Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Um pouco do mesmo: a mídia em 2011


publicada sexta-feira, 14/01/2011 às 09:20 e atualizada sexta-feira, 14/01/2011 às 09:20
por Izaías Almada
Tudo indica que a temporada de caça ao governo Lula e agora ao governo Dilma vai continuar por parte da velha mídia. Natural pelo lado de quem faz oposição, mas irresponsável e antibrasileiro por outro, pela maneira e desfaçatez com que é feita. Evidencia-se quase que uma obsessão, onde a frustração, a inveja e o preconceito são bem maiores do que aquilo que se poderia imaginar. E a má fé também, não sendo apenas retórica eleitoral.  Motivos para isso – é claro – nunca irão faltar. E se por acaso faltarem, não há problema: inventam-se novos. Não tem sido assim nos últimos oito anos?
Embora se possa argumentar que boa parte do povo brasileiro já não dá ouvidos a uma imprensa venal, manipuladora e que se considera acima do bem e do mal, ainda assim ela continua a causar estragos e – o que é mais grave, até por ser uma vitória parcial desse nocivo conglomerado midiático – consegue propositadamente misturar alhos com bugalhos e lançar a dúvida, a descrença e a desesperança em muitos corações e mentes. Um povo ignorante de seus direitos ou sem discernimento sobre muitas das questões que lhe afetam no dia a dia é sempre mais fácil de manipular. A democracia que se vende não é exatamente aquela que se pratica.
Se, por exemplo, o uso indevido e indiscriminado de passaportes diplomáticos tem sido usado há muitos anos por autoridades (sic) brasileiras, por qual motivo só agora, quando beneficiariam os filhos do presidente Lula, foram denunciados como graves crimes de favorecimento? Que se devolvam, então, todos os passaportes ilegalmente distribuídos, se a lei assim o determina, para todos aqueles que se julgam acima dela, provavelmente incluindo-se aí nesta lista alguns figurões dos nossos meios de comunicação, empresários e políticos de TODOS os partidos.

E a tentativa capciosa de desviar a atenção dos leitores, ouvintes e telespectadores com questões mundanas sobre a nova presidenta Dilma Roussef? Bobagens e idiotices como saber se estava bem vestida no dia da posse, especular sobre o seu apoio ou não aos estilistas de moda brasileiros, sobre o seu novo cabeleireiro, suas eventuais ligações à Tradicional Família Mineira e os bailes da sociedade belorizontina quando adolescente. Assuntos sérios e relevantes, como se pode notar.
E agora, com a temporada de chuvas, deslizamentos e alagamento, a hipocrisia e o cinismo chegam quase à perfeição. No Rio de Janeiro, o culpado pela tragédia é o governo federal. Em São Paulo, estado e capital, exemplos de grandes administrações públicas, a responsabilidade é da natureza, para não dizer de Deus, pois a mídia, mesmo livrando a cara do governo demo tucano, ficaria mal com a Opus Dei. Pior ainda: seria temerário equiparar Deus e Lula, jogá-los no mesmo samburá… Não por temerem a Deus, é claro, mas por temerem aumentar a popularidade do ex-presidente, colocado em tão honrosa companhia.
E assim começa o novo ano, o novo governo. Renovam-se expectativas, esperanças e temores. A sociedade contemporânea com suas invenções e tecnologias, seu consumismo desenfreado, define o que devemos comprar, o que devemos vestir, o que devemos pensar, a quem devemos amar ou odiar, nesse vale-tudo ideológico e cultural, onde uma sinfonia de Beethoven ou um chorinho de Pixinguinha têm menos valor que uma cena degradante de um BBB; onde a televisão e a internet ensinam como o cidadão deve odiar e atirar numa deputada em Tucson, ou ainda como leiloar um jogador de futebol, atualmente mais famoso pelas suas noitadas do que pelos gols que marca.
Berlusconi é um exemplo de ética e moralidade pública. Obama, o prêmio Nobel da Paz aprova o maior orçamento militar da história dos EUA, os vazamentos wikis confirmam para o mundo como é que se faz política de dominação e a Cuba do ditador Fidel Castro envia 1200 médicos para ajudar a combater a cólera no Haiti.
Engraçado, acho que essa última frase ficou fora do contexto…
Izaías Almada é escritor, dramaturgo, autor – entre outros – do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Boitempo) e “Venezuela povo e Forças Armadas” (Caros Amigos).

