Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Políticos insuflam comemoração de chacinas em presídios

criminosos

Energúmenos de todas as idades, estratos sociais e regiões do país chamam de “politicamente correto” o que é, tão-somente, comportamento civilizado. Essa guerra contra o comportamento civilizado vem surpreendendo os setores civilizados da sociedade.
Desse combate que esse tipo de gente vem dando têm decorrido atitudes assustadoras como a do homem que, bradando contra o “politicamente correto” e os “direitos humanos”, pôs fim às vidas de sua esposa, filho e mais 10 pessoas.
Os entusiastas do “politicamente incorreto” agridem (verbal ou fisicamente) as mulheres, os homossexuais e os nordestinos; pedem volta da ditadura militar e o fim da defesa de “direitos humanos”; defendem execuções sumárias e chacinas de infratores da lei – contanto que sejam pobres.
Os machões e as machistas sem sensibilidade social e preconceituosos estão virando quase um modelo de comportamento.
Até as manifestações de 2013, pensava-se que extremistas de direita estavam restritos a pessoas idosas, de alto poder econômico que se isolaram a partir do fim da ditadura militar. Nos últimos três anos, porém, descobrimos legiões de jovens que flertam com o nazifascismo. Muitos, de origem pobre.
Extremistas de direita que querem volta da ditadura, chacinas em presídios, execuções sumárias de “bandidos” sem nem julgamento podem ser encontrados até entre minorias que deveriam lutar contra toda forma de discriminação e violência contra grupos, como é o caso de homossexuais, ou mesmo entre maiorias como a dos afrodescendentes, que constituem mais da metade da população brasileira.
Os recentes episódios de chacinas em presídios nos oferecem uma dica sobre o que está fazendo ascender esse comportamento incivilizado, selvagem dos que, entre um culto religioso e outro, renegam todos os principais mais elementares do cristianismo, tais como piedade, generosidade, amor ao próximo, caridade, respeito à vida etc.
O que diriam esses pseudorreligiosos de extrema-direita sobre Jesus Cristo ter perdoado um homem (crucificado ao seu lado) que matou e roubou durante a vida? Se o “filho de Deus” vivesse nos dias de hoje, por “defender bandido” seria tachado de “petralha”.
Porém, quem lidera hoje no Brasil a selvageria, as pregações de ódio, de preconceito, de violência policial e carcerária são os grupos religiosos mais fanatizados. Quanto mais religioso, atualmente, maior é a intolerância com a diferença e o desejo de ver atrocidades como chacinas ocorrerem com aqueles que o cristianismo manda perdoar.
Mas de onde vêm essas aberrações? Por que, do nada, começaram a aparecer pessoas capazes de comemorar chacinas de seres humanos, por exemplo?
Esses recentes episódios de chacinas em presídios permitiram ver quem são os propagadores dessa mentalidade.
Na primeira semana de 2017, uma centena de encarcerados – muitos dos quais sequer foram julgados ainda – foi trucidada das formas mais cruéis que se possa conceber. A começar pelos de Manaus.
O que se esperaria do responsável maior pela segurança pública daquele Estado, o governador José Melo (PROS-AM), seria que manifestasse tristeza pela tragédia e se solidarizasse com as famílias dos detentos, as quais, obviamente, não cometeram crime algum.
A atitude do governador foi digna desses moleques que ficam barbarizando nas redes sociais. “Não havia nenhum santo entre os mortos nessa rebelião”, afirmou o chefe do Executivo amazonense, supostamente o líder político de um Estado da Federação.
Como o governador do Amazonas sabe que não havia inocentes entre os presos chacinados se grande parte deles sequer havia tido julgamento?
