Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 21 de março de 2016

MIRIAN DUTRA A FHC: TENHO TODOS OS RECIBOS NA MÃO

O crime de Lula foi reduzir a pobreza. Jamais irão perdoá-lo

lula
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Muitos alegam certeza de que Lula será preso na semana que entra. Teorias conspiratórias afirmam ser uma “farsa” o “sorteio” no STF que colocou nas mãos de Gilmar Mendes processo pedindo cassação da posse de Lula como ministro e o envio de seu processo para o juiz Sergio Moro.
Funcionaria assim: na semana que entra, o STF não irá se reunir por ser “semana santa” – sim, a Constituição diz que o Estado brasileiro seria “laico”.
Como na sexta-feira passada Gilmar Mendes concedeu liminar cassando a posse de Lula e mantendo o processo dele com Moro, este pode determinar a prisão do ex-presidente e só na semana seguinte o plenário do STF analisaria o caso.
Com Lula preso, seria muito difícil o STF suspender a prisão dele, oriunda da decisão de Mendes.
Sim, o plano pode funcionar. Uma chicana jurídica pode encarcerar o ex-presidente da República nos próximos. Não se saberá direito por que Lula está sendo preso. Alegarão que ele tenta atrapalhar as investigações contra si, por certo. Essa tem sido a desculpa para a Lava Jato manter pessoas presas sem provas e sem julgamento.
Para o Brasil, a possível prisão de Lula é uma das maiores tragédias de sua história. Ele foi o único presidente que reduziu a pobreza e a desigualdade de forma consistente e rápida. Colocou negros nas universidades, criou uma classe média emergente da pobreza.
A elite começou a ter que compartilhar espaços com gente desdentada e usando chinelo de dedo. Negros começaram a “se achar”, querendo “até” o impensável: “fazer faculdade”.
A manifestação da última sexta-feira na avenida Paulista reuniu uma maré humana avassaladora. Este blogueiro esteve no local. Participei de todas as manifestações anteriores em defesa do governo Dilma. Nenhuma se compara a essa.
Por várias vezes temi ser pisoteado ou esmagado. Perdi a câmera com todas as imagens no meio da confusão. As pessoas estavam ensandecidas.
Classes A, B, C e D misturavam-se. A maioria dos manifestantes, como acontece em média no Brasil, era negra ou mestiça. Nada que lembrasse as manifestações monocromáticas da direita, com aquelas madames de caras deformadas pelo excesso de botox e os indefectíveis cabelos aloirados em salões de beleza que cobram preços ridiculamente extorsivos
A pobreza estava lá, o povão que não tem Facebook, que não tem como comprar kits antipetistas que picaretas vendem na internet, mas que sabe quanto a sua vida melhorou.
São essas pessoas que não vão se conformar com a arbitrariedade que está prestes a ser praticada. Muita gente está quieta, só olhando o que está acontecendo. Mas quem acha que o povo é cego ou estúpido, vai quebrar a cara.
Na sexta, voltava para casa pela avenida Paulista junto de uma marcha de outras pessoas que também deixava o local. Ocupávamos as duas pistas – sentido bairro-centro e centro-bairro. E entoávamos palavras de ordem, tais como “Não vai ter golpe” e “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
Para minha surpresa, pessoas começaram a sair às janelas dos prédios residenciais da avenida e apoiaram os manifestantes. Isso, na avenida Paulista.
Quem estava lá, viu. Fiquei surpreso. Pessoas começaram a colocar panos vermelhos nas janelas.
Quem disse que nessa região só tem “coxinhas”? O que deduzi é que grande parte das pessoas que discordam não abre a boca, não se manifesta a fim de “evitar confusão”.
Contudo, a possível prisão de Lula fará a situação política no Brasil mudar de patamar. Muita gente vai entender que uma linha-limite foi cruzada.
Muita gente irá entender que Lula não estará sendo preso por, hipoteticamente, ter um apartamento de 200 metros quadrados no Guarujá e um sitiozinho em Atiba, propriedades modestíssimas em um país em que qualquer vereadorzinho tem fazendas que valem centenas de milhões de reais.
E toda essa gente sabe que Lula não enriqueceu na política, apesar de até hoje ser o político mais popular do país – que outro político colocaria centenas de milhares nas ruas em sua defesa?
Se essa conspiração infame vingar, nunca mais um governante tentará ajudar o povo de verdade. Os políticos terão sempre presente o seguinte ensinamento: o único político que tentou de fato melhorar a vida do povo, acabou encarcerado.