FOLHA DE S.PAULO CONSEGUE DESBANCAR ZERO HORA


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Após o gozo pleno de merecido recesso bloguense, eis que nos deparamos, ontem, 11, com esta maravilha do jornalismo hodierno. Graças aos ilustradíssimos profissionais da modelar gazeta paulistana, ficamos sabendo que a laboriosa comunidade científica germânica encontrou “produtos à base de frango” entranhados nos lombinhos dos leitões. Ao mesmo tempo, soubemos do descontentamento das galinhas poedeiras com a desditosa notícia.
Como se pode ver, não há substâncias mais tóxicas para a sociedade que a estupidez, a burrice e o analfabetismo funcional de certos conglomerados mafiomidiáticos, se levarmos em conta que o governo tucano paulista comprou milhares de assinaturas de tal diário para “instruir” os estudantes da rede pública.
Por sua vez, o tabloide do Grupo RBS, tradicional veiculador de patacoadas, promete dar o troco já em sua próxima edição, retomando para si o galardão de Campeão da Ignorância.

Santayana e a tragédia: por que há esperança



Para  mim , é um orgulho muito grande pertencer a uma nação, onde brilha uma estrela de máxima grandeza e sublime luz , capaz de ,  suave e humanamente , nos lembrar-mos que, devemos sim  semear, a paz , concórdia e união , mesmo onde o solo parece áspero e estério. 

Obrigado Mauro Santayanna.

Os americanos associam Murdoch, dono da Fox (a Globo de lá), ao atentado de Tucson

Conversa Afiada aconselha a leitura sempre inteligente de Mauro Santayana.

Especialmente ao Ali Kamnel, o mais poderoso Diretor de Jornalismo da História da Globo.

Kamel parecia, ontem, determinado a destruir a imagem o Presidente Lula, como tentou na eleição de 2006 (clique aqui para ler “o primeiro Golpe já houve; falta o segundo”)  e no Golpe do “Caosaéreo” – clique aqui para ler “Lula deveria exigir direito de resposta à Globo”).

Santayana, suave e profundo, cura esses males.

Se o paciente estiver disposto a curar-se.

Ainda há esperança


AS DUAS TRAGÉDIAS desta semana, a de Tucson e a da Serra do Mar, trazem, em todo o seu horror, a centelha da esperança. Os fatos do Arizona, embora tenham custado muito menos vidas, conduziam presságios piores.


Os desastres naturais, ainda que se devam, em parte, à imprevidência dos homens e dos estados, não podem ser imputados à vontade desse ou daquele agente. A vida é uma concessão fugaz de razões imperscrutáveis que fizeram surgir tempo e espaço e, neles, essa fantástica aventura da energia convertida em matéria e dotada da consciência de si mesma. As tempestades, os vulcões, terremotos, ciclones – e prováveis impactos de asteroides – escapam de nosso controle.  Diante deles, nossa impotência se converte em força e coragem, como nos revelam os belos atos de solidariedade destas horas de luto e pranto.


Nos Estados Unidos, embora de forma ainda tímida, começa a reunir-se a consciência da necessidade de convívio mais civilizado entre os interesses políticos e econômicos, que sempre se aproveitam dos piores sentimentos para impor-se à sociedade. Ali, a extrema-direita se move contra a assistência médica universal e os imigrantes pobres. O discurso de Obama, convocando a união, foi acolhido com respeito.