Mas a postura irresponsável desse governador foi só o aperitivo do que viria. E quando o assunto é ignorância, truculência, insensibilidade, não pode faltar a opinião de Jair Bolsonaro, que desponta como candidato competitivo à Presidência da República.
Para quem não tem conta no Facebook e, por isso, não conseguiu ver o vídeo, basta saber que Bolsonaro apoiou as chacinas em presídios.
Esse discurso é hoje uma febre. Pesquisa Datafolha de 2015 mostrou que a maioria dos brasileiros concorda com essas ideias.
Essa maioria não quer saber se todos os encarcerados são iguais ou não, se todos são inapelavelmente culpados ou não, ou o que acontecerá quando, após anos nesses infernos, forem colocados de volta nas ruas, já que grande parte dos que estavam presos não fora nem julgada e outra grande parte cumpria penas curtas por pequenos crimes e só ficou presa por não poder pagar advogado.
Concomitantemente aos outros energúmenos, apaniguado filho de aliado político de Temer dá sua contribuição à barbárie. O ex-secretário Nacional de Juventude Bruno Júlio diz, publicamente, que seria bom haver “uma chacina [de detentos] por semana”.
Na mesma leva de horror, o ex-candidato a prefeito de São Paulo “Major Olímpio”, atual deputado federal paulista, fez piada com a tragédia nos presídios de Manaus e Roraima, onde morreram, respectivamente, 56 e 30 detentos em uma chacina em que a principal forma de execução foi decapitação: exortou a presídio carioca de Bangu a superar o número de chacinados nos outros Estados.
Outro que alia religião com selvageria e violência é o “pastor” e deputado federal Marco Feliciano. Em vídeo sobre as chacinas em presídios foi mais sutil que os colegas e simplesmente pregou “destruir o problema”, ou seja, os presidiários brasileiros.
Até o “presidente da República”, mister Fora Temer, deu sua contribuição ao caos carcerário ao qualificar como “acidente” um caso claro de desleixo e irresponsabilidade das autoridades.
Poderíamos ficar aqui por horas buscando políticos de direita que, entre um culto religioso e outro, lideram essa onda de comemorações das chacinas em presídios, do extermínio cruel e anticristão de seres humanos.
Apesar de a mídia conservadora abrigar colunistas, apresentadores etc. que chegam perto de propor atrocidades como “uma chacina por semana”, no geral ela se portou bem. Manteve o tema em evidência em tom de reprovação, ainda que não tenha tido coragem de explicar por que ninguém ganha com prisões desumanas.
Quem lidera hoje no Brasil essa mentalidade, portanto, são políticos de partidos como PMDB, DEM, PSDB, PTB, PP, PSC, PROS, SOLIDARIEADE, PPS e as conhecidas legendas de aluguel. Enfim: quem insufla mediocridade e truculência em nosso povo – e, sobretudo, entre nossos jovens – são os políticos.
Neste exato momento, quantas crianças não estão ouvindo os pais comemorarem massacres de pessoas, pregarem violência, enfim, desvalorizarem a vida humana em prol do sentimento mais venenoso que existe, o desejo de vingança? Em que essas crianças se transformarão quando chegarem na vida adulta?
Esses políticos legarão ao Brasil gerações de pessoas monstruosas, insensíveis, sádicas, burras ao extremo, adeptas de teorias nazifascistas. Eles contaminam os país das crianças brasileiras, que ensinarão essas loucuras aos filhos.
Como a história já se cansou de mostrar, nada tem potencial maior que a política para gerar tragédias às nações. Todas as guerras, todas as perseguições, todas as injustiças já vistas originaram-se de discursos políticos como os supra reproduzidos.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

