Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O PV

O ex governador Paulo Souto, sumido da política depois da humilhante derrota que sofreu, temeroso , talvez, com os desdobramentos da historia da Ilha do Urubu, quando aparece, termina falando besteira. Declara ao Politica Livre, algo do tipo que estaria havendo "intolerância" em quem critica o verdadeiro estupro de quem resta com um minimo de seriedade no PV.
O ex governador esquece que o seu part...ido o DEM, foi derrotado no STF, duas vezes recentemente, contra a ação que impetraram PARA ACABAR O REGIME DE COTAS PARA OS NEGROS NA UNIVERSIDADE e PARA ACABAR COM O PROUNI?
Claro que não esquece. 
Como não esquece também que o DEM é um dos maiores incentivadores ao desmatamento no país.
O Paulo Souto, (que o livro "A Privataria Tucana" não deve o estar deixando dormir, não consegue esconder o oportunismo político escancarado, promovido pelo Edson Duarte, com interesses no apoio do DEM em Juazeiro, usando a Celia do PV, como se ela fosse da Instituição PATRIMÔNIO BAIAN, O INSTITUTO STEVIE BIKO, graças a Deus, desmascarada a tempo, logo no ato, através de nota da entidade.
Que cara de pau, viu? eu, hein! (Via Antonio do Carmo)

Juízes em Brasília derrotam Tourinho. Chora, Cachoeira!

Saiu na Agência Brasil: TRF1 considera legais as escutas telefônicas que levaram Carlinhos Cachoeira à prisão
  • Compartilhe
  • Saiu na Agência Brasil: TRF1 considera legais as escutas telefônicas que levaram Carlinhos Cachoeira à prisão Débora Zampier Repórter da Agência Brasil Brasília – O Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1) rejeitou hoje (18), por 2 votos a 1, a anulação das escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal nas operações Vegas e Monte Carlo, que investigaram esquemas de corrupção e exploração ilegal de jogos na Região Centro-Oeste. A maioria dos magistrados entendeu que não houve ilegalidade no fato de a Polícia Federal iniciar as investigações por meio de denúncia anônima, pois o esquema era muito sofisticado e tinha a participação de policiais e agentes públicos. A Terceira Turma do TRF1 analisou recurso da defesa do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apontado pela Polícia Federal como líder do esquema. Os advogados queriam anular as escutas porque partiram de denúncia anônima e porque a decisão do juiz de primeira instância, que permitiu as interceptações, não teria sido bem fundamentada. O julgamento começou na terça-feira da semana passada (12), quando o relator Fernando Tourinho Neto acatou a tese da defesa de Cachoeira e votou pela anulação das escutas como prova. Mas a análise do habeas corpus foi suspensa por pedido de vista do desembargador Cândido Ribeiro. Ao devolver o processo para julgamento, esta tarde, o desembargador argumentou que denúncias anônimas podem dar início a investigações criminais, conforme tese já consolidada nos tribunais superiores, especialmente quando a suposta teia criminosa é de grande extensão e envolve agentes de segurança pública. O voto foi seguido pelo juiz convocado Marcos Sousa. Edição: Vinicius Doria Clique aqui para ler: quem é Tourinho Neto?
Em tempo: quem deve botar as barbas de molho é o passador de bola, o vencedor do Oscar da Corrupção : assim que julgar o mensalão tucano de Minas, o Supremo vai reestabelecer a legalidade da Satiagraha. Esse negócio de ” destruir provas” vai sair de moda . Nao é isso, Dr Macabu ?

Delegados da PF divulgam nota condenando Tourinho Neto

ADPF divulga nota a respeito de decisão do Desembargador Tourinho Neto 
Magistrado se manifestou pela anulação de provas obtidas a partir das interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça na Operação Monte Carlo

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal - ADPF se mostra preocupada com os recentes entendimentos de instâncias judiciais superiores, no sentido de anular as provas obtidas por meio de interceptações telefônicas, regularmente autorizadas pelo próprio Poder Judiciário, com consequências irreversíveis para as investigações, colocando em xeque a credibilidade do Estado e criando uma insegurança jurídica frente ao combate ao crime organizado no Brasil. 

Em que pese o respeito que merece o Desembargador Tourinho Neto, a enfática defesa em favor da anulação de provas obtidas a partir das interceptações telefônicas devidamente autorizadas pela Justiça na Operação Monte Carlo e a celeridade de sua decisão em favor da liberdade do Senhor Carlos Augusto Ramos, conhecido como "Carlinhos Cachoeira", sem ao menos aguardar o pronunciamento dos demais Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, contribuem para a imagem cada vez mais recorrente de tolerância de uma pequena parcela do Poder Judiciário com a criminalidade organizada no país. 

As decisões atacadas estão em estrita observância aos arts. 5°, XII e 93, IX da Constituição Federal e arts. 2° e 5° da Lei 9.296/96, e devidamente fundamentadas nas representações formuladas pela Polícia Federal em conjunto com o MPF, após o esgotamento de todas as diligências ordinárias possíveis, não merecendo qualquer reparo.


Diretoria Executiva da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal

Datafalha: Haddad sobe 5 e Cerra deve 2

Um nome com vinte e cinco anos de exposição, quase tanto quanto a marca da Coca Cola – e não sai dos 30%.
O Conversa Afiada não acredita em pesquisas pré-eleitorais no Brasil, onde as duas “pesquisadoras” hegemônicas são militantes de um partido: o da Imprensa Golpista.

