais “pautas-bomba”, as quais criavam despesas no momento em que havia que conter gastos.
Isso sem falar na Lava Jato, que paralisou a Petrobrás e o setor de construção pesada brasileiro, responsável por uma fatia enorme do PIB.
Com a sabotagem e o longo processo de impeachment, a economia afundou. Mas não foi só. Ao passo que a economia afundava, instaurou-se um processo fascista no Brasil, com aumento da intolerância e do ódio.
Sob a “liderança” dos conservadores tucanos e peemedebistas, hordas fascistas se espalharam. Ministros de Estado, governadores de Estado, lideranças políticas de todo o país começaram a pregar contra o “politicamente correto” e a pregar a intolerância.
Na economia, o golpe foi mortal. Da derrubada de Dilma em abril para cá, a economia, em vez de melhorar como os golpistas prometiam, piorou. Basta uma busca no Google para comprovar.
caos 3Mas o caos legado pelo golpe não piorou só a economia (em boa parte, devido ao fato de que ninguém quer investir em país com democracia mambembe). A sociedade está enlouquecendo. Um massacre de presidiários em Manaus abriu a caixa de Pandora.
Políticos de direita como Bolsonaro, Feliciano, membros do governo Temer e o próprio governador do Amazonas começaram a defender chacinas de presidiários
A reação não tardou. Organizações criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) começaram a promover mais chacinas em presídios e, vendo a comemoração dos setores enlouquecidos da sociedade, já partem para a radicalização.
Enquanto a mídia tucana minimiza o risco, o respeitado diário espanhol El País avisa que a organização criminosa promete promover ataques à população nesta terça-feira, dia 17 de janeiro.
Se vai se concretizar, tudo vai depender das negociações do tucano Geraldo Alckmin com o movimento – desde 2006, os governos tucanos de São Paulo vêm negociando com o PCC para que não promova ataques como o daquele ano.
Enquanto o país afunda por conta do golpe, os golpistas propriamente ditos e sua militância do ódio comemoram a derrubada do PT do poder após 4 mandatos e 13 anos vencendo sucessivas eleições contra os fascistas tucanos. Enquanto o país pega fogo, só conseguem se masturbar com o processo fraudulento que extinguiu a democracia brasileira.
A má notícia é que vai piorar, já que os golpistas pensam que estão abafando.
Menos mal que vão finalmente desencadear uma revolução francesa no Brasil. Esses que comemoram o golpe enquanto berram que são “ricos” vão se arrepender amargamente do que fizeram. O povo irá para cima deles. É só esperar.

Sondagens mostram que Temer pode tornar Lula “invencível”

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Setores do PT articulam o lançamento da terceira candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. O evento seria na próxima sexta-feira (20/1) durante reunião do Diretório Nacional do partido, em São Paulo. É uma boa ideia. Talvez não no contexto pretendido inicialmente, mas certamente em outros contextos possíveis.
Antes de prosseguir, porém, quero avisar ao leitor que vou me valer, aqui, de um recurso estilístico conhecido como nariz-de-cera, ou seja, um longo preâmbulo ao tema central, determinado pelo título do post.
Nos últimos dias, foi anunciada proposta de setores do PT e de movimentos sociais de que o ex-presidente seja lançado candidato ao terceiro mandato com a plataforma de desfazer todos os atos do governo Michel Temer – em especial, o teto de gastos, a reforma da Previdência e eventuais retrocessos nos direitos trabalhistas.
A ideia é usar a força de Lula junto ao eleitorado, mensurada nas últimas pesquisas de opinião, como catalisador para uma “revolução” democrática com o objetivo de derrubar o governo Temer, convocar novas eleições e uma constituinte.
O grupo que planeja esses feitos não tem força para isso. A ideia vem da tendência petista Mensagem ao Partido, que defende uma espécie de “refundação” que boa parcela do PT rejeita por entender que passaria a ideia de “confissão” petista de que o partido fez realmente tudo de que os adversários o acusam.
Além disso, a tendência petista Mensagem pretende lograr o feito que seria derrubar Temer e convocar diretas já com apoio de um grupo que, por mais aguerrido que seja, não tem expressão para tanto. Qual seja o grupo, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o PCdoB, o PDT e o PSOL, além do próprio PT.
É mais ou menos o mesmo grupo político que não conseguiu nem barrar o golpe, de forma que derrubar os golpistas não está nem em cogitação pois precisaria deles todos para chegar aonde pretende.
