Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 23 de março de 2012

O grampo falso de Demóstenes com Gilmar Mendes e o verdadeiro com Carlinhos Cachoeira

Os dois grampos do senador

Vamos combinar que o senador Demóstenes Torres (DEM), de Goiás, não deve ser uma conversa boa ao telefone.

Demóstenes foi o interlocutor de Gilmar Mendes, ministro do Supremo, naquele célebre grampo que se transformou num dos grandes escândalos do governo Lula – até que, no finzinho de 2010, quando ninguém prestava atenção nos jornais, a Polícia Federal divulgou o resultado de um inquérito dizendo textualmente que não encontrara um fiapo de prova sequer sobre a realização do grampo.

Ninguém pediu desculpas nem maiores esclarecimentos, embora a confusão tenha produzido a queda de Paulo Lacerda, o diretor geral da ABIN. Numa reação que parecia o prenúncio de uma crise institucional, no auge da denúncia Gilmar Mendes prometeu chamar o presidente Lula “às falas.”.

A novidade está nos grampos que reproduzem diálogos entre Demóstenes e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Com a tranquilidade de quem conversa com um celular vendido em Miami com a garantia de que era à prova de escutas, os diálogos acabaram complicando a situação do senador. Demóstenes é ouvido quando pede para Cachoeira “pagar uma despesa com taxi-aéreo no valor de R$ 3.000.” Também é ouvido transmitindo informações de caráter confidencial sobre reuniões no governo, no Congresso e mesmo no Judiciário.

Considerando o acesso do senador à cúpula dos poderes, pode-se imaginar que eram informações bem valiosas, não é mesmo?

Carlinhos Cachoeira é um personagem eclético das finanças políticas do país. Não custa lembrar que foi gravado quando negociava propinas com Valdomiro Diniz, ligado ao esquema financeiro do PT. Também tem ligações com tucanos e políticos do DEM e do PP.

Não sou moralista e não acho que episódios dessa natureza digam respeito ao caráter das pessoas. (Só acho que os falsos moralistas, que denunciam nos outros aquilo que fazem, deveriam deixar os eleitores mais atentos). O problema não é o bicheiro. É o sistema que está bichado.

A circulação de dinheiro clandestino na política brasileira é uma consequência de um sistema de finanças destinado a alugar os poderes públicos e transformar os políticos em servidores do poder econômico. Pode ser um empresário com todos os papéis em ordem, ou um bicheiro. Enquanto não se mudar esse sistema, teremos episódios desse tipo. O próprio sistema gera suas leis e suas regras de competição.

Não custa aguardar, porém, pelo desfecho deste caso. Há duas semanas os dados sobre Demóstenes foram enviados à Procuradoria Geral da República que ainda não decidiu abrir inquérito. É estranho, quando se recorda da rapidez com que outros casos foram apurados. O grampo falso de Demóstenes com Gilmar Mendes produziu uma crise política, abriu demissões na cúpula do Estado e colocou o governo Lula numa posição defensiva até que tudo fosse esclarecido.

O grampo verdadeiro ainda não levou a nada. Curioso, não?
 
 
Ainda assim temos que parabenizar O Globo: na Folha, Estadão e cia ilimitada ninguém ouviu falar na dupla Demóstenes/Cachoeira.

CONVENÇÃO TUCANA EM SP: VENCE A DESAGREGAÇÃO?



"Caso Serra seja o escolhido nas prévias do PSDB ( de domingo) para concorrer à Prefeitura de São Paulo, será também escolhido o mais novo lema do partido: em time que está perdendo não se mexe. A pior forma de solidão é a companhia de José Serra. É por isso que o PSDB está na iminência de cometer mais um erro político: escolhê-lo como candidato a prefeito de São Paulo. O candidato derrotado por Dilma Rousseff de maneira acachapante não prima por ser um homem partidário. Não custa lembrar o que ele fez na última eleição para prefeito de São Paulo: apoiou um candidato de outro partido, Gilberto Kassab, fazendo tudo para que Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB, fosse derrotado. (...) diante da eleição para governador de Estado em 2014, caso Kassab seja candidato enfrentando Alckmin, o prefeito da capital vai apoiar Kassab. Ele já fez isso uma vez (...) É impressionante que haja tucanos dispostos a apoiar um político que fez isso" (Alberto Carlos Almeida, sociólogo do grupo aecista; em artigo publicado no jornal Valor. LEIA MAIS AQUI)