Mas o ódio que se construiu e se manifestou de forma quase absoluta, nos anos 30 e 40, está, mais uma vez, de volta, e ensandecido, como revelam os atos do Tea Party, de Sarah Palin, Karl Rove e Murdoch. Nos últimos 65 anos, depois que o Julgamento de Nuremberg espantou o mundo com a ideologia do Terceiro Reich, que juntava baderneiros aos grandes banqueiros, temos lutado, com algum êxito, contra a nova barbárie, mas não conseguimos dela nos livrar.


O ódio ao outro permanece, e sofremos em ver que, em alguns casos, as vítimas de ontem se transformam em cruéis perseguidores de hoje. Sim, pensamos na Palestina. Todos os homens teriam que visitar, pelo menos uma vez na vida, os campos de concentração que ainda restam de pé.


Mais do que isso: deveriam ser de leitura obrigatória os relatos dos sobreviventes desses espaços de ódio convertido em razões de estado. Um desses inquietantes depoimentos é o de Robert Antelme, La espèce humaine. A mais clamorosa de suas experiências foi descobrir, em um relâmpago da consciência, que os seus algozes pertenciam à mesma e única espécie humana.


“O reino do homem – diz Antelme – não cessa. Os SS não podem mudar nossa espécie. Eles mesmos são fechados na mesma espécie e na mesma história”. E em outro momento forte, Antelme, resistente francês – e não judeu – reduz o SS a um ponto minúsculo no sistema, “encerrado, ele também, dentro do arame farpado, condenado a nós, fechado dentro de seu próprio mito”.


O Brasil, representado pela decisão da chefe de Estado, se une na busca dos mortos e feridos nas encostas de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Todos os nossos recursos, humanos e materiais, serão empregados no Rio de Janeiro, de acordo com a decisão da presidente Dilma Rousseff. Essas providências, é certo, serão tomadas também nas áreas atingidas em outros estados, como os de São Paulo e Minas.


É mais fácil sepultar as vítimas dos desastres naturais do que as da bestialidade dos próprios homens. Os enviados para as câmaras de gás e os fornos crematórios dos lager nazistas – judeus, comunistas, eslavos, ciganos – continuam insepultos, ainda que convertidos em cinzas, como insepultos continuam os negros assassinados pela Ku-Klux-Kan, os líderes políticos como Gandhi e Allende, as vítimas de Tucson – e os brasileiros mortos em tempo que não se afasta de nossa memória dilacerada.


Apesar disso, não puderam assassinar a esperança. Enquanto formos capazes de remover os escombros, neles encontrar vidas, e chorar pelos estranhos, seremos também capazes de combater o ódio e as injustiças, para a salvação da nossa espécie.

Jornalismo de encomenda atira na democracia brasileira

Cobrança tardia (ou tudo igual na relação da mídia com os tucanos)

