Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 16 de junho de 2015

FHC apelou a ricaços durante rega-bofe: “Preciso de 30 milhões!”

FHC CAPA
Em 2004, a agenda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estava carregada. Suas palestras em eventos empresariais haviam se tornado uma sensação, segundo matéria publicada pela revista época em 23 de abril daquele ano.
Desde que, havia um ano, entrara no circuito dos “gurus corporativos”, Fernando Henrique já fizera duas dezenas de palestras, a maioria remunerada.
As exposições de FHC duravam de 50 minutos a 1 hora, em média. Em seguida, respondia a perguntas da plateia.
O preço para ouvir o tucano ao vivo variava de 50 000 a 75 000 dólares, mais os encargos fiscais, conforme o porte da empresa e sua lucratividade. Como o câmbio, à época, estava em cerca de 3 reais por dólar, as palestras do tucano rendiam de 150 a 225 mil reais.
O dinheiro tinha que ser depositado 14 dias antes da data da palestra. A soma, então, segundo a revista, era, “de longe, o valor mais alto obtido por um palestrante brasileiro.”
Na matéria “O Guru FHC”, Exame relatou que, “a título de comparação”, o ex-ministro Pedro Malan cobrava 38 000 reais por palestra, o que já era quantia “bem superior à média do mercado nacional”.
Exame ainda relatou, em sua edição de 23 de abril de 2004, que, com FHC, o instituto de pesquisa ACNielsen conseguira “atrair pela primeira vez a São Paulo os 15 presidentes de filiais latino-americanas, além do CEO”
“Nossa lista começou com 120 convidados e acabaram comparecendo 180″, afirmou à revista o empresário Germano Rocha, então presidente da Medial Saúde, que comemorou com um café da manhã no hotel Meliá seu 40o aniversário de fundação.
A palestra de FHC ganhou ampla repercussão, rendendo ainda para a Medial a citação da marca na mídia. Foi nela que, segundo Exame, “Fernando Henrique pediu ‘valentia moral’ ao governo”.
Em palestra posterior à Ambev, a empresa mantivera em sigilo o nome do conferencista. O evento que reunira cerca de 1 000 pessoas no hotel Casagrande, no Guarujá. Anunciado, FHC ganhou quase 5 minutos de aplausos frenéticos.
Apesar de toda essa ovação – sempre segundo a matéria da Exame de 23 de abril de 2004 –, pesquisa feita à época com vários executivos do mercado brasileiro conferira nota 2,9 à “eficiência gerencial” do governo FHC, uma nota “abaixo de regular”.
A matéria da Exame foi publicada logo após FHC retornar de um rega-bofe em um sofisticado resort na Ilha de Comandatuba que fora retratado pela colunista da Folha de São Paulo Monica Bergamo, em matéria de 18 de abril de 2004, publicada 5 dias antes da matéria da revista da Editora Abril.
Na reportagem “Uma ilha e mil fantasias”, Bergamo relata como começara um evento em que o tucano dava continuidade a uma coleta de recursos para montar seu instituto que, segundo matéria autocensurada pela revista Época pouco antes de a mídia começar a questionar doações recebidas pelo Instituto Lula – confira aquiaqui e aqui–, começara quando ele ainda era presidente da República.
Observação: sim, caro leitor, você leu direito o parágrafo anterior. FHC começou a pedir dinheiro a empresários enquanto ainda era presidente da República e, sim, a revista Época censurou a própria matéria há alguns dias, no exato momento em a mídia começou a “acusar” Lula por receber doações de empresas APÓS deixar o poder. Época tirou do ar matéria que publicou no fim de 2002, pouco antes de FHC deixar o poder.
Retomemos, pois, o divertido convescote de que participaram FHC, a mesma Camargo Correa que agora é “acusada” de doar ao Instituto Lula e muitos outros ricaços. Com vocês, o rega-bofe de Comandatuba, sob a batuta do anfitrião João Dória Junior.
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segunda-feira, 4 de maio de 2015

