Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Que venha a próxima PIGCRISE

É curioso como no caso Palocci, a oposição e a mídia lançaram, de imediato, suspeitas sobre o comportamento do Procurador Geral da República.
Mas ninguém teve a mesma atitude em relação, ontem, à decisão do Superior Tribunal de Justiça de anular as provas do processo por suborno movido contra Daniel Dantas.
O assunto sequer mereceu primeira página, exceto por uma notinha no Estadão.
Não vou discutir a decisão judicial, a qual ainda pode ser recorrida.
Mas é revelador o fato de como a mídia a tratou.
O próprio Jornal Nacional, que veiculou a matéria com as gravações – parte telefônica, parte presencial – limitou-se a uma nota de míseros 27 segundos, sem direito a imagens ou “replay” da matéria.
Matéria que foi republicada no Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, e que reproduzo lá em cima do post.

Exercito de israel





O que o Grupo Beatrice acha dos escândalos da mídia? Abaixo, numa rápida consulta nos nossos arquivos:









































Não era avião, era incêndio numa loja de colchões... 



O pior jornalismo do mundo




      
Para usar a vontade nos blogs e listas...

Mentiras à Granel

Anda circulando um email com o seguinte texto:


"Caros colegas, após 15 anos de atuação na área criminal estou pensando seriamente em abandonar a área com a nova LEI 12.403/2011 aprovada pelo CONGRESSO NACIONAL e sancionada em 05/05/2011 pela Presidente DILMA ROUSSEF
e pelo Ministro da Justiça JOSÉ EDUARDO CARDOZO.

Quem não é da área, fique sabendo que em 60 dias (05/07/2011) a nova lei entra em vigor e a PRISÃO EM FLAGRANTE E PRISÃO PREVENTIVA SOMENTE OCORRERÃO EM CASOS RARÍSSIMOS, aumentando a impunidade no país. Em tese somente vai
ficar preso quem cometer HOMICÍDIO QUALIFICADO, ESTUPRO, TRÁFICO DE ENTORPECENTES, LATROCÍNIO, etc.. A nova lei trouxe a exigência de manter a prisão em flagrante ou decretar a prisão preventiva somente em situações excepcionais, prevendo a CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE ou SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA em 09 tipos de MEDIDAS CAUTELARES praticamente inócuas e sem meios de fiscalização (comparecimento periódico no fórum para justificar suas atividades, proibição de frequentar determinados lugares, afastamento de pessoas, proibição de de se ausentar da comarca onde reside, recolhimento domiciliar durante a noite, suspensão de exercício de função pública,
arbitramento de fiança, internamento em clinica de tratamento e monitoramento eletrônico).

Para quem não é da área, isso significa que crimes como homicídio simples, roubo a mão armada, lesão corporal gravíssima, uso de armas restritas (fuzil, pistola 9 mm, etc.), desvio de dinheiro público, corrupção passiva,
peculato, extorsão, etc., dificilmente admitirão a PRISÃO PREVENTIVA ou a manutenção da PRISÃO EM FLAGRANTE, pois em todos esses casos será cabível a conversão da prisão em uma das 9 MEDIDAS CAUTELARES acima previstas.
Portanto, nos próximos meses não se assuste se voce encontrar na rua o assaltante que entrou armado em sua casa, o ladrão que roubou seu carro, o criminoso que desviou milhões de reais dos cofres públicos, o bandido que estava circulando com uma pistola 9 mm em via pública, etc.

Além disso, a nova lei estendeu a fiança para crimes punidos com até 04 anos de prisão, coisa que não era permitida desde 1940 pelo Código de Processo Penal! Agora, nos crimes de porte de arma de fogo, disparo de arma de fogo, furto simples, receptação, apropriação indébita, homicídio culposo no trânsito, cárcere privado, corrupção de menores, formação de quadrilha, contrabando, armazenamento e transmissão de foto pornográfica de criança, assédio de criança para fins libidinosos, destruição de bem público, comercialização de produto agrotóxico sem origem, emissão de duplicada falsa, e vários outros crimes punidos com até 4 anos de prisão, ninguém permanece preso (só se for reincidente). Em todos esses casos o Delegado irá arbitrar fiança diretamente, sem análise do Promotor e do Juiz.
Resultado:o criminoso não passará uma noite na cadeia e sairá livre pagando uma fiança que se inicia em 1 salário mínimo!  Esse pode ser o preço do seu carro furtado e vendido no Paraguai, do seu computador receptado, da morte de um parente no trânsito, do assédio de sua filha, daquele que está transportando 1 tonelada de produtos contrabandeados, do cidadão que estava na praça onde seu filho frequenta portando uma arma de fogo, do cidadão que usa um menor de 10 anos para cometer crimes, etc.