Trata das pesquisas para irritar os que nelas acreditam.

O Cerra, por exemplo.

Há 25 anos ele está nas paradas – quando se elegeu deputado federal.

De lá para cá, ele é candidato.

Ser candidato tornou-se para ele uma profissão – como foi para o Jânio, seu mentor espiritual e profissional (em alguns casos, especialmente no capítulo da “renúncia”).

E não sai dos 30% no Datafalha.

Um nome com vinte e cinco anos de exposição, quase tanto quanto a marca da Coca Cola – e não sai dos 30%.

Na verdade, como disse o amigo navegante Rui, ele deve dois pontos percentuais.

A taxa de rejeição do Cerra, segundo o generoso Datafalha, é de 32%.

O Conversa Afiada desconfia que seja maior.

A prova disso ?

O amigo navegante jamais verá o Cerra num comício, numa passeata.

Vai fazer uma campanha de bunker, de estúdio de tevê.

Nessa divertida aritmética, pelos menos dois pontos percentuais a Datafalha não explica: o Cerra é mais rejeitado do que preferido.

Quando à ascensão do Haddad, deve estar “variando na margem de erro”, como diria o Montenegro.

A campanha ainda não começou.

O Nunca Dantes ainda não subiu ao palanque.

Tudo o que ele fez foi conceder 3 minutos ao Haddad no programa do Ratinho.

Ou será que o Ratinho tem essa força toda: três minutos dão cinco pontos no Datafalha.

Puxa, o Ratinho vai ficar todo prosa.

Não deixe de ler as observações do Vasco a propósito do Aref, que mais parece uma “fruta cítrica”. E aqui para ver que “falta o Cerra na CPI do Cachoeira/Veja”.

Em tempo: a propósito do post “Erundina é Erundina e Marta é Marta”, amigo navegante enviou essas duas preciosidades. Ou será que a Marta, como o ex-marido, vai aderir ao PSDB, exatamente no ocaso do PSDB de São Paulo? Ou ela tem a ilusão de que o PiG (*) vá passar a tratá-la com o respeito e a deferencia que sempre lhe negou?

Em tempo 2: do amigo navegante Hélio Pereira:

PH, eu discordo quanto aos 25 anos de Política de Zé Empacadão,pois ele já fazia Política no início dos anos 60, quando “Presidiu” a UNE.

Na verdade, este Sr tem quase 60 anos fazendo Política, o que dá uma média de 0,5 de aprovação por cada ano de Política 0,5×60= 30; por coincidência 0,5 é a média de Km de Metrô construídos pelos Bicudos por ano.

Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.




Todos os crimes da Veja. Quem manda no Congresso ?


Água mole em pedra dura … mais dia, menos dia o Robert(o) Civita vai ter um conversinha com alguém que não tenha medo dele.
O Requião chama o Robert(o) Civita de “agente do Diabo”.

O Collor chama a Abril de “coito de bandidos”.

Mas, não adianta: como demonstrou o Leandro Fortes na Carta Capital, os filhos do Roberto Marinho convenceram o (vice) Presidente Michel Temer de que “falar em Veja é falar em imprensa; falar em imprensa é falar em Globo”.

E o mesmo Leandro na mesma Carta demonstrou que há pegadas das Organizações Globo na Cachoeira do Carlinhos.

Água mole em pedra dura … mais dia, menos dia o Robert(o) Civita vai ter um conversinha com alguém que não tenha medo dele.

Por isso, não perca o que disse o professor Lalo no Blog o Miro:

Veja/Cachoeira: A mídia sob suspeita


Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:


De narradora dos acontecimentos a revista semanal da Abril tornou-se personagem, revelando um envolvimento nunca visto de forma tão escancarada na cena política brasileira. Gravações feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, não deixam dúvidas. O contraventor Carlinhos Cachoeira era mais do que fonte de informações.


Seu relacionamento com o diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Junior, permitia a ele sugerir até a seção da revista em que determinadas notas de seu interesse deveriam ser estampadas. O pouco que se revelou até aqui permite concluir que a publicação tornou-se instrumento de Cachoeira para remover do governo obstáculos aos seus objetivos.


Um desses entraves estaria no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Ministério dos Transportes, e dificultava a atuação da Delta Construções, empresa que teria fortes ligações com o contraventor.


Segundo o jornalista Luis Nassif, a matéria da Veja sobre o Dnit saiu em 3 de junho de 2011. “A diretoria estava atrapalhando os negócios da Delta. Foi o mesmo modo de operação do episódio dos Correios –que daria origem ao chamado “mensalão”. Cachoeira dava os dados, Veja publicava e desalojava os adversários de Cachoeira.” Com isso cumpria também os objetivos de situar-se como vigilante de desmandos e fustigar os governos Lula e Dilma, pelos quais nunca demonstrou simpatia alguma.


Basta lembrar a capa de maio de 2006 com Lula levando um pé no traseiro, juntando numa só imagem grosseria e desres­peito. Para não falar de outras, do ano anterior, instigando o “impeachment” do presidente da República. O sucesso dos dois governos Lula e os altos índices de aprovação recebidos até agora pela presidenta Dilma Rousseff parecem ter exacerbado o furor da revista. A proximidade do diretor da sucursal de Brasília com Cachoeira, e deste com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), sempre elogiado por Veja, veio a calhar. Até surgirem as gravações da Polícia Federal levando a revista a um recolhimento político só quebrado em defesas tíbias de seu funcionário e do que ela chama de “liberdade de imprensa”.