Acima, o resultado da “crise ética” do governo Lula/Dilma
por Luiz Carlos Azenha
Passei o dia de ontem trabalhando na cobertura das enchentes de São Paulo. O mesmo filme de sempre: improvisação, improvisação, improvisação. Um governo incapaz de alertar os moradores da cidade — a não ser para gritar “não saiam de casa”. Um poder público irresponsável, que não arca com as consequências de sua incompetência. Tentativas de jogar a culpa exclusivamente em Deus ( “excesso de chuva”, imitando o “excesso de veículos” que congestiona as ruas, como se não houvesse relação entre congestionamento e governo/desgoverno) e na população (que joga lixo nas ruas). Falta de coleta? De varrição? Não é preciso andar muito por São Paulo para constatar que, além da população mal educada, o próprio poder público contribui com as enchentes ao abandonar as ruas da cidade ao Deus dará.
No meio da tarde, na rádio CBN, o locutor vocifera contra… a “farra dos passaportes”. Isso mesmo. O locutor da CBN, no dia em que São Paulo enfrentou uma das maiores enchentes dos últimos anos, prometia procurar o presidente da OAB para cobrar ação contra a “farra dos passaportes”. Este é o nível de indigência jornalística que permitiu que as coisas chegassem onde chegaram.
Registre-se que a Folha de S. Paulo passou os últimos dias muito ocupada com a “farra dos passaportes”, ou denunciando que o Exército gastou 6 mil reais com o ex-presidente Lula, com farta cobertura inclusive na primeira página.
Em 2009, em texto assinado por Conceição Lemes, o Viomundo denunciou que o governo Serra deixou de fazer a limpeza necessária na calha do rio Tietê, que atravessa a cidade e para a qual convergem outros rios e riachos que cortam a capital paulista. Agora, indiretamente, o governador Geraldo Alckmin admite que a Conceição tinha razão: “Há 2,1 milhões de metros cúbicos que precisam ser retirados do Tietê”, segundo Alckmin. O desassoreamento, afirma o governador, deve ser “eterno”. Tudo indica que o governo Serra negligenciou a manutenção da obra-vitrine do antecessor.
O que deu errado?, pergunta hoje a Folha na capa de um caderno.
É só olhar para o próprio caderno da Folha para entender: na contracapa do caderno dedicado às enchentes em São Paulo, aparece o artigo “O grande timoneiro”, no qual em tom de blague o articulista diz que “Lula só será realmente aclamado pelas massas se der ao Corinthians o Mundial, a Libertadores e um estádio”. A Folha, obcecada por Lula, enquanto São Paulo afunda…
As cobranças do jornal em relação aos governos paulistas são pontuais e não cobrem as questões realmente essenciais: o assoreamento do Tietê, a invasão das áreas de várzea, a presença física de uma central de abastecimento de frutas, verduras e legumes ao lado de um rio fétido que transborda, o (bom ou mau) gerenciamento das represas da Penha e do Cebolão, a falta de piscinões (são justificáveis do ponto-de-vista sanitário?), a obra de ampliação da marginal, a falta de transporte público, a falta de coordenação entre as prefeituras da região metropolitana e a submissão do planejamento da cidade aos interesses da especulação imobiliária (aquela, que anuncia maciçamente seus novos empreendimentos nos jornalões paulistas).
É de se estranhar que vá acontecer tudo de novo, igualzinho, no ano que vem?
Leia aqui a entrevista que a Conceição fez com o professor Júlio Cerqueira César Neto, um dos grandes especialistas em hidráulica e saneamento do Brasil.
Ouça aqui a entrevista que fiz com o professor, na qual ele deixa clara a importância de uma ação conjunta dos responsáveis pela bacia do Alto Tietê.
Leia uma crítica à ampliação das marginais, que levaram mais automóveis para as margens do rio que transborda!
Veja como a Globo encobriu a responsabilidade pública pela falta de limpeza no centro de São Paulo.
Veja como o gerenciamento de represas pode evitar/causar inundações.
Veja como a Sabesp tentou intimidar o ambientalista e economista José Arraes, por causa de uma entrevista que ele deu ao Viomundo.

Garotinho: R$ 24 milhões para proteger as encostas do Rio foram parar nas mãos da Fundação Roberto Marinho

do Blog do Garotinhosugestão dos leitores Marco Aurélio e Luci

PIG está matando Lula

BLOG CIDADANIA
Depois de fustigar Luiz Inácio Lula da Silva por 21 anos sem parar, o Partido da Imprensa Golpista decidiu matar o mais importante e mais bem-sucedido presidente da República da história “deste país”. O PIG ainda vai matar Lula de tanto rir.
De uma forma absolutamente infantil, impérios de comunicação como o Grupo Folha, o Grupo Estado, as Organizações Globo e a Editora Abril superaram todas as picuinhas ridículas que atiraram contra Lula durante mais de duas décadas.
Esses impérios midiáticos decidiram destruir a imagem do presidente mais bem avaliado da história usando contra ele a ocupação de uma instalação militar por uns poucos dias e os passaportes dos seus filhos.
Agora raciocine um pouco, você que eventualmente possa ter se deixado impressionar por essa picuinha ridícula. Tudo bem que você está disposto a comprar qualquer barbaridade que se fale contra essa figura histórica que mudou o Brasil – feito mundialmente reconhecido –, mas se nenhum dos ataques anteriores funcionou, por que este funcionaria?
O legado de Lula ao Brasil, a presidente Dilma Rousseff, tem todas as condições de honrar a promessa que o ex-presidente fez em seu nome, de que fará um governo talvez até melhor do que o seu. Sua credibilidade aumentará muito, com o tempo.
A mídia acha que por que Lula não tem mais o palanque presidencial não poderá mais se defender. Bobagem. Ele não falará só através daqueles que reconhecem a dimensão de sua obra, mas pelos fatos e conseqüências do governo de Dilma – sem falar em blogs pouco asseados como este.
Não haveria forma melhor de a mídia fazer o povo que tanto confiava em Lula se lembrar dele do que atacá-lo assim. A memória das campanhas sórdidas que sofreu ficará ainda mais latente. Querem matá-lo de rir. Só pode ser.