Em SP, economistas discutem crise global e o novo desenvolvimentismo para o Brasil e o mundo

Grupo de economistas brasileiros e estrangeiros participa de projeto coordenado pelo professor Luiz Carlos Bresser-Pereira, da Fundação Getúlio Vargas. Novo encontro realizado em São Paulo discute as marcas que serão deixadas pela crise global, o que as turbulências do passado ensinam sobre o futuro, e quais relações há entre instabilidade financeira, câmbio e desisdustrialização no Brasil

São Paulo - Diante de uma crise financeira gestada pela desregulamentação neoliberal, que idéias podem oferecer os economistas heterodoxos aos países que sofrem com instabilidade cambial, desemprego, estagnação e desindustrialização?

A busca por respostas a essa questão é o principal objetivo da nova etapa de um ciclo de seminários que reúne economistas, brasileiros e estrangeiros, nesta quinta e sexta-feira na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.
A coordenação dos trabalhos é feita por Luiz Carlos Bresser-Pereira, há anos um crítico da ortodoxia neoliberal e que propõe um novo desenvolvimentismo para o Brasil.

Segundo o economista, coordenador do Centro de Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento da FGV, essa nova etapa desenvolvimentista não deve mais estar baseada na substituição das importações, como ocorreu no início da segunda metade do século XX.

A estratégia de agora seriam taxas moderadas de juros, equilíbrio nas contas externas, abertura comercial com política industrial e crescimento baseado na poupança interna - este último ponto de fundamental diferença em relação à ortodoxia neoliberal, que prega expansão econômica através de poupança externa.

No primeiro encontro já realizado pelos pesquisadores, dez reflexões foram apresentadas sobre o conceito de novo desenvolvimentismo. No segundo, o objetivo era a análise do papel da governança e da regulação financeira para a promoção de uma taxa de câmbio competitiva no Brasil. O terceiro seminário, que acontece agora, concentra-se em três metas.

Primeiro, quais efeitos perenes deixará a crise financeira internacional nas economias global e da América Latina; segundo, o que as crises financeiras do passado vividas pelos latino-americanos ensinam sobre o futuro; terceiro, quais relações existem entre instabilidade financeira, taxa de câmbio e desisdustrialização no Brasil.

Toda a complexidade desse debate teórico já pode ser conhecida em artigos escritos pelos economistas, e que podem ser acessados na página do projeto na internet.

Debates do dia
O economista norte-americano Thomas Palley, que assessorou a central sindical AFL-CIO e hoje conduz em Washington o projeto Economia para Sociedades Democráticas e Abertas, defendeu nesta quinta-feira que a crise global tem sido potencializada por uma falha na "arquitetura do euro".

O problema, segundo ele, estaria na inexistência de uma coordenação européia das finanças do bloco, que relega a cada um dos países boa parte da gestão de suas políticas monetárias e fiscais.

Diante da crise de confiança nos títulos da dívida nacionais, o Banco Central Europeu (BCE) pouco pode fazer. Por isso, Palley devende a criação de uma Autoridade para as Finanças Públicas Européias, que atuaria junto ao BCE na governança bancária do bloco.

Isso seria possível, entre outros pontos, através do impulso a um mercado de títulos públicos europeus, "nos quais não haveria traço da nacionalidade dos países". O BCE atuaria comprando e vendendo esses país, de modo a garantir confiança e liquidez.