Veja diz-se “enganada pela fonte”, argumento desmentido pelo delegado federal Matheus Mella Rodrigues, coordenador da Operação Monte Carlo. O policial mostrou que o jornalista Policarpo Junior sabia das relações de Demóstenes com Cachoeira, mas nunca as denunciou, protegendo “meliantes”, como resumiu com propriedade a revista CartaCapital.


Livre, pero no mucho


Segundo Veja, a “liberdade de imprensa” estaria ameaçada se o jornalista, ou seu patrão Roberto Civita, fosse chamado a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) aberta no Congresso Nacional para investigar o caso. Mas, na mesma edição em que supostamente põe o direito à informação acima de tudo, clama por um controle planetário da internet, agastada com a circulação de informações sobre seus descaminhos na rede. A internet foi o principal meio de exposição dos detalhes da suspeita relação Cachoeira-Demóstenes-Veja, e uma enxurrada de expressões nada elogiosas levaram a revista ao topo dos assuntos mais mencionados no Twitter.


Os principais veículos de alcance nacional silenciaram ou apoiaram a relação – exceção feita à Rede Record e à revista CartaCapital. Alguns, como O Globo, não titubearam em tomar as dores da Editora Abril. Por um de seus colunistas, Merval Pereira, o jornal isentou a revista de responsabilidades. Depois, em editorial, reagiu à comparação feita por CartaCapital entre o dono da Editora Abril e o magnata Rupert Murdoch, punido pela Justiça britânica pelo mau uso de seus veículos de comunicação no Reino Unido.


A Folha de S.Paulo, também em editorial, aliou-se a Veja. Mas sua ombudsman, Suzana Singer, que tem a incumbência de criticar o desempenho do jornal, pelo menos levantou uma dúvida ao dizer que “não se sabe se algo comprometedor envolvendo a imprensa surgirá desse lamaçal”. Para lembrar em seguida que ao PT interessa com o caso Cachoeira empastelar o “mensalão” a ser julgado em breve, e conclui dizendo: “A imprensa não pode cair na armadilha de permitir que um escândalo anule o outro. Tem o dever de apurar tudo – mas sem se poupar. É hora de dar um exemplo de transparência”. Mas a cobertura da Folha das relações Cachoeira-Demóstenes-Veja limita-se a notas superficiais.

Intocável


A ideia de que o caso Cachoeira seria uma forma de desviar as atenções sobre a campanha pelo julgamento dos acusados no caso do “mensalão” foi alardeada pela mídia. E utilizada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para se livrar da acusação de ter sido negligente. A PF encaminhou a Gurgel a denúncia sobre as relações promíscuas entre Cachoeira e Demóstenes em 2009. Se ele tivesse dado andamento à denúncia, o processo se tornaria público e poderia ter comprometido no ano seguinte a eleição de Demóstenes ao Senado, de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás e de outros políticos suspeitos de servir a Cachoeira.


Em vez de explicar por que segurou o processo, Gurgel respondeu às acusações sob a alegação de que partiam dos envolvidos no processo do “mensalão”, temerosos diante da iminência do julgamento no qual ele será o acusador.


A CPMI começou em maio e tem seis meses para concluir as apurações. Ainda não havia mostrado, porém, o mesmo ânimo convocatório em relação aos governadores envolvidos com a Delta Construções e muito menos ao jornalista de Veja e seu patrão. Os governadores, por acordos político-partidários; o jornalista e o empresário, não se sabe bem as razões, embora possam ser formuladas hipóteses.


Uma delas é a de que o maior partido da base governista, o PMDB, estaria sendo sensível ao lobby da mídia por uma blindagem. Com uma CPMI em banho-maria, o partido não seria muito arranhado com a exposição de políticos peemedebistas a investigações. E o PT, concorrente na disputa por espaço no governo, não capitalizaria demais os resultados.


A concentração em poucos e poderosos grupos nacionais e transnacionais deu à mídia um poder nunca antes alcançado, muitas vezes superior aos próprios poderes republicanos. Assim, governos e outras instituições públicas tornam-se reféns dos meios de comunicação e temem enfrentá-los. Apenas em três ocasiões de nossa história veículos de comunicação foram alvo de investigações por parte de CPIs.


Em 1953, o dono do Última Hora, Samuel Wainer, sugeriu ao presidente Getúlio Vargas que seu jornal fosse investigado quanto às operações de crédito mantidas com o Banco do Brasil, como lembra o professor Venício Lima, da Universidade de Brasília. Dez anos depois, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) foi acusado de ter ligações com a CIA e receber recursos dos Estados Unidos para interferir nas eleições brasileiras. O instituto chegou a alugar por três meses, num período pré-eleitoral, o jornal A Noite do Rio, para colocá-lo a serviço da oposição ao presidente João Goulart. E em 1966 foi aberta investigação do acordo entre as Organizações Globo e o grupo de mídia estadunidense Time-Life. Uma operação de US$ 6 milhões, em benefício da TV Globo, acabou com o império dos Diários Associados de Assis Chateaubriand.