ANTIPETISMO AVANÇA EM INSTITUIÇÕES DE ESTADO

Lula João Santana
Três fatos recentes, desenrolados no coração judicial e repressivo do poder público, desnudam a natureza classista e degenerada do Estado oligárquico.
O primeiro destes eventos foi a prisão preventiva do tesoureiro petista, João Vaccari Neto, por ordem do juiz Sérgio Moro, no curso da Operação Lava Jato.
Além de desnecessária, pois o réu jamais se furtou a atender demandas do inquérito ou obstaculizou seu trâmite, revela-se discricionária. Medidas desse naipe não afetaram a nenhum dos demais tesoureiros de grandes partidos, embora tenham arrecadado doações de valores semelhantes com as mesmas empresas.
O segundo episódio é a investigação tramada pelo Ministério Público do Distrito Federal contra o ex-presidente Lula, em caso de suposto tráfico internacional de influência.
Como é de praxe, a apuração não apresenta qualquer elemento concreto, mas já está difundida por setores da imprensa como fato notório e sabido, em mais uma realização da parceria entre jornalismo de oposição e frações do sistema judicial.
O terceiro capítulo é a suspeição da Polícia Federal sobre pagamentos recebidos oficialmente pelo jornalista João Santana Filho, em contrapartida a serviços prestados na campanha presidencial em Angola.
Apesar da ampla documentação apresentada pelo investigado, profissional responsável pelo marketing na reeleição da presidente Dilma Rousseff, dissemina-se especulação de que seriam verbas de companhias brasileiras envolvidas no escândalo da Petrobrás e destinadas ao pagamento de despesas eleitorais do atual prefeito paulistano, Fernando Haddad.
Estas três situações são apenas retratos atualizados da perversão alojada no Estado.
O Ministério Público, a Polícia Federal, parte da magistratura e outros espaços estão se convertendo em bunkers contra o PT, marcados por abuso de poder e autoritarismo, atropelando leis e direitos constitucionais, a serviço de determinados objetivos políticos.
O que é pior: sob as barbas do próprio partido governante.
Os governos de Lula e  Dilma, em nome de apresentar imagem republicana e evitar críticas de aparelhamento, preveniram quase exclusivamente exageros que seu próprio campo político poderia cometer, concedendo cotas cada vez maiores de autonomia a fortalezas historicamente controladas pelas velhas classes dominantes, sem alterar suas características antidemocráticas.
Afinal, a lógica da conciliação, predominante desde 2003, alimentada por situação parlamentar desfavorável, impunha que a mudança social e econômica não fosse acompanhada pela tentativa de reforma radical das instituições e a substituição de seu comando.
Os inimigos do petismo, beneficiados por este pacto de mão única, tiveram caminho franqueado para abocanhar fatias crescentes dos aparatos de justiça e segurança, assanhadamente partidarizados e coadjuvando estratégia de desestabilização patrocinada por forças conservadoras.
O combate à corrupção, sob a presidência de Lula e Dilma, alcançou patamares jamais vistos na história brasileira, com amplo portfólio de providências legais, administrativas e orçamentárias.
Mas a facilidade de movimento dos grupos reacionários, no interior dos sistemas de coerção, acabou por permitir que se apropriassem deste avanço civilizatório para fabricar campanha permanente contra o PT e seus dirigentes, sempre tabelando com parceiros na mídia corporativa.
Ao não se libertar desta armadilha, o governo silencia diante de malfeito à democracia, agredida por terrorismo judicial nascido nas entranhas do Estado.
A impunidade de policiais federais que faziam abertamente campanha por Aécio Neves, por exemplo, ao mesmo tempo em que lideravam investigações da Operação Lava Jato, serve de estímulo a outros malversadores da função pública.
Talvez o cenário não seja propício a decisões práticas e imediatas que revertam a anomalia. O mínimo que se pode esperar, porém, é que o governo, através do ministro da Justiça, desmascare publicamente manobras que violam preceitos republicanos e ofendem a Constituição.

terça-feira, 3 de março de 2015

Criação da Super Receita coincidiu com abertura de contas no HSBC suíço


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Você tem lido na grande imprensa que os anos de 2006 e 2007 correspondem a um dos períodos de maior abertura de contas de brasileiros no banco HSBC suíço e é esse período que essa imprensa investiga e prega que seja investigado pelas autoridades.

Claro que isso nada tem a ver com o fato de que em 2006/2007 quem governava o Brasil era Lula e em outro período que teve mais abertura de contas, 1997/2002, o governante era Fernando Henrique Cardoso – ou será que tem?

O período de abertura de contas suspeitas nessa instituição é importante porque revela vinculação com momentos da vida nacional que estimularam ou desestimularam a expatriação de capital.