Palley criticou medidas contracionistas adotadas pelos países europeus para combater a crise. "Essa esquizofrenia dos policymakers europeus, de combater a crise com austeridade, apenas gera mais turbulências", diz ele. Isso ocorreria por uma razão elementar: com a economia mais fraca, a receita do governo cai, ampliando o déficit.

Concordando com Palley sobre os problemas de governança financeira, sobretudo quanto ao excesso de risco assumido pelo setor bancário, o economista Randall Wray, da Universidade Missouri-Kansas City, alertou que a ajuda financeira dada pelo Tesouro dos Estados Unidos ao mercado financeiro não tem sido feita com nova pactuação sobre governança.

"O sistema continua guiado pelo curto prazo, e a ajuda financeira mantém, senão aumentou, os rendimentos dos altos executivos do setor bancário", afirma ele, nominando empresas como Goldman, Bank of America, Citigroup, and JPMorgan-Chase.

Diante disso, Wray defende que a ajuda esteja condicionada à supervisão plena da autoridade monetária no banco que receber os recursos, além de que empréstimos públicos sejam vinculados "às melhores garantias".

Wray e Palley foram apenas dois dos economistas que têm traçado novas rotas para as finanças globais. O grupo ao qual eles pertencem aposta no aprofundamento da produção teórica como forma de combate à ortodoxia - para eles, frágil na teoria e cada vez mais ineficiente na prática.

POR QUE (BRINDEIRO) GURGEL, não investigou Demóstenes ?


Saiu no Globo outra estrepolia do Varão de Plutarco, Demóstenes Torres, na pág 9:

PF: Demóstenes pediu R$ 3 mil a Carlinhos Cachoeira para pagar um taxi aéreo.


(Por falar nisso, quem pagou os R$ 80 mil para o Cerra ir ao Acre ?)

Além desse favorzinho, o Senador Demóstenes, aquele do grampo sem áudio com Gilmar Dantas (*), passava informações confidenciais – do Executivo e Legislativo – ao contraventor.

Até aí, nada de novo.

O importante, na opinião deste ansioso blogueiro, é outra informação do Globo:

“Relatório com as gravações e outros indícios foi enviado à Procuradoria Geral da República, mas o chefe da instituição, (brindeiro – PHA) Roberto Gurgel, não tomou qualquer providência para esclarecer o caso”.

Que feio, hein, amigo navegante ?

E o brindeiro Gurgel, o que terá feito dos exemplares da Privataria Tucana que o Edu Guimarães mandou pra ele ?

Vai se coçar ?

O Procurador procura, amigo navegante ?

Em tempo: acompanhe no Blog do Protógenes quem já assinou a CPI do Cachoeira (eram necessariss 171 – êpa ! – assinaturas):




http://blogdoprotogenes.com.br/


Paulo Henrique Amorim
(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.

O segredo do Sgt. Bales e um impasse afegão

19/3/2012, M K Bhadrakumar, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/NC20Df04.html
Apesar de Washington repetir e repetir que a matança em Kandahar, há uma semana, foi resultado de um “surto”, de alguém “aparentemente descompensado” ou “provavelmente desequilibrado”, o povo afegão acredita nas provas reunidas por seus parlamentares, segundo as quais entre 15 e 20 soldados dos EUA participaram dos crimes. O presidente do Afeganistão Hamid Karzai também concordou: a versão dos EUA “não é convincente”.

E dentro do establishment militar afegão predominará a opinião exposta publicamente pelo comandante do estado-maior do exército afegão, Sher Mohammad Karimi, que condenou os soldados dos EUA. O tenente-general Karimi, que visitou a cena do crime, disse que acontecera massacre premeditado consumado por vários soldados norte-americanos.

Com tudo isso, torna-se altamente problemática a assinatura de um tratado estratégico entre Washington e Kabul, prevista para acontecer antes da reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN, em Chicago, em maio. Washington espera que Karzai assine na linha pontilhada antes de maio; e Karzai sabe que seu futuro político depende de seu desempenho.