Há outras iniciativas para resolver o problema para o Brasil em que se constituiu esse golpe. Uma delas é bancada por um pequeno grupo de petistas que almeja devolver o mandato de Dilma Rousseff, roubado descaradamente por uma maioria conjuntural de congressistas.
A ideia baseia-se em conseguir que o STF mande reintegrar Dilma ao cargo. Até ministros do STF antipáticos ao golpe dizem que isso é sonho de uma noite de verão. Decorreria uma crise institucional sem precedentes se o Judiciário fizesse tal interferência no Legislativo.
E esse não é o único problema. Há outros quase tão grandes quanto esse. Muitos outros.
Claro que Temer pode cair por si só, por atingir um nível de impopularidade insustentável. Ele mesmo havia dito que Dilma não resistiria no cargo com os 13% de popularidade que tinha. Pois pesquisa Datafolha divulgada em dezembro mostra Temer com 10%. E uma pesquisa Vox Populi mostra com 7%.
Temer também poderia cair se a chapa dele e de Dilma Rousseff na eleição de 2014 fosse cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral, mas depois que a presidente legítima foi derrubada a “pressa” que a Corte tinha se esvaiu.
Contudo, essa “alternativa”, esse plano B para Temer ser retirado do cargo se sua impopularidade continuar caindo – do jeito que vai, ele será o primeiro político do mundo a ter 100% de impopularidade – ficará em aberto e, assim, os capas-pretas da nação poderão acelerar a cassação da chapa eleitoral a qualquer momento.
Ao contrário do que disse Temer, porém, é possível, sim, um presidente governar com baixa popularidade. Temer está governando. Tem apoio no Congresso e a mídia quase não o incomoda.
Contudo, além da incompetência temerária ainda tem o problema do envolvimento do presidente da República e de boa parte de seu governo em escândalos de corrupção denunciados no âmbito da Operação Lava Jato. Mais uma vez, porém, há uma contrapartida: a Lava Jato só se interessa em prender Lula e outros petistas.
A possibilidade de a Lava Jato, julgada pelo STF, tirar Temer do cargo, portanto, deve ser próxima de zero… Se não for negativa.
Enfim, caro leitor, chegamos ao xis da questão: o Brasil é hoje um gigantesco caldeirão de incertezas que borbulham com força cada vez maior ao passo que a situação criada pelo golpe vai ficando mais insustentável. E essa insustentabilidade não para de crescer porque a economia já não aguenta mais não saber minimamente para onde o país vai.
O que está fazendo a recessão se transformar em depressão econômica é justamente isso, o fato de que não se sabe para onde o país vai, já que, ao mesmo tempo em que o governo corre o risco de cair – e, com ele, toda a direção econômica privatista, conservadora e antipopular que imprimiu –, não se sabe se em seu lugar viria um governo de tendência oposta, ou seja, nacionalista, estatista, de direita ou esquerda, que poderia decorrer de uma eleição direta já.
Sem saber para onde o Brasil vai, ninguém vai investir. Nem brasileiros nem estrangeiros. Só um pacto político entre coxinhas e petralhas poderia criar as condições mínimas para o capital acreditar no Brasil, pois saberia que ganhasse quem ganhasse as regras do jogo seriam respeitadas.
Este Blog escreveu isso dezenas de vezes, que o golpe não melhoraria a crise econômica, aprofundaria. Aliás, nem era uma previsão prodigiosa, muito pelo contrário. Era óbvio que um golpe de Estado, mesmo sendo parlamentar, tornaria as coisas incertas no país simplesmente porque os golpeados dessa forma não se conformariam e, ao não se conformarem, manteriam a temperatura política alta.
O mais irônico é que um golpe dado em prol dos interesses do capital gerou nele uma incerteza atroz sobre o rumo do país e, consequentemente, uma total abulia empreendedora, ou seja, disposição zero para investir em ambiente tão conturbado.
Ao se negar a se espalhar na cama que os golpistas prepararam o capital os enfraquece, pois precisavam dele para que o país voltasse a funcionar “normalmente” após a anormalidade do golpe.
Não importa muito o que eu ou você achamos disso tudo que vai acima. Tudo isso está acontecendo no Brasil meio que à base de inércia, por conta do impulso inicial – o golpe.
O que importa é o que vai acontecer e, em menor escala, o que as pessoas comuns como nós poderão fazer para mudar alguma coisa.