Na mira do sonho americano


Samuel Johnson, autor inglês da segunda metade do século XVIII, disse que o patriotismo era o último refúgio do canalha. Sua sentença se aplica bem ao caso da extrema direita estadunidense. Ninguém duvida da safadeza de personagens como Sarah Palin e alguns pseudo-jornalistas, mas agora se tem a conexão direta com o super patriotismo homicida. É importante não esquecer que no Arizona já existia um ambiente político protofascista que literalmente tem os imigrantes latinos na mira. A direita e seus aliados nos meios de comunicação foram o motor do clima de ódio que impera não só no Arizona, mas em muitos outros estados dos EUA. O artigo é de Alejandro Nadal.
O portal de internet do comitê político de Sarah Palin incluía Gabrielle Giffords, a parlamentar do Arizona, na lista dos 20 membros do Congresso que tinham aprovado a legislação de Obama sobre a saúde. Não era uma lista qualquer. Os nomes apareciam abaixo de um mapa, a cujos estados esses parlamentares pertencem, marcados com a típica cruz de mira telescópica de um rifle. Na parte superior do mapa havia outra legenda belicosa, em que se faz alusão à necessidade de resistir. 

A que se deve resistir, senhora Palin? Resposta: a nada menos que a marcha secular em direção ao socialismo que a administração Obama quer impor aos Estados Unidos. Assim mesmo: há uma marcha secular em direção ao socialismo e Obama é o artífice dessa transformação. Essa retórica foi referência repetida de Palin e de outros safados da extrema direita nos Estados Unidos. 

Desde que apareceu o mencionado mapa no portal da senhora Palinwww.palinpac.com muitas pessoas notaram essa incitação à violência. Mas nem Palin, nem os seus seguidores fizeram algo para mudá-la ou para modificar o tom da retórica utilizada para designar os seus opositores políticos. A senhora Palin introduziu seu mapa dos 20 parlamentares democratas malvados no twitter, com a frase: “Não retrocedam! Ao contrário, recarreguem!”.

Hoje a representante Giffords luta para sobreviver num hospital de Tucson, depois que um fanático disparou contra ela, na cabeça, em 8 de janeiro, no momento em que a parlamentar levava a cabo uma reunião destinada a entrar em contato direto com seus eleitores. O assassino matou 6 pessoas (inclusive uma criança de 9 anos) e feriu outras 14. Pode ser que o homicida Jared Loughner seja uma pessoa perturbada mentalmente, mas isso não elimina a conexão com o discurso da incitação à violência utilizado por Palin e muitos políticos que mantém posições conservadoras nos Estados Unidos. 

O opositor de Gifford no mesmo distrito eleitoral em 2010 é Jesse Kelly, membro da extrema direita do Partido Republicano. É provável que este personagem seja quem mais longe foi na incitação à violência. Sua marca de campanha no ano passado incluía a convocatória a um ato com estas palavras: "Dê a vitória em novembro ao branco. Ajude a retirar Gabrielle Giffords de seu posto. Dispare um M16 automático com Jesse Kelly". O quadro mostrava o político, um ex-marine, com seu uniforme de campanha, empunhando seu querido fuzil.

