Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Petrobras investe R$ 99,2 bi no Brasil em 2013. Precisa explicar por que a odeiam?

INVEST
O gráfico aí de cima mostra os investimentos da Petrobras ao longo de cinco períodos de governo: dois de Fernando Henrique, dois de Lula e os três anos de Dilma Rousseff.
Eu creio que dispensa explicações, não é?
O investimento da Petrobras, nos últimos anos, investiu  no país o mesmo que 80% de todo o capital estrangeiro que nos chegou como investimento direto.
Investiu mais que todo o investimento do Orçamento da União, o governo propriamente dito.
Num país que festeja quaisquer 100 milhões de dólares de investimento, 45 bilhões por ano o que são?
Este é o tamanho do esforço da Petrobras para desenvolver a exploração do pré-sal.
É dinheiro que, sem esse compromisso, estaria tinindo no caixa da empresa e engordando os dividendos de seus acionistas: menos da metade do Governo, mais da  metade de privados.
Mas não está: está virando sondas, navios-plataforma, gasodutos, refinarias…
E isso são obras que levam anos de projeto, execução, acabamento e preparativos para a operação.
É obvio que explorar petróleo 2 mil metros abaixo do nível mar, com mais quatro quilômetros de rocha a perfurar, não é como negócios onde você começa hoje e já lucra daí a dois meses.
Sabe aquela cena do petróleo jorrando da boca do poço? Esqueça: não pode vazar uma gota.
Uma empresa que vem investindo quase 50 bilhões de dólares por ano não pode ser avaliada como quem avalia uma livraria ou um armarinho: quanto foi sua féria, hoje?
Mas os inimigos da Petrobras sacodem  números alarmantes.
Chegam a usar, como mostrei aqui, sites de picaretagem na internet para dizer que a empresa vai falir.
Conversa. Sabem que este ano, e mais ano que vem, e mais no outro, todo este investimento vai virar receita e precisam desacreditar a ideia de que podemos explorar nosso próprio petróleo.
E que, com ele, finalmente possamos formar capitais próprios e deixarmos a condição de colônia financeira.
É a nossa independência o que os horroriza.
É o Brasil que lhes mete medo.