Matérias anteriores deste Blog revelaram que houve 3 picos de abertura de contas no HSBC suíço – em 1988/1991, em 1997/2002 e em 2006/2007. De 1988 a 1991, foram abertas 1387 contas; de 1997 a 2001, foram abertas 317 contas; de 2006 a 2007, foram abertas 207 contas.



Entre esses períodos, houve um período de forte redução de abertura de contas (1992/1996) e outro de fechamento de contas (2003/2005).

Os períodos que a mídia não quer investigar – 1988/1991 e 1997/2002 – poderão ser investigados pela CPI que o PSDB não quer que seja criada no Senado, mas sobre o período que a mídia quer investigar, 2006/2007, vale tentar entender o que pode ter acontecido nesses anos para ter havido essa corrida de brasileiros ao HSBC suíço.

Em 2006, Lula se reelegeu com grande vantagem sobre o tucano Geraldo Alckmin, mas isso não era motivo para uma fuga de capitais, eis que o governo federal que prosseguiria já tinha 4 anos. E em 2007 não houve fatos políticos relevantes que estimulassem essa revoada.

Porém, na esfera fiscal/tributária houve, sim, em 2005, 2006 e 2007 fato que seguramente preocupou quem tinha dinheiro de origem duvidosa.

Uma das razões pela qual Lula é odiado pela elite brasileira reside no forte combate à sonegação fiscal que marcou o seu governo. No âmbito desse combate, fatos como a criação de um sistema de controle de importação e exportação.

Em 2004, através da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal número 455, foi criado o sistema RADAR, que exigia que despachantes aduaneiros das empresas importadoras/exportadoras fossem cadastrados no Sistema de Comércio Exterior da Receita Federal, o Siscomex, mas, para as empresas obterem essa autorização tinham que apresentar certidões comprovando regularidade no pagamento de impostos, entre outras exigências.

O novo sistema de verificação das operações de comércio exterior começou a fazer vítimas. Em 13 de julho de 2005, a Operação Narciso, da Polícia Federal, desbaratou uma quadrilha de contrabandistas que funcionava na Daslu, da empresária Eliana Tranchesi, que empregava a filha do então governador Geraldo Alckmin como “diretora de novos negócios”, apesar da pouca idade.

Naquele ano, Lula continuava apertando os sonegadores. Criou a Super-Receita através da Medida Provisória (MP) nº 258, de 21.07.2005. Contudo, devido ao combate que partidos como PSDB e PFL deram à moralização na arrecadação de impostos, a nova Receita Federal, agora dotada de supercomputadores e novos métodos de fiscalização, funcionou apenas por dois meses porque a MP não foi convertida em lei.

Tecnicamente, a referida MP alterou a denominação da Secretaria da Receita Federal (SRF) para Receita Federal do Brasil (RFB) e transferiu para este órgão competências antes atribuídas à Secretaria da Receita Previdenciária (SRP), quais sejam: a fiscalização, arrecadação, administração e normatização do recolhimento das contribuições sociais para o financiamento da seguridade social (as “contribuições previdenciárias”).

Como a MP não foi adotada, o governo Lula apresentou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) nº 6.272/2005, cujas normas são praticamente idênticas às da MP. O PL foi aprovado na Câmara e tramitou no Senado Federal sob o título de Projeto de Lei da Câmara nº 20/2006.

Em 2006, foram abertas 187 contas no HSBC suíço. Justamente no ano que antecedeu o início das atividades da Super Receita Federal, que passou a funcionar em maio de 2007 e que reduziu drasticamente a sonegação no país.

Este Blog consultou fonte da Receita Federal (fiscal) que afirma que essas contas no HSBC abertas em 2006 “com certeza” pertenceriam a ricaços preocupados com os procedimentos no Legislativo para criação da Super Receita, que diminuiu drasticamente a sonegação no país.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Indústria de mentiras sobre Lula funciona sem parar há 25 anos

Posted by  on 21/02/15
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Todos sabem qual foi a primeira grande mentira pública sobre Lula. No segundo turno da campanha eleitoral à Presidência de 1989, Miriam Cordeiro, ex-namorada do então candidato do PT à Presidência, Lula, apareceu no programa eleitoral de seu adversário, Fernando Collor, para acusar o pai de sua filha Lurian de supostos defeitos morais.