A militarização da retórica eleitoral nos Estados Unidos não é casualidade. Em meio a sua pior crise econômica em sete décadas, o país cada vez afunda mais numa trajetória de decadência. Seu setor financeiro, outrora orgulho de seu desempenho econômico, foi o epicentro dessa crise. Hoje a triste recuperação promete altos níveis de desempenho para muitos anos. A desigualdade econômica se parece cada vez mais com a de um país subdesenvolvido, dominado por uma oligarquia feroz. A extraordinária concentração de riqueza vai de par com a deterioração do sistema educativo em todo o país. Por último, os desequilíbrios macroeconômicos que marcam a economia estadunidense não são só um problema doméstico, mas, dado o papel chave do dólar no sistema internacional de pagamentos, pioram a dor de cabeça da economia mundial. 

O senhor Loughner provavelmente não tem ideia desses problemas. Em seu delírio, pensa que só atua defendendo o Sonho Americano que a senhora Palin reclama para si com tanta insistência. Equivoca-se. O paradoxo é que a deputada Giffords não era a única na mira da nova extrema direita estadunidense. O principal alvo desse movimento é precisamente toda a geração de Loughner, uma geração golpeada e condenada a viver sem educação, sem a promessa de um emprego bem remunerado e estável, sem serviços de saúde adequados. Uma geração perdida que nunca poderá aspirar a um melhor nível de vida. Seu sacrifício é para que uma pequena minoria de privilegiados possam viver o sonho americano, sem sonhar com mais nada. 

Samuel Johnson, autor inglês da segunda metade do século XVIII disse que o patriotismo era o último refúgio do canalha. Sua sentença se aplica bem ao caso da extrema direita estadunidense. Ninguém duvida da safadeza de personagens como Palin e alguns pseudo-jornalistas, mas agora se tem a conexão direta com o super patriotismo homicida. 

Só que não há que se esquecer que no Arizona já existia um ambiente político protofascista que literalmente tem os imigrantes latinos na mira. A direita e seus aliados nos meios de comunicação foram o motor do clima de ódio que impera não só no Arizona, mas em muitos outros estados. Afinal de contas, como disse Soljenitsin, todo aquele que proclama como método a violência inexoravelmente deverá eleger a mentira como princípio.

(*) Alejandro Nadal é economista, professor pesquisador do Centro de Estudos Econômicos, no Colégio do México. Colaborador do jornal La Jornada.

Lula deveria exigir “direito de resposta” à Globo


Pelo menos não precisava parecer papa-defunto

O “caosaéreo”, segundo o próprio Lula, foi a maior ofensa que ele sofreu como Presidente – e a maior crise de seu Governo.

Mais do que o “mensalão” – que, segundo o Mino, ainda está por provar-se. 

O “caosaéreo” consistiu em atribui a Lula a responsabilidade por duas tragédias: a queda do avião da Gol (por culpa de dois pilotos americanos que não ligaram o transponder do jato Legacy).

E a queda do Airbus da TAM, em Congonhas, por falha humana.

Na primeira tragédia, a culpa era do Lula porque os controladores aéreos – que, depois, se lançaram num boicote – não falavam inglês, ou porque o sistema de navegação da Amazônia – por culpa do Lula, tinha “um buraco negro”.

Tudo lorota.

No caso da TAM, o jornal nacional exibiu memorável reportagem, a da “moedinha”.

Consistiu em provar que a pista de Congonhas – por culpa do Lula – provocava inevitavelmente trágicos desastres, desde que caísse uma chuva tão rala que tivesse tantos milímetros quanto a espessura de uma moedinha de Real.

Fantástico.

A História do Jornalismo Contemporâneo já registra essa notável contribuição.

Lula, para não ser derrubado por um caça do PiG (*) trocou o Ministro da Defesa.

Tirou o grande brasileiro Waldyr Pires e botou no lugar o Nelson Johnbim.

Já na solenidade de posse, Johnbim mostrou a  verdadeira face: ofendeu Pires.

Mas, Johnbim, serrista de carteirinha, tinha essa vantagem.