Manual do perfeito midiota – 15, por Luciano Martins Costa

Por Luciano Martins Costa
Antes desse presidente que ela considera machista, houve outro que enxovalhou a honra da própria esposa, com casos extraconjugais que lhe custaram o tornaram refém do maior conglomerado de mídia do País – e nossa amiga socióloga certamente acha que esse é quase um ícone do feminismo
Esta é uma semana decisiva para as chances do Brasil finalmente se tornar um País moderno, como as democracias que se consolidaram no século passado.
Existe uma chance de alcançarmos esse estágio sem uma guerra ou sem conflitos sociais muito graves. Basta que as regras do jogo democrático sejam respeitadas.
E acredite, prezado midiota (não consigo perder o otimismo e a simpatia por essa figura tão patética da contemporaneidade), você pode jogar um papel muito importante nessa história.
Imagine, por exemplo, uma socióloga experiente, com anos de vivência em uma grande empresa de comunicação, que resolve assinar uma petição pública em favor do impeachment da presidente da República – por que ela nomeou ministro o ex-presidente que vem sendo ameaçado de prisão num processo arbitrário que os mais conceituados juristas do País consideram kafkiano.
A pessoa em questão decide que é a favor do impeachment por considerar que o ex-presidente é o maior machista que este País já teve. Ora, não foi esse suposto machista que escolheu e fez eleger a primeira mulher presidente da história do País?
Então, caríssimo midiota, é assim que funciona o programa fascista dirigido pela mídia tradicional: vai queimando diariamente os neurônios de gente que até sabia pensar, e produz absurdos como esse.
Antes desse presidente que ela considera machista, houve outro que enxovalhou a honra da própria esposa, com casos extraconjugais que lhe custaram o tornaram refém do maior conglomerado de mídia do País – e nossa amiga socióloga certamente acha que esse é quase um ícone do feminismo.
É o mesmo roteiro que faz o movimento dos golpistas pagar um grupo de miseráveis sem teto para que se misturassem aos manifestantes que pregam o golpe: é que faltavam pobres e escurinhos no movimento.
Voltando ao enunciado lá do começo: você, midiota, acha maravilhosa a civilização europeia, certo? Tanto, que eventualmente faz questão de dizer que descende deste ou daquele povo imigrante. Mas não lhe passa pela cabeça que nessas democracias não se considera tirar do poder alguém que foi eleito pelo voto?
Você foi se manifestar, acreditando no que a mídia empurra diariamente, desde o dia em que foram anunciados os resultados da eleição de 2014. Acredita também que aquele juiz de primeira instância está conduzindo um processo judicial.
Aliás, muita gente bem intencionada, incluídos alguns juristas honestos e esclarecidos, ainda tentam analisar os atos do juiz como jurisprudência. Mas não se trata de um processo conduzido, como se diz, com o objetivo da justiça.
O que se vê e se pode cheirar não é o “fumus de boni juris” – ou seja, a fumaça, o sinal do bom direito. Trata-se de um processo político, orientado por valores fascistas.
Não é mero acaso que, paralelamente à ação do julgador, proliferem listas com nomes de artistas, intelectuais e jornalistas que, na opinião dos defensores desse processo, deveriam ser postos numa “lista negra”.
Esses são os sinais do obscurantismo que tenta se ocultar por trás da sua boa-fé. Sim, porque acredito que o midiota é um indivíduo de boa-fé. Acredita que está combatendo a corrupção na política, sem perceber que há um jogo de cartas marcadas.
Há corrupção? Sim, há corrupção. Mas não é essa que você lê nos jornais de circulação nacional, nem as que você assiste na interpretação teatral dos apresentadores da TV.
Para ler: veja os posts da jornalista Barbara Gancia nas redes sociais, por exemplo. Ou do filósofo Renato Janine Ribeiro, especialista em Thomas Hobbes. Pode começar lendo um ensaio dele, muito interessante, chamado “A Sociedade contra o social”.
*Jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade. Autor dos livros “O Mal-Estar na Globalização”,”Satie”, “As Razões do Lobo”, “Escrever com Criatividade”, “O Diabo na Mídia” e “Histórias sem Salvaguardas”

GUILHERME WISNIK CRITICA ‘MANIPULAÇÃO INDECENTE DA GLOBO’