A dinâmica da destruição das alternativas políticas tradicionais pela Lava Jato não é boa para o Brasil. Não em um ambiente como o que está posto, de crise econômica e política sem precedentes.
Se o país estivesse funcionando normalmente, se a economia não tivesse sido sabotada para os conservadores dos partidos, da mídia, do empresariado e do Judiciário conseguirem tirar o PT do QUARTO MANDATO CONSECUTIVO que conseguira (com ameaça de conseguir o quinto), talvez fosse proveitosa uma depuração completa da política, um “começar de novo”.
Do jeito que estão as coisas no país, a eleição presidencial de 2018 (se houver essa eleição) pode levar até algum tipo de Bolsonaro ao poder – nem precisa ser ele, mas alguém como ele –, ou algum líder religioso exaltado pelas massas como “escolhido”.
Ou coisa pior…
Um dos cenários possíveis, porém, é o que talvez seja o melhor. Por ter lado, claro que dirão que estou concordando comigo e não com os fatos, mas notem que o que vem adiante é só uma das muitas probabilidades que estão postas.
Não será demais alguém querer que só essa hipótese não seja aventada? Então controlem-se, meus caros reacinhas. Vamos ter que testar uma hipótese da qual vocês não gostam.
A hipótese Lula. Sim, ele não está morto coisa nenhuma. Está tão vivo que não para de crescer nas pesquisas e reduzir sua rejeição. Ao longo de 2016, deixou uma quase “lanterna” da eleição presidencial em primeiro turno e assumiu a liderança em todos os cenários, e sua rejeição caiu consideravelmente, conforme o Datafolha
Após essa pesquisa Datafolha de dezembro, houve uma tempestade contra Lula. Desencadeada pela Lava Jato. Houve uma série de indiciamentos do ex-presidente, de forma que pareceu uma espécie de retaliação.
Na Pesquisa Vox Populi feita simultaneamente à pesquisa Datafolha de dezembro, Lula perdia (por pouco) de Marina Silva no segundo turno. No Vox, Lula derrota a todos tanto em primeiro quanto em segundo turnos. Inclusive Marina.
Chegamos a janeiro e as pesquisas internas dos partidos e da mídia continuam brotando sem parar. Nas mais recentes, Lula aparece em nova alta em relação a todos; aos tucanos, a Bolsonaro, a Joaquim Barbosa, a Sergio Moro etc.
No Congresso, já tem parlamentar que apoiou o golpe se dizendo arrependido. Um dos golpistas mais furibundos declarou, recentemente, que se arrependeu de votar pelo impeachment porque o governo Temer seria “pior do que o governo Dilma”.
Outros parlamentares golpistas já concordam que se Lula governasse o país este não teria entrado na enrascada em que está, mas não são os parlamentares da atual Legislatura que vão decidir alguma coisa caso a democracia brasileira não seja formalmente interrompida, em um adiamento improvável, porém jamais impossível, da eleição presidencial de 2018.
Observação: coloquem FHC no cargo neste ano por via indireta para ver se ele dá ou não um jeito de conseguir se manter no cargo por no mínimo quatro anos.
Seja como for, se houver eleição daqui a menos de dois anos Lula pode chegar lá como candidato imbatível. Sim, é isso mesmo: im-ba-tí-vel
Ah, Lula vai ser preso ou estará inelegível? Você acha mesmo que é preciso lembrar isso? Acha que eu ou qualquer um que trate do assunto não sabe que tentam prendê-lo para impedi-lo de disputar 2018?
Há que ver se conseguirão condenar Lula. Podem conseguir, sim. Mas para colocarem o líder da oposição na cadeia vão ter que arrumar provas que, até o momento, não existem.
Ou alguém acha que existe alguma prova?
Nem os procuradores da Lava Jato, os acusadores formais de  Lula, afirmam que existem provas contra ele. Em setembro, o procurador da República Roberson Pozzobon, que acusa  Lula de corrupção pelo sítio em Atibaia e pelo tríplex do Guarujá, declarou:
“Não teremos aqui provas cabais de que Lula é o efetivo proprietário, no papel, do apartamento, pois justamente o fato de ele não figurar como proprietário é uma forma de ocultação.”
Onde é que se propõe colocar alguém na cadeia sem provas cabais? Só nas ditaduras.
Mas como quem pretende tirar Lula da eleição ainda não sabe como vai fazer isso por ainda não ter os instrumentos necessários, as provas, é lícito conjecturar como estará a situação política do ex-presidente em 2018.