Em resumo, salvo em crimes gravíssimos, com a entrada em vigor das novas regras, quase ninguém ficará preso após cometer vários tipos de crimes que afetam diariamente a sociedade. Para que não fique qualquer dúvida sobre o que estou dizendo, vejam a lei.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm

Também para comprovar o que disse, leiam o artigo do Desembargador FAUSTO DE SANCTIS sobre a nova lei, o qual diz textualmente que "com a vigência da norma, a prisão estará praticamente inviabilizada no país":http://advivo.com.br/blog/luisnassif/de-sanctis-e-o-codigo-de-processo-penal
GIOVANI FERRI, Promotor de Justiça de Toledo-PR."

O problema é que estão atribuindo o projeto à Dilma!
Tá, infelizmente e não sei por que ela sancionou, mas a autoria do projeto, que é a Presidência da República, é datada de 2001!
Quando quem ocupava o cargo era FHGá!
Veja abaixo:
PLC - PROJETO DE LEI DA CÂMARA, Nº 111 de 2008   Autor: EXTERNO - Presidente da República
Ementa: Altera dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória, demais medidas cautelares, e dá outras providências. Assunto: Jurídico - Jurídico Data de apresentação: 03/07/2008 Situação atual: Local:  18/04/2011 - SECRETARIA DE EXPEDIENTE
Situação:  01/04/2009 - APROVADO O SUBSTITUTIVO Outros números: 
Origem externa:(PRESIDENCIA DA REPUBLICA) MSG  00214 de 2001
Origem no Legislativo: CD  PL. 


Origem no Legislativo:
CD  PL.  04208 / 2001


como pode ser verificado aqui

Por que Gilmar falou tanto ?


Ele é candidato a tudo

Este ansioso blogueiro decidiu consultar Tirésias, o profeta, que no início de noite desta quarta-feira abatia um frango ao molho pardo.

- Venerável profeta, por que Gilmar votou por duas horas se sabia que tinha perdido ?

- Porque aquilo não foi um voto, disse Tirésias.

- Então, o que foi ?

- Foi uma peça de campanha.

- Campanha ? Como assim ?, perguntei estupefato.

- Ele marcou posição.

- Que posição ?, pergunto.

- Ele quer ser o anti-Lula, porque já viu que o Cerra e o Aécio não vão longe.

- Então, o Supremo é um apenas um trampolim eleitoral ?

- O rapazinho está ficando esperto …

- Então, além de fazer merchandising para escolas particulares na internet, ele usa o pulpito do Supremo para fazer campanha eleitoral …

- Tá ficando esperto …

- Mas, pondero, ele ainda tem muito tempo de Supremo.

- Daqui para frente, ele será com mais frequência parte da minoria.

- Você quem diz que ele exercerá uma ministerial irrelevância. Não é isso ?

- Exatamente ! O mal dele é a Hubris.

- Sim … o que é isso ?

- Ele se acha um Deus e o Supremo deixou de ser o Olimpo privativo dele.

- Ele é candidato a quê ?, pergunto.

- A tudo.

- A tudo o quê ?

- Tudo ! Desde que na condição de Deus.

Pano rápido.


Paulo Henrique Amorim

DEU NO NEW YORK TIMES:


EUA realizam bombardeios secretos contra insurgentes no Iêmen em defesa do ditador iemenita Ali Abdullah Saleh, que luta para permanecer no poder. Os bombardeios ocorrem no momento em que Abdullah Saleh encontra-se refugiado  na Arábia Saudita,  após ser ferido em um ataque rebelde ao palácio presidencial.  Enquanto as bombas 'democráticas' despencam sobre o Iêmen, Obama & Hillary emitem ameaças contra a ditadura Líbia...

