Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Discurso duplo sobre organização da Copa irá desmascarar Aécio Neves



Uma das perguntas “difíceis” que o candidato Aécio Neves terá que responder durante a campanha eleitoral, é a seguinte: afinal de contas, a organização da Copa do Mundo de 2014 é ou não é responsabilidade de Dilma Rousseff?

Segundo o candidato a presidente Aécio Neves, as obras da Copa só seriam responsabilidade da adversária petista se, como ele previu, o evento tivesse sido um fiasco no quesito organização. Ao ter sido um sucesso, o tucano agora diz que o mérito é “do povo”.

Aécio e seu partido não podem apagar o que disseram. A Folha de São Paulo de 22 de fevereiro deste ano, por exemplo, reproduziu alegação do senador tucano de que o governo Dilma era responsável pelos “atrasos nas obras de mobilidade urbana para a Copa”.

Contudo, junho chegou e, com ele, a Copa. Não houve fiasco. Muito pelo contrário: o Brasil e o mundo se espantaram com a boa organização de um evento que, durante anos, todos ouviram dizer que fracassaria devido à organização. Por conta disso, Dilma subiu nas pesquisas.

Aécio não falou sozinho sobre a responsabilidade de Dilma na organização da Copa. Por anos, mídia e oposição, em conluio, responsabilizaram o governo federal pelo que viesse a ocorrer durante o evento, em termos de organização.

Como foi dito anteriormente nesta página, essa gente não respeita o povo; julga-o incapaz de pensar e de sequer se lembrar de fatos recentíssimos. É uma aposta alta, como se verá logo adiante.

Agora, Aécio e os órgãos de imprensa que o apoiam tentam confundir a organização da Copa com o resultado devastador que a Seleção brasileira obteve em campo. Capa do jornal O Estado de São Paulo de 10 de julho último afirma, na caradura, que Dilma “tenta” se “descolar” do “fracasso” da Seleção.



Como assim, “Dilma tenta se descolar”? Quer dizer que a presidente da República está “colada” ao “fracasso” da Seleção? Ela, por acaso, é a treinadora da equipe? Foi ela quem escolheu o treinador? Foi ela quem escolheu a direção da CBF?

Matéria do mesmo Estadão afirma, já no título, que “Tucanos avaliam que derrota na Copa anula discurso de petista” – ou seja, de Dilma. Segundo o texto, “Comitê de Aécio acredita que Dilma não poderá mais explorar Mundial” e quer que o “Sucesso extracampo” do evento seja “atribuído ao povo”.

Vamos esmiuçar a expressão “sucesso extracampo”. Significa, por óbvio, sucesso fora do campo. Que sucesso existe “fora do campo”? A organização do evento, claro.

Muito bem: então, pelo menos, Aécio e seu partido já admitem que a organização da Copa, que tanto criticaram, é um sucesso.

A grande pergunta que precisa ser feita ao candidato tucano, portanto, é a seguinte: como essa organização pode ser atribuída agora ao povo se até há pouco o mesmo candidato e seu partido atribuíam ao governo?
A péssima estratégia de Aécio foi comprada pela mídia tucana, que aumentou a aposta. Nesta sexta-feira, outro jornal apoiador de Aécio (a Folha) levou seu discurso torto à primeira página, em manchete principal.



Aécio critica uso da Copa? Sim, critica. Refere-se à organização do evento, pois Dilma tem dito que os pessimistas que previram “caos” agora têm que aplaudir. Mas quando ele disse que haveria esse “caos”, não fez “uso” da Copa?

Esse discurso duplo de Aécio é um suicídio político, mas só se a campanha de Dilma expuser essa contradição. Infelizmente, apesar de o ministro Gilberto Carvalho ter manifestado seu repúdio à cara-de-pau do candidato tucano, não houve uma declaração precisa sobre o que Aécio dizia antes e o que diz agora sobre a organização da Copa.

Contudo, a campanha eleitoral está só começando e os fatos estão amplamente registrados.
É óbvio que essa contradição do candidato tucano a presidente será levantada. Como ele irá explicar que a organização da Copa era responsabilidade de Dilma quando diziam que o evento fracassaria e deixou de ser quando, segundo os tucanos, tornou-se um “sucesso”?