Para o colunista da revista Veja, da Folha de São Paulo e da Jovem Pan Reinaldo Azevedo, se Lula não for preso ele vai se eleger presidente em 2018. Em seu blog, em 18 de dezembro, ele concluiu assim um artigo:
Não existe vácuo na política. Se a ideia é reduzir o país a uma grande delegacia de polícia, todos se igualam. No ambiente de terra arrasada, quem tem mais estrutura e experiência acaba obtendo vantagem ou recuperando o terreno. Agora resta à direita burra torcer para que Lula esteja preso até 2018
Se Reinaldo Azevedo acha que Lula se elege presidente em 2018 se não estiver preso ou inelegível, quem sou eu para discordar, não é mesmo? E como a Lava Jato não tem provas, segundo ela mesma, é lícito presumir que o ex-presidente tem muita chance de continuar crescendo até um ponto em que surja um clamor popular por sua volta.
A boa notícia, o que está animando setores do PT a proporem já uma terceira candidatura Lula, é que novas sondagens internas dão conta de que ele continua se fortalecendo. Pesquisas qualitativas estariam sugerindo que, conforme Temer vai se associando a má gestão, à piora da economia e à retirada de direitos, a alternativa Lula vai se tornando irresistível devido ao “recall” (recordação inconsciente) do período em que ele governava, um período de grande prosperidade que fez com que ele deixasse o poder com OITENTA POR CENTO DE APROVAÇÃO.
Para tanto, as cretinices e os planos nefandos dos golpistas vão assustando a sociedade.
Reforma da Previdência, reforma trabalhista, redução do SUS, gastos públicos congelados por 20 anos e até a tentativa canhestra de acabar com a internet de banda larga no Brasil passando a cobrar por quantidade de dados, farão Lula subir muito nas pesquisas.
Não haverá Lava Jato sem provas que consiga impedir que o povo clame pela volta do ex-presidente. E para que isso aconteça não precisa muito. Basta deixar Temer e o PSDB governarem. Eles mesmos vão convencer os brasileiros a clamarem nas ruas, nas empresas, nas escolas, na academia, pelos quatro cantos do país, que querem Lula de novo.
Lula já divulgou até a sua plataforma de governo. Se ainda não assistiu, vale assistir.

Pesquisadora da Unicamp e jornal inglês veem surto fascista no país

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Quando alguém diz que há um surto fascista no Brasil, não são só as pessoas conservadoras e/ou assumidamente de direita que se incomodam. Até pessoas autoproclamadas de esquerda acham exagero. Não é o que pensam, porém, o diário inglês Financial Times e uma pesquisadora da Unicamp.
Nas primeiras horas do último dia 10 de janeiro, o site da publicação britânica divulgou reportagem intitulada como (em tradução livre) “Neonazismo no Brasil desafia mito da democracia racial da nação”.
A reportagem se baseia em monitoramento da internet realizado pela antropóloga e pesquisadora da Unicamp Adriana Dias, quem tem dedicado a vida à etnografia do neonazismo no Brasil.
Para quem não sabe, etnografia é estudo descritivo de grupos sociais, de suas características antropológicas, sociais etc., e o neonazismo é uma forma de fascismo.
A última medição da pesquisadora mostrou que o número de sites que veiculam informações de interesse neonazistas subiu 170%, saltando de 7.600 para 20.502. No mesmo período, os comentários em fóruns sobre o tema cresceram 42.585%.
O aumento do comportamento nazifascista no Brasil vem chamando tanta atenção que o diário inglês Financial Times – que tem mais de 2 milhões de leitores mundo afora e foi fundado há mais de um século – produziu uma reportagem que você irá ler a seguir em tradução um tanto quanto capenga, mas que dá para entender perfeitamente.
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Neonazismo no Brasil desafia mito da democracia racial da nação
10 de janeiro de 2017
Por Joe Leahy
Quando o policial brasileiro Paulo César Jardim lançou uma série de inspeções às casas de supostos neonazistas no Estado do Rio Grande do Sul, revelou uma trama bizarra.
O movimento neonazista do país, com seu mundo secreto de suásticas, propaganda de ódio e violência nas ruas, estava sendo recrutado por extremistas de direita na Ucrânia para lutar contra rebeldes pró-russos na guerra civil do país europeu.
A Divisão Misantrópica da Ucrânia, um grupo de extrema-direita alinhado com o Batalhão Azov, um grupo paramilitar ultranacionalista alinhado com Kiev, estava por trás da campanha de recrutamento, alegou o Sr. Jardim, o principal caçador neonazista do Brasil.