Rapidamente, Lula conseguiu direito de resposta no Tribunal Superior Eleitoral. A eleição em segundo turno ocorreria em poucos dias e não havia tempo a perder.


Porém, já era tarde. Ficara a versão de Lula contra a da ex-mulher. Ela o acusara de ser “racista”, “abortista” e de desprezar a filha que tinham tido, Lurian. O prejuízo eleitoral era insanável.
Lula ainda tentou uma última cartada para desfazer a farsa. A pedido da filha, então adolescente, levou-a ao seu programa eleitoral, porém sem que ela abrisse a boca, o que só faria publicamente muitos anos depois, confirmando tudo o que o pai afirmara sobre a relação dos dois naquele final de 1989.



A menina muda ao lado de Lula não foi tão convincente quanto a verborragia de uma ex-mulher que o odiava e que, além disso, tinha bom$ motivo$ para difamá-lo. Anos mais tarde, em entrevista ao Jornal do Brasil, Miriam Cordeiro revelou que fora paga por Collor para caluniar o pai de sua filha naquele infame programa eleitoral.

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Pulemos um quarto de século. Final de 2014, dezembro. O Jornal O Globo, que apoiara a estratégia eleitoral de Collor contra Lula, em 1989, divulga matéria afirmando que Lula seria dono de um imóvel de luxo no Guaruja, que estaria reformando, apesar de que o ex-presidente nem tinha as chaves.

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Aquela deve ter sido a milionésima mentira assacada contra o ex-presidente da República ao longo de sua carreira política. Mas talvez nem o próprio Lula tenha se dado conta de que aquela mentira era especial, porque fora espalhada no aniversário de 25 anos da primeira grande calúnia que sofreu, a que usou Miriam Cordeiro.
Nem um mês depois, agora na primeira semana de janeiro último, surge outra invenção contra o ex-presidente. Teria um câncer gravíssimo, no pâncreas, onde a cura é extremamente difícil. Ou seja, estaria desenganado. Mais uma vez, ele teve que se mobilizar para desmentir uma invenção.
Mais um mês, mais uma farsa contra Lula. Alguns dirão que talvez seja a pior, mas este que escreve julga que foi apenas a mais bizarra, pois, agora, já se poderia dizer que não falta inventarem mais nada contra ele.

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Sim, Lula, agora, já pode dizer que foi acusado até de ter morrido.
E se quiserem atribuir essa farsa inacreditável ao “submundo da internet”, não rola. 10 dias após a penúltima mentira, a revista Veja não apenas inventou um sobrinho de 3 anos para o petista; também inventou que a festa de aniversário da criança imaginária custaria 220 mil reais e presentearia cada convidado com um I-Pad.

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Há um quarto de século funciona uma infame indústria de calúnias contra Lula. E o que é mais surpreendente é que, de certa forma, os donos dessa indústria são os mesmos de 25 anos atrás, se se considerar que Collor não passou de um títere dos mesmos impérios de comunicação que caluniam Lula sem parar desde 1989.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ATAQUE DO VALOR A LULA PROVA: 2018 JÁ COMEÇOU

 É preciso rememorar o que foi feito da Caixa Econômica Federal no governo do PSDB para se ter a dimensão dos riscos embutidos no atual projeto de abrir seu capital:o país perderá um banco público estratégico, de tamanho só inferior ao do BB e Itaú.


 Alexis Tsipras, candidato do Syriza, que lidera com 29% as pesquisas de intenção de voto nas eleições presidenciais gregas, defende um corte de 50% da dívida externa do país e propõe conferencia europeia sobre o tema; em 1953 um evento similar aliviou o débito da Alemanha, hoje algoz da Grécia.