Bernard-Henri Lévy
Em comentário surpreendente, publicado semana passada, o influente criador de casos Bernard-Henri Lévy já disse, em tom de ameaça, que a comunidade internacional jamais deveria ter-se tornado “cegamente dependente do governo corrupto de Hamid Karzai”.[1]

Fazendo eco às ideias de vários comandantes norte-americanos, Henri Lévy pôs-se a criticar furiosamente a retirada planejada para 2014, como “admissão de fracasso e impotência”. Mas disse que prolongar a presença militar além de 2014 também seria difícil, “considerando-se o custo humano”. Assim sendo, a única via possível seria “ficar e sair” – quer dizer: retirar as tropas de combate, “mas deixar lá as bases militares e os instrutores.”

Lévy tem a solução: “Admitir que o Afeganistão não pode ser reduzido (...) a um confronto desesperado entre assassinos Talibã e os membros corruptos do governo Karzai (...). Em Cabul (...) estão também os herdeiros de [o falecido comandante da Aliança do Norte, Ahmad Shah] Massoud. E antes talvez de retirarmos a escada, talvez seja aconselhável aproximar-se dele, numa última tentativa, numa derradeira operação.”

Barack Obama

Karzai mais uma vez volta a ser tratado como se seu sucessor potencial já estivesse pronto e paramentado, à espera, na sala ao lado. O ponto é que, ao longo de uma sequência macabra de eventos ao longo das últimas seis, oito semanas – soldados dos EUA que urinam sobre cadáveres dos Talibã, queimam livros do Corão, massacram civis –, a meta sempre presente é conseguir que Karzai assine um pacto estratégico, que garanta presença militar norte-americana de longo prazo no Afeganistão.

Na 3ª-feira passada, o presidente Barack Obama dos EUA disse, em conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro britânico David Cameron, que Karzai ouvira claramente o que tinha de ouvir.

Mas, depois de Panjwayi, já nada pode continuar reduzido a uma batalha de objetivos, só entre Obama e Karzai.

Moscou entra em cena

Em entrevista exclusiva de 30 minutos, a um canal da televisão afegã, ontem à noite[2], o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, repetiu, nem duas nem três, mas quatro vezes, que a Rússia espera um Afeganistão “neutro” – palavra em código para dizer “sem presença militar estrangeira”.

A política russa está andando por duas trilhas. Uma, Moscou espera trabalhar bem próxima de Karzai. “Diferentes de outros [quer dizer “Washington”], nós não ordenamos ao governo [de Cabul] como construir o processo de reconciliação nacional. Sabemos que, além de pashtuns, há uzbeques, tadjiques, hazaras. Todos esses devem encontrar seu caminho até o sistema político, para que se sintam incluídos, não isolados, no processo. Esse é o princípio geral; como aplicá-lo na prática, não cabe aos russos dizer às autoridades afegãs”.

Por outro lado, Lavrov questionou a ideia de que o governo Obama ou a OTAN possam decidir unilateralmente sobre questão de “transição” ou de “fim da missão de combate”.

Exigiu que a Força Internacional de Assistência à Segurança [orig. International Security Assistance Force (ISAF)] demonstre ao Conselho de Segurança da ONU que cumpriu a missão que lhe foi atribuída, antes, evidentemente, de falar sobre retirada dos soldados de EUA e OTAN sem prestar qualquer satisfação à ONU sobre o resultado de sua missão no Afeganistão.

Lavrov destacou que há contradição fundamental na posição dos EUA: de um lado, (1) Washington assume que, sim, a ISAF teria cumprido a missão que recebeu da ONU e diz que retirará os soldados; de outro lado, (2) Washington continua a discutir com Kabul, “muito empenhadamente, o estabelecimento de quatro ou cinco bases militares no mesmo espaço de onde ‘retira’ os soldados, para o período pós-2014.”