Uma pessoa foi detida junto com 47 cargas de pistola de 9mm nas invasões de dezembro. Mais tarde ele foi libertado. A polícia ainda estava investigando se os brasileiros já haviam se juntado à luta na Ucrânia, disse ele, negando-se a elaborar mais.
“Tínhamos consciência de que alguém tinha vindo da Europa. . . Um italiano. . . Tinha vindo ao Brasil para recrutar pessoas para a Ucrânia “, disse Jardim ao FT.
A revelação, se comprovada, de que os movimentos ultranacionalistas subterrâneos do Brasil buscam experiência de combate no exterior é um desenvolvimento preocupante em um fenômeno que chocou um país que se considera um caldeirão racial.
O surgimento de neonazistas no Brasil tem desafiado um mito popular de que o racismo, pelo menos a variedade evidente em exibição nos EUA e outros países ocidentais, não existe lá. Com mais de metade da população reivindicando pelo menos alguma herança africana, os brasileiros se orgulham das relações relaxadas entre os diferentes grupos raciais do país. Mas tem havido um fluxo constante de ataques nos últimos anos.
Apenas no ano passado, os neonazistas atacaram uma banda de punk que defendia direitos iguais e homossexuais com facas e tomahawks.
Enquanto a extrema-direita ainda é vista como a margem da política em um país que se libertou de duas décadas de ditadura militar apenas em meados dos anos 80, os políticos ultraconservadores e seus partidários estão dispostos a preencher um vácuo político que se desenvolveu após o julgamento de agosto da ex-presidente Dilma Rousseff, dizem analistas.
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Bolsonaro nega ser neonazista
Jair Bolsonaro, congressista de extrema-direita e ex-capitão do exército brasileiro, conquistou as manchetes no ano passado por elogiar um conhecido torturador da era da ditadura. Também no ano passado, um grupo de ultraconservadores invadiu o Congresso e revelou bandeiras pedindo o retorno do governo militar.
Bolsonaro negou ser neonazista, mas os críticos o acusam de compartilhar muitos pontos de vista do movimento, como o racismo ea intolerância.
“Nunca imaginei que o neonazismo fosse possível no Brasil porque este é o país do futebol, o país do carnaval. . . Nós somos um povo feliz “, disse Jardim.
A fortaleza do neonazismo no Brasil é o sul e sudeste do país, do Rio de Janeiro e de São Paulo ao Rio Grande do Sul, regiões que receberam a maior parte dos imigrantes alemães, italianos e poloneses do Brasil.
Enquanto a América do Sul também era conhecida por ter recebido nazistas fugindo da derrota da Alemanha de Hitler na segunda guerra mundial, os movimentos neonazistas não têm relação com esses indivíduos e, em sua maioria, surgiram de sites de ódio na Internet.
O Brasil, com 200 milhões de habitantes, tem 150 mil “simpatizantes” envolvidos em movimentos neonazistas, segundo um artigo da antropóloga Andriana Dias da Unicamp.
“A violência expressa por esses grupos, seja em ataques físicos a negros, judeus ou homossexuais, ou a disseminação de sua literatura de ódio. . . Tem exigido nos últimos anos muito trabalho. . . Em termos de investigação e condenações “, escreveu ela.
Um dos casos mais marcantes ocorreu em Porto Alegre, em 2005, no 60º aniversário do fim do Holocausto, quando um grupo de neonazistas armados com facas atacou judeus comemorando o evento, ferindo gravemente várias de suas vítimas.
Em casos mais recentes, os skinheads têm como alvo os gays na Avenida Paulista, a principal via pública em São Paulo. Em 2011, três skinheads foram condenados por tentar matar quatro pessoas, incluindo uma pessoa negra com um membro protético, com bastões e facas.
Desde o atentado de 2005 em Porto Alegre, a polícia do Rio Grande do Sul adotou uma atitude mais preventiva, prendendo e interrogando suspeitos antes que pudessem chocar suas parcelas, disse Jardim. Houve até 50 acusações nos últimos 15 anos, acrescentou.
Esta foi a abordagem utilizada na investigação da Ucrânia – chamada Operação Azov após o suposto envolvimento do grupo paramilitar da Europa Oriental.