Ele é serrista.

E o PiG (*) o trata com mel.

Veja, amigo navegante, como ele obsequia a Folha e “entrega o mapa da mina – com exclusividade – com as patrulhas da fronteira – para gáudio do Fernandinho Beira-Mar e os manos do PCC”.

Agora, fora do Governo, Lula não pode ir para a televisão.

Nem nomear um serrista.

Lula não vai ter espaço no PiG, já demonstrou esse ansioso blogueiro.

Então, a Globo tomou a iniciativa de desconstruir a imagem do Lula.

Para ajudar a desconstruir a imagem da Dilma.

Por enquanto, os colonistas (**) do PiG estão atônitos.

Não sabem por onde bater na Dilma, porque ela se exibe pouco.

Os colonistas do PiG (a Eliane Catanhêde – a especialista em “assuntos do Ar” -, por exemplo) estão aflitos.

O Lula era alvo mais fácil, porque se expunha muito.

Mas, agora, com o Lula fora do poder – e da mídia – , mãos à obra !

Pau nele.

O passaporte vermelho.

A geladeira atômica da casa de praia do Ministério da Defesa.

E agora a tragédia do Rio.

A Globo ataca de um lado.

Clique aqui para ler sobre o que uma repórter vestida de papa-defunto e outra de sobrenome Serra (êpa ! ) – fizeram ontem para culpa o Lula e esconder a Dilma e o Cerra.

O jornal O Globo, de outro – clique aqui para ver como o Globo de ontem fez o Lula matar 508 na região serrana do Rio.

O Governo Lula, lamentavelmente, não criou alternativa ao PiG.

Aos 44’ do segundo tempo, o ministro Franklin Martins fez uma Ley de Medios e o Lula passou a bater na Globo.

Na festa da Carta Capital, Lula chegou a dar um pito no senador Suplicy, por bajular a Globo.

Mas, já era tarde.

O PiG tinha vencido o Governo Lula.

E, parece ter amedrontado o ministro Bernardo, que roda, roda, roda e só agora começa a falar da Ley de Medios, aos poucos.

A extinção da Lei de Imprensa acabou com o direito de resposta.

Por isso, o emérito professor Fábio Konder Comparato redigiu duas ADOs e conseguiu fazer com que o Supremo julgue uma ação por Omissão contra o Congresso, por não votar artigos da Constituição de 88 que tratam da Comunicação.

Clique aqui para ler a entrevista que Comparato deu ao Vermelho.

aqui para ler “Cuidado com a fetichização da banda larga. O que interessa é a Ley de Medios”.

Um dos direitos que Comparato quer re-instaurar é o “direito de resposta”.

Lula deveria ir à Justiça exigir um “direito de resposta”, na Globo.

Recomenda-se não contratar o advogado Marcio Thomaz Bastos, embora ele realize milagres no Supremo.

Como conseguir um HC para o Dr Abdelmassih.

(Por falar nisso, Supremo Ministro Supremo Gilmar Dantas (***), o senhor sabe onde está o Dr Abdelmassih ? Será que ele está escondido atrás da moita em que se esconde o áudio do grampo ?)

Mas, Thomaz é advogado da Globo e o escritório dele defende o Daniel Dantas numa ação contra o Mino Carta.

É terreno minado.

O Lula poderia contratar o professor Comparato, que defenderia a causa com sabedoria e vigor.

Ou o Lula pode ficar quieto.

E, como sempre, achar que seu carisma é maior do que o da Globo.

Tudo bem.

É, sim, maior que o da Globo, aquela do “o povo não é bobo” …

Mas, o problema não é esse.

É a democracia.

Uma emissora que explora comercialmente um bem PÚBLICO – a televisão aberta – não pode fazer propaganda política.

A Globo só espera para ver por onde pega a Dilma.

Enquanto isso, desconstrói o Lula.

A Globo quer matar o Lula para matar a Dilma.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) Clique aqui para ver como um eminente colonista (**) do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista (**) da GloboNews e da CBN se refere a Ele.