Testemunha de defesa


Há uma outra inquirição de jornalista que não se enquadra entre os casos mencionados, embora seja altamente significativa para os dias de hoje. Trata-se da ida a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, em 2005, do mesmo Policarpo Junior. Na ocasião, o chefe de organização criminiosa se dizia vítima de chantagem por parte de um deputado carioca que estaria exigindo propina para não colocar seu nome no relatório final de uma CPI instalada na Assembleia Legislativa do Rio. Policarpo testemunhou em defesa do bicheiro e nenhum jornal nem a ABI alegaram tratar-se de uma intimidação à imprensa.


Uma das explicações para essa baixa exposição de jornais e jornalistas a investigações está no poder de interferência dos grupos midiáticos na política eleitoral. Exemplo clássico é a frase da viúva do proprietário das Organizações Globo referindo-se ao governo Collor: “O Roberto colocou ele na Presidência e depois tirou. Durou pouco. Ele se enganou”, disse com candura dona Lily no lançamento do seu livro Roberto & Lily, em 2005. Mas essa não foi uma ação isolada. Para derrotar Lula em 1989, Globo e Veja faziam dobradinha perfeita, como agora. Demonizavam Lula e exaltavam o jovem governador de Alagoas, “caçador de marajás”.


Essa articulação tornou-se hoje mais orgânica. A presidenta da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que representa os proprietários de veículos, Judith Brito, assumiu o papel de oposição ao governo Lula. De modo mais discreto, mas não menos eficiente, trabalha o Instituto Millenium, que reúne articulistas, jornalistas e patrões da imprensa. E realiza eventos em que os convidados aliam-se ao que há de mais conservador na sociedade para afinar suas linhas de cobertura. Em um deles estavam Roberto Civita (Abril), Otavio Frias Filho (Folha) e Roberto Irineu Marinho (Globo).


Vários colaboradores, exibidos no site do instituto, escrevem e falam contra as cotas raciais nas universidades, criticam a política econômica dos governos Lula e Dilma, seja qual for, louvam o governo Fernando Henrique Cardoso, discordam da atual política externa brasileira e fizeram campanha contra a criação da CPMI do Cachoeira. São ações orquestradas que lembram as do Ibad, antes mencionado.


As evidências atuais indicam a necessidade de uma investigação séria sobre o papel de setores da mídia no caso Cachoeira. Os indícios vão além do jogo político e apontam para conluios com o crime comum. No entanto, até o momento, a CPMI não mostrou disposição para enfrentar o poder da mídia, que, quando acuada, conta com a defesa não apenas dos proprietários como também de parte de seus empregados.


Cabe lembrar a observação frequente do jornalista Mino Carta sobre a peculiaridade brasileira de jornalista chamar patrão de colega. Com isso diluem-se interesses de classe e uma difusa “liberdade de imprensa” é utilizada para encobrir contatos altamente suspeitos.


Até entidades respeitáveis como a Associação Brasileira de Imprensa, por seu presidente, Maurício Azêdo, confundem as coisas. Em depoimento ao programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, Azêdo não admite a ida de jornalistas à CPMI para prestar depoimentos, sob a alegação de intimidação ao trabalho jornalístico, mas condena a promiscuidade de alguns profissionais com fontes próximas ou ligadas ao crime. Com isso dá ao jornalista uma imunidade que nenhum outro cidadão tem.


Nesse mesmo programa, o professor Venício Lima ressaltou o impacto do caso das escutas ilegais promovidas pelo jornal News of the World sobre as relações mídia-sociedade na Inglaterra. “Levou Murdoch (o dono do jornal) e seus jornalistas a depor não só na Comissão de Esportes, Mídia e Cultura da Câmara dos Comuns como na Comissão Leveson, que tem caráter de inquérito policial.” Nada disso ameaçou a liberdade da imprensa britânica.


Aqui, apesar da resistência com forte apelo corporativo da mídia e de parte dos seus empregados, vozes importantes lembram que ninguém está imune a convocações feitas pelo Congresso Nacional para prestar esclarecimentos. À Record News, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi direto ao ponto: “Todos devem ser investigados no setor público, privado e na imprensa. Sem paixões e sem arroubos. Nós vamos descobrir muitas coisas quando forem feitas as quebras de sigilo – o fiscal, por exemplo. Devemos apoiar sempre a liberdade de expressão. Mas não podemos confundi-la com uma organização criminosa. Para o bem da sociedade e da própria liberdade de expressão.”