As experiências “nazistas” dos EUA

Perdoem-me, é terrível e chocante. Por isso mesmo precisa ser lida esta reportagem publicada hoje pelo jornal inglês The Guardian. Repugnante, enojante, mas real e até oficialmente reconhecida. Leiam, me perdoem a má tradução, mas era impossível deixar no silêncio.
“Marta Orellana diz que estava brincando com amigos no orfanato, quando o chamado soou: “Orellana à enfermaria Orellana para a enfermaria..”
Esperando por ela foram vários médicos que ela nunca tinha visto antes. Os homens altos, com pele clara, que falou que ela imaginou que seria inglês, além de um médico da Guatemala. Eles tinham seringas e frascos pequenos.
Eles ordenaram que ela se deitar e abrir as pernas. Constrangida, ela trancou joelhos unidos e abanou a cabeça. O médico guatemalteco deu um tapa em seu rosto e ela começou a chorar. “Eu fiz o que foi mandado”, lembra ela.
Hoje, a menina de nove anos de idade é uma bisavó de 74 anos e de olhos remelentos, mas a angústia do momento que perdura. Foi assim que tudo começou: a dor, a humilhação, o mistério.
Era 1946 e os órfãos na Cidade da Guatemala, juntamente com os prisioneiros, recrutas e prostitutas, tinham sido selecionados para um experimento médico que atormentam muitos, e permaneceu em segredo por mais de seis décadas.
Os EUA, preocupados com soldados voltando para casa (da 2ª Guerra) com doenças sexualmente transmissíveis, infectou cerca de 1.500 guatemaltecos com sífilis, gonorréia e cancro mole para testar um dos primeiros antibióticos, a penicilina.
“Eles nunca me disseram o que estavam fazendo, nunca me deram a chance de dizer não”, disse Orellana esta semana, sentada em seu barraco na Cidade da Guatemala. “Vivi quase minha vida inteira sem saber a verdade. Que Deus os perdoe.”
O governo dos EUA admitiu a experiência em outubro, quando a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o secretária de Saúde, Kathleen Sebelius, emitiram uma declaração conjunta pedindo desculpas por “pesquisas tão reprováveis” sob o pretexto da saúde pública. Barack Obama, telefonou para seu colega guatemalteco, Álvaro Colon, também para pedir desculpas.
Susan Reverby, professor da Faculdade Wellesley, em os EUA, descobriu a experiência enquanto pesquisava o “Estudo Tuskegee” sobre sífilis, em que centenas de homens afro-americanos não foram tratado,s durante 40 anos a partir da década de 1930.
O estudo da Guatemala foi mais longe por terem infectado deliberadamente estas pessoas. Não só violam o juramento de Hipócrates não causar males, mas aproximaram-se dos crimes nazistas expostos, nesta mesma época,nos julgamentos de Nuremberg.
As vítimas permaneceram em grande parte desconhecidas, mas o The Guardian entrevistou as famílias dos três sobreviventes identificados até agora pela Guatemala. Eles narraram suas vida,s destruídas por doenças, negligência e perguntas sem resposta.
“Meu pai não sabia ler e o tratavam como um animal”, disse Benjamin Ramos, 57, filho de Federico, 87, um ex-soldado. “Esta foi a experiência do diabo.”
Mateo Gudiel, 57, disse que seu pai, Manuel, 87, outro ex-recruta, tem infecções de sífilis ligadas à demência, e dores de cabeça. “Parte disso pode ter sido passada para mim, meus irmãos e nossos filhos.” As crianças podem herdar a sífilis congênita.
Mais da metade dos indivíduos eram soldados de baixa patente, entregues por seus superiores a médicos americanos, trabalhando a partir de uma base militar na capital. Os norte-americanos, inicialmente infectavam prostitutas ao manterem relações sexuais com os presos, antes de descobrirem que era mais “eficiente” para infectar soldados, pacientes psiquiátricos e órfãos com a bactéria da sífilis.
Na Guatemala, o inquérito oficial, chefiado pelo seu vice-presidente, deve publicar seu relatório em junho. “O que mais me impactou foi como pouco valor era dado a estas vidas humanas. Eles eram vistos como coisas a serem usadas”, disse Carlos Mejia, membro da comissão de inquérito e chefe do Colégio de Médicos da Guatemala.
Os cientistas dos EUA trataram 87% dos infectados com sífilis, mas perderam o rasto dos outros 13%. Dos tratados, um décimo teve uma infecção recorrente.(…)
“Eles não me disseram porque me escolheram”, disse Orellana, que tinha quatro anos quando foi enviados a uma  instituição depois que seus pais morreram. Depois da sondagem ginecológica inicial, quando ela supõe que ela foi infectada,recebeu penicilina semanalmente. “Meu corpo doía e eu estava com sono, eu não queria brincar.” Pelo menos 10 outras meninas também foram escolhidas para o estudo, acrescentou.
O tratamento falha – e mesmo como adulta, quando ela trabalhava como empregada doméstica e nas fábricas, os médicos diziam apenas que ela tinha “sangue ruim”, deixando seus males como um mistério. Um marido “amoroso e paciente” a ajudou a superar problemas de intimidade. Ela tem cinco filhos, 20 netos e oito bisnetos.
Quando os EUA finalmente reconheceram o escândalo,em 2010, Maria Orellana estava muito lesada fisicamente , mas ainda que lúcida, estava como que hipnotizada. Ela testou positivo para a sífilis, disse Rudy Zuniga, um advogado que representa as alegadas vítimas de uma ação coletiva nos EUA. Apenas um punhado das 1500 pessoas originamente infectadas ainda podem estar vivas, mas pode haver dezenas se não centenas de crianças infectadas e netos, disse ele.”