Falando firme, Lavrov demarcou o quadro geral:

“Não se entende por que isso deva ser encaminhado desse modo, porque, se você precisa de presença militar, é sinal de que o mandado do Conselho de Segurança ainda não foi satisfatoriamente cumprido. Se você não quer cumprir o mandado do Conselho de Segurança, ou se supõe que o mandato já foi cumprido... para que seriam necessárias as bases militares? Não me parece que haja aí qualquer lógica. Acho também que o território afegão não deve ser usado para implantar espaços militarizados, que evidentemente preocuparão outros povos.

“Não vejo que lógica haveria em supor que, em 2014, o mandado do Conselho de Segurança possa ser dado por cumprido... se ainda for necessário haver lá muitos soldados, dentro das bases militares. Não se entende que finalidade teriam as tais bases militares e, além disso, os EUA estão em contato com países da Ásia Central, pedindo que autorizem presença militar de longo prazo. NÓS [a Rússia] queremos entender o motivo disso tudo, por que as tais bases seriam necessárias. Não acreditamos que esse grande número de bases militares contribua para a estabilidade da região.”

Para Lavrov:

(1) O terrorismo não foi derrotado, no Afeganistão;

(2) Os terroristas estão sendo “empurrados” para regiões mais ao norte em relação aos pontos onde estão sendo infiltrados, “na direção de países vizinhos da Federação Russa na Ásia Central; e não se pode dizer que contribuam para aumentar a estabilidade nessa região”;

(3) As Forças Internacionais de Assistência, ISAF, estão usando para isso a chamada “Rede Norte de Distribuição”. E “nós [a Rússia] acreditamos que essa é nossa contribuição para que seja cumprido o mandado que as ISAF receberam do Conselho de Segurança da ONU. Assim sendo, “temos o direito de exigir” que as ISAF cumpram realmente a missão para a qual foram mandadas para lá, antes de as ISAF declararem, unilateralmente, que alguma “missão de combate” estaria cumprida.

O que Moscou está fazendo é declarar que o governo Obama já não pode ditar a trajetória dessa guerra. A entrevista de Lavrov foi cuidadosamente agendada: essa semana, o Conselho de Segurança da ONU examinará o mandado que deu às ISAF, para avaliar os resultados.

Moscou está acrescentando o Afeganistão à litania de questões em relação às quais adotará abordagem “muscular” – além do sistema de mísseis de defesa que os EUA planejam, da Síria e do Irã. Semana passada, Moscou anunciou que poderia oferecer à OTAN uma base militar em Ulyanovsk, no Volga, para ser usada como armazém temporário de trânsito ferroviário de suprimentos para os exércitos da OTAN-EUA.

Dempsey, comandante do Estado-maior das Forças Armadas dos EUA

O oferecimento dos russos mete o Pentágono e a OTAN num dilema. Do ponto de vista logístico, seria assegurar uma linha vital de suprimentos; mas do ponto de vista geopolítico, Washington ainda tentou considerar a única alternativa que restava. A alternativa era voltar a discutir com o Paquistão, tentando conseguir a reabertura de duas estradas cujo trânsito está fechado. Isso, exatamente, é o que o Comandante do Estado-maior dos EUA, Martin Dempsey acaba de fazer.

Dempsey disse, em entrevista ao “Charlie Rose Show” dia 16/3,[3] que Washington está em contato “diretamente” e “privadamente” com Rawalpindi e que “estou pessoalmente otimista, que podemos reset as relações, de modo que atenda às necessidades dos dois lados.” Mencionou o general Ashfaq Kayani, comandante do exército paquistanês, com o qual teria tido “conversas absolutamente francas, sinceras”. Kayani disse que “fará o que puder”.

Dempsey chegou a jogar até “a carta da Índia”. Disse que o principal desafio para os EUA seria conseguir que os militares paquistaneses cedessem na certeza, enraizada entre eles, de que a Índia é “grande ameaça existencial contra o Paquistão”. (O general nada disse sobre o que Washington planeja fazer para espantar os medos paquistaneses.)