A ditadura ainda tortura



Eu tinha 19 anos; eu fiquei três anos na cadeia e eu fui barbaramente torturada”. Foi assim que a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, respondeu ao senador José Agripino Maia (DEM-RN) ao ser afrontada por ele, em 2008, com insinuação de que poderia estar mentindo no depoimento que estava dando a uma comissão do Senado que a convocara para explicar acusações de que teria mandado fazer um “dossiê” contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A tese de Agripino era a de que lera declaração pretérita de Dilma de que mentira aos torturadores quando fora presa durante a ditadura militar e de que, por isso, poderia estar mentindo também agora ao negar a confecção de um “dossiê” contra FHC que jamais se comprovou ter existido, assim como o grampo sem áudio do Gilmar Mendes e de outras invenções que o esquema Veja-Cachoeira produziu ao longo da década passada.
Cortemos para o tempo presente.
No fim de semana, os jornais Estado de Minas e Correio Brasiliense publicaram relato que Dilma fez em 2001 em entrevista a Conselho de Direitos Humanos mineiro que o ex-presidente Itamar Franco criou para definir reparações a vítimas do regime militar no Brasil.
Note-se, assim, que não se tratou de uma jogada política que alguns andaram especulando que pretenderia vitimizar a presidente da República de forma a angariar simpatias a ela, até porque Dilma não está precisando de estratégias extremadas nesse sentido, haja vista que sua popularidade está no auge, batendo todos os recordes desde que assumiu o cargo.
Dilma fez aquele relato há mais de uma década e ele repercutiu internacionalmente no fim de semana após ser difundido por dois jornais absolutamente insuspeitos de serem simpáticos ao governo federal, pois um escreve o que Aécio Neves manda e o outro integra o que se convencionou chamar de Partido da Imprensa Golpista (PIG), um conluio entre impérios de comunicação e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) – ou, ao menos, as suas principais lideranças.
Suponho que todos os que se interessam por política, que são os que estão lendo este texto agora, já saibam do teor do relato de Dilma sobre as sevícias que verdugos do regime militar praticaram contra si, verdugos que tal regime encarregou de extrair informações daquela  bela jovem de 19 anos, de classe média, esclarecida, estudada, branca e de ascendência européia que não tinha motivos escusos para se envolver na política brasileira, tendo apenas, então, ideais libertários que a tantos como ela envolveram naqueles anos trágicos de nossa história.
O relato de Dilma é quase insuportável porque faz visualizar o que era praticado de hediondo nos porões de um regime que a grande imprensa brasileira incensou e com o qual colaborou durante boa parte da época em que vigeu até que descobrisse que ninguém ganha com ditaduras a não ser os próprios ditadores, pois nunca precisam respeitar as alianças que fazem já que têm um poder inquestionável e incontrastável com qualquer contrapeso democrático como a Justiça, por exemplo.
Pretendo poupar o leitor dos horrores que Dilma relatou porque, de domingo para segunda-feira, durante o sono, tive pesadelos com aqueles detalhes macabros. Todavia, escrevo porque os pesadelos não ocorreram só por isso. Na verdade, o tipo de tortura que policiais e militares aplicaram naquela menina de 19 anos entre 1970 e 1972, há cerca de quarenta anos, não foi o que de principal me fez acordar com o coração batendo forte e o suor escorrendo pelas têmporas.
Uma espécie de curiosidade mórbida fez com que, no domingo, após ler em vários portais e blogs a matéria que saiu nos dois jornais supracitados, resolvesse ler, também, os comentários a ela. O teor do que dezenas, talvez centenas de pessoas escreveram é digno de um filme de terror.
Também pretendo poupar o leitor do tipo de comentário que essas “pessoas” fizeram em blogs das Organizações Globo ou em portais como os de Terra, UOL, Veja etc. sobre o sofrimento físico que Dilma relatou, há mais de uma década, que sofreu durante o regime militar. Basta dizer que continham de uma insensibilidade desumana diante da imagem que aquela matéria produziu de uma bela menina de 19 anos sendo torturada com requintes de crueldade até verdadeiro prazer sombrio de chocar as pessoas.
Em vez disso, relato o que tentei fazer para purgar aqueles sentimentos e que acabou desembocando neste texto. Ao chegar ao escritório, na manhã posterior ao pesadelo, tentei, pela enésima vez, conversar sobre a ditadura com um conhecido já idoso que a viveu como vítima. E, mais uma vez, ele se negou a falar do assunto.
Apesar de lhe explicar que precisava escrever para agravar elementos que estão ironizando e até comemorando o sofrimento a que, como Dilma, fora submetido um dia, respondeu, apenas, que não queria saber de nada porque, à diferença de muitos dos que passaram o que passou, não pretendia se deixar torturar de novo.
Diante de tal argumento, não havia o que dizer. Quedou-me a alternativa de encerrar respeitosamente a conversa com um lacônico “entendo…”.
Sobreveio, assim, reflexão sobre o grau de sofrimento que a relativização, a ironia ou até a comemoração do sofrimento das vítimas da ditadura deveria provocar nas que sobreviveram. Se eu, que não estive entre as vítimas, tenho pesadelos após ler sobre o que era praticado contra belas meninas idealistas, contra idosos, religiosos, estudantes e, sobretudo, contra pessoas que nada mais fizeram além de discordar do regime de exceção, imaginei o que estaria se passando na alma de quem foi vitimado.
Nesse aspecto, lembrei-me de evento de que participei na semana passada. Estive em audiência pública na Assembléia Legislativa de São Paulo em que o Secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, proferiu aula magna sobre o período autoritário que se abateu sobre este país e sobre as providências que o Estado brasileiro está tomando para ressarcir, moral e materialmente, as vítimas do… Estado brasileiro.
A mesa de palestrantes de que o doutor Paulo participou contou, por exemplo, com vítimas da ditadura como Ivan Seixas, hoje presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), que, aos 16 anos, viu o pai ser trucidado pela ditadura, tendo chegado a ler a notícia de sua morte em jornal coligado ao Grupo Folha antes mesmo de ele ser assassinado.
Durante a audiência a platéia também pôde se manifestar. Eu mesmo fiz ao doutor Paulo uma questão sobre o comportamento da mídia em relação ao período autoritário.  Mas isso não importa, agora. Foi Rose Nogueira, presidente da Organização Tortura Nunca Mais, que emocionou a todos. Ela deixou ver um fato que não chega a ser surpreendente, mas que exaspera.
Rose não falou do período de exceção ou do que fazer no futuro não só para indenizar ou reparar os crimes do Estado naquele período da história, mas para impedir que algo similar àquele horror volte a ocorrer. Ela, simplesmente, leu uma poesia. Como um lenitivo à própria alma que a cada dia, a cada noite, revive aqueles momentos – muitos deles intermináveis, que duraram anos -, Rose declamou.
Antes de escrever este texto, consegui visualizar seu olhar do alto daquela tribuna naquela Casa Legislativa. Imaginei-a lendo os comentários desumanos sobre a tortura da companheira Dilma e suportando as mentiras que a imprensa que ajudou a torturá-la ainda difunde e, de repente, o termo Comissão da Verdade fez todo sentido.
A ditadura ainda tortura Roses, Dilmas e Ivans. Daquele passado remoto, coloca-lhas as almas no pau-de-arara a cada vez que seus descendentes mentem descarada e impiedosamente, como quando pretendem criar “dois lados” que teriam cometido crimes de lesa-humanidade naquele período, quando o que houve de erros praticados pelo lado dos que resistiram ao regime ilegal que estuprou a vontade democrática dos brasileiros restringiu-se a casos isolados.
No último domingo, por exemplo, a concessão ilegal de espaço na tevê pública de São Paulo que o governo do Estado deu a um daqueles jornais que colaboraram com a ditadura, a Folha de São Paulo, torturou os sobreviventes da ditadura e amigos e familiares deles ou dos que não resistiram. A tal “TV Folha” apresentou matéria sobre supostos crimes praticados pela resistência à ditadura.
De fato, em algum momento ocorreram alguns poucos casos em que a resistência à ditadura militar matou quem colaborou com a ditadura ou integrou um regime de exceção que tanto aprisionava o Brasil que o impedia de escolher seu governo nas urnas. Todavia, o homem são entende que se o Estado desencadeia uma era de horror em que belas meninas de 19 anos são torturadas, desfiguradas, estupradas e até assassinadas, evidentemente que alguém pode perder a cabeça.
Contudo, a conta que a matéria da “TV Folha” apresentou dá bem a dimensão de como os excessos da resistência à ditadura foram isolados: o jornal buscou, buscou, mas só encontrou 4 (quatro!) casos, enquanto que, entre mortos e desaparecidos formais do lado que resistiu à ditadura, as baixas chegam às centenas, sem falar dos muitos torturados, perseguidos e encarcerados sem justa causa que sobreviveram para contar a história, tais como Dilma, Rose ou Ivan.