O dedo de Lula

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Emir Sader

Dois ídolos do ódio racista que a direita promoveu no Brasil, Bolsonaro e Moro, usaram o dedo do Lula para expressar seus valores. Bolsonaro imprimiu e difundiu camisetas em que aparece a mão do Lula com quatro dedos, explorando o defeito físico do maior líder popular que o Brasil já teve. Moro, conversando com seus comparsas, se refere ao maior dirigente político que o país tem como "nine", uma forma depreciativa de mencionar Lula.

São duas formas de expressão em que se revelam personalidades desprezíveis, odiosas execráveis, de preconceito e de tentativa de desqualificação de um líder popular, de um operário, de um imigrante nordestino. Coisas que incomodam profundamente à direita brasileira e por isso ela se expressa, através de seus lideres, dessa forma. Expressam bem o que é a elite branca brasileira do centro sul, que se considera dona do país e sempre tratou de tratar aos outros – os de origem popular, os do nordeste, os trabalhadores – como bárbaros, selvagens, "mal informados", como disse o outrora líder dessa gente, o FHC.

A sociedade brasileira teve sempre a discriminação como um dos seus pilares. A escravidão, que desqualificava, ao mesmo tempo, os negros e o trabalho – atividade de uma raça considerada inferior – foi constitutiva do Brasil, como economia, como estratificação social e como ideologia.

Uma sociedade que nunca foi majoritariamente branca teve sempre como ideologia dominante a da elite branca. Sempre presidiram o país, ocuparam os cargos mais importantes nas FFAA, nos bancos, nos ministérios, na direção das grandes empresas, na mídia, na direção dos clubes, nas universidades, nos governos – em todos os lugares em que se concentra o poder na sociedade, estiveram sempre os brancos.
A elite paulista e do sul do país representa, melhor do que qualquer outro setor, esse ranço racista. Nunca assimilaram a Revolução de 30, menos ainda o governo de Getúlio. Foram derrotados sistematicamente por Getúlio e pelos candidatos que ele apoiou. Atribuíam essa derrota aos "marmiteiros"- expressão depreciativa que a direita tinha para os trabalhadores, uma forma explicita de preconceito de classe.

A ideologia separatista de 1932 – que considerava São Paulo "a locomotiva da nação", o setor dinâmico e trabalhador, que arrastava os vagões preguiçosos e atrasados dos outros estados – nunca deixou de ser o sentimento dominante da elite paulista em relação ao resto do Brasil. Os trabalhadores imigrantes, que construíram a riqueza de São Paulo, eram todos "baianos" ou "cabeças chatas", trabalhadores que sobreviviam morando nas construções – como o personagem que comia gilete, da música do Vinicius e do Carlos Lira, cantada pelo Ari Toledo, com o sugestivo nome de pau-de-arara, outra denominação para os imigrantes nordestinos em São Paulo.

A elite paulista foi protagonista essencial nas marchas das senhoras com a igreja e a mídia, que prepararam o clima para o golpe militar e o apoiaram, incluindo o mesmo tipo de campanha de 1932, com doações de joias e outros bens para a "salvação do Brasil"- de que os militares da ditadura eram os agentes salvadores.
Terminada a ditadura, tiveram que conviver com Lula como líder popular e o Partido dos Trabalhadores, para quem canalizaram seu ódio de classe e seu racismo. Lula é o personagem preferencial desses sentimentos, porque sintetiza os aspectos que a elite paulista mais detesta: nordestino, não branco, operário, esquerdista, líder popular.

Não bastasse sua imagem de nordestino, de trabalhador, sua linguagem, seu caráter, está sua mão: Lula perdeu um dedo não em um jet-sky, mas na máquina, como operário metalúrgico, em um dos tantos acidentes de trabalho cotidianos, produto da super exploração dos trabalhadores. Está inscrito no corpo do Lula, nos seus gestos, nas suas mãos, sua origem de classe. É insuportável para o racismo da elite branca brasileira.

Essa elite racista teve que conviver com o sucesso dos governos Lula, depois do fracasso do seu queridinho – FHC, que saiu enxotado da presidência – e da sua sucessora, a Dilma. Teve que conviver com a ascensão social dos trabalhadores, dos nordestinos, dos não brancos, da vitória da esquerda, do PT, do Lula, do povo.

O ódio a Lula é um ódio de classe, vem do profundo da burguesia paulista e do centro sul do país e de setores de classe média que assumem os valores dessa burguesia. O anti-petismo é expressão disso. Os tucanos foram sua representação política e a mídia privada, seu porta-voz.
Da discriminação, do racismo, do pânico diante das ascensão das classes populares, do seu desalojo da direção do Estado, que sempre tinham exercido sem contrapontos. Os Cansei, a mídia paulista, os moradores dos Jardins, os adeptos do FHC, do Serra, do Gilmar, dos otavinhos – derrotados, desesperados, racistas, decadentes.