Bem visivelmente, vários modelos sobrepõem-se essa semana. A Rússia planeja jogar a luva e desafiar a estratégia de Washington para o Afeganistão, no momento da avaliação/renovação, essa semana, do mandado que as ISAF-EUA obtiveram do Conselho de Segurança. Os EUA, por sua vez, esperam ansiosamente algum resultado positivo das eleições parlamentares em Islamabad, que leve o Paquistão a reassumir a parceria de sempre com os EUA. E enquanto isso, um terceiro vetor gira, pendurado no ar: a fúria dos afegãos contra o massacre de Panjwayi.

O melhor que pode acontecer é que os afegãos engulam a versão “Sargento Bales”. Bales permanece preso, confinado em cela solitária, no Fort Leavenworth, no Kansas. Por curiosa ironia, exatamente ali, naquele forte, os dois generais, Dempsey e Kayani, foram colegas de classe, na Escola de Estudos Militares Avançados – onde estudaram Teatro de Operações.

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[1] 13/3/2012, Huffington Post, Bernard-Henri Lévy, “In Afghanistan, Between Plague and Cholera, There's Dr. Abdullah”, em http://www.huffingtonpost.com/bernardhenri-levy/afghanistan-abdullah-abdullah_b_1341268.html

Anonymous: “O objetivo de qualquer insurreição é tornar-se irreversível...”


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De: Your Anonymous News

Data: 18/3/2012

Traduzido e enviado pelo pessoal da Vila Vudu

Da “Cruz Negra Anarquista”/American Black Cross Federation (ABCF), em apoio aos prisioneiros políticos e prisioneiros de guerra, nos EUA e em todo o mundo. O grupo trabalha no campo pelo qual a Anistia Internacional não se interessa. A Anistia Internacional se ocupa de prisioneiros de consciência e não defende os acusados de promover atos violentos. A ABCF apoia abertamente os que cometeram atos ilegais com objetivos revolucionários, que os anarquistas consideram legítimos.

“Enquanto houver um operário, estou com ele.
Enquanto houver um criminoso, estou na luta.
E se ainda há um operário preso em alguma prisão,
então não sou livre”.
Eugene Victor “Gene” Debs (1855-1926)

“O objetivo de qualquer insurreição é tornar-se irreversível. A insurreição torna-se irreversível quando derrota ambos: a autoridade e a necessidade da autoridade, a propriedade e o prazer da apropriação, a hegemonia e o desejo de hegemonia. Por isso o processo insurrecional carrega nele ou a forma de sua vitória ou a forma de sua derrota. Destruir jamais bastou para tornar as coisas irreversíveis. Há modos de destruição que infalivelmente provocam a volta do que foi destruído”.

O Comitê Invisível, Your Anon News, 18/3/2012

http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/03/anonymous-o-objetivo-de-qualquer.html

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Desemprego ainda é grande problema de EUA e Europa, diz Ipea



Levantamento feito pelo instituto aponta o desemprego como a principal consequência da crise de 2008 para Estados Unidos e Europa. Estudo revela as diferentes performances destes países na geração de empregos e destaca que, especialmente na Europa, saem melhor da crise os Estados que mais mantem a proteção ao trabalho e ao trabalhador.

Brasília - O comunicado “Evolução do mercado de trabalho nos EUA e Europa em decorrência da crise econômica”, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira (22), aponta o desemprego como a principal consequência da crise de 2008 para os países situados no centro capitalista.

Na Europa, o estudo divide os impactos por regiões. Enquanto os países do Norte e do Leste apresentam um padrão de estabilização tendendo à melhora, os países do Sul do continente, aos quais se soma a Irlanda, vivem uma situação dramática.

Nestes países verifica-se um aumento ininterrupto do desemprego entre 2008 e 2011, quando o índice saiu de 8,4% - relativo à População Economicamente Ativa (PEA) - para 15,1%. As taxas mais dramáticas são da Espanha, 21,7%, da Grécia, 17,4% e da Irlanda, 14,4%.