Sr. Jardim disse que quando ele trouxe suspeitos para interrogatório, como ele fez durante a Operação Azov, ele muitas vezes tentou convencê-los que seu credo estava fora de lugar em um país cujos heróis incluíam futebolistas da Copa do Mundo Ronaldinho, Ronaldo e Romário – preto. Mas eles raramente mudaram de ideia.
“Estes não são criminosos comuns ou ladrões, eles têm uma ideologia. São pessoas que acreditam na limpeza étnica, na pureza racial “, disse ele.
Reportagem adicional de Mark Rachkevych na Ucrânia
É uma bomba. Grupos neonazistas brasileiros estariam indo ao exterior buscar treinamento militar. Ao mesmo tempo, o diário inglês – insuspeito de ser “comunista” ou “petralha”, já que é uma publicação conservadora que criticava muito a política econômica de Dilma Rousseff – coloca Jair Bolsonaro como líder de um movimento que, na tese do veículo inglês, estaria para praticar ações armadas no país.
É preocupante e espantoso que o jornal conservador, voltado para negócios e crítico de políticas econômicas como as dos governos do PT no Brasil, faça a primeira associação de peso entre criminosos neonazistas comuns e os movimentos políticos que derrubaram Dilma Rousseff de uma forma que foi questionada por toda a grande mídia internacional e por legiões de juristas e personalidades mundo afora.
A associação é lícita, já que os métodos de militância de grupos como Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre e de lideranças políticas como a família Bolsonaro guardam profunda relação com o nazifascismo – ou neonazismo, para quem preferir.
A militância neonazista a que o FT se refere pode ser vista nas agressões nos espaços públicos a pessoas e personalidades de esquerda que encarnam hoje os comunistas que Hitler perseguiu tanto quanto aos judeus. Sucedem-se relatos de pessoas sendo agredidas física e moralmente nas ruas do país só por despertarem suspeitas de serem de esquerda ou “petistas”.
Ao mesmo tempo em que líderes políticos como Bolsonaro e congêneres insuflam violência e ódio, como no caso da comemoração das chacinas em presídios que levantaram em seus discursos públicos, grupos organizados praticam ataques racistas a celebridades como forma de propaganda neonazista, nazifascista ou como preferirem chamar.
O nazifascismo cresceu tanto que até membros do governo golpista recitam teorias análogas à “solução final” de Hitler como se estivessem declamando um poema de amor, como foi o caso de um secretário do governo Temer que pediu “uma chacina de presos por semana”.
Tão preocupante quanto as denúncias do FT e da combativa pesquisadora Adriana Dias – quem, há mais de uma década, luta contra a ascensão nazifascista no Brasil – é a minimização que surge sempre que se faz um alerta de que as coisas estão para sair de controle.
Foi assim com as manifestações de junho de 2013 e foi assim com os avisos de que havia risco de um golpe parlamentar no Brasil. Houve displicência dos setores pensantes da sociedade quanto à possibilidade de golpe. E sobre o risco que significava ir à rua protestar contra não se sabe o que ao lado de qualquer radical disposto a marchar por alguma coisa, mesmo sendo um neonazista.
O nazismo já foi subestimado uma vez. Hitler foi produto da irresponsabilidade dos setores pensantes da sociedade alemã dos anos 1920, que não o levaram a sério e viram nele meios de a burguesia se livrar dos comunistas.
Encerro o post propondo uma reflexão àqueles que minimizaram antes e continuam minimizando os riscos à democracia.
A cena no vídeo que você vai ver a seguir é do cult movie “Cabaret”, de Bob Fosse (1972), com Liza Minelli e Michael York. Simboliza o modo como a ideologia nazista foi tomando conta das pessoas a partir do apelo à natureza, às belezas da pátria e a um futuro de glória.
Em um almoço paroquial, o personagem de Michael York comentava com um amigo da burguesia alemã que os nazistas eram ridículos e jamais chegariam ao poder, mas que antes de serem descartados ajudariam os ricos a se livrarem dos comunistas.
Eis que um jovem alemão típico (loiro, alto, olhos claros) e fardado se levanta e começa a entoar uma canção patriótica, Tomorrou Belongs To Me (o amanhã me pertence). O público se encanta e começa a cantar junto, tomado pela emoção patriótica.
Ao fim da cena, um dos burgueses pergunta ao outro se após a demonstração de força ainda achava que os nazistas não seriam problema. Eis o autoengano que atirou o mundo em uma das maiores catástrofes da história. Assista ao vídeo e lembre-se: já subestimamos o nazifascismo uma vez. E bastou.