Na crise atual, a burguesia e setores da classe media do centro sul protagonizaram algumas das cenas mais vergonhosas da historia brasileira, nas manifestações contra a democracia, a favor do golpe e da ditadura militar, exibindo suas dimensões mais fascistas e discriminatórias. Colocavam pra fora o ódio contra os que tinham regulamento o trabalho das empregadas domésticas, que já não serviriam à opressão e à exploração indiscriminada das patroas. Contra os que tinham transformado o Nordeste, que tinham aberto as universidades para os jovens pobres, contra os que tinham permitido aos pobres de viajar para ver seus parentes ou para fazer turismo. Contra os que fizeram do Brasil um país menos injusto, menos desigual, contra os que tiraram o país do Mapa da Fome, a que as elites brancas tinham condenado o povo para sempre.

E Lula sempre foi e continua sendo a expressão mais alta desse movimento de democratização social do Brasil. Gente como Bolsonaro e Moro ofendem a Lula porque sabem que assim ofendem ao povo, aos trabalhadores, aos nordestinos. Tentam desconhecer que a indústria brasileira foi construída com as mãos de operários como o Lula, que os carros em que eles passeiam foram construídos por trabalhadores como o Lula. Que o dedo que Lula perdeu são os muitos dedos que os acidentes diários de trabalho provocam nos trabalhadores, para sobreviver com baixos salários e produzir as riquezas do Brasil.

O racismo é um crime imprescritível. Bolsonaro e Moro são os herdeiros do político do sul que disse que "iam acabar com essa raça por décadas". Deveriam ser processados por racismo, ao exibir essas camisetas com Lula sem um dedo e ao falar de Lula como "nine". São seres desprezíveis, odiosos, execráveis, do pior que o Brasil tem, pelo ódio de classe ao povo, aos trabalhadores, aos nordestinos, pelo ódio ao Brasil.
Nós nos orgulhamos de Lula como eles não podem se orgulhar de seus ídolos, promotores do estupro de mulheres e agentes fascistas contra os partidos e líderes de esquerda, contra a própria democracia, que é e será fatal para eles

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

RACISMO NA GLOBO REVOLTA ALUNOS E PROFESSORES

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Protesto em velório de ex-presidente do PT decreta falência moral do país

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Próximo do funeral do ex-presidente do PT José Eduardo Dutra, em Belo Horizonte, um carro passou rápido e jogou papéis criticando o PT; um dos panfletos diz ‘petista bom é petista morto’, e, em um outro, a frase ‘só faz cagada’ sobre foto de Dilma sentada em um vaso sanitário.
Fonte do Blog diz que a chapa do veículo foi anotada.
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Além disso, as pessoas da foto acima foram ao velório do petista agredir Lula.
Não se pode atribuir a grupos isolados esse horror. Essas pessoas só fazem o que fazem porque o país vem condescendendo com esse tipo de comportamento.
Um criminoso perigoso ser alvo de um ataque como esse já seria uma selvageria porque ele mesmo, morto, não seria vitimado. Os agredidos seriam seus familiares, mesmo que nada tivessem que ver com as atitudes do falecido.
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Essa falta de limites é culpa de todos nós que vimos tolerando esse tipo de gente sem reação.
A continuar a tolerância com esse tipo de fera humana, a violência moral e retórica logo se transformará em violência física. Não que está já não ocorra, mas ainda é isolada. Porém, a continuidade da impunidade dessa gente a tornará generalizada.
Os facínoras que cometeram esse ato vil, desumano, chocante, tiveram suas imagens registradas. Se a família de Dutra não os processar e se a Justiça não os condenar, um limite perigoso terá sido ultrapassado.
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Nenhum outro tipo de violência poderá ser descartado após um ato como esse. E a pregação de que “petista bom é petista morto” é apologia a violência sem a menor sombra de dúvida.
Querem saber de quem é a culpa por isso? Horas depois da morte de José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, da BR Distribuidora e do PT, Veja o acusou de participar da concepção do chamado ‘petrolão’ (confiraaqui).
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A acusação foi feita com base numa suposta delação do político Pedro Corrêa, no momento em que Dutra não está mais aqui para se defender.
Eis o ovo da serpente.
PS: se este fosse um país civilizado, a ação penal contra esses vermes deveria ser de iniciativa do Ministério Público.
PS 2: assino embaixo da opinião do leitor e acadêmico Marcos Dantas via Twitter: “Si vis pacem, para bellum”. Tradução: se queres paz, prepara-te para a guerra
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PS 3: A polícia militar de Minas Gerais diz que vai investigar quem são os responsáveis pelos panfletos, a partir da identificação do veículo usado no ato de hostilidade