 Dilma reitera o padrão de reajuste do salário mínimo e confirma a promessa solene na posse: 'Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás'


 O Rubicão das nossas esperanças: no quarto mandato sucessivo do PT no país, Presidenta Dilma comandará aquele que será talvez o mais difícil Rubicão das forças progressistas brasileiras, sob pressões e desafios equivalentes aos enfrentados por Vargas e Jango


 Aquilo que nos devora: R$ 288 bilhões foram gastos com juros da dívida pública em 12 meses até novembro; valor equivale a 97% do déficit fiscal total do período.





terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Ary Fontoura e a arte do senso comum

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"O governo do PT é o pior governo que já passou pelo Brasil. Resta saber para quem. Essa é a pergunta que deixo para Ary Fontoura que, se preferir, pode até interpretar no palco a sua resposta", diz o jornalista Marco Piva; "A liberdade de expressão está garantida na Constituição. Falta agora assegurar a pluralidade de informação. Uma carta com esse pedido especial o ator global poderia enviar para a família Marinho"

Por Marco Piva, na Carta Maior

hoje que artistas mostram suas preferências políticas e, a partir de sua condição pública, dizem coisas mais sérias e ajudam, bem como podem escorregar e não passarem de ventríloquos do senso comum. Parece ser este o caso de Ary Fontoura que pediu, em postagem nas redes sociais, a renúncia de Dilma Roussef. Apesar de deixar claro a que tipo de renúncia se referia, o que faz no final do texto, o ator global desfia uma série de jargões que não fariam feio na boca do mais despolitizado dos brasileiros em conversa de botequim.

Como explicar, então, que uma pessoa com longa vida profissional e a vivência do teatro, local de excelência para o exercício da cultura, faça o papel de reprodutor inocente de frases comuns? Vejamos algumas delas. 

(...) renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados de muitos parlamentares (...) renuncie ao apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo; renuncie aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF; renuncie à falta de planejamento, à economia estagnada; renuncie ao assistencialismo social eleitoreiro; renuncie à falta de saúde pública, de educação, de segurança (Unidade de Polícia Pacificadora não é orgulho para ninguém); renuncie ao desemprego; renuncie à miséria, à pobreza e à fome; renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT”. 

Ao juntar alhos com bugalhos, em nome de uma suposta indignação que teria atingido “200 milhões de brasileiros” pelo quais diz falar, Ary Fontoura perde a grande chance de colocar os pingos nos “is”. O pedido de “renúncia” à falta de vergonha e aos salários elevados de parlamentares, bem como aos parasitas, ao nepotismo e à velha forma de governar, caberiam bem numa ampla e profunda reforma política, expressão que não sai da boca do ator em nenhum momento. Esse tipo de reclamação óbvia continua quando pede a “renúncia” aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF, combinando com a “renúncia” à falta de planejamento, à economia estagnada. Mais uma vez, nenhuma palavra, sequer um miado, sobre a estrutura econômica vigente no Brasil há décadas, há séculos, e que para ser enfrentada exige exatamente um tipo de governo que ele não quer, embora nos anos de chumbo tenha flertado com a rebeldia de esquerda. 

Merecem destaques as “renúncias” ao assistencialismo social eleitoreiro (bolsa-família, é claro), ao desemprego (onde ele vê isso, não sei), à miséria, à pobreza e à fome. Certamente seu olhar não passa do morro do Corcovado ou da ilha da fantasia Projac, onde aluga, como qualquer trabalhador, sua mais-valia às Organizações Globo, o maior conglomerado de comunicação brasileiro e que amealhou bilhões em verbas federais de publicidade entre 2000 e 2013. Cabe aqui, literalmente, a frase que se tornou popular nos discursos do ex-presidente Lula: nunca antes na história desse país se combateu tanto a miséria, a fome, a pobreza e o desemprego. Mas, isso não consta na indignação seletiva de Fontoura.

O “grand finale” vem do seu pedido à Dilma para que renuncie “aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT” e “se permita que a sua história futura seja coerente com o seu passado”. Muito interessante. Dê banho na criança, jogue ela fora junto com a água suja e você terá um ser limpinho e cheiroso. Ou seja, passe uma esponja em tudo o que você acreditou e acredita que esta é a melhor forma de construir o futuro. Claro que ele se refere ao futuro na narrativa da mídia conservadora, da oposição golpista e dos interesses internacionais que não suportam uma soberania brasileira ativa e altiva.

O governo do PT é o pior governo que já passou pelo Brasil. Resta saber para quem. Essa é a pergunta que deixo para Ary Fontoura que, se preferir, pode até interpretar no palco a sua resposta. A liberdade de expressão está garantida na Constituição. Falta agora assegurar a pluralidade de informação. Uma carta com esse pedido especial o ator global poderia enviar para a família Marinho.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Neoliberalismo século XXI?