A menos que a campanha de Dilma resolva colaborar com o adversário e deixe de expor o discurso duplo de Aécio sobre a organização da Copa, ele ficará em uma bela sinuca – não terá como responder à questão que este Blog propõe.

A direita é prisioneira de seu próprio ódio


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Quando parte da torcida de convidados, socialites e gente em condições de pagar um bom dinheiro pelo ingresso – e todos tinham o direito de estar lá – xingaram grosseiramente a presidenta Dilma Rousseff, um impulso incontrolável fez Aécio se solidarizar com a estupidez, para depois voltar atrás, advertido pelos marqueteiros de que “pegava mal”.

Pegou, todos sabem.


Agora, parece que essa força estranha o leva à mesma atitude.

Governo Dilma pagará por tentar se apropriar da Copa, diz Aécio Neves“, noticia a Folha.

Claro que não é um problema pessoal do candidato tucano, de natureza uma pessoa afável, em condições normais.

Mas Aécio está, mais que nunca, incorporado pela mente coletiva da direita brasileira, que desde a UDN sente “saudades prévias” de um país formado por ilhas de elite e um oceano de excluídos.

O que se traduz, na prática, em ilhas de “modernidade” e um oceano de atraso, o que é, em si, a negação do papel a que o Brasil pode –  não apenas pode mas, necessariamente deve – assumir de grande nação.
Por isso, para estas mentes é impossível entender o Brasil como um ente coletivo, que pertence a todos – indistintamente – e onde, por consequência, os desafios e as conquistas pertencem a todos.

E, claro, também as derrotas.

A Copa, para eles, só era de todos quando foram badalar a conquista de sua realização, em 2007.

Depois, quando vieram as dificuldades, os problemas, os atrasos e, sobretudo, os protestos, ela passou a ser “do Governo Dilma”.

De todos era só o time do Felipão, unanimidade nacional.

Justamente quem perdeu de 7 a 1 o jogo, numa Copa, salvo detalhes, impecavelmente bem organizada.

Ninguém hesitou em “apropriar” ao governo os atrasos e preços de obras sob a responsabilidade de governos estaduais, muitos deles sob a responsabilidade de governantes do PSDB.

Mal disfarçavam, nos discursos e nos “mercados” financeiros, sua esperança num fracasso que nos desmoralizasse como país organizado e capaz.

E desta Copa, como país, saímos assim, embora muito deprimidos – sim, esta é a palavra, e não humilhação – pela derrota inédita em campo.

E nele, e apenas nele, perdemos feio, como não podemos perder por nossas qualidades.

Por isso que a direita brasileira – sim, é ela – quem tenta, da forma mais torpe, se apropriar da frustração com um resultado de jogo de futebol para transferi-la para a política, como faz agora.

Ela não se contém, porque odeia a ideia de um Brasil só, que joga, perde e ganha junto.

Como ganhamos e perdemos, no campo, todos juntos.

E como ganhamos e perdemos na vida, na imensa vida, fora do campo.

Este ódio arrasta seus porta-vozes à insanidade de se tornarem urubus pós-Copa como foram urubus pré-Copa.

O povo brasileiro não está com ódio, está triste. Muito triste.

Quem tem ódio é uma elite que não hesita tentar se apropriar da  tristeza do povo para que esqueçamos que o futuro é adiante, não para trás.

E o resultado disso, creiam, não é diferente do que teve o  ”vai tomar no c…” vip do jogo de abertura.

O Brasil do povão, embora eles creiam e façam o possível para que seja o contrário, é um país civilizado.

Apesar dos sentimentos selvagens desta gente, que é incapaz de sentir por este povo até mesmo o  que sente  um americano, o jornalista Matthew Futterman, do Wall Street Journal, reproduzido no Diário do Centro do Mundo.

“(…)não compre a história de que esta perda vai deixar alguma cicatriz indelével em um país tentando desesperadamente prosperar em uma série de áreas que não têm nada a ver com futebol. Essa ideia é um pouco humilhante para os brasileiros, que são a coleção de almas mais acolhedoras com que eu me deparei.”

É por isso que as almas mesquinhas e odiosas, Matthew, vão perder feio na disputa pelo coração dos brasileiros.

Porque têm a natureza do escorpião e morrem de seu próprio veneno.