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Tucano que ameaçou Dilma é a cara dos protestos de hoje

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Enquanto galga mais um degrau em sua escalada de insanidade, Matheus Sathler Garcia, o advogado que ameaçou a presidente Dilma Rousseff, credencia-se como símbolo vivo dos grupos que pedem golpe de Estado e que prometeram sair às ruas do país neste 7 de setembro para materializar esse intento “com apoio dos militares”.
Na última sexta-feira, porém, o juiz federal da 12ª Vara do Distrito Federal, Marcus Vinícius Reis Bastos, emitiu a medida cautelar Nº 51564-13.2015.4.01.3400, que determinou que Sathler Garcia, apesar das alegações de sua família de que sofre de “problemas mentais”, fosse monitorado por tornozeleira eletrônica para que, residente em Brasília, não pudesse se aproximar das solenidades de 7 de setembro na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministério, e que tampouco pudesse se ausentar da cidade.
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Confira, abaixo, a decisão do juiz federal e o mandado de execução dessa decisão
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Pouco antes de ser intimado, Sathler gravara vídeo diante de uma instalação da Polícia Federal desdenhando a possibilidade de sofrer alguma sanção por seu crime federal. E ainda fez mais ameaças de violência.
Apesar da fanfarronada acima, o Sathler que aparece em depoimento à polícia  é bem diferente. Após compungido depoimento negando suas intenções violentas, foi dispensado de usar a tornozeleira sob confiança das autoridades em sua promessa de cumprir a decisão judicial.
Confira, abaixo, um Sathler muito menos fanfarrão.
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Contudo, a leitura das declarações do “advogado” às autoridades revelam, senão reais problemas psicológicos, ao menos um impressionante desconhecimento das leis brasileiras ao pregar, com a suavidade de quem recita um poema, ruptura institucional violenta com utilização ilegal e criminosa das Forças Armadas.
Seja como for, o “ comedimento” de Sathler e suas promessas à Justiça Federal de cumprir suas determinações caíram por terra em novo vídeo no qual o agora criminoso confesso manifesta, com clareza, intenção de descumprir as determinações legais com as quais concordara em depoimento.
No vídeo abaixo, Sathler insulta pesadamente o juiz federal que lhe impôs as restrições e, cometendo crime, rasga a decisão desse juiz.
A seu favor, Sathler conta com o fato de que sua atitude em nada difere das atitudes de grande parte das pessoas que saem às ruas do país no Dia de Sua Independência para clamar pelos mesmos objetivos do advogado criminoso e, inclusive, através de boa parte dos métodos preconizados por ele – quais sejam, o golpe militar.
Esse sujeito, pois, é um fidedigno mascote dessa massa ignara e tresloucada que, se ele é demente, é tão demente, antidemocrática, feroz e perigosa quanto ele – ou mais. A restrição judicial a Sathler, pois, bem que poderia ser aplicada a todos quantos saem às ruas neste 7 de setembro pedindo as mesmas sandices que ele.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O CASO DA BOMBA ATÔMICA QUE ERA UM ASPIRADOR DE PÓ