No leste europeu o desemprego chegou a 11,1% em 2010, mas caiu para 9,6% no final de 2011, índice ainda bem acima dos 6,9% pré-crise.

No norte, o desemprego aumentou de maneira menos crítica, saindo dos 5,2% em 2008 para 6,8% em 2011.

Fato interessante é que em toda a Europa, ao contrário da maior parte do mundo, não há diferenças expressivas em termos de taxas entre homens e mulheres. “A grande clivagem na Europa é entre gerações. As taxas dos jovens [de 15 a 24 anos] são mais do que o dobro das verificadas no conjunto da população, chegando a mais de 40% na Espanha”, afirma o pesquisador do Ipea, André Campos.

Estados Unidos
Nos Estados Unidos, a saída da crise de 2008 se deu do primeiro para o segundo semestre de 2009, quando o PIB do país voltou a crescer, atingindo os patamares pré-crise em 2011. Entretanto, “esse crescimento é ainda muito frágil por estar calcado em bases muito desiguais. A taxa de desemprego está caindo muito gradualmente, mas se encontra muito acima do que em 2008”, adverte o pesquisador do Ipea.

O estudo mostra que, nos últimos 12 meses, 1,7 milhão de novos empregos não agrícolas foram criados nos EUA, chegando a um total de 132,4 milhões de pessoas nestes postos. Porém, o número é bem inferior aos 138 milhões do início de 2008. Em janeiro deste ano, o país registrou em 15,2% a taxa de desemprego total, que adiciona os trabalhadores em tempo parcial e aqueles marginalmente ligados à PEA.

O documento também alerta para a severidade do desemprego estadunidense. Em janeiro de 2012, cerca de 42% dos desempregados estavam procurando emprego há mais de 6 meses, taxa muito acima de 2007, quando se situava entre 15 e 20%. “É um ponto particularmente tenso, porque o seguro-desemprego normalmente só cobre 26 semanas; legislações aprovadas durante a crise estenderam tal período para 99 semanas, e a sua renovação está em discussão neste momento”, conclui o Ipea.

Importância do Estado
“Os Estados que estão conseguindo manter as políticas do welfare state conseguem sair da crise na frente porque conseguem manter a demanda interna”, concluiu Campos.

Diante da crise econômica mundial, o pesquisador disse que os países centrais, sobretudo os europeus, veem a queda da demanda externa diminuir os postos de trabalho em sua agropecuária, indústria e construção, tornando o setor de serviços - portanto a demanda interna - o principal polo de geração de empregos, um fato inédito. “Verificamos que a saída [da crise pelos países centrais] continua calcada no consumo pelas famílias. Os Estados em que há um desmonte das políticas de regulação e proteção laboral, da remuneração, uma nova rodada de flexibilizações dos contratos e das condições de trabalho, etc, não se encontram em condições de adotar essa saída. Isso só corrobora que o consumo das famílias é cada vez menos”, concluiu.

Empresários com Dilma. Classe C foi junto



Saiu no Valor notícia do encontro da Presidenta Dilma Rousseff com 28 empresários:

Dílma se reúne com 28 empresários

Participaram do encontro os ministros Guido Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), além do presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

Representando o setor empresarial,  presidente da Câmara de Gestão do governo, Jorge Gerdau, do Grupo Gerdau; Luiz Trabuco e Lázaro Brandão, do Bradesco; Roberto Setúbal, do Itaú; Frederico Curado, da Embraer; Murilo Ferreira, da Vale; José Martins, da MarcoPolo; Joesley Batista, da JBS-Friboi; André Esteves, do BTG Pactual; Josué Gomes, da Coteminas; Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez; Marcelo Odebrecht, do grupo Odebrecht; Luiz Nascimento, da Camargo Corrêa; Cledorvino Belini, da Fiat; Pedro Passos, da Natura; Eike Batista, da EBX; Alberto Borges, da Caramuru; Amarílio Proença, da J. Macedo; Carlos Sanchez, da EMS; Ivo Rosset, do grupo Rosset; João Castro Neves, da Ambev; Luiza Trajano, do Magazine Luiza; Antônio Carlos da Silva, do grupo Simões; Daniel Feffer, da Suzano; Ricardo Steinbruch, da Vicunha Têxtil; Paulo Tigre, representante da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs); Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); e Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).