Paulo Nogueira à Traumann: mais pluralismo teria evitado golpe militar

trauman
É um privilégio para a blogosfera ter, entre seus quadros, uma figura experiente como Paulo Nogueira. Não só experiência, mas disposição em partilhá-la com os internautas, contando o que viveu e observou durante os anos em que trabalhou na grande mídia brasileira.
Sua descrição de como funciona o Conselho Editorial da Globo, com riqueza de detalhes, deveria ser lida em sala de aula, para todos entenderem que um jornal muitas vezes é uma empresa que visa o lucro e o poder, e não necessariamente a verdade e a justiça social.
Hoje Nogueira conta um pouco sobre o novo secretário de comunicação da Presidência da República, Thomas Traumann, e faz observações pertinentes ao medo da grande mídia, em especial a Globo, de que o governo mude os rumos da distribuição de verbas, investindo mais recursos na internet.
Nogueira acha que, se houvesse a internet, seria mais difícil acontecer o golpe militar de 64.
Concordo.
Ao artigo.
*
A missão de Thomas Traumann
Por Paulo Nogueira, no Diario do Centro do Mundo.
Thomas Traumann foi uma excelente aquisição para a Secom.
Trabalhamos juntos na Época em meados dos anos 2 000. Thomas é um jornalista competente e um homem de caráter.
Fazia, na revista, uma das seções mais lidas: Filtro. Como o nome diz, era uma filtragem das notícias mais importantes da política. (O espírito dela está presente em nosso Essencial.)
Eu era diretor editorial, e minha divisa era: “um olho na revista e outro no site”. Thomas, com seu Filtro, era a representação disso.
Na edição semanal, você tinha ali o principal do mundo político no papel. Diariamente, pela internet, você se informava por Thomas.
O mundo político acompanhava-o. Lembro que uma vez Serra, então forte candidato à presidência, nos contou que uma de suas leituras obrigatórias era o Filtro de Thomas.
Ele chega à Secom sob uma cínica desconfiança da mídia.
Absurdamente privilegiada há anos, décadas, por sucessivos governos com coisas como publicidade em doses abjetas e financiamentos a juros maternos em bancos públicos, a mídia teme que a Secom coloque algum dinheiro em blogs que representam, hoje, a garantia de que vozes e visões alternativas chegarão à sociedade.
As companhias de jornalismo defendem, essencialmente, seus próprios interesses – e os do grupo a que pertencem, o chamado 1%.
Antes da internet, elas comandavam – manipulavam – a opinião pública. Veja o que elas fizeram com Getúlio e, depois, Jango. Com Lula, no Mensalão, o mesmo comportamento padrão se repetiu – a tentativa de minar governantes populares. A diferença é que a estratégia não funcionou. A intenção era a mesma.
Foi nesse quadro que a internet surgiu e floresceu como uma vital contrapartida às empresas de mídia.
Colunistas que reproduzem o pensamento patronal estão criticando a nomeação de Thomas.
Reinaldo Azevedo – que tem uma velha obsessão por mim – é um deles.
É até engraçado. Quando dirigiu uma revista a favor do PSDB, Azevedo recebeu mensalões do governo paulista na forma de anúncios. Nem isso foi suficiente para salvar a publicação.
A revista para a qual ele trabalha – a Veja – é abençoada com a compra de lotes consideráveis pelo governo de Alckmin.
Os exemplares vão terminar em escolas estaduais cujos alunos estão na internet. São conhecidos os relatos de gente que vê as revistas indo para o lixo exatamente como chegam – na embalagem plástica.
Alguém pode imaginar jovens lendo revistas de papel, com a internet à sua disposição? Mas o governo Alckmin gasta milhões em Vejas que não serão lidas por estudantes que sequer a conhecem.
Thomas Traumann chega com uma missão relevante: dar mais nexo ao investimento publicitário oficial.
Faz sentido a Globo – com audiência em queda aguda por conta também da internet – continuar a receber tanto dinheiro em anúncios governamentais?
A Globo é uma bizarrice. Graças ao BV (Bonificação por Volume), uma espécie de propina para as agências, a Globo tem 60% da receita publicitária brasileira tendo 20% da audiência.
Todo este dinheiro – o governo colocou 6 bilhões de reais nos últimos dez anos – alimenta uma máquina que defende os interesses dos Marinhos, dos Marinhos e ainda dos Marinhos.
E defende bem: os herdeiros de Roberto Marinho têm, juntos, a maior fortuna do Brasil, como mostra a lista de bilionários da Forbes. São cerca de 55 bilhões de dólares, somados.
Durante muito tempo, só o governo pagava tabela cheia de publicidade quando os anunciantes privados tinham descontos que podiam passar de 50%. Era uma torração infernal de dinheiro público.
Dívidas com bancos oficiais eram pagos, frequentemente, com anúncios. Nos anos 1980, o Jornal do Brasil regurgitava de anúncios do governo.
Investir no jornalismo digital é fundamental – sobretudo para a sociedade. Jango não teria sido derrubado tão fácil se na época houvesse a internet para mostrar o que os jornais não mostravam.
Teríamos evitado, simplesmente, a ditadura militar – a qual, além de matar brasileiros, construiu um país campeão mundial de desigualdade.
Os militares – apoiados pela mídia – fizeram um governo de ricos, por ricos e para ricos.
Thomas, na Secom, é a esperança de que cheguem ao fim as mamatas das empresas de mídia no que diz respeito às verbas oficiais.
Se Thomas se sair bem, mais que o governo Dilma, quem ganhará mesmo é a sociedade brasileira.

A vitória da vaquinha

amanha
O sucesso das vaquinhas para arrecadar fundos para os “mensaleiros” questiona, seriamente, a teoria ventilada pela mídia de que havia uma grande pressão “pública” para condenar e prender os réus da Ação Penal 470. Podia até haver pressão de um lado, mas havia pressão de outro também para não deixar a corte suprema fazer um julgamento contaminado de ódio político.
Merval Pereira chegou a brandir, várias vezes, uma suposta ameaça das “ruas’ ao STF – que jamais se concretizou, aliás. Apesar da oposição e mídia terem tentado enfiar, à fórceps, a pauta da prisão dos “mensaleiros” nas manifestações de junho, esta nunca foi uma bandeira popular nos movimentos. Quando a mídia – em especial a Rede Globo – começou a forçar muito a barra para manipular os protestos e direcioná-los contra o “mensalão”, os jovens logo identificaram a tentativa de enganá-los e passaram a focar sua energia em protestos contra a Globo.
O povo, influenciado ou não pela mídia, pode até querer prender os “mensaleiros”, e é justo que o queira, pois tem confiança no trabalho e na seriedade de nossos juízes. Mas nunca fez disso um cavalo de batalha, como quiseram fazer crer alguns próceres da mídia.
O Brasil está sim impaciente para acabar com a impunidade e combater severamente a corrupção. Mas os brasileiros com um mínimo de ilustração sabem que nada justifica flexibilizar direitos dos réus, condenando-os com base em teorias e não em provas. Ou mesmo contra as provas.
As doações à Delúbio superaram em R$ 600 mil o valor da multa que precisava pagar. Esse montante será repassado à Dirceu, cuja multa agora foi calculada em quase 1 milhão. Mas que ele não terá problema em pagar, também com a ajuda de internautas que viram excessos no julgamento.
O sucesso das vaquinhas para arrecadar fundos para os “mensaleiros” petistas pagarem suas dívidas demonstra não só a emergência do sentimento de solidariedade de internautas comprometidos com determinadas bandeiras políticas.
Revela também disposição para o enfrentamento.