O Brasil foi subjugado por uma ditadura de idiotas amnésicos. Qualquer cidadão que tenha nascido e crescido neste país sabe muito bem o que todo mundo sempre soube: empreiteiros e banqueiros fazem negociatas, corrompem políticos. E quando é que passaram a ser incomodados pela lei? Só após o PT chegar ao poder. Ponto.
Mas o pior mesmo é a tentativa escandalosa da mídia de vincular a Lula e ao PT o banqueiro André Esteves, do banco BTG-PACTUAL, preso na última quarta-feira por conspirar com o senador Delcídio do Amaral para atrapalharem a Operação Lava Jato.
Na Folha de São Paulo, por exemplo, matéria afirma que Esteves seria “empresário do PT”. Diz a matéria:
“Nos anos Lula-Dilma, muitos empresários se aproximaram do governo em busca de benesses e bons negócios. Quatro deles se notabilizaram pelo crescimento do seu império no período: Marcelo Odebrecht, André Esteves, Eike Batista e Joesley Batista“
Epa! Esteves? Que papo é esse? Por que ele é “empresário do PT”?
Em O Globo desta quinta-feira, Esteves vira amigo “sobretudo do PT”
Como todos sabem, Esteves transitava com desenvoltura entre a classe política. Na mesma Folha, na coluna de Monica Bergamo, informação que mostra que classificar Esteves como “empresário do PT” é uma piada.
“O banqueiro André Esteves era tão próximo de Lula que, quando visitava o ex-presidente no Hospital Sírio-Libanês quando ele se tratava de um câncer na laringe, subia ao quarto do petista por um elevador privativo. Amigo também do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Esteves não escondia de ninguém que tinha votado nele para presidente em 2014. Ele foi inclusive a jantares de apoio ao tucano. O banqueiro gostava de Lula -mas não do governo de Dilma Rousseff“.
Que papo furado é esse? Todos os que Lula recebia no Hospital Sírio-Libanês, quando esteve doente, subiam ao quarto dele pelo elevador privativo. Lula, por óbvio, não recebia no hospital qualquer um que quisesse visitá-lo. Só personalidades e amigos íntimos.
O mais incrível é isso ser dito no momento em que está sendo lembrado que esse banqueiro pagou a lua-de-mel de Aécio, nos EUA, em 2013, quando o tucano se casou com uma modelo para ter “família” para apresentar na campanha de 2014.
Vale rever matéria de O Globo publicada em 11 de outubro de 2013.
No ano passado, Esteves doou R$ 6,2 milhões à campanha de Dilma Rousseff e R$ 5 milhões à de Aécio. O deputado Eduardo Cunha recebeu R$ 500 mil.
Como é que faz? O dinheiro para Aécio é limpo e o dinheiro para Dilma se deve negócios escusos do banqueiro com o governo? Se for por isso, Esteves, e tantos outros banqueiros e empreiteiros acusados, também têm negócios, por exemplo, com Estados e municípios governados pelo PSDB, ora bolas.
Causa engulhos a tentativa de vincular Esteves ao PT e a Lula. Quer dizer que o banqueiro doa dinheiro para a campanha de Aécio, declara voto em Aécio, paga a lua-de-mel de Aécio, mas é “amigo íntimo” de Lula?
Esteves, como qualquer outro empreiteiro ou banqueiro, faz agrados a políticos importantes como seguro contra antipatia. Isso sempre foi assim. E é óbvio que sempre que for possível um governo petista ou tucano ser “gentil” com seus doadores, isso fatalmente ocorrerá.
Eis por que financiamento privado de campanhas é uma excrescência. Qualquer campanha eleitoral custa uma pequena fortuna. Qualquer partido que tente disputar uma eleição sem essas doações certamente estará condenado a jamais vencer.
Quem realmente apoia a corrupção é quem tenta vender a história de que toda a corrupção que finalmente está sendo investigada e punida por ação exclusiva dos governos do PT só passou a existir depois que esse partido chegou ao poder. Essa versão pretende proteger corruptos de outros partidos para que roubem em paz se voltarem ao poder.