Nosso Homem em Havana” é um livro de ficção do genial Graham Greene. Mais que uma novela de espionagem, a obra é uma sátira política coalhada de ironias e sarcasmos.
Nela, Greene conta a história de James Wormold, um vendedor britânico de aspiradores de pó, que reside em Havana. Abandonado pela mulher e com problemas financeiros, ele acaba recrutado pelo serviço secreto do Reino Unido.
Precisando do dinheiro extra, mas sem ter nada de relevante para reportar a Londres, Wormold cria uma rede fictícia de informantes, misturando personagens reais, muito dos quais ele sequer conhece, com nomes inventados. Gera relatórios com base em notícias requentadas de jornais e em muita imaginação para preencher as lacunas de tramas escabrosas.
Ao sentir a necessidade de apimentar suas informações e obter mais dinheiro, Wormold passa a remeter a Londres diagramas de peças de aspiradores de pó, apresentando-os como plantas de uma “base comunista secreta escondida nas montanhas”.
Num dos momentos mais hilariantes do livro, o chefe de Wormold em Londres, ao discutir os desenhos de aspiradores de pó, afirma: “Diabólico, não é? Acredito que podemos estar diante de algo tão grande que fará a Bomba H se tornar uma arma convencional”.
Não sei se os repórteres da revista Época que colocaram o título da obra de Greene em sua mais recente “reportagem” sobre Lula leram o livro. Provavelmente, não. Se tivessem lido, teriam percebido que o sarcasmo de Greene veste como luva de pelica em sua, assim digamos, “obra jornalística”.
A nova “reportagem” insiste em reapresentar as ações internacionais do ex-presidente Lula, que usa do seu enorme prestígio mundial para promover o Brasil, seus produtos e suas empresas no exterior, como algo escabroso e escuso.
Da mesma forma que o personagem de Greene, tentam vender desenhos de aspiradores de pó como se fossem uma nova superbomba, a qual, como de hábito, “implodirá a República”.
Como Wormold, a brava revista de “jornalismo investigativo” mistura verdades, meias verdades e uma alta dose de imaginação para criar uma precária peça de ficção policial, travestida de reportagem objetiva e imparcial.
Emulando Worlmold, a revista aposta na paranoia anticomunista para que suas informações prosaicas e anódinas se convertam numa trama diabólica. Com efeito, essa revista, assim como várias outras no Brasil, navega hoje nas revoltas e obscuras águas do anticomunismo, do “antibolivarianismo” e do antipetismo. Recriaram, em pleno início do século XXI, o mesmo clima da Guerra Fria que vigorava nos anos 50 e 60 do século passado.
Isso tudo no momento em que o próprio governo norte-americano aposta na aproximação à Cuba, no fim do embargo e, é claro, na realização de grandes negócios na ilha, com o providencial auxílio de poderosos lobbies políticos-empresariais.
A revista Época está definitivamente fora de época.
Aparentemente, está também um pouco fora de si. Só isso explica a ignorância abissal sobre o estratégico tema da exportações de serviços.
O setor de serviços representa, hoje, cerca de 80% do PIB dos países mais desenvolvidos e ao redor de 25% do comércio mundial, movimentando US$ 6 trilhões/ano. Somente o mercado mundial de serviços de engenharia movimenta cerca de US$ 400 bilhões anuais e as exportações correspondem a 30% desse mercado. É um segmento gigantesco, que cresce mais que o mercado de bens.
Infelizmente, apesar dos esforços recentes, o Brasil investe pouco nessas exportações.
Assim, enquanto que, no período de 2008 a 2012, o apoio financeiro do Brasil às suas empresas exportadoras de serviços foi, em média, de US$ 2,2 bilhões por ano, o apoio oficial da China às suas empresas exportadoras alcançou, nesse mesmo período, a média anual de US$ 45,2 bilhões; o dos Estados Unidos US$ 18,6 bilhões; o da Alemanha, US$ 15,6 bilhões; o da Índia, US$ 9,9 bilhões.
Na realidade, apenas cerca de 2% da carteira do BNDES vão para obras brasileiras no exterior. E, ao contrário do que dizem Época e outras revistas fora de época, não se trata aqui de “empréstimos camaradas” para Cuba e outros países “comunistas e bolivarianos”, protegidos por sigilo indevido com a finalidade de encobrir atos ilegais.
Em primeiro lugar, o país que mais recebeu empréstimos do BNDES para obras de empresas brasileiras no exterior foram os EUA.