Emir Sader


 

 

 

 

 

 

 

 

 

O neoliberalismo do século XX foi uma tragédia. Um neoliberalismo do século XXI seria uma nova tragédia e uma farsa.

por Emir Sader

O neoliberalismo surgiu com o diagnóstico de que a economia capitalista deixava de crescer por excesso de regulamentações. “O Estado não é uma solução, é o problema”, não se cansou de proclamar Ronald Reagan. O que seria problema no Estado seria o excesso de limitações à livre circulação do capital. Liberado desses entraves, o capital voltaria a investir, a economia a crescer e todos voltariam a ganhar.

Porem Marx dizia que o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se ele ganha mais na especulação do que na produção, ele se transfere maciçamente para a especulação. Que foi o que aconteceu em escala mundial, fazendo do capital financeiro, na sua forma especulativa, o setor hegemônico no capitalismo, conforme o modelo neoliberal foi se impondo em escala mundial.

Na América Latina, a crítica ao Estado – que abre caminho para o neoliberalismo – se fez em torno da inflação. Ela foi transformada no problema central das nossas sociedades pela propaganda neoliberal, valendo-se de que a crise da dívida de final dos anos 1970 e começo dos anos 1980, acelerou os desequilíbrios econômicos e, com eles, a inflação.

As candidaturas e os governos providenciais que se valiam do combate à inflação voltaram todas suas baterias contra o Estado porque afinal de contas é o Estado quem, com as contas desequilibradas, gasta mais do que arrecada e emite mais moeda do que a criação de riqueza, gerando inflação. Terminar com a inflação a todo custo levou a Carlos Menem, depois de crises de hiperinflação, a decretar a paridade entre o peso e o dólar, como se fosse possível fazê-lo por decreto. Se estancava a hemorragia, mas ao preço de terminar com a vida do paciente, que foi o que aconteceu com a mais grave crise a historia argentina, entre 2001 e 2002, quando explodiu a paridade e o país se viu jogado na miséria.

FHC subiu nessa onda, com seu Plano Real, que lhe permitiu se eleger e reeleger como presidente do combate à inflação. Ele usava um mote com raízes na realidade: a inflação é um imposto aos pobres que, quanto mais avança o mês, mais perdem seu poder aquisitivo, enquanto outros setores se defendem o até ganham com a inflação. E esta havia realmente ficado fora de controle, sem chegar à hiperinflação pelos mecanismos de indexação que existiam na economia brasileira.

Daí veio o sucesso do governo de FHC, sua eleição e reeleição. Porém, nao distribuiu renda, promoveu a desigualdade e a exclusão social, levou à quebra da economia brasileira, transferindo a inflação para dívida pública, que aumentou mais de 10 vezes no seu governo. Assinou três leoninos acordos com o FMI, com todas suas implicações econômicas e sociais, jogando o país numa estagnação profunda e prolongada, de que só saímos no governo Lula.

Este não apenas conseguiu retomar o crescimento econômico, como o fez com distribuição de renda e saída dos endividamentos com o FMI. Se FHC já havia sido derrotado pela incapacidade de eleger seu sucessor, a consagração do modelo levado a cabo por Lula fez da imagem de FHC uma das mais desgastadas no país.

Como é possível que agora o Brasil esteja sob o risco de um novo ciclo neoliberal? Sem ir às discussões dos erros do governo e da esquerda em geral – incluindo os movimentos do campo popular -, é preciso destacar a monstruosa campanha que a mídia monopolista privada desenvolve contra o governo há anos, preparando um cenário como o atual.

Para criar um clima que necessitaria soluções neoliberais – como corte dos salários, elevação do desemprego, redução a um mínimo dos bancos públicos, duro ajuste fiscal – foi necessário criar um pais fictício, em que a inflação de 6% ao ano foi tornada um clichê de “descontrole inflacionário”. Sem este mote seria impossível elaborar o programa de ajuste da direita. Associado ao diagnóstico absurdo de que seria um salario mínimo alto que brecaria a retomada da expansão, fica pronto o cenário para as medidas impopulares que Aécio anuncia.