Campanha eleitoral irá obrigar Serra a explicar privataria tucana




“Esse livro é um Lixo. Por que vou comentar lixo?”. Foi assim que o ex-deputado, ex-senador, ex-prefeito, ex-governador e ex-candidato a presidente por duas vezes (2002 e 2010) José Serra respondeu a setores independentes da imprensa que ousaram questioná-lo por conta das denúncias contidas no best-seller A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.
Apesar de a obra ter vendido centenas de milhares de exemplares, tornando-se um inequívoco best-seller, de continuar sendo um sucesso de vendas que segue frequentando à lista dos livros mais vendidos e, também, de ter produzido um requerimento de CPI aprovado pela Câmara dos Deputados, as denúncias contra Serra jamais foram tratadas em profundidade pela grande imprensa.
Todavia, entrevista que o candidato pelo PSOL a prefeito de São Paulo, Carlos Giannazi, concedeu à Folha de São Paulo, a qual foi publicada na edição deste domingo daquele jornal, mostra que a moleza do tucano está para acabar, ainda que pela mão de terceiros.
Abaixo, o trecho em que Giannazi promete cobrar o tucano pelo que a grande imprensa abafou:
– Vou cobrar do Serra o que está escrito no livro “Privataria Tucana”. Ele ainda não explicou isso. Não é apenas um livro, mas um dossiê com provas concretas. Ele disse que era um “lixo”, mas não explicou. Vou ler trechos do livro nos debates para ele explicar se vai fazer o mesmo com a Prefeitura de São Paulo.
Essa parte da entrevista do candidato do PSOL foi extirpada da edição impressa da Folha e só foi reproduzida na íntegra que o jornal publicou exclusivamente na internet. Como se vê, a mídia ainda acredita que pode esconder do eleitorado de São Paulo as denúncias recheadas de documentos comprobatórios contidas no livro da privataria tucana.
O esforço para blindar Serra será em vão. A mídia terá que tratar do assunto nem que seja para defendê-lo, pois não será só Giannazi que levará o assunto aos debates e até ao horário eleitoral gratuito no rádio e na tevê. É certo que o tema frequentará praticamente todas as outras campanhas.
A razão é muito simples: nova pesquisa Datafolha mostra Serra ainda à frente dos outros candidatos, ainda que com vantagem reduzida e com crescimento de Haddad.
Como em toda e qualquer eleição, portanto, o líder das pesquisas vira alvo de todos os outros candidatos, menos dos de mentirinha como Soninha Francine, do PPS, que apenas fará dobradinha com o tucano nos debates e nos programas eleitorais no rádio e na tevê.
Há especulações no sentido de que, até o segundo semestre, a CPI da Privataria Tucana, que já tem número suficiente de assinaturas, pode vir a ser instalada na Câmara dos Deputados.
A CPI tão temida pela oposição e pela mídia tucana estaria sendo guardada para funcionar paralelamente à CPI do Cachoeira, o que, de uma forma ou de outra, irá enfrentar o dilúvio do mensalão, o qual a mesma mídia colocará no ar em pleno processo eleitoral, valendo-se do julgamento do caso pelo STF.
Em um momento em que a mídia tentará carimbar o PT como “partido da corrupção”, dizem que podem surgir elementos adicionais aos do livro da privataria. Isso ocorrerá quando vier à baila, na CPI do Cachoeira, o envolvimento da Veja com o esquema criminoso. Tudo isso a partir de agosto, que, para os tucanos, também deverá ser um mês de muito desgosto.