Em segundo, nenhum centavo desses empréstimos foi para países ou governos estrangeiros. Os empréstimos são concedidos, por lei, às empresas brasileiras que fazem as obras, e o dinheiro só pode ser gasto com bens e serviços brasileiros. Como a construção civil possui uma longa cadeia, tais empréstimos têm um impacto muito positivo na economia nacional. Estima-se que, apenas em 2010, as exportações de serviços de engenharia tenham gerado cerca de 150 mil empregos diretos e indiretos no País. Além disso, os gastos com a importação de bens brasileiros em função de algumas dessas exportações financiadas pelo BNDES ascenderam a US$ 1,6 bilhão, no período 1998-2011. Entre tais bens, estão os aços, os cimentos, vidros, material elétrico, material plástico, metais, tintas e vários outros.
Em terceiro, os empréstimos não são “camaradas”. No caso dos empréstimos às empresas brasileiras para a construção do Porto de Mariel, o BNDES usou a Libor e mais um spread de 3,81%, juros superiores ao praticados pela OCDE, que usa, no mesmo caso, a CIRR mais um spread de 3,01%.
Em quarto, o sigilo parcial das operações financeiras visa proteger as informações privadas do tomador do empréstimo, conforme determina uma norma tucana, a Lei Complementar Nº 105, de 2001. Mesmo assim, o BNDES é considerado, pela insuspeita Open Society Foundations, como o banco de investimentos mais transparente do mundo. Ademais, qualquer juiz de primeira instância pode abrir totalmente as operações, se considerar que há algo suspeito nelas.
Em quarto, como o mercado mundial de obras é muito concorrido, os países fazem poderosos lobbies para obter contratos. Presidentes, primeiros-ministros, monarcas e ex-presidentes com prestígio se empenham para que as empresas de seus países consigam obras no exterior. Assim como se empenham também para que comprem os produtos de seus países.
Quanto à participação de Lula, só mesmo o mais completo mentecapto ou o mais irracional dos anticomunistas pode imaginar que o ex-presidente poderia ter feito algo de ilegal ou mesmo antiético em reuniões que contaram com a participação de diplomatas e que foram devidamente registradas em documentos oficiais do Itamaraty. Aliás, mesmo que quisesse, Lula jamais poderia ter influenciado tais empréstimos, os quais têm de passar por uma longa série de instância técnicas para serem aprovados e liberados.
Saliente-se que Época só teve acesso aos documentos sigilosos graças à Lei de Acesso à Informação, promulgada em 2012 por Dilma Rousseff.
Fosse nos áureos tempos do paleoliberalismo, tais empréstimos não teriam despertado a suspeita de Época. Como de fato não despertaram, quando FHC aprovou os primeiros empréstimos para o metrô de Caracas, já com a Venezuela presidida pelo “perigosíssimo” Hugo Chávez.
Na improvável eventualidade de que tivessem despertado suspeitas, Época não teria tido acesso a informações sigilosas. Caso tivesse tido acesso a informações sigilosas, por aquáticas vias de obscuras cachoeiras, duvidamos que Época tivesse publicado uma linha sequer. Caso tivesse publicado alguma coisa, duvidamos ainda mais que alguém tivesse levado a sério. Caso algum paranoico tivesse levado a sério, duvidamos que procuradores tivessem ensejado qualquer ação, para não cair no ridículo. Caso algum procurador tivesse caído na fácil tentação de se expor a holofotes desavergonhados, o providencial engavetador-geral teria feito o que sempre se fazia na época, com o apoio da Época.
Na época, nem mesmo os lobbies em prol de empresas estrangeiras nas alegres privatizações despertavam suspeitas. Mesmo hoje, quem se bate pela Chevron, pela Alstom, pela entrega do pré-sal e pela abertura do mercado brasileiro às construtoras estrangeiras curiosamente está acima de qualquer suspeita. Esses são “estadistas”. Só não se sabe bem de que país.
Mas vivemos em outra época. Na época do vale-tudo contra o “comunismo”, o “bolivarianismo” e o “lulopetismo”. Na época do vale–tudo contra o mandato popular. Na triste época do vale-tudo contra Lula, o melhor presidente da história recente do país. O ex-presidente que hoje é o rosto do Brasil no mundo. Na horrorosa época em que quem defende o Brasil e suas empresas, como Lula, é apresentado como criminoso.
Nesses tempos bicudos de Guerra Fria zumbi, vale até mesmo apresentar diagramas de aspiradores de pó como perigosíssimas instalações comunistas secretas.
Greene nunca imaginou que suas ironias e sarcasmos sobre a Guerra Fria seriam revividas na forma de “reportagens” que se levam a sério.
Diabólico, não é?

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

ESTUDANTE É ATACADA APÓS DISCURSO EM CERIMÔNIA DO MAIS MÉDICOS