O Valor já tinha noticiado:

Fazenda prepara desoneração para próxima semana

Por João Villaverde e Lucas Marchesini | De Brasília

BRASÍLIA – O Ministério da Fazenda deve anunciar na semana que vem a desoneração da folha de pagamentos para os fabricantes de máquinas e equipamentos, autopeças, têxtil, móvel, aeroespacial (basicamente Embraer), e a indústria naval. Estes setores devem ter zerada a contribuição ao INSS de 20% que incide sobre a folha de pagamentos, que passará a ser substituída por uma alíquota de 1% sobre o faturamento bruto. As exportações estarão isentas da nova contribuição.

(…)

Clique aqui para ler também: “Governo vai reforçar medidas de apoio a indústria.”
Clique aqui para ver a reação de empresários.

Clique aqui para ver Guido Mantega falar da redução da carga fiscal para empresas.



A certa altura do encontro de três horas, Roberto Setúbal tocou uma nota desafinada.
Reclamou: estamos no limite do endividamento da pessoa física !
Luiza Trajano, do Magazine Luiza, não concordou.
Falou da vertiginosa ascensão da Classe C – clique aqui para ler – que, hoje, chega a 54% da população, enquanto a renda do trabalhador brasileiro, segundo o IBGE bate record.
Trajano observou que seria importante levar em conta o que significa endividar-se para as pessoas que, agora, compram bens de consumo.
É muito importante comprar e continuar a comprar – e, portanto, pagar em dia.
Pagar a prestação é um compromisso muito sério para elas, ponderou Trajano.
Trajano lembrou que, hoje, 42% das famílias brasileiras tem máquina de lavar.
Trabuco do Bradesco – Lazaro Brandão também foi – foi um dos que demonstrou estar bastante sensível para essa nova realidade da Classe C.
A Presidenta e os ministros insistiram em que farão tudo para reduzir custos do empresário brasileiro, através da redução de tributos.
Ela, Mantega e Pimentel mencionaram a desoneração de tributos e disse que fariam diferente da Europa – aqui, o alívio aos empresários não será à custa dos direitos trabalhistas.
A Presidenta lembrou que semana passada esteve com líderes sindicais.
A atitude dos empresários foi all business.
Resolver problemas.
Marcelo Odebrecht quer acelerar a redução do ICMS para a importação de equipamentos.
E se dispõe a ir ao Congreso, com o Governo, lutar por isso.
Batista, da Friboi, idem: o que dá para fazer ?
Eike Batista era um dos mais entusiasmados.
Gerdau falou em gestão para reduzir custos.
Claro que se falou de câmbio.
O Governo prometeu fazer o que for possível para segurar a valorização do Real – o que for possível.
Não pareceu haver ali quem quisesse reinventar a roda.
Ficou combinado que haverá novas reuniões com a mesma agenda: resolver problemas para investir.
Os convites foram feitos pelo Ministério da Fazenda.
Seria recomendável – na opinião de um dos presentes – que, na próxima reunião, Paulo Skaf, presidente da FIE P (*), não fosse convidado.
Porque ele não é cobra nem peixe.
Nem empresário nem político.
Sem representatividade.
E faz um discurso que repete há vinte anos – e não vai a lugar nenhum
E que só faz tirar a discussão do trilho.
Paulo Henrique Amorim


Como resolver os problemas ?

(*) O Conversa Afiada prefere chamar de FIE P, porque Paulo Skaf liderou uma campanha – com o apoio irrestrito de Fernando Henrique – para tirar o remédio da boca das crianças e acabar com a CPMF. A CPMF, como se sabe, dificultava o emprego do Caixa Dois, que, em São Paulo, se chama de “barrani”.