A polícia do mundo

Sinto muito ter de publicar, poucas horas depois de ter divulgado aqui o que a nossa imprensa não fez – os danos causados com “experiências” dos EUAcom sífilis em recrutas, mulheres e crianças na Guatemala, nos anos 40 – esta matéria que, sim, está nos jornais de hoje.
E as fontes são o insuspeito The New York Times e a própria Veja, de onde transcrevo:
“Os Estados Unidos mantêm uma “guerra encoberta” no Iêmen contra alvos da rede terrorista Al Qaeda, atacando-os com aviões não tripulados), aproveitando o vazio de poder no país, informa nesta quarta-feira o jornal The New York Times.
A campanha secreta americana se nutre dos enfrentamentos que feriram e afastaram do país o presidente Ali Abdullah Saleh, internado em um hospital na Arábia Saudita, segundo o jornal, que cita fontes do governo americano.
Diante da escalada de violência relacionada aos protestos populares, as tropas iemenitas que lutavam contra militantes da Al Qaeda no sul do país voltaram à capital, Sana, indica o New York Times.
Nesse cenário, o governo americano “vê os ataques aéreos como uma das poucas opções que lhe restam para evitar que os militantes consolidem seu poder”, acrescenta o diário.
A campanha é liderada pelo Comando Especial de Operações Conjuntas do Pentágono e coordenada com a Agência Central de Inteligência (CIA), de um posto de controle em Sana que recebe as informações de inteligência sobre os alvos – a CIA considera que o braço da Al Qaeda na Península Arábica apresenta o maior risco imediato para os Estados Unidos “.
Sé verdade ou mentira que sejam da Al Qaeda os “alvos”, se o bombardeio atinge pessoas desarmadas, se isso é um ataque não-provocado a um país – em tese – soberano, se um membro da comunidade internacional – a Arábia Saudita – cede seu território para ações militares não-autorizadas, nada importa.
Eles são apenas árabes.

STF apóia Lula, derrota Berlusconi e Gilmar Mendes e solta Battisti


Supremo Tribunal Federal reconhece direito político de o ex-presidente Lula conceder refúgio ao ativista Cesare Battisti e manda soltar o italiano. Relator do caso, Gilmar Mendes votou contra Battisti e Lula e apoiou reclamação do governo Silvio Berlusconi, que insistia na extradição. Mas, junto com o presidente do STF, Cezar Peluso, foi derrotado pela maioria da Corte. Advogados vão pedir visto permanente para Battisti, que deve voltar a ser escritor.

BRASÍLIA – Preso há quatro anos num presídio do Distrito Federal, o ativista político italiano Cesare Battisti deve ser solto nesta quinta-feira (09/06) e, logo em seguida, pedir ao Conselho Nacional de Imigração um visto para permanecer de forma definitiva no Brasil. Depois, decidirá se fica em Brasília, muda-se para o Rio de Janeiro, onde tem amigos, ou para São Paulo, onde está a editora de livros com a qual trabalhava antes da detenção e pela qual quer retomar a atividade de escritor.