MÍDIA INCONFORMADA: ERUNDINA DIZ A QUE VEIO

*Day after na Grécia, pior para a Espanha: nesta manhã de 2ª feira, mercados usam o alívio obtido nas urnas gregas para sugar ainda mais a Espanha ** menos de 24 hs depois do êxito ortodoxo na Grécia, credores apertam os cravos no pescoço espanhol** exigem juros de 7% para financiar o país --um multiplicador  insustentável que empurra a dívida para a insolvência**E agora, o que a direita fará na Grécia? (leia a reportagem do enviado a Atenas, Eduardo Febbro)
 
"Vou fazer campanha junto do povo, na periferia, nas favelas, nos cortiços. Não sei se o PP se encaixa porque não sei se eles concordam com nosso projeto. Eu derrotei Maluf em 88 e ele não vai fazer gestão nenhuma. Ele não vai ser o prefeito e nem o vice-prefeito. O prefeito será o Haddad e a vice-prefeita serei eu. Quem vai governar conosco é o povo organizado. Mais importante do que a pessoa é o projeto político (...) Não vou estar confortável no mesmo palanque com o Maluf. Com certeza não. Até acho que ele nem vai enfrentar a reação da massa, que é o nosso povo, com quem a gente vai ganhar as eleições e governar a cidade. Com esse povo a gente consegue manter a coerência (...) com todas as críticas que a gente pode fazer aos governos do Lula e da Dilma, eles foram governos voltados para o interesse da maioria. Mesmo que isso tenha exigido certas concessões ao outro polo da sociedade. A política é real. Não é algo que se dá no plano do ideal, da abstração" (Luiza Erundina, em entrevistas a uma mídia inconformada com o revés que a sua indicação a vice de Haddad representa para a coalizão em torno de Serra, na qual a direita tem hegemonia.
LEIA MAIS AQUI)

 

Medo e austeridade vencem as eleições na Grécia

Os coveiros da Grécia, agora conhecidos como os partidos pró-austeridade, voltarão a ter as rédeas do país. Os conservadores da Nova Democracia, um dos partidos que, junto aos socialistas do PASOK, conduziram o país à mais profunda desesperança, ganharam as eleições legislativas com 30% dos votos. A Nova Democracia, de Antonis Samaras (foto) se impôs à força emergente da coalizão da esquerda radical Syriza, que obteve 26%. Mesmo assim, a Grécia fez do Syriza a segunda força política do país. Isso é muito, diante do jogo sujo que enfrentou. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Atenas.

Atenas - A coalizão do euro ganhou. A Grécia restaurou nas urnas a calamitosa oferta política do passado. Os conservadores da Nova Democracia, um dos partidos que, junto aos socialistas do PASOK, conduziram o país à mais profunda desesperança, ganhou as eleições legislativas com 30% dos votos. A Nova Democracia se impôs à força emergente da coalizão da esquerda radical Syriza, que obteve 26%. O PASOK, com 13%, ficou em terceiro lugar e com amplas possibilidades de formar uma coalizão de governo com a Nova Democracia.

Assim, os coveiros da Grécia, agora conhecidos como os partidos pró-austeridade, voltarão a ter as rédeas do país. No entanto, se por um lado o Syriza não conseguiu os votos necessários para configurar uma maioria, confirmou sim, nas urnas, seu espetacular avanço : multiplicou sete vezes o seu coeficiente eleitoral desde 2009 e obteve 10 pontos a mais que nas eleições legislativas de seis de maio último (cujos resultados impossibilitaram a formação de um governo).

A Nova Democracia festejou a sua vitória na Praça Syntagma e a esquerda radical celebrou sua relativa derrota ao compasso de “Avanti Popolo”, na Praça do Metrô Universidade, distantes entre si 600 metros. “Salvamos o euro e o país de um vermelho delirante”, dizia um militante da Nova Democracia que passeava pela praça Syntagma com a bandeira azul de seu partido. “Em seis meses voltamos com 40%, dizia, por sua vez, um militante do Syriza no ato do Metro Universidade, uma explanada presidida por uma estátuta de Atenas, Deusa da Guerra, da civilização, da sabedoria, da estratégia e das artes, entre outros atributos. Mais filosófico, Evangelos, um porteiro que trabalha à noite na zona da Syntagma, dizia: “ganharam os ladrões, como sempre tem corrido neste país há mais de 40 anos”.

A Grécia votou no domingo sob a imensa pressão exercida por seus sócios europeus e pelos meios de comunicação do Velho Continente, que fizeram uma campanha feroz e desonesta a favor do continuísmo, apresentando a eleição com os mesmos argumentos que a direita da Nova Democracia: a favor ou contra o euro. Então, o medo e a austeridade venceram. Às dez e quarenta da noite o líder do Syriza, Alexis Tsipras, reconheceu a derrota. Quando chegou à sede do partido, os abraços e a emoção eram de uma noite de vitórias.