Da primeira vez, no governo FHC, o neoliberalismo foi uma tragédia. Desta vez seria uma farsa, porque nem sequer o descontrole inflacionário existe. Foi em nome dele que FHC fez os ajustes que levaram ao Estado mínimo, às privatizações, à abertura escancarada da economia ao mercado internacional, a precarização das relações de trabalho, entre outras medidas antipopulares. Agora, nem sequer o detonante – o descontrole inflacionário – existe. Seriam medidas tomadas a frio, contra os salários, contra o nível de emprego, contra os bancos públicos, contra o papel regulador do Estado, contra a política externa soberana, contra a exploração do pré-sal pelos e para os brasileiros.

A crise profunda e prolongada da economia na Europa, no EUA, no Japão ou, aqui mesmo, a situação catastrófica do México, confirmam o que o neoliberalismo pode prometer para os países no século XXI.

O neoliberalismo do século XX foi uma tragédia. Um neoliberalismo do século XXI seria uma nova tragédia e uma farsa.

domingo, 19 de outubro de 2014

Toda geração tem o seu Collor; o da atual, chama-se Aécio


Diversos ramos da família se reuniram em casa no domingão para um churrasco – a filha que reside no exterior está passando uma temporada no país e, querida pela família de A até Z, todos quiseram reencontrá-la. Juntamos umas 30 pessoas.
E, como não poderia deixar de ser, política foi um tema inevitável e árido, mas que soubemos conduzir com civilidade. Ou seja: ninguém brigou por causa de política, apesar da divisão da parentada entre eleitores de Aécio e Dilma – com vantagem para o tucano, pois trata-se de família paulista.
Revi parentes que não encontrava fazia tempo. Uma cunhada, eleitora de Aécio Neves, mostrou-se animada com seu candidato. Pedi-lhe cuidado. Lembrei-a de 1989, quando divergimos fortemente sobre política.
Lembro-me de que, como agora, em 89 a classe média estava extasiada com o Collor de plantão – toda geração tem um Collor, ou seja, um playboy de vida desregrada, conhecido por uso de álcool ou entorpecentes, bonitão, namorador, que usa a imagem de galã de novela mexicana para convencer incautos a votarem em si.
Seja como for, seis meses após a eleição de Collor era mais fácil encontrar um saco de dinheiro no meio da rua do que alguém que admitisse ter votado nele.
Claro que não são todos os Collor de cada geração que chegam perto de conquistar a Presidência, mas a política produz um ou mais deles a cada geração. Mas quando recebem chance de mostrar a que vieram, dão com os burros n’água.
Bem, a cunhada, após um quarto de século, estava toda animadinha com o Collor da vez quando a lembrei do anterior – quem, pouco após assumir, causou um problema gigantesco para a vida dela.
A irmã da minha mulher pareceu tomar um choque. E não foi para menos. O prejuízo que tomou com o confisco da poupança – o qual Collor, em 89, conseguiu convencer o país de que Lula é quem faria se fosse eleito e, ao fim, quem fez foi o candidato do PRN – causou um monte de desastres à vida dela.
A cunhada ficou lívida com a lembrança, e eu surpreso por ela ter se esquecido.
Vendo a oportunidade, ataquei:
– Lembra-se de que lhe avisei no que daria?
– Ah, mas a gente não tinha opção para votar….
– Tinha, sim: Lula
– Lula era opção?
– Por que não seria?
– Ia transformar o Brasil em Cuba.
– Assim como transformou de 2003 a 2010?
Silêncio…
Minha cunhada balançou. Pareceu interessada em que eu lhe explicasse por que deveria votar na Dilma e por que Aécio Neves não passa de um novo Collor.
O fato é que políticas neoliberais serão nefastas para os negócios da cunhada advogada. E como ela não entende patavina de política, mas por estar metida no mundo corporativo desde jovem sempre foi doutrinada contra o PT, parecia fraquejar a cada palavra que lhe dizia.
As semelhanças evidentes entre Aécio e Collor são muitas: ambos playboys no auge de suas carreiras políticas; ambos usuários de suas caras de galã de novela para seduzir eleitores (as); ambos famosos por uso de substâncias pouco ortodoxas; ambos de direita…
Resumo da ópera: consegui anular alguns votos para Aécio no churrasco familiar. A comparação com Collor foi poderosa. Sabe por que, leitor? Porque, para quem viveu a era colorida, tal comparação faz todo sentido do mundo.
*
PS: Os governos Lula e Dilma tinham o PTB de Collor na base aliada do governo. O PTB, porém, deixou a base de Dilma e aderiu a Aécio nesta campanha eleitoral