O alvará de soltura de Battisti foi assinado na noite desta quarta-feira (08/06) pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, depois de um julgamento de mais de seis horas em que o STF apoiou o direito do ex-presidente Lula de conceder refúgio ao ativista e rejeitou a tentativa do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, de obter a extradição do compatriota.

O Supremo libertou Battisti por 6 votos a 3, numa decisão em que os ministros se dividiram entre duas posições. A vitoriosa defendeu encarar o caso como uma questão política. Como presidente da República, Lula tinha soberania para decidir dar ou não abrigo ao italiano, e depois que arcasse com as consequências políticas – reação internacional negativa, processo no Tribunal Internacional de Haia ou por crime de responsabilidade no Congresso Nacional, por exemplo.

Essa tese prevaleceu mesmo diante do fato de que a própria Corte opinara, no ano passado, e também por maioria, que Battisti, acusado de quatro assassinatos, não merecia refúgio. “O ato do presidente da República é um ato de soberania, e é ele quem conduz a política internacional [do Brasil]”, disse o ministro Marco Aurélio Mello, que votou pela libertação de Battisti.

A Corte havia se reunido para discutir a situação do italiano por causa de uma reclamação do governo Berlusconi contra o asilo concedido por Lula em 31 de dezembro de 2010, último dia do mandato do ex-presidente. Mesmo depois do refúgio, há mais de cinco meses, Battisti continuava preso, devido a esta reclamação.

Favorável à contestação de Berlusconi, o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, liderou a corrente derrotada, que preferiu encarar o assunto como algo “jurídico”. Nesta interpretação, Lula tinha obrigação de cumprir a postura pró-extradição manifestada pelo Supremo em 2010, e não de considerá-la apenas como uma opinião na sua (dele, Lula) tomada de decisão.

Mendes amparou o voto no fato de existir um tratado entre Brasil e Itália que aborda o tema "refúgio". Para ele, o tratado tem valor legal dentro no Brasil e devia ser seguido como uma lei qualquer. “Para inventar um espaço livre para o presidente da República, tem de reescrever a Constituição”, afirmou Mendes.

“O que está em jogo aqui não é o presente ou o futuro de um homem, é a soberania do país”, disse o ministro Luiz Fux, que votou contra o relator. Para o ministro Carlos Ayres Brito, outro voto oposto a Gilmar Mendes, Lula decidiu, sim, com base no tratado, cuja observância é voluntária. Ou seja, o país que o assina segue enquanto achar conveniente, e o outro lado pode ficar insatisfeito e desistir do tratado também.

Até quem tinha opinado pela extradição de Battisti no julgamento do ano passado, como o ministro Ricardo Lewandowski, que entendia haver o italiano praticado crimes comuns, e não políticos, defendeu que Lula tinha "soberania" para decidir como achasse melhor.

Gilmar Mendes foi derrotado junto com a ministra Ellen Gracie e o próprio do presidente do STF, Cezar Peluso. Os três rejeitaram a idéia de que a Corte estava diante de uma questão política e defenderam que seria preciso “limitar” o poder do presidente da República.

Após o julgamento, acompanhado do lado de fora do STF por simpatizantes de Battisti que gritavam contra Gilmar Mendes, o advogado do militante, Luis Roberto Barroso, comemorou a decisão do Supremo de reconhecer o direito do ex-presidente de decidir de forma “soberana” pelo refúgio.

Barroso lamentou a perseguição política de que seu cliente foi vítima durante anos. "Ele é uma figura menor de uma organização de esquerda menor, é quase inacreditável que a Itália tenha tornado ele um símbolo de terrorista”, afirmou. “O uso da expressão terrorista é uma ofensa parta um velho militante comunista", completou.

O advogado disse estar otimista quanto à obtenção de visto permanente por Battisti já que, se o Brasil concedeu refúgio, é porque o aceitaria tê-lo vivendo aqui. Já o primeiro advogado do italiano, Luiz Eduardo Greenhalgh, que estava presente ao STF, informou que Battisti vai decidir com calma qual será seu destino – Brasília, Rio ou São Paulo – e que o ativista tem a intenção de escrever um livro sobre seu caso.