“É uma sorte para nós. Eles vão queimar as asas e nós tomaremos o poder mais legitimados”, dizia sem rodeios um militante do Syriza. A juventude estava feliz. Pela primeira vez em muitos anos surgiu do nada uma alternativa à cumplicidade destruidora entre a direita da Nova Democracia e os socialistas. Mas também emergiu a pior versão da extrema direita, quer dizer, os neonazis do partido Aurora Dourada, que reiteraram nesta consulta o percentual de 6 de maio passado, de 7%.

A vitória do líder da Nova Democracia, Antonis Samaras, é estreita e o obriga a pactuar uma coalizão com o PASOK. Ambos os partidos começaram a negociar à noite. Os 30% da Nova Democracia equivalem a um mínimo de 75 assentos, aos quais há de se somar os 50 assentos que se outorga como prêmio ao partido mais votado. Isso representa 125 assentos e a eles pode se somar os 12% do PASOK (33 assentos), que forma uma maioria de 161 assentos num parlamento de 300. No entanto, a posição hipócrita do PASOK poderia fazer entrar em jogo a esquerda democrática do partido Dimar, que obteve 6,2% (17 assentos).

O primeiro a sair em defesa de uma solução política foi o líder do PASOK, o ex ministro de Finanças Evangelos Venizelos. “Um governo de responsabilidade nacional supõe a participação de várias forças de esquerda”, disse Venizelos, em alusão à inclusão do Syriza na coalizão.

Esta opção é impossível: Alexis Tsipras recusa logicamente entrar num governo composto pelas formações que provocaram a hecatombe, que aprovaram os planos de austeridade e que, acima de tudo, foram eleitos para impor ainda mais austeridade. O porta-voz do Syriza, Panos Skorletis, revelou à noite que Tsipras havia falado por telefone com Antonis Samaras, para dizer-lhe que ele terá de formar um governo “sem o Syriza”.

Não deixaram muitas opções aos gregos. O liberalismo europeu lhe pôs numa encruzilhada fatal: ou o rigor ou a quebra. O paradoxo é teatral: os responsáveis pela primeira quebra deverão aprovar novas medidas que se traduzirão por mais rigor. “Angela Merkel e seus bancos nos condenaram a morrer em fogo brando e com fome ou a pagar até uma eternidade comendo migalhas”, ironizava Nikolas, um militante do Syriza.

Até onde se pode ver, as contas são uma corda no pescoço da sociedade grega. Na sexta passada venceu o prazo para o pagamento da segunda parcela do empréstimo de 130 bilhões de euros que o FMI e o Banco Central Europeu decidiram outorgar a Grécia em 8 de março passado. A Grécia tem de receber um pacote de 8 bilhões de euros sem o qual, a partir de 20 de julho, não terá mais dinheiro para pagar aos seus servidores. Os bancos também estão sem caixa. Os gregos vêm retirando seus depósitos há dois meses e os bancos deixaram de financiar as empresas. O setor privado perdeu um milhão de postos de trabalho nos últimos cinco anos.

Atenas recebeu até agora 172 bilhões de euros mediante o resgate capitaneado por Bruxelas. Mas nada melhorou. O desemprego afeta 25% da população, os bancos necessitam de recapitalizarem-se e a sociedade existe e se move graças, em parte, à férrea solidariedade dos laços familiares.

“Faremos o que for necessário”, prometeu Samaras, à noite. Sem dúvida, será aquilo de que os bancos e a Alemanha necessitem, visto que o país exerceu uma pressão imensa para que os conservadores se mantivessem com as rédeas do poder. Um candidato “anti austeridade” como Alexis Tsipras seria um pesadelo para a Alemanha. Por isso o fizeram passar por um militante anti-euro, coisa que é totalmente falaciosa.

Angela Merkel usou a Grécia como modelo de penalização e conseguiu forçar, por meio de um golpe de medo, ameaças e intimidações e mentiras, a vitória de uma coalizão que não reflete em nada nem a voz das ruas nem situação angustiante em que se encontram as pessoas. Mas entre a nova ameaça – o Syriza – e as argúcias do velho conhecido – PASOK e ND – as urnas optaram pelos capitães de má fama. Para a esquerda do Syriza a derrota tem o sabor de um fruto doce e suculento.

Com o Syriza nasceu na Grécia e na Europa uma força potente à esquerda do socialismo de governo, clientelista e corrupto. 26% dos votos é um sonho. “Viver para sonhar, diz o refrão. Mas nós estamos vivendo o sonho na própria carne”, dizia à noite um militante do Syriza. A coalizão da esquerda radical grega não só enfrentou nas urnas os seus adversários políticos locais como a máquina liberal mais poderosa do planeta. A edição alemã do Financial Times reflete vergonhosamente a agressão que o povo grego sofreu. O Financial Times escreveu: “Gregos, resistam à demagogia de Alexis Tsipras. O país só permanecerá no euro com os partidos que respeitam os termos dos credores”. Pagar ou morrer.

Mesmo assim, a Grécia fez do Syriza a segunda força política do país. Isso é muito, diante de tanta manipulação de um jogo tão sujo. Atenas amanhecerá com a oligarquia política que levou o país à ruína, negociando um pacto de governo. A chamada “coalizão do euro” tem o destino em suas mãos. Angela Merkel e os mercados estão contentes. A esquerda também. Foi apenas uma batalha numa luta que está apenas começando.


Tradução: Katarina Peixoto