Fotos: Renato Araújo/ABr

Saída de Palocci desencoraja BC, e juro sobe como previa 'mercado'


Banco Central mantém arrocho monetário e aumenta o juro pela quarta vez seguida no governo Dilma Rousseff. Até 20 de julho, maior taxa do planeta valerá 12,25%, como apostava o 'mercado'. Substituição de Antonio Palocci, que se vendia como 'fiador' do governo junto ao sistema financeiro, desencorajou BC a tomar decisão diferente da prevista pelo 'mercado'. Para CUT, foi 'lamentável'. Para, Fiesp, 'inoportuna'.

BRASÍLIA – Mesmo diante da recente queda da inflação, o Banco Central (BC) subiu a taxa básica de juros da economia brasileira pela quarta vez no governo Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (08/06). A taxa, a maior do planeta, passou de 12% para 12,25%, em decisão unânime da diretoria do BC. O aumento, anunciado depois de dois dias de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), segue à risca o que apostava o “mercado”.

Segundo Carta Maior apurou junto à equipe econômica, a saída do ex-ministro Antonio Palocci do governo desencorajou o Copom a tomar uma decisão diferente do que esperava o “mercado”, ao contrário do que aconteceu da última vez que discutira o assunto. Como Palocci cultivava a imagem de que era uma voz “sensata” e mais ortodoxa no governo, sua substituição, combinada no mesmo dia com uma nova surpresa do BC, poderia inquietar o “mercado”.

Na pesquisa que o Banco Central realiza toda semana com cerca de 90 instituições privadas, em sua maioria ligadas ao sistema financeiro, o “mercado” apostava numa elevação do juro de 0,25 ponto percentual. Fez tal previsão mesmo tendo, pela quinta semana seguida, baixado sua expectativa para a inflação de 2011. A expectativa do “mercado” sobre a variação dos preços é um dos elementos mais importantes para o BC, na hora de decidir se mexe nos juros.

Para ao ano que vem, no entanto, a previsão do “mercado” para o reajuste de preços continua acima daquilo que o BC está perseguindo, e esse também é um fator importante para o banco. A meta de inflação de 2012 é de 4,5%, e o “mercado” prevê, hoje, um resultado de 5% no ano que vem. Em 2011, a meta também é de 4,5%, mas o BC já avisou que aceitará um resultado maior, para não sacrificar tanto o crescimento da economia.

No comunicado que divulga para se explicar sempre que discute juro, o BC deixou claro que o cenário para 2012 pesou. Segundo o texto, o banco não sabe ao certo o tamanho do desaquecimento da economia, e o cenário fora do país continua complexo, de modo que “a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012”.

As justificativas não convenceram trabalhadores e empregados. Em nota, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, chamou a alta do juro de “lamentável”, porque a inflação está sob controle e porque o aumento só beneficia “banqueiros e os ricos que têm aplicações financeiras”. Para a CUT, a promessa da presidenta Dilma Rousseff de baixar os juros para patamares internacionais é, por ora, uma “miragem”.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também criticou, em nota, a decisão e a classificou de “inadequada e inoportuna”. “Depois de cinco semanas de queda consecutiva na expectativa de inflação, da queda de 3,8% na produção da indústria paulista e de 2,1% da brasileira de abril ante março, eu gostaria de saber por que os juros ainda subiram”, diz Skaf.

O BC voltará a sentar para discutir os juros nos dias 19 e 20 de julho.

PERDAS E DANOS COM A ALTA DOS JUROS

 
Só a nova alta de 0,25% da taxa Selic, anunciada ontem pelo BC, representará um  gasto adicional de R$ 3 bi no pagamento de juros da dívida pública. O governo acaba de anunciar licitações para a privatizar aeroportos porque não tem entre R$ 5 bi a R$ 6 bi para contratar as obras necessárias à  expansão dessa infraestrutura. Nos últimos 12 meses a Selic subiu mais de três pontos percentuais. Ou seja,  acrescentou mais R$ 50 bi às despesas com  juros. Esse valor equivale a tudo aquilo que o governo anunciou de cortes no orçamento público este ano --entre investimentos e despesas correntes suspensas. Cada ponto de alta na taxa de juros permitiria sustentar um ano de Bolsa Família, beneficiando 50 milhões de brasileiros.  Neste 1º quadrimestre de 2011 , o arrocho para pagar juros da dívida pública foi de R$ 57 bi; em 12 meses o custo é superior a R$ 214 bi.
(Carta Maior; 5º feira, 09/06/ 2011)